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Anna Maria Balogh Geraldo Carlos Nascimento

Colaboradores: Solange Wajnman, Cristiane Alves Azevedo de Souza, Florcema Bacellar, Márcio Soares dos Santos, Marco Antonio Bichir, Rita de Cássia Ibarra Silvia Cristina Jardim, Solange Wajnman

Introdução1

A ficção seriada ou minissérie tem um caráter sui generis dentro da programação da televisão brasileira. O formato que se fortaleceu a partir dos anos 80 do século XX possui em sua construção elementos que o contrapõe à telenovela, o modelo ficcional mais constante. Sua duração é menor, na maioria das vezes se constitui num produto fechado, autoral e temático. As primeiras minisséries continham de 20 a 40 capítulos. Hoje se apresentam na forma de minissérie-seriada2, uma narrativa en-

1 O grupo se dividiu em três frentes de pesquisa: 1) Prof. Dr. Geraldo Carlos Nascimento, Florcema Fernandes

Bacellar e Marco Antonio Bichir estudaram as minisséries: Maysa – quando fala o coração e Dalva e

Herivelto – uma canção de amor. 2) Profª Drª Solange Wajman e Profª Ms. Silvia Cristina Jardim, o seriado Aline. 3) Profª Drª Anna Maria Balogh e as orientandas Cristiane Alves Azevedo Souza e Rita de Cássia Ibarra

o seriado Som & Fúria e a minissérie-seriada Na forma da Lei, o episódio 5 desta contou com a pesquisa realizada pela Profª Drª Solange Wajman e pelo mestrando, orientado pela Drª Anna Maria Balogh, Márcio Soares dos Santos.

2 Minissérie-seriada é como o grupo convencionou chamar as séries que apresentam características de

minisséries, que são habitualmente exibidas em dias sequenciados, mas que têm sido exibidas em capítulos semanais como se fossem seriados televisivos. Essas séries têm apresentado em sua linguagem tanto elementos comuns à teledramaturgia nacional quanto elementos que integram os seriados internacionais, com ênfase nos americanos.

tre 8 e 12 capítulos (Maysa, Na forma da lei). Ou se apresentam como seriados, com elementos de hiperseriado3, por manifestar uma supernarrativa4, responsável pela longevidade do gênero (Aline, Força Tarefa).

A experimentação tem sido a tônica desse modelo narrativo, que utiliza transposições da literatura, do cinema e da TV, com nova roupagem. O processo envolve produções inéditas, remakes e visitas a temas recorrentes (humor, corrupção, poder, entre outros). Tal processo envolve movimentos de expansão e condensação da linguagem. Na teoria semiótica greimasiana se considera que os dois movimentos se alternam e se complementam na caracterização da linguagem: o primeiro vai no sentido da definição, acumulando elementos explicativos, o segundo vai no sentido da denominação preservando apenas a informação sintética. Essa double mouvance da linguagem pode ser aplicada à linguagem televisual, considerados seus elementos formadores, o som e a imagem, suas possibilidades de expansão e condensação, bem como de suas diferentes combinatórias no texto, analisado no seu trânsito através das plataformas que envolvem os atuais fenômenos de convergência. Como exemplo tem-se várias obras reunidas sob o guarda-chuva de um título apenas, Os Maias, série baseada na obra homônima de Eça de Queiróz (condensação). Já em A Moreninha, o roteirista Marcos Rey faz uso de outras obras literárias para compor um produto de maior duração (expansão).

Na última década a programação dos seriados segue o padrão de temporadas que acompanham a estações do ano, modelo que se evidencia

3 Hiperseriado – seriados que se estendem por mais de uma temporada. Os seriados, em especial os americanos,

têm entre duas (Jericho) até 13 temporadas (Law and Order – SVU). No texto, o grupo considera, assim, hiperseriado todas as séries que possam ter continuidade, nos casos estudados até o momento, apenas o seriado Aline pode ser colocado nesse padrão, pois, conforme previsto na construção do texto, apresentou sua segunda temporada no verão de 2011.

4 Supernarrativa – termo utilizado pelo grupo para determinar a narrativa que perpassa a trama de cada

temporada de um seriado, se aplica a partir de um seriado que tenha mais que uma temporada, ou seja, torna- se um hiperseriado (Força Tarefa, Heroes, Sling and Arrows, Highlander, Lost, Law and Order – SVU,

Bones, entre outros). Todos apresentam elementos invariantes na narrativa que mantêm a liga entre as

temporadas, em geral representada pelo cotidiano das pesonagens e sua estrututura narrativa, tais como relações-padrão entre personagens, sejam estas afetivas, pessoais ou/e profissionais, que mantêm a unidade entre todas as temporadas.

na exibição de minisséries biográficas Maysa – quando fala o coração (2009) e Dalva e Herivelto (2010), em geral exibidas no mês de janeiro, com a narrativa criada a partir de plataformas similares: textos biográficos e acervos jornalísticos sobre a vida dos retratados.

As séries escolhidas trazem resultados de uma experimentação presente em todas as etapas da produção televisiva desde a criação até a exibição. A seleção das minisséries Maysa (2009) e Dalva e Herivelto (2010) se deve à construção narrativa, a partir da pluralidade de plataformas que lhe serviram de base. Aline se revela particularmente ilustrativa no tocante à convergência de plataformas (tiras de jornal, ficção seriada televisiva, livro de quadrinhos, blogs, Orkut e Facebook). Som&Fúria é analisada através de um prisma que passa pelos recursos linguageiros presentes em plataformas como teatro, TV, séries adaptadas, assim como alusões aos diversos jargões profissionais. Por fim, Na forma da lei, é analisada, sobretudo, em relação aos empréstimos do noir fílmico e dos seriados policiais da TV. Todas elas constituem exemplos singulares das diferentes experimentações que se fazem sob a ampla rubrica “minissérie”, que instiga o capítulo. Como cada série joga com experi- mentações particulares, optou-se primeiro por uma análise individual e, depois, pela síntese das características dos seriados em geral.

As minisséries escolhidas representam um recorte considerado significativo no biênio considerado para o qual este artigo espera contribuir em termos de registros das características contemporâneas, a saber, linguagem e formatos televisuais e convergência de plataformas. Para efeitos de compreensão, o termo forma se relaciona diretamente aos gêneros de origem geradores de intertextos que permeiam as tramas – qual uma sorte de matriz modelar – e plataformas, as próprias mídias constituintes que emprestam durabilidade para o programa.

A pesquisa realizada estabeleceu-se a partir de algumas premissas: (1) o estudo da construção textual em seus dois movimentos de conden- sação e expansão, bem como suas resultantes narrativas, discursivas e linguageiras; (2) os processos de transmutação, transmediação e de convergência de plataformas; e (3) leva em consideração aspectos relativos a formato, produção, gênero e introdução de novas ferramentas

tecnológicas. Os movimentos da linguagem se manifestam em diferentes etapas do processo gerativo do texto (níveis fundamental, narrativo e discursivo) tal como entendido pela semiótica francesa, ou seja, como divisões em níveis do plano do conteúdo. Dentro dessa base estrutural tem-se o nível narrativo mais abstrato que se reveste de temas, isotopias e figuras que dão a singularidade própria do nível discursivo, o último estágio do conteúdo, o mais próximo da materialidade. A materialidade é entendida como sendo o plano da expressão hjelmsleviano em que as singularidades linguageiras se concretizam em elementos materiais, visuais ou auditivos. A relação entre planos constrói o texto. Além disso, a fundamentação teórica se desdobra em alguns vetores básicos, da semiótica (Greimas, Balogh, Fiorin, Nascimento), bem como da convergência e transmediação (Murray e Jenkims).

1. A narrativa na minissérie Maysa em três fases

O narrador na série Maysa, quando fala o coração, exibida pela Globo em janeiro de 2009, em oito capítulos, na faixa das 22 horas, se ocupa de aspectos relevantes da vida e carreira da cantora Maysa – uma das intérpretes mais prestigiadas da Música Popular Brasileira. A história, não linear, começa com acontecimentos que antecederam o fatídico acidente que vitimou a artista. Em local não bem definido – uma maca ou leito de hospital – pouco antes de falecer, Maysa aparece em close, com olhos semiabertos e rosto todo marcado de estilhaços de vidro. Segue-se um flashback por meio do qual a história da cantora, a exemplo de uma grande subjetiva cinematográfica, é narrada. Os eventos marcantes de sua vida evoluem mais ao sabor do que seriam suas lembranças e afetos do que de uma temporalidade rígida. Contudo, esta jamais é inteiramente apagada pelo discurso narrativo, delineando uma cronologia básica de evolução das ações, compreendendo também oscila- ções temporais, avanços e recuos no relato.

O que imprime marca à narrativa televisiva é o trabalho efetuado das câmeras, edição e sonoplastia, que determinam as escolhas do narrador e o modo como ele vê a realidade ficcionalizada. A série que se pretende

fiel à história da vida da cantora, no entanto, é de ordem biográfica, não propriamente ficcional.

Trabalhando com a intenção de buscar a verdade possível, baseado num saber-fazer narrativo, na organização sintáxica do discurso e sustentando-se em fatos e documentos diversos – textos midiáticos, verbais e iconográficos, fotografias de época, filmes familiares, disco- grafia da cantora e uso dos recursos narrativos diversos para contar sua história, Manuel Carlos, ao reconstruir para o espectador a memória da personagem, resgata o sentido estabelecendo um elo emocional com o telespectador.

O narrador da minissérie Maysa, quando fala o coração assumiu de antemão um jogo nada simples de se estabelecer: operar no limite entre a realidade e a ficção; relatar a história de Maysa de um ponto de vista de certa forma comprometido – o do filho da artista, Jayme Monjardim, diretor da minissérie.

Trata-se, pois, de uma narrativa que convoca atores sociais e midiá- ticos, com existência recente e pública; refere-se a acontecimentos divulgados pelos meios da época, a dados historiográficos acessíveis, registros audiovisuais dos desempenhos artísticos e mesmo sociais da artista. A trajetória da cantora está organizada em três fases que remetem às décadas de 50, 60 e 70 do século XX.

Embora a plataforma nuclear da minissérie seja a televisão, o programa adota elementos da linguagem cinematográfica e se apropria da parafernália tecnológica e de produção próprias da sétima arte. Utiliza ainda como plataforma para construir a história e pontuar a narrativa a discografia de Maysa, com interpretações originais da cantora, estabelecendo um clima de maior veracidade à história. Há cuidado na escolha de atores, que se assemelham bastante às pessoas envolvidas na vida de Maysa, bem como os figurinos, as maquiagens e cortes de cabelo foram essenciais para definir suas identidades e situar o telespectador no tempo em que a história se encontrava, não obstante às oscilações temporais referidas.

Para dar conta dos diferentes looks nas três fases, o diretor Jaime Monjardim recorreu ao consagrado diretor de fotografia Affonso Beato, antigo colaborador de Glauber Rocha em O dragão da maldade e o

santo guerreiro e de Pedro Almodóvar em Tudo sobre a minha mãe. Segundo afirma Affonso Beato, se rodou a minissérie da Globo com duas câmeras digitais modelo Arri D-21:

Foi dado um clima visual a cada época que se estava retratando nesses períodos, existem looks, existem texturas diferentes em termos de cor e de enquadra- mento, em termos de montagem e mise-en-scène, conta Beato (transcrito do DVD Making of Maysa).

Devoto e ferrenho defensor de filmar em película, o diretor de fotografia argumenta que a série realizada em filme demandaria um custo operacional excessivo para os padrões da TV. Por isso foi filmada em digital, que simula a qualidade da captação em película, com um olhar de cinema.

1.1 O filme de câmera digital e uma grande produção

De acordo com o site do Arriflex D-2, ela combina tecnologia digital de ponta com recursos de câmera de cinema e permite a diretores e cineastas gravar da mesma forma que fariam com filme de 35 mm, com as vantagens do imediatismo dos resultados e da economia de aquisição conferidos pelo digital.

A D-21 dispõe de um sensor CMOS Super 35 que faculta a mesma profundidade de campo cinematográfico do filme de 35 mm. Através da ARRI Imaging Technology (AIT), a D-21 produz imagens impres- sionantes com um visual só obtido anteriormente pelas películas cinematográficas. A câmera pode produzir um sinal “uncompressed” que funciona perfeitamente na infraestrutura estabelecida HD, se adapta a uma variedade de exigências de produção e orçamentos diferenciados. (www.arridigital.com)

Maysa, quando fala o coração mobilizou 155 pessoas na equipe, 2.674 figurantes, 30 locações externas, 67 dias de filmagem, uma semana de gravações em Veneza. Esses números expressivos representam a

grandiosidade dessa produção, a maior e mais sofisticada série até então realizada pela televisão brasileira em homenagem a uma cantora nacional. Uma completa pesquisa de época, que incluiu carros, aviões, objetos de cena, mobiliário, figurinos, hair stylist e maquiagem, estabeleceu um diferencial importante da produção. Segundo o maquiador Fernando Torquato, responsável pelo visual de Maysa na série,

Para a gente contar essa história e definir cada fase da série, o visual contava muito. O desafio era incorporar tantas tendências, pois Maysa era uma lançadora de moda, e uma mulher à frente do eu tempo (transcrito do DVD Making of Maysa).

A figurinista Marília Carneiro revela o quanto é complicado fazer um figurino de época,

Você não pode comprar num shopping um sapato, uma bolsa, ou uma roupa. Isso não existe. Então você tem que programar absolutamente tudo, porque nada será encontrado no comércio, tudo será planejado, desenhado e mandado fazer (transcrito do DVD Mak- ing of Maysa).

Para que o autor Manoel Carlos pudesse escrever a série com mais riqueza nos detalhes, o diretor Jaime Monjardim, filho da cantora, o abasteceu com fotos, recortes de revistas e objetos pessoais de Maysa.lustração 2

A produção percorreu as três décadas em que se passam a história da cantora. “Em cada dia eu gravava Maysa com 15, 20, 30, 40 anos. Então, em cada cena eu tinha um universo muito grande para abarcar. As coisas vão e voltam, estamos no presente, voltamos ao passado, corremos para o futuro...”, coloca Larissa Maciel, protagonista da série. A atriz se preparou para o papel durante oito meses no Projac, nos quais teve aulas com preparadores de elenco, aulas de canto etc. “Foi quase uma preparação hollywoodiana”, revela Monjardim.

As locações se dividiram entre Rio de Janeiro, Petrópolis, São Paulo e Veneza. Foram utilizados para dar ainda mais veracidade à história locais como o Palácio Quitandinha e o hotel Copacabana Palace, ambien- tes muito frequentados pela cantora nos seus tempos de glória.

Importantes representantes das décadas de 50 e 60 do século XX, os automóveis Oldsmobile, Buiks e Cadilacs fizeram parte da cenografia da minissérie. No Museu Aero espacial do Rio de Janeiro foram gravadas cenas de Maysa e o jornalista-compositor Ronaldo Bôscoli – para compor as sequências de voo, aviões da antiga Pan Air foram pintados e recu- perados pela produção.

Você entra numa locação e ela não é um lugar neutro, é um lugar que já vem com uma história, é uma coisa concreta mesmo, cada objeto tem história, cada tapete, cada pintura na parede, um corrimão de escada tem uma vivência do lugar que é muito enriquecedor, diz Larissa Maciel, protagonista da série (transcrito do DVD Making of Maysa).

1.2 Maysa, a abertura

Os objetos pessoais de Maysa foram determinantes para revelar suas preferências, seus hábitos e o meio social no qual ela vivia e foram recolhidos por Hans Donner na abertura. Sua paixão pela bebida e o cigarro, as requintadas taças de cristal, o mobiliário, porta-retratos e objetos sofisticados deixam claramente transparecer o alto padrão de vida da cantora. Os movimentos de câmera que constituem esse prólogo são suaves e foram filmados através de um dolly que proporciona movimentos de aproximação, afastamento, tilt down e tilt up.

A vinheta traz consigo as referências simbólicas que revelam a trama. Além desses elementos, o olhar de Maysa que era sua “marca registrada” surge reiteradamente como um elemento que se repete ao longo da abertura. Isso tudo emoldurado na cadência do samba-canção “Meu mundo caiu”, composição da cantora e um dos seus grandes

sucessos. Tais elementos, articulados com o relato, constroem as características dessa figura ímpar da música popular e da cena brasileira até os anos 1970.

1.3 A música como plataforma em Maysa

Maysa foi uma das divas da MPB que se notabilizou cantando sucessos do samba-canção em sua versão reconhecida como a mais sen- timental – a chamada música de fossa. No auge desse estilo “que andava de mãos dadas com o bolero”, a divisa parecia ser rimar amor e dor. E o estilo recebeu até um apelido – “dor de cotovelo” –, que parece se referir “à clássica cena boêmia de alguém sentado no bar, cotovelos apoiados na mesa ou balcão”, num estado entre embriagado e choroso. No início dos anos 1950, os temas eram traição, ciúme, desejo de vingança e desilusão (www.sescsp.org.br).

Maria Izilda Santos de Matos, professora e pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e autora de Experiências Boêmias em Copacabana nos Anos 50 (Bertrand Brasil, 1997), explica:

As composições escritas por mulheres trazem sempre a dor causada pelo amor sob a ótica da culpa, da solidão e da espera. Já as letras escritas pelos homens têm sempre a questão da desconfiança, da mulher que traiu, que é ingrata e traiçoeira.

A pesquisadora destaca um fator para que o auge da música de fossa acontecesse justamente a partir do início da década de 50. Segundo diz, esta foi uma época existencialista:

Era o pós-Segunda Guerra, um tempo que, depois daquilo tudo, ficou marcado por um modo existencial de ver o mundo. Isso aparece na filosofia, na literatura, na música e nas artes de um modo geral.

Ainda segundo a professora, o sucesso do estilo também pode ser atribuído à popularização, principalmente pelo cinema, do jazz e do bolero.

A música na minissérie tem papel de destaque ao remeter os espectadores à atmosfera musical da época, e funciona como mais um elemento de composição narrativa e de construção de sentido. Canções como “Ouça”, “Meu mundo caiu”, “Demais”, “Tarde triste”, entre outras, representam bem esse momento de auge da cantora.

Posteriormente surgem as marcantes incursões de Maysa na Bossa Nova, fruto de sua relação amorosa conflituosa com Ronaldo Bôscoli – retratada na série. Nesse período, aconteceram as gravações inesquecíveis de “Dindi”, “O barquinho”, “Se todos fossem iguais a você”, entre outras. A cantora realizou, ainda, várias incursões internacionais, se apresentou no Olympia de Paris, no Estoril em Portugal, apresentou gravações memoráveis em inglês, francês e espanhol. Algumas presentes na série.

2. Dalva e Herivelto

O Rio de Janeiro dos anos 1940 e 1950 foi palco de grande efervescência no cenário musical brasileiro. Grandes ídolos da canção popular se apresentavam em ambientes suntuosos, como o Cassino da Urca e o Hotel Quitandinha. A Rádio Nacional, era a principal emissora do país no período, considerada mais tarde símbolo da chamada “Era do Rádio”. Dois importantes representantes desse universo radiofônico foram a cantora Dalva de Oliveira e seu então marido, o cantor e com- positor Herivelto Martins.

O casal vivia uma relação tempestuosa que não cessou nem com a separação – uma trajetória repleta de brigas, rompimentos e voltas, expostas pela imprensa da época e que chegou à indústria fonográfica, que transformou seus desdobramentos em sucessos e lucros, um fenômeno midiático.

Com tais ingredientes e inspirada no livro Minhas Duas Estrelas, de Pery Ribeiro, filho do casal, além de apoiada em vasta pesquisa de

época, a dramaturga e novelista Maria Adelaide Amaral escreveu para a Rede Globo de Televisão a minissérie em cinco capítulos Dalva e Herivelto: uma Canção de Amor.

O primeiro capítulo da minissérie Dalva e Herivelto, estrelada por Adriana Esteves e Fábio Assunção, exibido na noite de segunda-feira 4/ 01/2011, rendeu 28 pontos de audiência à TV Globo na Grande São Paulo, de acordo com o Ibope (www.terra.com.br, acesso em 12/12/ 2011). Mais tarde seria reunida pela Globo Marcas em dois DVDs, com duração de 4h24, contendo os cinco episódios da apresentação na TV mais alguns extras: peças musicais e making of. A minissérie foi dirigida por Dennis Carvalho, diretor de novelas de sucesso como Vale Tudo e Celebridade e séries: Anos Rebeldes e Malu, mulher.

No livro que inspirou a minissérie temos Pery Ribeiro como narrador oferecendo uma visão dos fatos assumidamente pessoal, de filho, que vivenciou boa parte dos acontecimentos narrados.

A versão televisiva acrescenta outros olhares à trama – lembranças de Dalva e de Herivelto, já idosos, se manifestam em flashbacks – privilegiando aspectos supostamente de maior interesse para o espectador. O núcleo principal da história gira em torno de questões que envolviam

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