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1.2.4 DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS NA ÁREA DA SAÚDE

1.2.4.2. AS CIÊNCIAS DA SAÚDE NO CICLO AVALIATIVO DO SINAES

Considerando todo esse processo de avaliação da educação superior e o ciclo avaliativo realizado a cada três anos é possível caracterizar, comparar e acompanhar a evolução e o impacto que tem cada IES, área de atuação e curso de graduação ofertado no sistema educacional do País. Nesse contexto, tem relevância a expansão da educação superior, nas dimensões administrativas e acadêmicas.

Ao se observar o movimento de expansão da educação superior no Brasil, a partir de 2004, ano de implementação do SINAES, é possível verificar a crescente ampliação de matrículas, o que se prolonga até o momento atual, com tendência a permanecer nos próximos anos. Fenômeno semelhante ocorre em relação às IES e o número de cursos, com um rápido aumento a cada ano, principalmente na modalidade à distância. A Tabela 3 demonstra como se deu o crescimento no período.

Tabela 3 – Evolução do número de IES, cursos e matrículas na educação Superior

no Brasil, 2004-2013. Ano IES % crescimento Cursos % crescimento Matrículas % crescimen to 2004 2.013 8,3% 18.644 13,3 4.163.733 7,1 2005 2.165 86,0 20.407 92,7 4.453.156 65,2 2008 2.252 4,01 24.709 21,0 5.080.056 14,0 2009 2.314 2,8 28.671 16,0 5.954.021 17 2010 2.377 2,7 29.507 2,9 6.379.299 7 2011 2.365 -0,5 30.420 3,0 6.739.689 5,64 2012 2.416 2,2 31.866 4,8 7.037.688 4,4 2013 2.391 -1,3 32.049 9,7 7.305.977 7,5

Fonte: INEP. Censos da Educação Superior. Consulta: www.inep.gov.br em 23.11.2014

Tal expansão ocorreu com maior intensidade no ano de 2005, no setor privado, e em 2010, no setor público, em função dos programas implementados pelo Governo Federal, como o Fundo de Investimento Estudantil (FIES) e o Programa

Universidade para Todos (PROUNI). Corroborando com este cenário, Vieira78, afirma

que a análise das transformações recentes do campo da educação superior, de acordo com os números oficiais, permite a identificação de vários movimentos, a saber: um processo de democratização/expansão, privatização (relação público- privado) e massificação da educação superior, por meio de mudança na identidade institucional.

Nesse sentido, no cenário divulgado pelo censo do INEP em 2014, das 2.391 instituições de educação superior do Brasil apenas 8% são Universidades e detêm mais de 53% dos alunos, sendo, portanto, grandes instituições. Os Centros Universitários representam 5,9% das matriculas, os Institutos Federais e Centros Federais de Educação Tecnológica, 1,7%. Por outro lado, as Faculdades têm uma participação superior a 84%, mas atendem apenas 29% dos alunos. Outro dado importante se revela em relação à matrícula: entre os anos de 2012 a 2013 houve um crescimento de 3,9% nos cursos presenciais e 3,6% nos cursos à distância. Os cursos na modalidade à distância no ano de 2013 contam com uma participação superior a 15% na matrícula de graduação.

Em 2010, havia 6.379.299 de matriculados nos cursos de graduação (5.449.120 presencial e 930.179 à distância), sendo que 267.772 alunos tinham até 18 anos (259.259 presencial e 8.513 à distância) e 2.9991.587 alunos estavam na faixa etária dos 19 a 24 anos (2.829.037 presencial e 162.550 à distância). Em 2013, o percentual de pessoas frequentando a educação superior representou quase 30% da população brasileira na faixa etária de 18 a 24 anos e em torno de 15% está na idade teoricamente adequada para cursar esse nível de ensino.79

Mesmo com essa expansão, o Brasil ainda precisa avançar na meta de crescimento do número de matrículas na educação superior, considerando os objetivos estabelecidos no Plano Nacional de Educação se comparado à realidade de outros países, com assegurada qualidade. Porém, surgiram no contexto educacional novas variáveis – aqui denominados de entrantes – como a oferta massiva de EaD, os grandes conglomerados educacionais e as correlações entre números quantitativos e os indicadores de qualidade.

As metas instituídas no Plano Nacional de Educação para decênio 2014- 2024 de elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta (Meta 12) e elevar a qualidade da educação superior pela ampliação da educação de

mestres e doutores nas instituições de educação superior para 75%, no mínimo, do corpo docente em efetivo exercício, sendo, do total, 35% doutores (Meta 13), induzem a necessidade de avaliar, por meio de indicadores, a qualidade em que ocorre a expansão nesse período.

Portanto, segundo a Constituição Federal, a educação a ser oferecida por instituições públicas e privadas deve ser objeto de avaliação, supervisão e regulação pelo poder público, com base nas normas gerais da educação nacional, para a garantia de padrão de qualidade. A CF ressalta, ainda, o Plano Nacional de Educação (PNE), de duração decenal, com o objetivo de articular o Sistema Nacional de Educação em regime de colaboração e por meio de ações integradoras dos poderes públicos das diferentes esferas federativas, visando, entre outros, à melhoria da qualidade do ensino e à promoção humanística, científica e tecnológica do país.

Quando se considera a média a cada 10.000 habitantes de matrículas, ingressantes e concluintes por área de conhecimento, observa-se que no Brasil, nos anos de 2010, 2011 e 2012, os cursos da área de Saúde e Bem estar social ultrapassaram para ingressantes, os indicadores da Organização para Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) – conforme tabela a seguir:

Tabela 4 – Média a cada 10.000 habitantes de Matrículas, Ingressos e Concluintes por Área do Conhecimento – Brasil – 2012.

Fonte: Censo da Educação Superior, INEP, 2013.

curso. Os cursos da área da Saúde continuam em terceiro lugar no acesso a graduação no Brasil, apresentando crescimento de um ano para outro, com o total de 49,0 matrículas para 10.000 habitantes, sendo que 17,0 para ingressantes e 7,0 para concluintes.

O crescimento no número de matrículas também pode ser observado em cada curso da área da saúde, no período de 2011 a 2013, conforme a seguir:

Tabela 5 – Distribuição por região e modalidade dos cursos da área da saúde e

Fonte: Censo da Educação Superior, INEP, 2012,2013 e 2014.

Os dados do censo da educação superior são fundamentais para que a CONAES estabeleça quais os cursos que estão reconhecidos irão participar do

ENADE, conforme o ciclo avaliativo do SINAES. Todos os cursos da Saúde, exceto o de Terapia Ocupacional apresentam crescimento de acordo com os dados comparativos dos três censos para esse nível de ensino. Na tabela 5 apresentada aparecem três cursos da área da saúde propostos na modalidade à distância: educação física, enfermagem e fisioterapia.

O ENADE é desenvolvido pela DAES, após determinação da CONAES, com o apoio técnico de comissões assessoras de áreas, compostas por especialistas de notório saber, responsáveis pela determinação das competências, conhecimentos, saberes e habilidades a serem avaliadas e todas as especificações necessárias à elaboração da prova a ser aplicada em nível nacional.

A avaliação da educação superior, realizada por meio do ENADE, compreende o ciclo avaliativo definido pela realização periódica de avaliação de instituições e cursos superiores, com referência nas avaliações trienais de desempenho de estudantes.

O calendário do ciclo avaliativo para as áreas observa as seguintes referências: a) Ano I - saúde, ciências agrárias e áreas afins; b) Ano II - ciências exatas, licenciaturas e áreas afins; c) Ano III - ciências sociais aplicadas, ciências humanas e áreas afins. O calendário para os eixos tecnológicos, segue as áreas definidas para os cursos de graduação: a) Ano I - ambiente e saúde, produção alimentícia, recursos naturais, militar e segurança; b) Ano II- controle e processos industriais, informação e comunicação, infraestrutura, produção industrial; c) Ano III - gestão e negócios, apoio escolar, hospitalidade e lazer, produção cultural e design80.

Nesse processo totalizam-se de 2004 a 2012, 80 áreas avaliadas, distribuídas em cada ciclo avaliativo.

Tabela 6 – Cursos da área da Saúde participantes do 1º, 2º e 3º Ciclo Avaliativo do

SINAES

Ciclo do SINAES

Bacharelado Tecnológico Ano do

ENADE 1o Ciclo Biomedicina Educação Física Enfermagem Farmácia Fisioterapia Nutrição Odontologia Terapia Ocupacional Radiologia 2004

2o. Ciclo Terapia Ocupacional

Biomedicina Educação Física Enfermagem Farmácia Fisioterapia, Fonoaudiologia Medicina Nutrição Odontologia Radiologia 2007

3º Ciclo Terapia Ocupacional Biomedicina Educação Física Enfermagem Farmácia Fisioterapia, Fonoaudiologia Medicina Nutrição Odontologia Gestão Ambiental Gestão Hospitalar Radiologia 2010 Fonte: DAES/INEP/MEC - 2010

Tem-se, portanto, que no primeiro ciclo avaliativo (2004-2006) foram avaliados pelo ENADE 13.396 cursos e 804.676 estudantes, no segundo ciclo avaliativo (2007-2009) 17.371 cursos e 1.374.449 estudantes e no terceiro ciclo (2010- 2012) 20.323 cursos e 1.183.798 estudantes. Os cursos da área da saúde foram novamente avaliados em 2013.

Os cursos da área da Saúde, conforme Ciclo Avaliativo do SINAES tiveram avaliação pelo ENADE nos anos de 2004, 2007, 2010 e 2013. No ENADE de 2010 foram avaliados os cursos da área da saúde: Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Terapia Ocupacional, Gestão Hospitalar e Radiologia. Este ENADE incluiu grupos de estudantes dos cursos em momentos distintos de sua graduação: um grupo, denominado ingressante, cursava o final do primeiro ano; e outro, considerado concluinte, encontrava-se no final do último ano do curso.

Os dois grupos de estudantes foram submetidos à mesma prova. Esses estudantes responderam a um questionário online (Questionário do Estudante), que teve a função de compor o perfil dos participantes, integrando informações do seu contexto às suas percepções e vivências, e investigou, ainda, a avaliação dos estudantes quanto à sua trajetória no curso e na IES, por meio de questões objetivas que exploraram a oferta de infraestrutura e a organização acadêmica do curso, bem como certos aspectos importantes da formação profissional.

A prova caracterizou-se por abranger, os conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares dos cursos avaliados, além de investigar temas contextualizados e atuais, problematizados em forma de estudo de caso e de situações calcadas em aspectos com os quais o futuro profissional pode vir a deparar- se, não tendo, portanto, ênfase exclusiva no conteúdo.

Em 2013 foram avaliados no ENADE os cursos Biomedicina; Educação Física; Enfermagem; Farmácia; Fisioterapia; Fonoaudiologia; Medicina; Medicina Veterinária; Nutrição e Odontologia. Além desses, foram também avaliados os cursos que conferem diploma de tecnólogo de Gestão Hospitalar e Radiologia.

Naquela edição do ENADE houve inovações em relação ao tempo mínimo de permanência do estudante na sala de aplicação da prova, por uma hora, a obrigatoriedade de resposta ao questionário do estudante e a publicação do manual do estudante pela DAES em 2014. O exame foi aplicado aos estudantes concluintes desses cursos que se encontravam no último ano de formação. Esses estudantes responderam, antes da realização da prova, a um questionário on-line que teve a função de compor o perfil dos participantes, integrando informações do seu contexto às suas percepções e vivências, e investigou, ainda, a avaliação dos estudantes quanto à sua trajetória no curso e na IES, por meio de questões objetivas que exploraram a oferta de infraestrutura e a organização acadêmica do curso, bem como certos aspectos importantes da formação profissional. Os coordenadores dos cursos também responderam a um questionário com questões semelhantes às formuladas para os estudantes. A prova, aplicada aos estudantes apresentou questões discursivas e de múltipla escolha, relativas a um componente de avaliação da Formação Geral, comum aos cursos de todas as Áreas, e a um componente específico de cada área de formação dos cursos da área da saúde. No componente de avaliação da formação geral profissional ético e comprometido com a sociedade, além do domínio de conhecimentos e de níveis diversificados de capacidades e competências para perfis profissionais específicos, esperava-se que os graduandos das IES evidenciassem a compreensão de temas que transcendessem o ambiente próprio de sua formação e fossem relevantes para a realidade social. Essa compreensão vinculou-se a perspectivas críticas, integradoras e à capacidade de elaboração de sínteses contextualizadas.

Quanto aos resultados do CPC, ressalta-se que começaram a ser calculado em 2008 a partir do resultado do ENADE 2007. Os cursos da área das

ciências da saúde, conforme Ciclo Avaliativo do SINAES, aplicado apenas para cursos já reconhecidos pelo MEC, tiveram avaliação pelo ENADE nos anos de 2004, 2007, 2010 e 2013.

Nos resultados do CPC referente ao ano de 2007, divulgados em 2008, participaram 2607 cursos das Ciências da Saúde e do total de cursos avaliados 157 estão na Região Norte, 429 na Região Nordeste, 210 na Região Centro-Oeste, 1317 na Região Sudeste e 495 são ofertados na Região Sul do país.

Em 2010 obtiveram resultados do CPC 3079 cursos de ciências da saúde, distribuídos pelas regiões brasileiras: 189 na Região Norte, 552 na Região Nordeste, 276 na Região Centro-Oeste, 1501 na Região Sudeste e 561 na Região Sul. Em 2013 obtiveram CPC 4, 5294 cursos, sendo esse conceito calculado para as unidades de observação que tiveram pelo menos dois estudantes concluintes participantes e dois estudantes ingressantes registrados no Sistema ENADE. As unidades que não atendem a estes critérios não têm seu CPC calculado, ficando Sem Conceito (SC).

Tabela 7 – Resultado do CPC da área da saúde de 2007, 2010 e 2013.

Após a divulgação dos resultados da tabela 7, os cursos com CPC insatisfatório foram encaminhados para o INEP para avaliação in loco, para o ato de renovação de reconhecimento.

A seguir o total de avaliações realizadas no período de 2012 a 2014, pela DAES, para os cursos da área da saúde, em todos os atos autorizativos.

Fonte: DAES, 2014.

1.2.5 O DESENHO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL TENDO COMO PRINCÍPIO O