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Articulação entre a educação para o empreendedorismo e o currículo da

PARTE II- O ESTUDO 21

2. Fundamentação Teórica 22

2.4. Articulação entre a educação para o empreendedorismo e o currículo da

Fonseca et al. (2014a) referem que a educação para o empreendedorismo encontra- se diretamente relacionada com o desenvolvimento da capacidade para agir de modo empreendedor. Acrescentam que para o desenvolvimento das capacidades subjacentes à educação para o empreendedorismo é necessário criar “ambientes de aprendizagem dinâmicos, onde o aluno seja confrontado com propostas/tarefas desafiadoras de modo a

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ser ativo, reflexivo, crítico, proativo, sendo desejável a realização de experiências em contextos variados, que implicam a partilha e discussão de diferentes ideias emergentes” (p. 384).

As Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar (OCEPE), referem que a educação pré-escolar é a primeira etapa da educação básica, sendo fundamental para desenvolver competências que contribuem para o desenvolvimento equilibrado da criança, “tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo, livre e solidário” (DEB, 1997, p. 15). As OCEPE identificam três áreas de conteúdos: Área da Formação Pessoal e Social, Área de Expressão e Comunicação e Área de Conhecimento do Mundo. Por sua vez, a Área de Expressão e Comunicação encontra-se dividida em seis domínios: expressão motora, expressão dramática, expressão plástica, expressão musical, linguagem oral e abordagem à escrita e matemática. Cada área e cada domínio referenciado nas OCEPE tem a si associadas diferentes competências, atitudes e conhecimentos considerados fundamentais no desenvolvimento das crianças nesta etapa educativa.

A Área de Formação Pessoal e Social é considerada como sendo transversal a todas as outras áreas e domínios, devido ao facto de todas as componentes curriculares terem um contributo importante para promover nas crianças atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadãos conscientes e solidários, capacitando-os para a resolução de problemas do quotidiano (DEB, 1997). Procura-se desenvolver, desta forma, competências como independência, autonomia, partilha de poder, vivência de valores democráticos, consciência de diferentes valores, desenvolvimento da identidade e aspetos de educação para cidadania.

A Área de Expressão e Comunicação é destacada como uma área básica, pois incide sobre aspetos essenciais do desenvolvimento e da aprendizagem e engloba instrumentos fundamentais para a criança continuar a aprender ao longo da vida (DEB, 1997). Algumas destas ferramentas já foram, de certa forma, exploradas pelas crianças antes da sua entrada na educação pré-escolar, daí a necessidade de dividir esta área em diferentes domínios. No que diz respeito ao domínio da expressão motora refere-se globalmente a exploração e refinamento da motricidade fina e global, sendo o corpo da criança considerado como “um instrumento de relação com o mundo e fundamento de todo o

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processo de desenvolvimento e aprendizagem” (DEB, 1997, p. 58). Relativamente à expressão dramática, define-se como um domínio de “descoberta de si e do outro, de afirmação de si próprio na relação com o (s) outro (s) que corresponde a uma forma de se apropriar de situações sociais” (DEB, 1997, p. 59). A expressão plástica tem uma relação estreita com a expressão motora pois é um domínio que requer manipulação de diferentes instrumentos para a realização da maioria das atividades. Neste domínio devem ser proporcionadas situações educativas que impliquem um forte envolvimento da criança de modo a estimular o seu gosto em explorar várias técnicas e concretizar trabalhos com sentido estético. É por isso importante abranger competências ao nível da manipulação de diversos materiais, diversificando as representações plásticas (DEB, 1997). O domínio da expressão musical “assenta num trabalho de exploração de sons e ritmos, que a criança produz e explora espontaneamente e que vai aprendendo a identificar a produzir” (DEB, 1997, p. 63). O domínio da linguagem oral e abordagem à escrita encontra-se dividido em duas vertentes. Dominar a linguagem oral é um objetivo fundamental da educação pré- escolar, cabendo ao educador fomentar uma dinâmica de comunicação, de maneira a que as crianças se exprimam e interajam (DEB, 1997). Por isso, deve fomentar-se o diálogo, desenvolver-se o interesse em comunicar, explorar-se o carácter lúdico da linguagem, criar- se diferentes situações de comunicação, motivando a apropriação das funções da linguagem. A abordagem à escrita inicia-se por volta dos 3 anos, com a tentativa de imitar a escrita e reproduzir o código escrito, iniciando assim a familiarização com mesmo compreendendo a função da escrita e a função informativa. A matemática deve ser desenvolvida a partir de situações do quotidiano e dos interesses das crianças, facilitando assim a aquisição de noções matemáticas relacionadas com espaço e tempo, princípios lógicos, classificação de objetos, coisas e acontecimentos, formação de conjuntos, seriação, ordenação, sentido do número, desenvolvimento do raciocínio lógico e noções de forma e medida.

A Área de Conhecimento do Mundo “enraíza-se na curiosidade natural da criança e no seu desejo de saber e compreender porquê” (DEB, 1997, p. 79). Desta maneira, através da curiosidade inerente a esta faixa etária, é possível abordar e aprofundar conhecimentos relacionados com o mundo, sensibilizando as crianças para as ciências e o rigor científico,

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para saberes sociais, para a biologia, física e química, para a meteorologia, para a geografia/geologia, para a história ou mesmo, para temáticas do âmbito da educação para a saúde e da educação ambiental. Todos estes temas e conhecimentos que lhes estão associados são considerados pelas OCEPE “aspetos que se relacionam com os processos de aprender: a capacidade de observar, o desejo de experimentar, a curiosidade de saber, atitude crítica” (DEB, 1997, p. 85).

Ao comparar as orientações curriculares com as caraterísticas associadas à educação para o empreendedorismo, conclui-se que nos dois documentos há vários pontos de contexto. Ambos afirmam que se pretende que as atividades se desenvolvam de forma espontânea pelas crianças, partindo dos interesses e ideias delas, tentando coloca-las em prática.

O mesmo ocorre quando se compara as competências empreendedoras com as orientações das OCEPE, verificando-se que ambos defendem o desenvolvimento da autonomia, cooperação, cidadania, comunicação, relacionamento com os outros e confiança.

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