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1 INTRODUÇÃO

2.3 ARTICULANDO AS TEORIAS: COMO EPS INFLUÊNCIA NA ESTRATÉGIA DE

Nos últimos anos a Estratégia como Prática social surgiu como uma abordagem para estudar gerenciamento estratégico, decisões gerenciais e trabalho gerencial com foco no nível micro das atividades sociais, processos e práticas. A perspectiva está interessada na “caixa preta” das organizações, pretendendo fornecer um link entre micro/macro, agência/estrutura, ações individuais/institucionais. Tal conceito foi desenvolvido após a chamada virada da prática, em que os filósofos buscavam superar a dicotomia classificadas por Schatzki (2005) como individualismo (micro) e societismo (macro). O desafio da pesquisa da estratégia pelo prisma da prática social é trazer para o centro do debate os atores e suas ações, além de buscar entender as práticas sob uma ótica mais ampla (micro e macro), onde elas são renovadas constantemente pelas atividades diárias (GOLSORKHI et al, 2010, =" >"#-&;4-$ 4' )**7 90 9" 2$." )*++3!

Como perspectiva para entender os dados obtidos na pesquisa empírica será utilizado o tripé da prática (prática, praticantes e práxis), proposto por Whittington (2006). Os três conceitos serão utilizados para a análise, porém será dada ênfase aos praticantes, visto que se pretende conhecer quem são os praticantes externos e como eles influenciam na estratégia de RSC da mineradora. Segundo Whittington (1996, 2006), o estudo da Estratégia como Prática (EPS) analisa a estratégia da empresa através de observação das práticas cotidianas. Este autor leva em consideração que as pessoas que participam do processo de elaboração da estratégia são sujeitos diferentes e, por essa razão, tomam diferentes decisões diante do mesmo problema. Os praticantes, independente do cargo que ocupam, em algum grau, provocam alterações nas práticas da empresa (WHITTINGTON, 2010). O tema Responsabilidade Social Corporativa (RSC) vem ganhando destaque tanto dentro das empresas, quanto na academia, nos últimos anos. A globalização, o

aumento da cobrança do governo, ONG’s e associações voltadas para o tema RSC e a cobrança por parte da sociedade são apontados como motivos para o aumento

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mais preocupados com a procedência dos produtos utilizados, o que está gerando na indústria uma preocupação com seus processos produtivos. Bower (1953) defendeu que as empresas desenvolvessem ações em prol da sociedade, suas ideias eram decorrentes do medo da intervenção do Estado na economia. Existem autores, como Friedman, que ignoram a ideia de que a empresa deve investir em ações em favor do meio ambiente e da sociedade. Segundo Friedman, a única obrigação das empresas é gerar lucro (ASHLEY, 2005). Com os anos, a abordagem de RSC foi sendo ampliada e fragmentada em outras perspectivas, como

performance social corporativa, responsividade social corporativa, cidadania

corporativa, governança corporativa, além de conceitos que foram sendo agregados @ '" ." ! )*+* "4%2 M )**,3!

O intuito de discutir RSC na dissertação é contextualizar sobre a abordagem e demonstrar a importância do tema para as empresas e para a academia. Na mineradora pesquisada, o setor estudado é responsável pelo gerenciamento das comunidades próximas à linha férrea, de propriedade da empresa – as comunidades que fazem divisa com a planta fabril e as que ficam nas orlas dos municípios de Vitória e Vila Velha, ES – além de qualquer outra comunidade que queira manter contato com a companhia. A mineradora pesquisada divulga como pilar estratégico a incorporação da sustentabilidade nos negócios e publica anualmente um relatório de sustentabilidade, no qual apresenta os investimentos na área socioambiental e os projetos desenvolvidos durante aquele período.

A Sustentabilidade e a RSC são vistas como um pilar estratégico dentro da mineradora e, como tal, esses conceitos devem ser incorporados em todas as áreas da empresa. Sendo assim, um gerente de operação não deve pensar apenas em produzir pelotas de minérios, mas também pensar em como o seu setor impacta outros setores dentro da empresa e comunidade próxima. Estudar esse fenônemo a partir da ótica da EPS, onde as ações são vistas como conectadas e o micro não deve ser estudado de forma isolada, possibilita à pesquisa uma visão macro da estrutura da empresa e como os participantes (internos e externos) atuam na formulação e execução da estratégia.

Outro fator que deve ser destacado é que utilizando a EPS para estudar a RSC, nessa dissertação, consegue-se entender como ocorre a relação da empresa e comunidade, de forma profunda, compreendendo qual o papel da comunidade na implementação da estratégia de RSC. Apesar de a empresa ter definido quais são os parâmetros para a escolha dos projetos a serem realizados, a comunidade tem o papel de sugerir e escolher as ações que irão ser desenvolvidas dentro do bairro, tentando construir através do diálogo uma parceria para melhorar aquela comunidade.

A sociedade organizada começa a perceber que possui importância para as empresas ao seu redor. Por outro lado, as empresas percebem essa força que a sociedade pode ter e o impacto, caso ela não queira suas atividades naquele local, passando assim, a empresa, a fazer a gestão dos seus stakeholders, não apenas para cumprir as leis, mas também atender às expectativas da sociedade. Por essa questão, começa-se a discutir a chamada Licença Social, que diz respeito a questões intangíveis, as questões não tácitas nos acordos firmados com a sociedade, que permite as operações das empresas, no caso desse estudo a 4"(9$"/& 6 ."=& &5$1 )*+,3! 'ara Franks e Cohen (2012), a licença para operar diz respeito à negociação contínua, sendo utilizada como um suplemento às licenças de regulação.

Segundo a abordagem da estratégia como prática social, as pessoas são importantes e participam do processo de elaboração, implementação e execução da estratégia, independente do seu nível hierárquico dentro da organização. Já na teoria da RSC, as empresas consideram as pessoas como meros beneficiários do que pretendem oferecer, não reconhecendo a vontade do sujeito. Porém as comunidades estão mais informadas e conscientes dos impactos causados pelas empresas, sabendo que podem ou não legitimar a operação daquela organização. Por isso entender quem é aquela comunidade e perceber o que é importante para ela se faz necessário ao setor de RSC. A partir da interação com aquela comunidade, pode-se entender como ocorrem as dinâmicas locais e propor ações direcionadas para aquela realidade.

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