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3. A pesquisa em Ciências Sociais

3.1. As etapas da pesquisa em Ciências Sociais

Como acontece com o conceito de pesquisa, também a definição das etapas de desenvolvimento de pesquisa varia de autor para autor. Pádua (1989) considera que estas etapas são quatro:

1. Planejamento da pesquisa – seleção do tema e formulação do problema (a leitura de outros trabalhos de pesquisa, a discussão com especialistas da área e debates são recursos que auxiliam essa tarefa), levantamento de hipóteses, levantamento bibliográfico inicial (livros, periódicos e revistas especializadas que tragam subsídios para a discussão e a análise do tema escolhido), defini- ção de recursos metodológicos e elaboração de cronograma.

2. Coleta de dados – pesquisa experimental, pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, entrevistas, questionários e formulários, observação sistemática, estudo de caso ou combinações desses recursos metodológicos.

3. Análise dos dados – classificação e organização das informações, estabele- cimento das relações entre os dados e tratamento estatístico.

4. Elaboração escrita – definição da estrutura do trabalho, redação final e apre- sentação gráfica geral.

Já Marconi e Lakatos (1986) apresentam o seguinte planejamento para pesquisa:

1. Preparação da pesquisa – decisão de realizar a pesquisa (em função de inte- resse próprio, de alguém ou de alguma entidade), especificação dos objetivos, elaboração de esquema de trabalho (que pode ser modificado ao longo da realização), constituição de equipe de trabalho (recrutamento e treinamento de

colaboradores, distribuição de tarefas, indicação de locais de trabalho e disponibilização de equipamentos), elaboração de previsão de gastos e cronograma.

2. Fases da pesquisa – escolha do tema (levando em conta inclinações, possibi- lidades, aptidões e tendências pessoais e relevância para a ciência), levanta- mento de dados (pesquisa documental, pesquisa bibliográfica e contatos diretos), formulação do problema (preferencialmente em forma interrogativa, com clareza, concisão e objetividade), definição dos termos (buscando torná- los claros, compreensivos, objetivos e adequados), construção de hipóteses (a partir de embasamento teórico, as hipóteses devem ser formuladas de forma a servir de guia para a investigação), indicação de variáveis (dependentes e independentes, com clareza e objetividade e de forma operacional), delimitação da pesquisa (estabelecimento de limites para a investigação, em relação ao assunto, à extensão e a fatores restritivos – humanos, econômicos e tempo- rais), amostragem (definição do subconjunto do universo de pesquisa que será alvo do trabalho), seleção de métodos e técnicas (levando em conta a natureza dos fenômenos a serem estudados, o objeto da pesquisa, os recursos dispo- níveis, a equipe e outros elementos), organização do instrumental de obser- vação (montagem de formulários, questionários, roteiros de entrevistas, esca- las de opinião ou de atitudes e outros materiais necessários) e teste dos instru- mentos e procedimentos (aplicação em uma pequena parte da amostra, para averiguar a validade dos instrumentos).

3. Execução da pesquisa – coleta dos dados (aplicação dos instrumentos elabo- rados e das técnicas selecionadas), elaboração dos dados (seleção, codifica- ção e tabulação), análise e interpretação (busca das relações entre o fenômeno estudado e outros fatores e do significado do material apresentado), represen-

tação dos dados (para facilitar a compreensão e interpretação) e conclusões (explicitação dos resultados finais considerados relevantes).

4. Relatório da pesquisa – exposição geral da pesquisa, do planejamento às con- clusões, com a finalidade de dar informações sobre os resultados.

Chizzotti (1998) também divide o processo de pesquisa em quatro etapas, mas essas diferem das anteriores, consistindo em:

1. Determinação do problema – seleção do assunto, definição e formulação do problema, reunião e seleção de documentação e revisão de literatura.

2. Organização da pesquisa – descrição do objeto em relação a um referencial teórico, formulação de hipóteses, determinação de fórmula de experimentação ou descrição de métodos de coleta de dados, construção de instrumentos de coleta, definição de população a ser estudada e planificação da coleta de dados.

3. Execução da pesquisa de campo – estabelecimento de cronograma de traba- lho, realização da coleta de dados e análise dos dados coletados.

4. Redação do texto – redação de texto preliminar com explicação sobre o fenômeno observado e redação de texto definitivo com indicações e críticas pertinentes.

Minayo (1992), enfocando a pesquisa qualitativa em saúde, divide sua realização em três fases, que são:

1. Fase exploratória – definição do objeto (elaboração de pergunta dentro da área de interesse, pesquisa bibliográfica e organização do discurso teórico), constru- ção de instrumentos de pesquisa (roteiro de entrevista, critérios para obser- vação e itens para discussão em grupos focais), exploração de campo (escolha

do grupo de pesquisa, definição de critérios de amostragem e estabelecimento de estratégia de entrada em campo).

2. Fase de trabalho de campo – realização de entrevistas, observação partici- pante, discussões em grupo ou combinações desses instrumentos.

3. Fase de análise ou tratamento do material – análise do conteúdo, análise do discurso ou hermenêutica-dialética.

A divisão das etapas de elaboração de uma pesquisa varia entre autores diferentes, e não há parâmetros objetivos que permitam estabelecer que uma seja mais correta que outra. Entretanto, é necessário definir um conjunto de etapas a ser utilizado como referência neste trabalho. Foi adotada, como ponto de partida, a divisão apresentada por Minayo (1992), pela sólida fundamentação teórica e caráter objetivo. Entretanto, foi-lhe acrescentada uma outra etapa, a divulgação dos resultados da pesquisa, já que, conforme Garvey (1979), novos conceitos ou integrações conceituais de dados só contribuem para a ciência se forem comunicados de forma a serem compreendidos e verificados por outros cientistas e servirem de ponto de partida para novas explorações. Além disso, algumas atividades relacionadas por outros autores foram agregadas às etapas correspondentes. Assim, trabalharemos com as etapas e atividades mostradas no Quadro 3. Porém, deve-se lembrar que, dependendo da sub- área das Ciências Sociais escolhida pelo pesquisador para seu estudo, o desenvol- vimento dessas etapas pode sofrer adaptações.

QUADRO 3 – Etapas e Atividades da Pesquisa em Ciências Sociais Etapa Atividades 1. Fase exploratória Definição do objeto de pesquisa

Construção de instrumentos de pesquisa Exploração do campo

Levantamento de dados preliminares 2. Trabalho de campo Aplicação dos instrumentos de pesquisa

Discussões em grupo Estudo de caso

Levantamento de dados já existentes Levantamento de documentos

Observação sistemática Realização de entrevistas 3. Análise e tratamento do

material Seleção de dados relevantes Definição de categorias de análise Codificação dos dados selecionados Tabulação dos dados

Tratamento estatístico ou textual Estabelecimento de relações

4. Divulgação dos resultados Elaboração de relatório de pesquisa Publicação dos resultados

4. As novas tecnologias da informação e comunicação e a