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AS CARACTERÍSTICAS DO PERFIL DO ESTUDANTE DA EAD

No documento Download/Open (páginas 41-44)

Vale considerar que tratar sobre perfil é parametrizar dada realidade mediante um foco de pesquisa.

A área de recursos humanos é uma das que procura dentro das organizações entender sobre o perfil de trabalho de um colaborador. Diante das linhas terapêuticas da psicologia, uma usada como instrumento para entender o perfil é a psicologia analítica, de Carl Gustav Jung.

Jung (1971) passou a se dedicar aos meios pelos quais a consciência se expressa sendo quatro, as funções definidas pelo psicólogo que auxiliam organizações a entender o perfil dos profissionais. Segundo Jung (1971), a Sensação, Pensamento, Sentimento e Intuição – juntamente às atitudes de introversão e extroversão, representam os Tipos Psicológicos. Para o autor as pessoas utilizam esses quatro processos de duas maneiras opostas, Sensação e Intuição através das quais percebem as coisas – e a que usamos para julgarmos os fatos - Pensamento e Sentimento.

Em sua pesquisa sobre atitudes, Lessa (2012) descreve de forma clara que o introvertido (que para a autora, não é tido como tímido) revela a capacidade que a pessoa tem de analisar e planejar. Já o extrovertido, caracteriza a pessoa que tem mais capacidade de responder rápido ao ambiente. As pessoas mais racionais que gostam do pensamento, e as pessoas mais emocionais que gostam das relações.

Para a autora a maneira de se conhecer estes perfis é pela comunicação. A maneira de como uma pessoa se comunica revela muito dela, ou seja, se sua comunicação é muita direta, pautada em dados, ela é pragmática, uma pessoa voltada para objetivos. Já se esta comunicação não é verbal, com abraço, contato

ou mesmo de chamar para sair e colocar suas ideias, esta é uma pessoa extrovertida. Os perfis são observados através do modo como a pessoa se relaciona com o que está ao seu redor.

A autora ainda destaca que a Teoria dos tipos de Carl Jung não busca rotular ou mesmo criar estereótipos quanto ao tipo psicológico de cada indivíduo dividindo as pessoas em categorias, mas é um instrumento de compreensão das variações individuais.

Na área da saúde, a pesquisa da autora Camelo (2012), demonstra a preocupação de construir um perfil de profissionais que se adapte a enfermidades específicas, e isto induz a traçar diretrizes para uma melhor qualidade no setor. Os dados pesquisados mostram que a área da saúde procura conhecer o perfil sociodemográfico, clínico-comportamental, crenças e culturas. Assim, os profissionais identificados fornecem subsídios para delinear a construção do perfil. Um exemplo é um enfermeiro próprio para unidade de terapia intensiva.

Na área educacional, instituições de ensino também querem caracterizar o perfil de seus alunos. Geralmente, os dados coletados são sociodemográficos e econômicos, e mesmo o professor procura conhecer seus alunos dentro do ambiente escolar para direcionar seu plano de aula.

Na EAD, as características do perfil foram retratadas diversas vezes em inúmeras pesquisas. Estas procuram estudar basicamente idade e motivos da escolha do curso. A descrição de sua idade revela que este aluno está em torno dos 30 anos, e que ele busca uma formação continuada, ou mesmo sua primeira formação, já que não conseguiu em tempo adequado terminar seus estudos (PALLOFF; PRATT, 2004).

Peters (2006) descreve este aluno com características especiais, ou seja, para o autor, os alunos virtuais são diferentes dos alunos presenciais. Menciona a idade como uma característica, que, basicamente, gira em torno de 20 a 30 anos. São mais experientes na área profissional e buscam formação, influenciados, principalmente, pela vontade de capacitação e ascensão na área, realizando seus estudos concomitantemente com o exercício de sua profissão.

Tal fato que norteia alunos dos Estados Unidos é relatado pelo autor como importante no conhecimento do perfil, pois esta preocupação gera o desenvolvimento de programas de ensino que se adequem a este discente e sua escolha pela EAD.

Para Aretio (2001), este aluno procura se capacitar em aprender a aprender e aprender a fazer, de forma flexível, pretendendo aumentar seu nível de conhecimento, seu status social sendo que, diante da finalização dos seus estudos, há uma mudança pessoal, familiar, profissional, social e econômica.

En muchos casos estos estudiantes sólo pretenden aumentar su estatus o su nivel de conocimientos, pero la realidad es que en bastantes de ellos se llega a producir, finalizados con éxito los estudios, un auténtico cambio positivo en los ámbitos personal, familiar, profesional, social e, incluso, económico. (ARETIO, 2001, p.152)

No Brasil, de acordo com Guimarães (2012), este perfil integra um novo aprendente: classes mais empobrecidas e populares, que, diante da expansão de políticas educacionais e pelo valor das mensalidades serem mais baixas, desafiam o elitismo que marca o ensino superior no país e, mesmo vindo de escolas públicas caracterizam-se por aprender de maneira diferente. Para o autor as características que demarcam o perfil deste aluno atual são:

“A matrícula tardia na Educação Superior. A dedicação parcial ou integral ao trabalho, impedindo que o aluno se destaque exclusivamente aos estudos, concentrando-os no período noturno. Independência financeira ou a participação expressiva na renda familiar da grande maioria dos estudantes. O compromisso com esposos/esposas, filhos (as) e parentes. Os conhecimentos desenvolvidos durante a educação básica são diferenciados daqueles dos universitários tradicionais. O perfil de jovens adultos, adultos ou mais velhos. Os objetivos claros desses estudantes, que possuem melhores salários ou mudança de profissão” (GUIMARÃES, 2012, p.127).

Atualmente, delinear as características principais do perfil do aluno EAD tem como interesse não somente a busca de fatores, sociodemográficos e econômicos, mas características preponderantes que levam este aluno tanto à sua escolha quanto à continuidade do curso, pois uma preocupação constante das instituições de ensino superior é a evasão.

Autores, entre eles Palloff e Pratt (2004), descrevem que alguns alunos que apresentam características básicas, como automotivação, autodisciplina e flexibilização do tempo sentem a necessidade da presença do professor no mesmo espaço físico, não conseguem se dedicar à continuidade do curso e acabam

abandonando.

Geralmente, são alunos de primeira graduação, que, pela inexperiência e necessidade do convívio social próprio do ensino superior, desmotivam-se diante da escolha. Isto não implica no fato de que alguns alunos consigam vencer essas barreiras e possam, efetivamente, finalizar com sucesso sua graduação.

A realidade da EAD tem especificidades próprias, como o gerenciamento do tempo, a responsabilidade diante do processo de aprendizagem e a adaptação ao próprio contexto de ambiente de aprendizagem. Quando o aluno se depara com esta realidade, percebe que muitas vezes é incapaz de dar continuidade, perde a motivação, não acredita em seu potencial, além de sentir a responsabilidade diante de sua graduação.

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