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4. APRENDIZAGEM , COOPERAÇÃO E INOVAÇÃO NO APL

4.3 AS ESTRATÉGIAS DE COOPERAÇÃO NO ARRANJO

Esta subseção analisa os processos de cooperação desenvolvidos pelas empresas do arranjo. Parte-se da verificação das formas que as atividades de cooperação assumem nas empresas, para posteriormente identificar os agentes com quem são desenvolvidas essas parcerias e a localização dos mesmos. Finalmente, avalia-se o impacto das atividades desenvolvidas em conjunto para as empresas locais.

A Tabela 12 apresenta a participação das empresas do arranjo em atividades cooperativas. Percebe-se que 33,3% das grandes e 75% médias empresas entrevistadas participa de atividades cooperativas. Em relação às micro e pequenas empresas da amostra, 34,8% e 45,9%, respectivamente, participam de atividades cooperativas. Portanto, observa-se que é elevada51, inclusive para as MPEs locais, a participação em atividades cooperativas, demonstrando que, no espaço do arranjo, apesar da elevada concorrência52 existente entre as empresas de menor porte, estas também desenvolvem atividades cooperativas. Cabe agora analisar qual o tipo de atividade e os agentes envolvidos nas relações de cooperação.

Tabela 12- Participação em Atividades Cooperativas entre 2007 e 2010 das Empresas do Arranjo Eletrometal-Mecânico da microrregião de Joinville/SC - %

Porte Participa Não Participa Total

Amostra (Nº de Empresas) Micro 34,8 65,2 100 47 Pequena 45,9 54,1 100 37 Média 75,0 25,0 100 4 Grande 33,3 66,7 100 3

Fonte: Pesquisa de campo, 2010.

A Figura 10 descreve os índices de importância53 das formas de atividades cooperativas desenvolvidas pelas empresas do arranjo. Para o conjunto das empresas do arranjo, o índice mais elevado está relacionado ao desenvolvimento de produtos e processos, refletindo que o principal objetivo das estratégias de cooperação das empresas consiste em melhorar as capacitações para o desenvolvimento de produtos e processos.

Para as MPEs locais, os índices mais elevados relacionam-se com a capacitação de recursos humanos (0,12 para as micro e 0,18 para as pequenas empresas), participação conjunta em feiras (0,11 e 0,17, respectivamente). Para micro empresas destaca-se também a venda conjunta de produtos (0,13) e a compra conjunta e insumos e equipamentos (0,13). A importância atribuída

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Apesar da redução da cooperação entre aos dois períodos analisados, os níveis de cooperação no APL (41% do total das empresas do APL) ainda são elevados, comparativamente a média da indústria nacional segundo a PINTEC / IBGE, 2008 (10% das empresas que implementaram inovações).

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Como foi demonstrado no capítulo anterior, através da análise da dinâmica interindustrial local, para a maioria das MPEs, o principal mercado consumidor é o arranjo, derivando-se daqui que a concorrência entre elas deve ser elevada.

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Ressalta-se que os índices apresentados na tabela devem ser avaliados relativamente aos demais, uma ver que o mesmo foi elaborado com base no total de empresas por porte.

pelas médias empresas às formas de atividades cooperativas é similar às micro empresas, com destaque também para a e a compra conjunta e insumos e equipamentos (0,65), venda conjunta de produtos (0,40) e em menor escala, participação conjunta em feiras (0,45). Para este porte de empresa destaca-se também a apresentação de reinvidicações deforma cooperativa. Para as grandes empresas do arranjo, além do ponto já destacado ressalta-se o desenvolvimento em cooperação do design e estilo dos produtos (0,33).

Figura 9– Índice* de Importância Atribuído as Formas das Atividades Cooperativas Desenvolvidas no Arranjo Eletrometal-Mecânico da Microrregião de Joinville/SC - 2010

Fonte: Pesquisa de campo, 2010.

* Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Total de Empresas)

Portanto, constata-se que, no geral, as empresas do arranjo atribuem pouca importância às atividades realizadas de maneira cooperativa. No local, a cooperação é mais importante para aprimorar as capacitações internas para o desenvolvimento de novos produtos e processos, além de elevar a capacitação dos recursos humanos. Nota-se, em relação às pequenas empresas do arranjo (e em menor escala para as micro empresas), que as formas de cooperação que poderiam reduzir os problemas de escala associadas a esse porte de empresa são pouco relevantes, refletindo que existem barreiras no local que dificultam uma ação cooperativa mais eficiente, provavelmente relacionadas à elevada concorrência existente entre as empresas e / ou à falta de agentes / instituições que articulem eficientemente a realização conjunta dessas atividades.

0,13 0,13 0,19 0,06 0,12 0,05 0,09 0,11 0,08 0,03 0,21 0,09 0,18 0,08 0,13 0,17 0,65 0,40 0,40 0,23 0,30 0,30 0,40 0,45 0,00 0,20 0,33 0,33 0,20 0,00 0,20 0,00

Compra de insumos e equipamentos Venda conjunta de produtos Desenvolvimento de Produtos e processos Design e estilo de Produtos Capacitação de Recursos Humanos Obtenção de financiamento Reivindicações Participação conjunta em feiras, etc

Após a caracterização das principais formas de cooperação desenvolvidas pelas empresas do arranjo, parte-se para a identificação dos agentes54 com os quais as empresas desenvolvem essas atividades. A Figura 11 apresenta os agentes e o índice de importância atribuído a esses na realização de atividades conjuntas55. Constata-se que no geral, que os principais parceiros no desenvolvimento de atividades cooperativas das empresas do arranjo são os fornecedores de insumos e equipamentos. No caso das micro e médias empresas destaca-se também as outras empresas do setor.

Figura 10- Índice de Importância Atribuído pelas Empresas do Arranjo Eletrometal-Mecânico da Microrregião de Joinville/SC às Relações de Cooperação com Outras

Organizações - 2010

Fonte: Pesquisa de campo, 2010.

Ressalta-se, nesse ponto, que as empresas do arranjo direcionam suas ações cooperativas a agentes que possam, por um lado, levar a um aprimoramento das suas capacidades produtivas, como no caso dos fornecedores de insumos e de outras empresas do setor, em que o desenvolvimento conjunto de atividades conduz a melhorias produtivas, mediante a troca de experiências sobre os processos produtivos e /ou sobre a melhor utilização dos insumos e por melhorias nas condições de fornecimento dos insumos e dos serviços demandados56. Por outro lado, no caso da cooperação com os clientes, as empresas procuram aprimorar suas capacidades de

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Não constam nessa análise parcerias desenvolvidas com outras empresas do grupo, com empresas associadas (joint

venture) e com entidades ambientais, uma vez que os índices para estes parceiros foram zero.

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O respondente da grande empresa que declarou ter cooperado não soube informar a importância dos parceiros para a cooperação.

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Como já comentado, são elevados os serviços demandados por empresas da eletrometal-mecânica, logo, o desenvolvimento de atividades cooperativas com outras empresas do setor (em vários casos são essas as empresas que prestam os serviços necessários para a produção) leva a melhorias nesses serviços.

0,11 0,14 0,11 0,13 0,04 0,04 0,00 0,04 0,03 0,04 0,01 0,01 0,03 0,17 0,23 0,05 0,09 0,02 0,03 0,04 0,04 0,13 0,09 0,04 0,02 0,75 0,65 0,25 0,23 0,40 0,65 0,25 0,33 0,15 0,15 0,15 Fornecedores de insumos Clientes Concorrentes Outras empresas do setor Empresas de consultoria Universidades Institutos de pesquisa Centros de capacitação… Instituições de testes,… Representação Entidades Sindicais Órgãos de apoio… Agentes financeiros

atendimento das necessidades / exigências desses, e em alguns casos, também participam do desenvolvimento de novos produtos57, buscando, em ambas as situações, garantir suas vendas futuras. Por conseguinte, enfatiza-se no arranjo, que as ações cooperativas estão voltadas principalmente para ampliar as capacitações produtivas e mercadológicas das empresas.

Os baixos índices de importância atribuídos pelas MPEs indica a falta de articulação dessas para o desenvolvimento de atividades cooperativas. Nota-se, por um lado, a precariedade da estrutura institucional na articulação de ações conjuntas, que se resumem na formação de núcleos setoriais que não alcançam seus objetivos58. Por outro lado, essas instituições também não articulam ações cooperativas das MPEs com a estrutura tecnológica e de pesquisa59 local, não elevando as capacitações inovativas destas empresas. Portanto, nesse segmento de empresas, as ações cooperativas estão relacionadas ao complemento das relações de mercado, sendo que a “governança” dessas ações também é feita em especial via mercado.

Para as médias empresas locais, os índices de importância também não são muito elevados, destacando-se parcerias desenvolvidas centros de capacitação profissional (0,65), institutos de pesquisa (0,40), representações (0,33) e institutos de testes, ensaios e certificação (0,25). Ressalta-se que, para esse porte de empresas, as parcerias, na sua maioria, extrapolam as relações de mercado, buscando um constante aprimoramento tecnológico.

Portanto, para as empresas do arranjo, enfatizam-se, de modo geral, as parcerias desenvolvidas com agentes produtivos, procurando um aprimoramento das relações de mercado. Para as médias empresas locais, nota-se uma razoável intensidade de ações conjuntas desenvolvidas com instituições relacionadas à pesquisa, como, por exemplo, as universidades, revelando um forte conteúdo extramercado nas ações cooperativas. Cabe agora identificar a localização dos agentes com os quais as empresas locais desenvolvem ações cooperativas (Tabela 10).

Para as micro e pequenas empresas, os agentes com os quais essas desenvolvem atividades conjuntas estão localizados principalmente no espaço do arranjo. Desta forma, os dados demonstram a importância do espaço local para o desenvolvimento de atividades cooperativas para esse porte de empresas. Ainda observa-se que as pequenas empresas desenvolvem com maior intensidade ações cooperativas com agentes que estão localizados tanto no arranjo quanto fora, em particular no caso de clientes e fornecedores.

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Até mesmo na etapa de elaboração do projeto de desenvolvimento.

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Uma vez que a cooperação com concorrentes é considerada de baixa importância pelas MPEs locais.

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Materializado nos reduzidos índices de importância atribuídos à cooperação com universidades, institutos de pesquisa e instituições de testes, ensaios e certificação.

Para as médias empresas as relações de cooperação com agentes produtivos normalmente extrapolam as fronteiras locais. O espaço local é mais relevante nas relações desenvolvidas com universidades, representações, entidades sindicais e órgãos de apoio e promoção. Logo, constata-se que, para as médias empresas locais, as atividades de cooperação não se resumem a agentes localizados exclusivamente no arranjo, sendo elevadas as relações desenvolvidas com agentes localizados em outros espaços (inclusive no exterior).

Assim, percebe-se que, para todos os portes de empresas do arranjo, o espaço local é mais importante para o desenvolvimento de ações cooperativas com outras empresas do setor, com entidades sindicais e com órgãos de apoio e promoção. Para parcerias desenvolvidas com fornecedores de insumos e equipamentos, os espaços externos também são relevantes. Em relação às instituições de pesquisa, capacitação e de serviços tecnológicos, o espaço local é mais importante para as parcerias desenvolvidas pelas micro, pequenas empresas. Para as parcerias desenvolvidas com outros agentes60, o espaço do arranjo também adquire uma maior importância para todos os portes de empresas. Finalmente, a análise dos resultados obtidos com as ações conjuntas pode mostrar de que forma essas elevam as capacitações das empresas do arranjo.

Tabela 13- Localização dos Parceiros nas Atividades Cooperativas das Empresas do Arranjo Eletrometal-Mecânico da Microrregião de Joinville/SC - 2010

Agentes

Micro Pequena Média

Local Local e

Fora Fora Local

Local e

Fora Fora Local

Local e Fora Fora Agentes Produtivos Fornecedores de insumos 3 3 2 2 2 3 0 2 1 Clientes 7 3 0 2 5 3 0 3 0 Concorrentes 6 1 1 2 0 1 0 0 0 Outras empresas do setor 8 1 0 4 0 1 0 1 0 Empresas de consultoria 2 0 0 0 0 0 0 0 0 Instituições de Pesquisa, Capacitação e Serviços Tecnológicos

Universidades 0 1 1 1 0 0 2 0 0 Institutos de pesquisa 0 0 0 0 1 0 0 1 1 Centros de capacitação profissional de

assistência técnica e de manutenção 2 2 0 1 0 1 1 2 0 Instituições de testes, ensaios e

certificações 2 0 0 0 1 1 0 1 0 Outros Agentes

Representação 3 0 0 6 0 0 2 0 0 Entidades Sindicais 1 0 0 3 0 0 1 0 0 Órgãos de apoio e promoção 1 0 0 2 0 0 1 0 0 Agentes financeiros 2 1 0 1 0 0 0 1 0

Amostra (Nº de Empresas) 47 37 4

Fonte: Pesquisa de campo, 2010.

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A Figura 12 apresenta os índices de importância atribuídos às melhorias nas empresas derivadas das atividades cooperativas desenvolvidas. Para as MPEs, os principais impactos gerados pelas atividades cooperativas relacionam-se a melhorias na qualidade dos produtos, na abertura de novas oportunidades de negócios e na melhorias nos processos produtivos.

Para as grandes e médias, as atividades conjuntas levam principalmente a melhoria dos processos produtivos. Para as médias empresas locais, os processos de cooperação apontam os melhores resultados, materializados em índices de importância mais elevados na maioria dos pontos apresentados, com destaque ainda para melhoria na qualidade de produtos (0,65), desenvolvimento de novos produtos (0,550 e melhoria na condições de fornecimento de produtos (0,55). Logo, de modo geral, a realização de atividades cooperativas gera um impacto positivo mais elevado nas médias empresas do arranjo.

Figura 11- Resultados Obtidos com as Parcerias Realizadas pelas Empresas do Arranjo Eletrometal-Mecânico da Microrregião de Joinville/SC - 2010

Fonte: Pesquisa de campo, 2010.

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