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Articulação com as demais áreas do setor de saúde

No documento Vigilância em Saúde (páginas 59-62)

ADMINISTRAÇÃO PUBLICA BASE

4 RISCO E GERENCIAMENTO DE RISCO SANITÁRIO

4.2 Ações estratégicas para o gerenciamento do risco

4.2.1 Articulação com as demais áreas do setor de saúde

A vigilância sanitária, como parte integrante da saúde coletiva, é indissociável do conjunto de ações que integram as políticas de saúde. Portanto, suas ações devem estar

articuladas com as ações de promoção, de prevenção e de recuperação nas distintas es- feras de governo. Essa combinação das ações de saúde desenvolvidas no âmbito do SUS pode produzir um impacto significativo na saúde da população.

A forma de organizar os serviços de modo a responder aos problemas de saúde é uma das acepções do conceito de integralidade que a vigilância sanitária deve implementar. Assim, a articulação com as demais áreas da Secretaria Estadual de Saúde precisa ser reforçada. Participar de atividades tais como: investigação de surtos, análise de situação de saúde, atividades de educação popular de saúde, execução de projetos e programas para promoção da saúde e ações para a redução de indicadores prioritários de saúde, faz parte do conjunto de atribuições da vigilância sanitária.

A integração com a Vigilância Epidemiológica constitui um dos principais pilares para a construção dessa integralidade. Suas ações são de fundamental importância para o desenho da intervenção da vigilância sanitária, auxiliando na definição de prioridades ou na resolu- ção de problemas, como ocorre na formulação de programas e nas investigações de surtos. Vale frisar que, com a criação da Secretaria Nacional de Vigilância em Saúde no Minis- tério da Saúde, em 2003, foi instituído no país o Sistema Nacional de Vigilância em Saúde. Esse Sistema é composto pelas ações das vigilâncias epidemiológica, ambiental e sanitária dirigidas à prevenção de riscos e danos e da atenção primária, realizadas nos domicílios e nas unidades de saúde, com ênfase em grupos populacionais específicos e na reorientação da demanda a serviços, envolvendo vários programas. Daí a importância do gestor esta- dual promover a integração entre essas áreas no âmbito da Secretaria Estadual de Saúde. A Vigilância Ambiental e a Saúde do Trabalhador são áreas com as quais a vigilância sanitária precisa estabelecer forte cooperação, por sua capacidade de detectar os proble- mas que envolvem o meio ambiente e o ambiente de trabalho que interferem na saúde. A capacidade de integração e de desenvolvimento de ações articuladas pode potencializar as medidas de superação e de controle de riscos, danos e agravos.

A integração com os serviços de atenção à saúde se dá em todos os níveis de complexi- dade. Ela se concretiza a partir da inserção da vigilância sanitária nas áreas responsáveis pela política estadual de assistência farmacêutica, de transplantes, terapia renal substitu- tiva, hemorrede, o Laboratório de Saúde Pública, entre outros.

As áreas de controle de infecção hospitalar, de farmacovigilância, de tecnovigilância e hemovigilância integram o conjunto de atribuições da vigilância sanitária, no entanto, essa configuração não está presente em todos os estados, o que pode gerar dificuldades na identificação de risco e na adoção imediata de medidas de controle.

A relação com o Centro de Informação Toxicológica muitas vezes é o ponto de par- tida para a ação investigativa, fiscal e normativa da vigilância sanitária. Esses centros têm por finalidade gerenciar o sistema de informação e documentação em toxicologia e farmacologia, fornecer informações sobre medicamentos e demais agentes tóxicos em geral, orientar os profissionais de saúde em conduta terapêutica em caso de intoxicações, tornando-se um parceiro privilegiado da vigilância sanitária para o desenvolvimento de programas de prevenção de acidentes toxicológicos. Outra área de grande interface, e para a qual essa integração é fundamental, é a de Portos, Aeroportos e Fronteiras, sob coordenação da Anvisa, que desempenha um conjunto de ações inclusive para o controle de viajantes, como foi visto anteriormente.

Merece destaque a integração com a Atenção Primária em Saúde, entendida como “um conjunto de ações que abrangem a promoção, a prevenção, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação”. É a área com a qual a vigilância sanitária estabelece maior articulação. O fato da Atenção Primária em Saúde ter o caráter de trabalho multiprofissional e interdisci- plinar, dirigida a populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a respon- sabilidade sanitária, possibilita uma aproximação da vigilância sanitária com a população, principalmente para o desenvolvimento das ações de educação popular em saúde.

O fundamental na construção da integralidade do cuidado, coordenado pela Aten- ção Primária à Saúde, deve ser a inserção das vigilâncias na construção das Redes26 de

Atenção à Saúde.

Um passo importante neste sentido foi a regulamentação, através da Portaria GM/MS n. 1.00727, de 4 de maio de 2010, da incorporação dos Agentes de Combate às Endemias

– ACE ou dos agentes que desempenham essas atividades, mas com outras denominações, nas equipes de Saúde da Família. Essa incorporação pressupõe a reorganização dos proces- sos de trabalho, com integração das bases territoriais dos Agentes Comunitários de Saúde e do Agente de Combate às Endemias, com definição de papéis e responsabilidades, e a supervisão dos ACEs pelos profissionais de nível superior da equipe de Saúde da Família. 26_ Segundo Mendes, [...] as Redes de Atenção à Saúde são organizações poliárquicas de conjuntos de serviços de saúde, vinculados entre si por uma missão única, por objetivos comuns e por uma ação cooperativa e inter- dependente, que permite ofertar uma atenção contínua e integral a determinada população, coordenada pela Atenção Primária à Saúde – prestada no tempo certo, no lugar certo, com o custo certo, com a qualidade certa e de forma humanizada, e com responsabilidade sanitária e econômica por esta população.

27_ Para fins da Portaria GM/MS n. 1.007, considerando-se que muitas são as nomenclaturas utilizadas pelos estados e os municípios para definirem estes profissionais, como agente de controle de endemias, de controle de zoonoses, de vigilância ambiental, entre outros, foi mantida a denominação definida em lei, destacando como funções essenciais aquelas relacionadas ao controle ambiental, de controle de endemias/zoonoses, de riscos e danos à saúde, de promoção à saúde, entre outras.

Por tudo que já foi exposto, conclui-se que somente uma atuação multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial será capaz de contemplar a complexidade das relações da produção e da comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados.

No documento Vigilância em Saúde (páginas 59-62)