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ARTICULAÇÃO E ANÁLISE FINAL DOS DADOS: O TEATRO DO OPRIMIDO NA

ASSISTENTE SOCIAL

Disponível em:< www .minasgerais.coop.br >. Acesso em : 14 de Junho de 2015.

44 CAPÍTULO III - O Teatro do Oprimido na atuação do assistente social

3.1 - Procedimentos metodológicos

Os dados acerca do método do Teatro do Oprimido, de Augusto Boal, como instrumental da profissão foram coletados a partir de uma pesquisa bibliográfica, que consistiu em uma busca virtual por acervos nacionais e internacionais capazes de retratar a utilização do método do já citado pelo assistente social brasileiro.

Tal busca contou com os seguintes acervos virtuais acadêmicos: BDTD, Domínio Público, Scielo, Sciencedirect, Scholar Google, Spell e Doaj. Assim como contou com uma longa variedade de sites que compõem os bancos de teses de monografias da Universidade de Brasília, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; da Universidade Federal de Minas Gerais; da Universidade de São Paulo; da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), da Universidade Federal de Goiás; da Universidade Federal do Rio de Janeiro; da Universidade Federal do Maranhão dentre outras.

Diante o vasto campo de pesquisa foram selecionadas seis palavras-chave para buscar os documentos coerentes com o objetivo do trabalho acadêmico, sendo elas: “Serviço Social”,

“Boal”, “Teatro do Oprimido”, “Teatro”, “Instrumental” e “Arte”. Tais termos foram utilizados com diversas combinações, separadamente e com aspas, a fim de abarcar a maior quantidade de material acerca do instrumental escolhido com o Serviço Social. Antes de serem listados os resumos das obras acadêmicas foram lidos para averiguar a coerência dos documentos com o objetivo da pesquisa. Os dados foram organizados por ano de publicação, os mais recentes são os últimos da tabela.

Documentos que associam o método à assistência social, às Organizações não Governamentais e aos Movimentos Sociais foram explorados a fim de encontrar o Teatro do Oprimido como instrumental do assistente social, no entanto, somente aqueles que têm a relação explícita do Teatro do Oprimido com o Serviço Social foram levados em consideração. A seguir será exposta a “Tabela 1: Lista de trabalhos acadêmicos acerca do Teatro do Oprimido como instrumental para o Serviço Social” (página 45), segundo ano de publicação. com os resultados da pesquisa e as considerações cabíveis, para então compor a análise sobre os limites e as possibilidades do instrumental.

45 3.2 - Dados coletados sobre a relação entre o Teatro do Oprimido e o Serviço Social

Um dado relevante da pesquisa é a ausência de resultados em diversos sites, como na Biblioteca Digital de Monografias de Graduação e Especialização da Universidade de Brasília e nos sites: Spell; Doaj; Sciencedirect; Sciello. Fato que demonstra uma escassez de assuntos publicados acerca do assunto. Além de constatar tal escarces sobre o tema, pode ser observada na Tabela 1 que a pesquisa bibliográfica aqui desenvolvida resultou em um total de 12 trabalhos acadêmicos, sendo: 03 dissertações de mestrado; 04 trabalhos de conclusão de curso; 01 tese de doutorado; 03 artigos; e um documento apresentado no XVIII Encontro Nacional dos Grupos do Programa de Educação Tutorial – ENAPET.

46 Tabela 1: Lista de trabalhos acadêmicos acerca do Teatro do Oprimido como instrumental para o Serviço Social, segundo ano de publicação.

Nome Local Site Ano Espécie Autor Estado

Centro de Informação Adequado ao Estudo, Ensino

e Pesquisa no Grupo Hospitalar Conceição

Fiocruz

http://

www.arca.fiocru z.br/bitstream/ici ct/3124/2/trabalh o%20final%20%

20eselindra.pdf

2005

Trabalho de Conclusão

de Curso

Eselindra Nativida

de da Cunha

Rio Grande

do Sul

Teatro do Oprimido: um

Instrumento para o Serviço

Social?: Eis a questão

Unioeste

http:// cac-php.unioeste.br/c ursos/toledo/serv ico_social/arquiv os/2008_fernand a_guidorizi.pdf

2008

Trabalho de Conclusão

De Curso

Fernanda Guidoriz

zi

Paraná

Teatro do Oprimido: a Experiência de Santo André/SP

PUCSP

http:/

/www.sapientia.

pucsp.br//tde_bu sca/arquivo.php?

codarquivo=982 6

2009 Tese de Doutorado

Janaína Bilate Martins

São Paulo

Deixa Que Eu Te Envolva Em

Minha Arte: O Teatro como Instrumento na

Prática Profissional do

Assistente Social

UFF

recontandoconto .files.

wordpress.com/2 011/06/mariana-

deixa-que-eu-te- envolva-em-minha-arte.pdf

2010

Trabalho de Conclusão

de Curso

Mariana Pessanha Guimarã

es

Rio de Janeiro

Abrindo as Cortinas a Arte e o Teatro no Reconhecimento

de Juventudes e Direitos Humanos

PUCRS

http://

repositorio.pucrs .br/dspace/

handle/10923/50 66

2010

Dissertação de Mestrado Acadêmico

Giovane Antonio Scherer

Rio Grande

do Sul

47 Serviço Social E

A Prática Escolar: um

Dialogo Desenvolvido no Munícipio de

Franca- SP

SEIC

www . encontrodesaber es.ufop.br/anais/

exibir_trabalho/1 758

2011 Artigo

Elvira Mendes

Flóro/

Genaro Alvareng

a Fonseca

São Paulo

Poderá o Mundo Hoje Ser Representado

pelo teatro? – Algumas experiências no

Brasil.

UFRJ

http://

objdig.ufrj.br/30/

teses/768600.pdf

2011

Dissertação de Mestrado Acadêmico

Paula dos Santos

Kropf

Rio de Janeiro

Juventudes, Arte e Direitos Humanos: a Construção do Conhecimento

em uma Perceptiva Emancipatória

I Colóquio Internacio

nal Diálogos

Juvenis

http:/

/www.pucrs.br/e dipucrs/Vmostra /V_MOSTRA_P DF/Servico_Soci

al/83947-GIOVANE_AN TONIO_SCHER

ER.pdf

2012 Artigo

Giovane Antonio Scherer/

Beatriz Gershens

on Aguinsk

y

Rio Grande

do Sul

O Teatro do Poder e o Teatro

do Oprimido:

Formas de Resistência e

Intervenção Social em Caieiras Velhas:

Aracruz, ES (2006-2011)

Maxwell

http:/

/www.maxwell.v rac.puc-rio.br/20477/204

77_1.PDF

2012

Dissertação de Mestrado Acadêmico

William Berger

Rio de Janeiro

48 FONTE: Pesquisa bibliográfica descrita na metodologia

Como pode ser visto na tabela acima e a considerar a perspectiva de Santos (2006), na qual o instrumental deve conter conhecimento prático em conjunto com o conhecimento teórico, pode-se inferir que há pelo menos nove anos o Serviço Social vem se utilizando do Teatro do Oprimido como possível instrumental, considerando a amplitude temporal dos trabalhos de 2005 a 2014.

Teatro do Oprimido e o

Trabalho do Assistente Social com a

Juventude em Situação de Vulnerabilidade

Social

CRESS-MG

http://

www.cress-mg.org.br/arquiv os/simposio/teatr o%20do%20opri mido%20e%20o

%20trabalho%2 0do%20assistent e%20social%20c om%20a%20juv entude%20em%

20situa%c3%87

%c3%83o%20de

%20vulnerabilid ade%20social.pd f

2013 Artigo

Hérlen Francisca

Romão/

Vitória Régia

Izaú

Minas Gerais

Teatro do Oprimido: uma

Experiência de Trabalho do PET Serviço

Social

UNESP

http://www.porta lpet.feis.unesp.br /media/grupos/p

et-informatica-recife/atividades/

xviii-enapet- recife-pe/artigos/teatro

%20do%20opri

mido%20-%20trabalho%2 0-%20enapet.pdf

2013

Apresentaçã o do XVIII Encontro Nacional Dos Grupos

PET – ENAPET – Recife – PE 1º A 6º De

Outubro 2013 – UFPE/UFR

PE

Salazar, Silvia/

, Ricio, Paula/

Smarzaro , Ellen

Espirito Santo

Denunciando Opressões e Sinalizando Direitos: a Experiência do

Teatro no Trabalho do Serviço Social

Junto aos Adolescentes

Surdos

PUCRS

http://

revistaseletronic as.pucrs.br/ojs/in

dex.php/graduac ao/article/view/1 9327/12290

2014

Trabalho de Conclusão

de Curso

Jaqueline Pagote

Rio Grande

do Sul

49 Outra peculiaridade acerca dos dados dos artigos pode ser observada por meio do

“Mapa 1- Registros de estudos de obras acadêmicas encontrados do método de Boal utilizado como instrumental para o Serviço Social análise dos Estados brasileiros, segundo Estados brasileiros”, onde foi encontrado algum registro acadêmico (dentre teses, dissertações, artigos) acerca do Teatro do Oprimido como instrumental do Serviço Social, na pesquisa aqui apresentada.

Como pode ser observado no Mapa 1 e a título de ilustração, a seguir, os Estados pintados demarcam os lugares onde foi encontrado algum registro sobre a temática escolhida na pesquisa bibliográfica aqui representada pela “Tabela 1: Lista de trabalhos acadêmicos acerca do Teatro do Oprimido como instrumental para o Serviço Social, segundo ano de publicação”, enquanto os Estados em branco demarcam os Estados onde não foi encontrado nenhum estudo acerca do assunto diante os filtros escolhidos previamente.

Mapa 1: Registros de estudos de obras acadêmicas encontrados do método de Boal utilizado como instrumental para o Serviço Social, segundo Estados brasileiros.

FONTE: Pesquisa bibliográfica

Como pode ser observada acima, a pesquisa aqui realizada demonstra que as regiões Sul e Sudeste concentram os estudos sobre o método de Boal como instrumental do Serviço

50 Social. Entre os 26 Estados brasileiros foram registrados apenas seis com estudos sobre o assunto. O Estado de Rio Grande do Sul ganha no quesito de concentração de material acadêmico com 04 trabalhos, Rio de Janeiro fica em segundo lugar com 03 trabalhos acadêmicos. O restante está dividido da seguinte forma: 02 trabalhos acadêmicos em São Paulo, 01 no Paraná, 01 no Espirito Santo e 01 em Minas Gerais.

Pode-se inferir que haja uma a ausência de estudos que tratem especificamente do Teatro do Oprimido como instrumental do Serviço Social em determinados locais, como, por exemplo, no Distrito Federal ou em qualquer Estado da região Centro-Oeste, uma vez que buscou-se exaustivamente esses dados para que pudessem ser realizadas pesquisas sobre o tema com seus autores. Essa ausência também é notada na região Norte e Nordeste. A perspectiva de que haja poucos estudos concentrados nas regiões Sul e Sudeste alertam para necessidade maior de pesquisas e estudos sobre os temas, pois como pode ser visto em Guidorizzi (2008) o Teatro do Oprimido não tem sido utilizado por assistentes sociais exclusivamente no Sul e Sudeste brasileiro, no Nordeste e em outros países – como Lisboa – também é possível constatar as aproximações dos profissionais com estes instrumentais.

Cabe ressaltar que a pesquisa aqui realizada teve uma delimitação de tempo e forma para contemplar as exigências de um Trabalho de Conclusão de Curso, portanto, os dados podem sofrer alterações frente uma pesquisa mais longa e detalhada acerca do assunto.

3.4 - Análise de dados

A considerar o pensamento de Moraes, Juncá e Santos (2010), que pontua a importância e a “(...) necessária observação dos procedimentos utilizados para (...) produção”

(MORAES, JUNCÁ e SANTOS, 2010, p.438) tem-se os dados e procedimentos de coleta postos nos capítulo anterior. A análise desses dados se dá de forma coerente com a concepção dos autores supracitados, que colocam que as análises devem ser:

“[...] devidamente sustentadas, de seus possíveis significados, no contexto de uma sociedade que tem uma história, que pulsa a cada dia para várias direções, por vezes, contraditória” (MORAES, JUNCÁ E SANTOS, 2010, p.438)

Sem ignorar a finalidade dos dados aqui apresentados - pelo contrário, a partir da leitura de todos os trabalhos listados na Tabela 1 – foram recolhidas as informações consideradas relevantes para compreensão do Teatro do Oprimido como instrumental do Serviço Social, dentre as informações destacam-se: sua funcionalidade; as áreas de

51 conhecimento onde o instrumental é encontrado; o público alvo das ações que envolvem e os limites e as possibilidades observados nos estudos já citados. Nos subcapítulos seguintes serão colocadas tais informações.

3.5 - Campos possíveis e como é utilizado

É imprescindível desvendar os locais onde esse instrumental se encontra no fazer do assistente social. Para tanto, serão utilizados o conteúdo dos trabalhos encontrados na pesquisa bibliográfica em conjunto com seus dados, além de colocações de Neves et al.

Um primeiro espaço que pode ser pensado como passível de ser inserido o método do Teatro do Oprimido como instrumental, são os conselhos gestores. Como pode ser observado mais detalhadamente em Neves et al (2012), os assistentes sociais estiveram incumbidos da função de executor de políticas públicas como função prioritária da profissão ao longo dos anos e, recentemente, começaram a demandar e ocupar novos espaços de trabalho, como os conselhos gestores de política, o que exige do profissional a ênfase pela dimensão educativa em conjunto com a consolidação de direitos pela participação em espaços públicos.

Nesse contexto de conselhos gestores, o assistente social pode aparecer como representante da sociedade civil, o que demanda dos profissionais a sua função pedagógica e o desafio em responder às demandas populares e incentivar a participação popular garantindo a democratização do espaço, o que exige que o profissional busque novas respostas às demandas postas.

Dentre as respostas possíveis para questões, as autoras entendem que De Marco (2000) encontra a solução ao reconhecer que o desenvolvimento profissional necessita a utilização de diversas formas de linguagens, dentre as quais se encontra o teatro. O que firma os conselhos como um espaço rico de democratização capaz de aderir ao Teatro do Oprimido como instrumental.

Outro campo propício para inserção deste instrumental, expresso por Narcizo (2012), é aquele composto pelos Movimentos Sociais, a fim de sanar as demandas provindas dos movimentos e fortalecer o processo de construção, autonomia e resistência dos movimentos sociais, para assim propiciar ao sujeito “reconhecer-se como sujeito coletivo” (NARCIZO, 2012, p.5), onde o método de Boal é reconhecido como um “elemento de esforço contra hegemônico à instrumentalidade da profissão, no fortalecimento dos movimentos sociais, no

52 sentido de afirmar o Projeto Ético-Político da profissão”. Seguindo a mesma lógica, é possível encontrar artigos e outros trabalhos16 que articulem movimentos sociais (como o Movimento dos Trabalhadores sem Terra, o Movimento Feminista, Movimento Feminista negro) ao Teatro do Oprimido.

Além de conselhos e Movimentos Sociais, foi possível encontrar trabalhos acadêmicos que ressaltam o aspecto pedagógico emancipador do Serviço Social e que é articulado com o Teatro do Oprimido na Educação e na Saúde.

O primeiro campo envolve o campo socioeducativo. Na Educação, pode-se citar o trabalho de Izaú e Romão (2013) como revelador da necessidade de se quebrar com o conservadorismo profissional em prol da liberdade, cidadania e emancipação dos sujeitos, o mesmo trabalho e ressalta que o método do teatrólogo (Augusto Boal) é capaz de proporcionar o alcance desses objetivos pela democratização e pela capacidade de propiciar ao público alvo uma autoconsciência.

Para Izaú e Romão (2013) trata-se de uma maneira de intervir na realidade social e no processo de formação humana. Voltado para os jovens, o Teatro do Oprimido forma a resistência, o caráter contestador e alimenta a luta por justiça social.

Com relação ao campo da saúde, especificamente na Saúde Mental, encontram-se registros17, do corpo de assistente social se utilizando de técnicas do Teatro do Oprimido para que o público alvo alcance a autonomia e crie um reconhecimento social.

No trabalho de Guidorizzi (2008) é identificado ainda uma parcela de assistentes sociais que usam o instrumental em empresas e em Organizações não-governamentais, para além do campo da saúde. Durante a análise de dados da pesquisa bibliográfica aqui realizada este tema volta a ser explorado, com base nos estudos encontrados, demonstrando por onde os estudos acerca dos assuntos se estendem e detalhando melhor os dados fornecidos por Guidorizzi (2008).

16 Como o artigo :“Teatro e Reforma Agrária: a inserção do Teatro do Oprimido no MST”, disponível no site:

http: //www.reformaagrariaemdados.org.br; o artigo “Violência contra a mulher e teatro do oprimido: um

diálogo inicial” disponível no site: http://

www2.assis.unesp.br/revpsico/index.php/revista/article/viewFile/80/231; e o trabalho feito pelo movimento feminista negro, exposto no site: http:// tomulheresnegras.blogspot.com.br/p/o-que-e-teatro-do-oprimid.html.

17 Disponível em:< http:// ctorio.org.br/ >. Acesso em: 02 de Janeiro de 2015.

53 Dessa maneira infere-se que existem diversos espaços sócio-ocupacionais - que estão em constante alteração - para o assistente social. De acordo com Iamamoto (2009), estes espaços têm raízes em processos sociais historicamente datados, a autora coloca que tais campos de atuação vêm:

[...] expressando tanto a dinâmica da acumulação, sob a prevalência de interesses rentistas, quanto a composição do poder político e a correlação de forças no seu âmbito, capturando os Estado Nacionais, com resultados regressivos no âmbito da conquista e usufruto dos direitos para o universo dos trabalhadores. (IAMAMOTO, 2009, p. 343)

Dentre estas áreas de trabalho encontram-se a Saúde, Educação, Previdência, Assistência Social em meio a outros lugares de atuação do assistente social. Diante tal variedade, cabe saber em quais locais o Teatro do Oprimido aparece como instrumental para a profissão, de acordo com a leitura dos textos mapeados na coleta de dados. A pesquisa bibliográfica representada pela Tabela 1 (encontrada na página 45) registrou as seguintes áreas: a Saúde, a Educação e a Assistência Social, como pode ser notado no Gráfico 1.

Gráfico 1: Utilização do Teatro do Oprimido como instrumental do Serviço Social segundo o espaço sócio-ocupacional.

FONTE: Pesquisa bibliográfica

O mapeamento sobre as áreas de atuação onde se encontram o Teatro do Oprimido como instrumental para o Serviço Social com base na amostra dos 12 artigos discutidos anteriormente e analisadas as áreas identificadas, a Educação compõe o palco principal do instrumental aqui estudado, enquanto a Saúde e a Assistência Social empatam com apenas um estudo sobre o tema.

1 1 5 5

Área de atuação onde o Teatro do Oprimido é um instrumental do

Serviço Social

Saúde Educação Assistência Social Não especificado

54 É importante notar que o conteúdo dos documentos acadêmicos listados podem se distinguir da realidade encontrada por meio da Tabela 1. Nota-se, por exemplo, que Guidorizzi (2008) apresenta em seu trabalho, por meio de um questionário apresentado a seis profissionais distintos, que a maioria dos profissionais18 concentra-se na área da Saúde e não da Educação. Além disso, a mesma autora apresenta duas outras áreas de atuação que não possuem estudos específicos aqui listados: as Organizações não - Governamentais (OnG‟s) e empresas. Essa distinção e ampliação dos dados pela análise das obras contidas na “Tabela 1:

Lista de trabalhos acadêmicos acerca do Teatro do Oprimido como instrumental para o Serviço Social, segundo ano de publicação” é importante por demonstrar uma possível alteração no campo onde se insere o Teatro do Oprimido no Serviço Social, campos possíveis de se encontrar o Teatro do Oprimido combinado com a prática do Serviço Social.

Como já foi colocado, Augusto Boal formulou o método do Teatro do Oprimido para os oprimidos, para todos que se encontram na situação de opressão dado um contexto sócio-histórico (sejam trabalhadores, negros, mulheres, indígenas, jovens infratores), no entanto, diante a variedade de palcos apresentada pela pesquisa e pelo público vasto do Serviço Social cabe expor qual o público alvo abarcado pelo instrumental do Serviço Social aqui estudado a partir da leitura dos dados selecionados na pesquisa bibliográfica.

De acordo com Fernanda Guidorizzi (2008), o método do Teatro do Oprimido já tem sido utilizado por assistentes sociais para atender comunidades, para “promover a participação popular, a integração entre as pessoas (...)” (GUIDORIZZI, 2008, p. 56), além de trabalhar temas específicos que podem surgir ao longo da atuação do assistente social. De acordo com a autora, a função do método do Teatro do Oprimido ganha força para estreitar a relação entre usuários e técnicos, além de possuir uma boa aceitação com o público e com as equipes multidisciplinares que a aderem.

Dentre o público alvo que se pode aplicar a metodologia de Boal como instrumento do Serviço Social tem-se as crianças e adolescentes, pois de acordo com Izaú e Romão (2013), as incumbências do Serviço Social previstas legalmente pela proteção ao Estatuto da Criança e do Adolescente, tem de forma salientada a possibilidade de articular o teatro (entre outras expressões artísticas) ao caráter pedagógico do serviço social. Para as referidas autoras:

18 Dentre os profissionais entrevistados pela autora, por meio do questionário citado.

55 [...] o Teatro do oprimido, que tem por finalidade geral o Favorecimento dos processos de transformação e de empoderamento da identidade pessoal e de transformação e empoderamento do papel do sujeito na sociedade, elucida enigmas das relações e experiências individuais e de grupos, redescobrindo uma dimensão integrada de corpo, imaginação, emoções e pensamentos na formação de um personagem que compõe a sociedade [...] (ROMÃO e IZAÚ, 2013, p.

12)

Sendo assim, as autoras enfatizam que para além de iniciar um contato com os usuários, a abordagem é capaz de potencializar a formação de um sujeito crítico, compor uma reconhecida mediadora para o processo emancipatório pelo caráter político e ideológico que possui, além de despertar uma consciência social. Ainda pontuam que tal instrumento pode ser utilizado para trabalhar com mulheres, idosos e qualquer público que o Serviço Social possa ter.

É posto pelas autoras acima descritas que Teatro do Oprimido ganha um papel de catalizador dos objetivos dos técnicos, no entanto, para analisar os limites e as possibilidades desse instrumental é preciso desenvolver uma metodologia própria para a área do Serviço Social

De acordo com o Gráfico 2, o público alvo estudado mantém o leque abrangente. Pelo o que pode ser observado, há uma clara predominância do instrumental sendo utilizado para atuação do assistente social em comunidades. A utilização do instrumental com este público é encontrado em 5 trabalhos, seguido por 4 trabalhos onde o público é composto por jovens.

Gráfico 2: Relação do público alvo das atuação do assistente social a partir do Teatro do Oprimido

FONTE: Pesquisa bibliográfica 1

5 4 1

1 3

Público Alvo

Mulheres com HIV+

Comunidade

Jovens

56 O Gráfico 2 é compatível com os conteúdos encontrados nos artigos listados, como exposto acima. Como pode ser observado no “Gráfico 2: Relação do público alvo das atuação do assistente social a partir do Teatro do Oprimido” seus dados vão ao encontro com o que é posto por Izaú e Romão (2013), onde o teatro: “envolve todo o tipo de pessoa (homem, mulher, criança, idoso, saudável, ou pessoas em tratamento de saúde, etc.).” (IZAÚ e ROMÃO, 2013, p.14).

Sem ignorar a relevância dos dados, é necessário compreender que a amplitude de público alvo é apenas um dos muitos fatores que influenciam o alcance do instrumental. Outro fator essencial para a aplicação do método de Boal na profissão se dá a partir da resposta do público. É necessário saber sobre a aceitação que o Teatro do Oprimido terá para este público.

Na pesquisa bibliográfica realizada não foram registrados relatos de rejeição do público alvo, a título de complementação da análise, observa-se que Guidorizzi (2008) constata em seu trabalho a mesma tendência, coloca que a aceitação do Teatro do Oprimido é sempre boa e que a aproximação entre o público alvo com os técnicos se torna maior e facilita a solução dos problemas do público alvo, para autora:

A aceitação do público é sempre boa em relação ao Teatro do Oprimido, pois sai da „mesmice‟. Os encontros ficam mais descontraídos, torna o trabalho mais prazeroso para os dois lados. A aproximação com os técnicos é bem maior facilitando a solução dos problemas da comunidade ou do grupo com o qual se está trabalhando. (GUIDORIZZI, 2008, p.54)

Trata-se de um fator de extrema importância, uma vez que a aceitação do público é essencial para compor a aproximação com técnicos e, também, para a solução dos problemas da comunidade ou do grupo onde o instrumental é usado, para Guimarães (2010), a boa aceitação do público alvo é um dos fatores que colaboram para a quebra de silêncio dos usuários que estão em alguma situação de vulnerabilidade.

Consoante à afirmação de Iamamoto (2009), na qual os novos contornos do mercado profissional geram requisições e demandas profissionais que levam a novas habilidades, competências, atribuições e capacitação acadêmica buscou-se mapear a variedade de público alvo e espaços tomados por assistentes sociais que se utilizam do Teatro do Oprimido como instrumental para a profissão já apresentados. Os dados analisados tendem a demonstrar que o Teatro do Oprimido poderá se configurar em uma nova habilidade instrumental, capaz de responder uma ou mais demandas nas áreas de saúde, educação, assistência social ou qualquer outra área apresentada para a profissão.

57 3.6 - Análise sobre limites e possibilidades do uso do teatro a partir da análise dos dados bibliográficos

Uma vez apresentadas a variedade do público alvo, a importância que essa abrangência significa para o fazer do assistente social, tal como a diversidade e da área de atuação, onde se encontram os assistentes sociais que se utilizam o instrumental aqui trabalhado, deve-se entender como este instrumental está articulado a profissão e como ele pode responder as demandas profissionais ou não. Para tanto, é necessário esquematizar o alcance das ações no cotidiano profissional, o que foi feito a partir da estruturação de uma pequena tabela com os limites e possibilidades com maior visibilidade. Tudo mapeado dos artigos selecionados depois de exaustiva leitura.

Tabela 2: Lista de limites e possibilidades encontrados ao longo da pesquisa bibliográfica

Limites Possibilidades

Depende da aceitação da equipe multidisciplinar Fortalecer redes de solidariedade Não há questionamento do modo de produção

capitalista

Emancipar os sujeitos

Não fortalece a articulação de redes institucionais Promover participação popular Precisa de conhecimento técnico direcionado,

específico e cauteloso

Facilitar o contato inicial com o público alvo

Depende da aceitação do público alvo Democratizar direitos e informações Facilitar o alcance dos objetivos profissionais

previamente traçados

Proporcionar ampliação dos debates propostos pelo assistente social

Oportunizar diálogos de temas (como violência, sexualidade, racismo, família)

Trabalhar a consciência crítica do público alvo FONTE: Pesquisa bibliográfica

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