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Lista de Anexos

5.1. LOCALIZAÇÃO E HISTÓRICO

5.2.1. GEOLOGIA REGIONAL

5.2.1.3. AS FEIÇÕES REGIONAIS NA CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA DOS MACIÇOS ROCHOSOS

As feições geradas pela sucessão de eventos tectônicos da FDB, criaram uma trama estrutural até certo ponto complexa, sobretudo em zonas de cisalhamento. Os fatores que comandam os graus de intemperismo, e as direções preferenciais e intensidade das descontinuidades presentes nas rochas da Mina de Vazante, são muitas vezes conhecidas (através do empirismo) no cotidiano da mina.

No entanto, é importante que se contextualize estas feições ao ciclo evolutivo da FDB, especialmente na sua porção meridional, a fim de se prever situações críticas futuras no maciço rochoso. As estruturas com direção preferencial NW-SE, por exemplo, vêm servindo como principais condutos de águas meteóricas, acelerando o processo de intemperismo das rochas, sobretudo as carbonáticas, mais pré dispostas à dissoluções.

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Figura 5-6: Sistema de imbricamento na Zona de Cisalhamento Vazante (Dardenne, 2000)

As relações entre os planos preferenciais de acamamentos, falhas e fraturas, além de definir os fluxos hídricos no maciço rochoso, também podem representar riscos associados a desplacamentos e queda de bloco, durante o processo de escavação subterrânea de galerias e blocos de lavra.

A seguir, serão detalhadas as litologias encontradas na região da Mina de Vazante, assim como as feições estruturais que são reflexo da evolução tectônica da FDB.

70 5.2.2. GEOLOGIA LOCAL

O Depósito Zincífero de Vazante é caracterizado pelo controle tectônico da mineralização hidrotermal relacionada a fluidos conatos que preencheram a estrutura de falha lístrica, a Zona de Cisalhamento Vazante.(Dardenne e Freitas-Silva, 2000).

Figura 5-7: Mapa geológico local da Mina de Vazante, com destaque para as regiões da Lumiadeira, Bocainas e Sucuri, e as principais estruturas de falha.

Conforme visto na Figura 5-8, as rochas encaixantes do minério são os dolomitos róseos intercalados com rochas meta-pelíticas, normalmente margas e ardósias, os dolomitos cinzas que por vezes também se encontram intercalados com metapelitos e margas, além das brechas dolomíticas e Fe-carbonáticas (siderita e ankerita). Os dolomitos róseos intercalados com margas e ardósias, são correlatos à Formação Serra do Poço Verde, Membro Pamplona (Dardenne, 2000), e são encontrados preferencialmente na região da capa da Falha Vazante, enquanto os dolomitos cinzas (Membro Morro do Pinheiro) se encontram na lapa da falha. Esta relação pode ser observada nas cavas à céu aberto e nos níveis produtivos mais rasos, entre as cotas 600,00 m e 350,00 m, aproximadamente.

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Figura 5-8: Seção geral da Mina de Vazante (Magalhães e Cella, 2009).

Nas porções mais inferiores da Mina Subterrânea de Vazante, abaixo da cota 350, os filitos carbonosos são encontrados com frequência na região de lapa, intercalado com os dolomitos cinza, que por sua vez são comumente encontrados também na capa da falha nestes níveis. Uma feição frequentemente observada nos filitos carbonosos, sobretudo nos níveis mais profundos interceptados pela sondagem, é a presença de espelhamento na sua foliação principal, indicando que houve uma falha concentrada nesta litologia. Barros (2007), interpreta a Formação Serra do Garrote como um falha de empurrão, o que é corroborado pelos dados das novas sondagens da Mina de Vazante.

As fases deformacionais na região de Mina de Vazante ainda são assunto de grande discussão, e a medida que a mina subterrânea vai se aprofundando, novos dados vêm sendo revelados.

Segundo Rostirolla et al.(2002), a fase de deformação D1, observada em escala local na Mina de Vazante, corresponde à tectônica de nappes da FDB (Dardenne, 2000; Valeriano et al., 2004, 2008), com foliação S1 sub paralela ao acamamento S0, com achatamento e transposição através dos níveis pelíticos, mais dúcteis.

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A fase D2 seria uma continuação da primeira, com vergência para SE e responsável pela Falha da Serra do Garrote, enquanto a fase transcorrente sinistral D3, seria responsável pela geração da Zona de Falha Vazante, hospedeira do minério de zinco, com direção NE-SW.

Durante D4, foram formados os leques de falhas normais, sendo estas uma reativação das estruturas de D3, associada a formação novas estruturas paralelas, principalmente na capa da falha, preenchidas por fluidos que deram a coloração rosa ao dolomitos (Rostirolla et al., 2002). Segundo Oliveira (2013), esta coloração rosada é comum em sedimentos depositados em zona de supramaré, podendo ser explicada pela oxidação de sedimentos finos com óxidos de Fe por exposição subaérea, associado a planicies evaporíticas do tipo sabkha.

A fase deformacional D5 de Rostirolla et al.(2002) esta relacionadas às estruturas de trancorrência dextral, relatadas por Valeriano et al.(2004), como pertencentes ao fim da segunda fase compressiva do Ciclo Brasiliano. Essas estruturas com orientação preferencial NW-SE , são responsáveis pelo maior fluxo de hidrológico nos aquíferos cársticos da região (Rostirolla et.al, 2002).

Bittencourt e Reis Neto (2012) caracterizam as feições cársticas rasas de Vazante, como sendo controladas por fatores epigenéticos relacionados ao sistemas da fraturas com direção NW-SE. Em uma segunda faixa altimétrica, entre 600 e 450 m, eles caracterizam um sistema misto , controlado em partes pelo sistema NW-SE, e em parte pelas feições hipogenéticas, ou seja, resultantes do hidrotermalismo formador do minério, e portanto paralelas ao corpo mineralizado. Abaixo da cota 450 m, as feições geradas por processos hipogênicos controlam as carstificações, as quais a ocorrência diminui drasticamente com o aumento da profundidade.

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Figura 5-9: a) Diagrama de isolinhas de juntas em toda a área (N=1252, moda 45/88). b) Roseta de freqüências de juntas (máximo=7,5%). c) Diagrama de isolinhas das falhas

transcorrentes dextrais (N=32, modas 39/81 e 194/86). d) Roseta de freqüências das falhas transcorrentes dextrais (máximo 14%). e) Bloco diagrama esquemático da fase

D5, representando a compartimentação gerada pelas falhas EW e a deformação distensional condicionada pelas falhas NW. (Rostirolla et. al., 2002)

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Figura 5-10: Modelo hipotético de circulação das águas subterrâneas com fluxo subterrâneo ascendente para o SCV (Bittencourt e Reis Neto, 2012)

Pessoa et al.(2012) mostraram um perfil paralelo à Zona de Cisalhamento Vazante, com direção SW-NE, que ilustra bem como as estruturas com direção NW-SE influenciam o perfil de alteração local.

Figura 5-11: Níveis de desenvolvimento de feições cársticas na sua condição original, perfil paralelo a Falha vazante.(Pessoa et al., 2012).

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O desenvolvimento das galerias e blocos de lavra subterrâneas, ao longo da história da Mina de Vazante, mostraram a existência de falhas de baixo ângulo, entre 20º e 30º de inclinação, e direção NW, segundo o mergulho, subparalela às foliações S1 e S2. Essas estruturas são melhor explicadas por Matumoto (2012), que as correlacionou a uma fase posterior à fase de formação da Z.C. Vazante, gerada em um sistema compressional. Pocay (2006) e Barros (2007), também já haviam registrado a existência dessas zonas de cisalhamento de baixo ângulo que deslocam o minério de zinco nas galerias.

Figura 5-12: Seção com vista para SW das galerias 388 GMS e GMS2, onde houve um deslocamento do corpo de minério devido a presença de uma falha de baixo ângulo.

5.2.2.2. IMPORTÂNCIA DAS FEIÇÕES LOCAIS NA CARACTERIZAÇÃO