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Os sujeitos desta pesquisa são seis graduandas4 do curso de licenciatura em

Pedagogia da UESB dos dois últimos semestres, fase de realização dos estágios curriculares supervisionados. Essa escolha, de caráter intencional, se deve ao fato de os alunos estarem desenvolvendo a prática pedagógica por meio desses estágios. Essas estudantes desenvolveram os estágios no sétimo e oitavo semestres, abrangendo as disciplinas Práxis Educativa (com enfoque na Educação Infantil), no sétimo semestre, e Práticas Pedagógicas nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, no oitavo semestre. Além disso, são estudantes que também já cursaram todas as disciplinas que tratam das Ciências da Educação ou, dito de outra forma, as disciplinas em que se ensinam e se aprendem predominantemente os

4 Embora existissem estudantes concluintes do curso de Pedagogia de ambos os sexos, apenas estudantes do sexo feminino se disponibilizaram a participar deste estudo.

fundamentos teóricos da educação. Definimos como um dos critérios para participação nesta pesquisa que somente seriam envolvidos estudantes que nunca atuaram como professor em nenhum nível ou modalidade de ensino.

Para um melhor entendimento acerca de quem são os sujeitos participantes da pesquisa, apresentamos, a seguir, de forma sucinta, algumas características pessoais e fragmentos de suas histórias para a identificação das seis estudantes estagiárias que participaram da pesquisa. Para preservar o anonimato das estudantes participantes, atribuímos outros nomes na pesquisa, de acordo com suas escolhas.

ROSÂNGELA: 31 anos de idade. Estudou o ensino fundamental parte em escola da rede pública e parte em escola da rede particular; e o ensino médio estudou todo em escola pública. Teve como referência a experiência de sua mãe, que foi ministrante da escola bíblica dominical, para optar por entrar no curso médio de magistério. No ensino superior, ela pretendia ingressar no curso de Psicologia, mas, como se tratava de um curso que na cidade só existia nas faculdades privadas, e por falta de condições financeiras, ela entrou para a universidade pública em um curso que não era de sua preferência na terceira tentativa de vestibular, tendo já passado dois anos desde a conclusão do ensino médio. Considera que cursar Pedagogia é uma coisa pouco importante e que o nível de dificuldade do curso foi o mesmo tanto na primeira quando na segunda metade. Vai concluir o curso no tempo regular. Afirma que o curso de Pedagogia é bom, mas não pretende atuar profissionalmente na área e que escolheu fazê-lo porque não tinha condições financeiras para cursar o que queria. Destaca, no entanto, que o fato de cursar Pedagogia pode ser entendido como uma oportunidade de ter no seu currículo um título de nível superior, proporcionando-lhe a participação em concursos públicos de outras áreas que exijam apenas curso superior.

MARIANA: 28 anos de idade. Estudou o ensino fundamental e o ensino médio em escolas públicas. No ensino médio, estudou o curso de formação propedêutica e não o magistério; a escolha se deu pela proximidade da escola com sua residência, de

modo que não precisasse pagar transporte. Sempre gostou de estudar e de tirar boas notas nas avaliações escolares. Demorou três anos para prestar vestibular, porque não tinha condições financeiras para pagar a inscrição. Quando ingressou no ensino superior, não sabia ao certo do que se tratava a Pedagogia, sabia apenas que dizia respeito à educação. Considera que cursar Pedagogia é uma coisa muito importante, mas nunca havia sonhado em ser professora. Acredita que o nível de dificuldade do curso foi maior na segunda metade, quando havia mais disciplinas de prática pedagógica (estágio). Vai concluir o curso no tempo regular. Afirma que está satisfeita por estar concluindo o curso de Pedagogia, pois entende que este lhe oferece perspectivas de um futuro profissional melhor.

MAYRA: 25 anos de idade. Estudou até a sexta série do ensino fundamental em escola particular e da sétima ao último ano do ensino médio em escola pública. No ensino médio, estudou o curso de Formação Geral e não o Magistério, mas afirma ter se arrependido por isso. Houve um intervalo de dois anos entre o término do ensino médio e o início do curso de Pedagogia, que era sua opção efetiva para ingresso no ensino superior, embora não tenha se dedicado muito. Considera que cursar Pedagogia é uma coisa muito importante e que o nível de dificuldade do curso foi o mesmo tanto na primeira quando na segunda metade. Vai concluir o curso no tempo regular. Afirma que está satisfeita por estar concluindo o curso de Pedagogia, pois entende que este lhe oferece perspectivas de um futuro profissional melhor.

MILLEIDE: 23 anos de idade. Estudou até os anos iniciais do ensino fundamental em escola particular e da quinta série ao último ano do ensino médio em escola pública. No ensino médio, cursou Formação Geral e não o Magistério. Ingressou no ensino superior no ano seguinte ao que concluiu o ensino médio. Considera que cursar Pedagogia é uma coisa muito importante e que o nível de dificuldade do curso foi maior na segunda metade, quando havia mais disciplinas de prática pedagógica (estágio). Vai concluir o curso no tempo regular. Afirma que está insatisfeita por estar concluindo o curso de Pedagogia, pois entende que este não

lhe oferece perspectivas de um futuro profissional melhor. Destaca que sempre quis atuar profissionalmente na área de educação.

ANITA: 37 anos de idade. Estudou o ensino fundamental e o ensino médio em escolas públicas. No ensino médio, cursou Magistério. Houve um intervalo de treze anos entre o término o ensino médio e o início do curso de Pedagogia. Nunca tinha pretendido cursar o ensino superior, de modo que prestou o vestibular sem muita pretensão e sem se dedicar muito. No entanto, considera que cursar Pedagogia é uma coisa muito importante e que o nível de dificuldade do curso foi o mesmo tanto na primeira quando na segunda metade. Vai concluir o curso no tempo regular. Afirma que está satisfeita por estar concluindo o curso de Pedagogia, pois entende que este lhe oferece perspectivas de um futuro profissional melhor. Afirma, ainda, que estudar Pedagogia serviu também para ajudá-la a enfrentar sua timidez e mudar o seu modo de ser e de pensar, que eram, segundo ela, muito restritos tempos antes de ingressar em Pedagogia.

LUCILENE: 35 anos de idade. Estudou o ensino fundamental e o ensino médio em escola pública. Não houve intervalo entre o término do ensino médio e o início do curso de Pedagogia. Optou por esse curso por ter afinidade. Considera que cursar Pedagogia é uma coisa muito importante e que o nível de dificuldade do curso foi maior na primeira metade, quando havia mais disciplinas voltadas ao estudo das Ciências da Educação. Vai concluir o curso no tempo regular. Afirma que está parcialmente satisfeita por estar concluindo o curso de Pedagogia, pois, apesar de gostar do curso e de reconhecer que ele oferece perspectivas de um futuro profissional melhor, declara não se sentir bem-preparada.

Esses são, portanto, os sujeitos envolvidos no processo de elaboração de sentidos sobre a relação entre teoria e prática na formação do pedagogo. Nesse processo, adotamos princípios da Epistemologia Qualitativa de investigação, tanto no que se refere aos procedimentos da construção dos dados quanto às análises dos sentidos atribuídos à articulação entre teoria e prática pelas estudantes estagiárias do curso de Pedagogia da UESB.