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2.6 INFORMETRIA, BIBLIOMETRIA E CIENTOMETRIA

2.6.2 As leis de Lotka, Bradford e Zipf

A bibliometria, e consequentemente a informetria, tem como elementos

constituintes um conjunto de leis e princípios empíricos que contribuem para a

fundamentação teórica da CI. Essas leis e princípios descrevem a máxima de

“muitos com pouco e poucos com muito”, ou seja, poucos autores produzem uma

grande quantidade de material enquanto que muitos autores produzem uma

quantidade pequena de trabalhos (GUEDES, 2012).

2.6.2.1 Lei de Lotka

A Lei de Lotka, também conhecida como Lei do Quadrado Inverso, foi

proposta em 1926 e tem como premissa que o número de autores que publicaram

n trabalhos é inversamente proporcional ao quadrado do número de trabalhos.

Desse modo, por exemplo, a cada 100 autores com apenas um trabalho, haverá

apenas 25 com dois trabalhos, 11 com três trabalhos e assim sucessivamente. O

seu foco está na distribuição da produção científica entre autores e tem relação com

a medição da produtividade (MALTRÁS-BARBA, 2003; FERREIRA, 2010).

Dentre os estudos de aprimoramento dessa Lei, destaca-se o trabalho de

Pryce que propôs o ajuste de proporção de 1/3 da literatura ser produzida por

apenas 10% dos autores. De acordo com a versão revisada da dessa lei, também

conhecida como Lei do Elitismo de Pryce, o número de autores pertencentes a elite

passa a corresponder à raiz quadrada do número total de autores. Além disso,

esses autores são responsáveis pela metade de todos os estudos desenvolvidos

em uma determinada área (MACHADO JÚNIOR, 2014).

Na GI, através do gerenciamento do conhecimento, planejamento científico

e tecnológico, a Lei de Lotka tem sua aplicabilidade verificada através da

possibilidade de se verificar e analisar a produtividade de pesquisadores, identificar

quais centros de pesquisa com maiores índices de desenvolvimento em uma

determinada área e no grau de densidade de uma determinada área científica com

relação a suas obras produzidas. Dessa maneira, quanto mais bem estabelecida

estiver uma determinada área maiores serão as chances dos autores pertencentes

ao seu domínio produzirem um maior número de trabalhos em um período de tempo

(GUEDES; BORSCHIVER, 2005).

Com o passar do tempo percebeu-se falhas, como aponta Rao

8

(1986, p. 182

apud ARAÚJO, 2006, p. 14) a lei “[...] é baseada em um conjunto pouco potente de

dados e não foi testada estatisticamente”. Price, com estudos entre 1965 e 1971

aperfeiçoou a lei ao concluir que 1/10 dos autores mais produtivos são responsáveis

por 1/3 de toda a literatura, levando a uma média de 3,5 documentos por autor e

60% dos autores produzindo um único documento. Estes estudos acabaram por

culminar em uma nova proposta em que o número de autores da elite iguala-se à

raiz quadrada do número total de autores, trazendo assim uma concordância maior

com os dados empíricos (ARAÚJO, 2006).

2.6.2.2 Lei de Bradford

A Lei de Bradford, conhecida como Lei de Dispersão, proposta em 1934,

surge a partir de estudos conduzidos por Hill Bradford em que busca identificar a

quantidade e alcance de publicação de artigos científicos de um determinado

assunto em revistas especializadas. Diante dos dados coletados percebeu-se que

existia um núcleo formado por periódicos mais devotados ao tema e zonas periferias

que produziam uma quantidade similar, porém com muito mais elementos. Tem o

foco na dispersão de trabalhos sobre um determinado assunto em periódicos

(MACHADO JÚNIOR et al., 2014).

Sugere-se que na medida que os primeiros artigos são escritos para uma

área nova do conhecimento, são avaliados e caso sejam aceitos acabam por atrair

mais artigos do mesmo assunto conforme o desenvolvimento da área sobre o qual

o artigo trata. Simultaneamente, outros periódicos podem publicar seus primeiros

artigos sobre o assunto, caso o assunto se desenvolva, o periódico acaba por ser

tonar, naturalmente, um núcleo para artigos sobre aquele assunto. Esse núcleo irá

corresponder aos periódicos mais produtivos levando-se em consideração a faixa

analisada de tempo e a quantidade de artigos (GUEDES; BORSCHIVER, 2005).

8 RAO, I. K. R. Métodos quantitativos em biblioteconomia e ciência da informação. Brasília: Associação dos Bibliotecários do Distrito Federal, 1986.

Novamente, a Lei de Bradford teve de passar por adequações mas se

mantém como uma ferramenta de avaliação de produtividade. No Brasil, por

exemplo, aponta-se duas situações de destaque. Na primeira, Maia

9

(1980 apud

ARAÚJO, 2006) destaca a confusão causada em que pode-se levar a pensar que

existem duas leis enquanto que na realidade existe apenas uma. O segundo, de

acordo com Pinheiro

10

(1982 apud ARAÚJO, 2006), diz respeito a reformulação da

lei introduzindo o conceito de produtividade relativa onde o núcleo contendo

periódicos de uma área é definido pela produção em um período de tempo e não

pelos periódicos que mais produzem sobre o tema proposto.

2.6.2.3 Lei de Zipf

A Lei de Zipf, também conhecida como princípio do menor esforço, descreve

a frequência de ocorrência de palavras. Pode ser resumida como um grande

número de palavras aparece uma ou poucas vezes e um pequeno número de

palavras aparecem muitas vezes demarcando o assunto ou tema do trabalho. Tem

como objetivo medir a frequência de aparecimento das palavras gerando assim uma

lista ordenada dos termos de acordo com a disciplina ou assunto ao qual pertencem.

Seu foco está na distribuição de palavras em um texto e se preocupa com sua

frequência e regularidades associadas à linguagem (VANTI, 2002).

Foi formulada em 1949 quando Zipf analisava a obra Ulisses, de James

Joyce, e descobriu uma regularidade na aparição de certas palavras. Explanando,

a palavra mais utilizada aparecia 22.653 enquanto que a centésima palavra

aparecia 256 vezes e a ducentésima 133 vezes. Com base nestes registros, Zipf

concluiu que a posição em que uma palavra aparece na lista ordenada multiplicada

por sua frequência era igual a uma constante de, aproximadamente, 26.500

(ARAÚJO, 2006).

Assim como as outras leis, passou por reformulações ao se notar que alguns

autores não se encaixavam nesta lei por variarem na seleção de palavras em sua

9 MAIA, Maria José da Fonseca. A unicidade da lei de Bradford. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Curso de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade de Brasília, Brasília, 1980.

10 PINHEIRO, Lena Vania R. Lei de Bradford: uma reformulação conceitual. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Curso de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, Rio de Janeiro, 1982.

escrita. Autores que contribuíram para a melhoria da lei foram Kendall, Brookes,

Booth, Donohue e Mandelbrot. Da mesma forma, alguns métodos contribuíram para

esse aperfeiçoamento como os estudos de frequência e co-ocorrência de

descritores (ARAÚJO, 2006).