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Para que o espírito empreendedor possa florescer, e para que novas empresas surjam, uma infra-estrutura que as apóie pode favorecer muito esse processo. Afinal, os primeiros anos de vida de uma empresa são críticos para a sua sobrevivência, como apontam dados do SEBRAE (2004), que mostram que 49,4% das empresas encerram suas atividades nos dois primeiros anos de vida.

As taxas de mortalidade elevadas de empresas se concentram, como observado, em empresas em fase inicial. Assim, as pequenas empresas em sua fase embrionária necessitam de cuidados, atenção e apoio. Elas necessitam de alguém que as acompanha e oriente.

Pequenas empresas são conhecidas e reconhecidas como contribuintes vitais e significantes para o desenvolvimento da economia, criação de empresas e o bem estar social das economias (MORIS e BRENNAN, 2000, citando Morison et al., 2003). Estatísticas mostram que pequenas empresas representam 99,7% dos empregos dos EUA e 96% da Austrália.

Mais do que as pequenas, as novas e pequenas empresas são essenciais para a economia de um país, porque trazem inovação e vitalidade (COMISSÃO EUROPÉIA, 2000). Tais empresas inserem produtos e serviços no mercado, muitas vezes frutos da imaginação e da criatividade do empreendedor/fundador, bem como criam oportunidades de trabalho para pessoas que, devido, entre outros fatores, às altas exigências das grandes empresas, não são aceitas por estas para trabalharem. Por isso, em sua fase inicial, tais empresas necessitam de condições adequadas para prosperarem (COMISSÃO EUROPÉIA, 2000). Muitas vezes também procuram orientação e assistência externa. O próprio empresário muitas vezes conhece seu produto/ serviço, mas não sabe como administrá-lo. Para tanto, Filion (2000) ressalta a importância da preparação do plano de negócio. Para o autor, pesquisas com milhares de criadores de empresas mostram que, das pessoas que lançavam seus negócios rapidamente, atrás de uma oportunidade bem identificada, mas sem preparação, apenas 40% mantinham seus negócios 5 anos depois (dados do Canadá). Por outro lado, 80% das empresas que dedicam pelo menos 6 meses à preparação continuam com seus negócios 5 anos depois.

Lalkaka (2002), observando que a inovação e o empreendedorismo transformaram-se nos principais excitadores do crescimento econômico, afirma que inúmeras medidas para se construir uma economia baseada na inovação vêm sendo tomadas. Uma dessas medidas é a criação das incubadoras de empresas de base tecnológica para facilitar e fornecer suporte às empresas nascentes.

A construção de incubadoras se mostra necessária, como observa Lalkaka (2002), pois a fase de preparação para o lançamento de negócios, sustentada pela construção de uma estrutura e de um ambiente de apoio, bem como de uma cultura empreendedora, propícios ao desenvolvimento e crescimento de novos e pequenos negócios, é fundamental.

Para Adegbite (2001), incubadoras de empresas são reconhecidas como importantes instrumentos para a promoção do desenvolvimento do empreendedorismo e da inovação tecnológica, especialmente em pequenas e médias empresas. Para o autor, as incubadoras são reconhecidas atualmente como uma das mais efetivas formas de promoção do empreendedorismo e do desenvolvimento econômico local. Elas conseguem reduzir a taxa de falência em

empresas iniciantes para menos de 10% num período de 3 anos, ante 60 a 80% em pequenas empresas em geral.

No que se refere às empresas de base tecnológica, Haack (2001) ressalta que facilitar o seu estabelecimento tem sido inserido nas estratégias de desenvolvimento das regiões, sendo que as incubadoras têm ocupado um lugar destacado dentre os mecanismos desta facilitação. Assim, as incubadoras aparecem como uma possibilidade de se apoiar a criação de novas empresas.

Além de atuar no desenvolvimento regional, a incubadora de empresas, segundo Lalkaka (2002, p.167) “fornece uma plataforma para a convergência da sustentação de um sistema sinérgico”. Isso acontece pelo fato de a incubadora envolver diversos elementos, como o estado, os negócios, o capital de risco e a comunidade, cada um com um papel especial para estimular o processo de criação do risco, cuja cultura, no Brasil, ainda é restrita.

Dentro do aspecto de interação universidade-empresa, no que se refere às modalidades de relacionamento, as incubadoras de empresas se encontram no nível 6, na Criação de Estruturas de Interação, numa das fases mais avançadas do processo, como expõem Costa e Cunha (2000) no Quadro 4:

I RELAÇÕES PESSOAIS INFORMAIS

(a universidade não é envolvida)

consultoria individual por acadêmicos, workshops informais, reuniões para troca de informações, publicações de pesquisas; II RELAÇÕES PESSOAIS

FORMAIS

(convênios entre a universidade e a empresa)

bolsas de estudo e apoio à pós-graduação, estágios de alunos, intercâmbio de pessoal, especialização de funcionários nas

universidades; III ENVOLVIMENTO DE UMA

INSTITUIÇÃO DE INTERMEDIAÇÃO

relação de parceria via terceiros sob a forma de associações industriais, institutos de pesquisa aplicada, escritórios de assistência geral, consultoria institucional;

IV CONVÊNIOS FORMAIS

COM OBJETIVO DEFINIDO pesquisa contratada, desenvolvimento de protótipos e testes, treinamento de funcionários, projetos de pesquisa cooperativa ou programas de pesquisa conjunta;

V CONVÊNIOS FORMAIS SEM OBJETIVO DEFINIDO

(tipo “guarda-chuva”)

patrocínio industrial de pesquisa e desenvolvimento em departamentos da universidade, doações e auxílios para pesquisa, genéricos ou para departamentos; VI CRIAÇÃO DE ESTRUTURAS

PARA A INTERAÇÃO parques tecnológicos, institutos, laboratórios, incubadoras de empresas; Fonte: Costa e Cunha (2000, citando Bonaccorsi e Piccaluga, 1994).

A criação de incubadoras de empresas é o fim de um ciclo, que se inicia pela busca de interação entre os professores e os alunos de universidades com empresas e empresários, de maneira informal, evoluindo para meios formais de interação, como os estágios, até se chegar a estruturas mais complexas, como as Incubadoras. Portanto, a universidade e seus atores precisam possuir uma predisposição e uma cultura de aproximação.