• Nenhum resultado encontrado

Cumprindo o Art. 6º do Regulamento nº 4.835, de 1º de Dezembro de 1871, Dona Blandina Generosa de Abreu e Silva, declarou, na Paróquia de Camargos, Município de Mariana, o nascimento de “uma criança preta, do sexo masculino,

batizada com o nome de Firmino”. Nascido em 16 de agosto de 1873, o ingênuo era

filho de Laura, sua escrava – preta, casada e matriculada sob o nº 5.467 da matrícula geral do município, e sob o nº 48 da relação apresentada pela proprietária –. Ao cumprir estas determinações legais, Dona Blandina Generosa obedecia às determinações da Lei do Ventre Livre, de 1871.137 Em 1920, Firmino Pinto Nery encontrava-se inscrito no

Livro de Produção Econômica da Câmara Municipal de Mariana.138 Ele deveria pagar um imposto no valor de 15.000 réis ao município. O imposto devido correspondia à produção de rapadura em um engenho localizado em Bento Rodrigues/Camargos. Entre o seu nascimento, em 1873, e a cobrança dos impostos a serem pagos, em 1920,

Firmino e seus familiares percorreram um longo caminho. Desvelar o “caminho das pedras” pelo qual esta e outras famílias de libertos traçaram suas trajetórias é a tarefa a

que, aqui, nos propomos. Abordar os percursos de ingênuos, libertos e seus descendentes, no Município de Mariana implicou em reunir diferentes corpos documentais que possibilitassem acompanhar o movimento destes atores sociais ao longo do tempo. 139

Foram utilizados, na execução desta tarefa, os registros paroquiais de batismos, casamentos e óbitos; registros civis de nascimentos, matrimônios e óbitos; inventários

post-mortem; processos criminais; ações de liberdade; fichas de registros de

trabalhadores; ações cíveis de tutela de órfãos, demandas jurídicas envolvendo disputas por terras e o livro de classificação de escravos do Fundo de Emancipação de Ouro

137 ACSM, inventário post-mortem, Iº Ofício, códice 45, auto 1.034, 1876. Decreto nº 4.835, de 1º de

dezembro de 1871. Aprovava o regulamento para a matrícula especial dos escravos existentes no Império e os filhos de mulher escrava considerados de condição livre pela Lei de 28 de Setembro de 1871.

138 ACMM, livro de indústrias e profissões, códice 612.

139 A discussão sobre os diferentes corpos documentais utilizados para a reconstrução das trajetórias de

escravos e libertos está na Introdução deste estudo. APCMOP, nº de reg. 0734, Livro de classificação de escravos do Fundo de Emancipação de Ouro Preto. 1876-1902.

98 Preto. Incluir as informações sobre os cativos registradas neste livro viabilizou enriquecer os dados sobre as famílias escravas das posses de Antônio Januário de Magalhães, de seus filhos e de Torquatro José Lopes Camello. Embora estes proprietários possuíssem terras localizadas em Camargos, distrito do Termo de Mariana, alguns de seus cativos encontravam-se listados nos registros do Fundo de Emancipação de Ouro Preto.

O Fundo de Emancipação atuava na esfera municipal, logo, a lógica seria que os escravos de tais proprietários aparecessem nomeados nas listagens correspondentes ao Município de Mariana. Contudo, Antônio Januário de Magalhães e seus filhos possuíam outras propriedades rurais registradas na localidade de Antônio Pereira, como veremos adiante. Acreditamos que a proximidade geográfica entre esta localidade – embora fosse pertencente ao Termo de Mariana – e a cidade de Ouro Preto explique a flexibilidade dos registros de batismos e das matrículas de cativos pertencentes a estes proprietários constarem ora em Mariana, ora em Ouro Preto. O mesmo podemos inferir para Torquatro José Lopes Camello, uma vez que a Fazenda Gualaxo era limítrofe à cidade de Ouro Preto, como mostra o mapa que se segue140:

140

Ressaltamos que, no caso da Fazenda Gualaxo, os Magalhães – pais e filhos – eram co proprietários por direito de herança, como veremos adiante.

99 Mapa 3

Planta dos imóveis deno i ados Gualaxo e Taveira Município Comarca de Mariana e Ouro Preto, 1901 a 2000

Fonte: APM, Secretaria de Agricultura (SA) 319. Comarca de Mariana e Ouro Preto.

A amostragem obtida a partir deste livro do Fundo de Emancipação abarca o registro de 3.541 escravos – inclusos os ingênuos – e de 815 proprietários. Para a análise da amostragem obtida a partir da coleta dos dados desta fonte documental, serão estes os valores de referência. Embora sejam corpos documentais distintos, ambos contemplam informações que possibilitam obter indícios sobre a família escrava e as relações escravistas, na região Metalúrgica–Mantiqueira após a Lei do Ventre do Livre, de 1871. Não encontramos o livro, ou os livros, do Fundo de Emancipação de Mariana. A atuação do Fundo para este município pode ser vislumbrada de forma indireta em outras fontes documentais. As referências sobre a atuação do Fundo e a classificação dos escravos, que poderiam ser libertados por meio dos recursos amealhados por este, foram mapeados em diferentes corpos documentais: nos processos cíveis relativos às ações de liberdade, nos inventários post mortem e em solicitações para reclassificação de escravos, visando a obtenção de alforria, por parte dos proprietários. Utilizamos estas fontes em conjunto porque elas se complementam e corroboram as informações sobre as dinâmicas escravistas na região em foco.

100 O método aplicado para contemplar as trajetórias de escravos e libertos foi o de ligação nominativa das fontes. Este método possibilita delinear as trajetórias individuais e familiares não apenas em diferentes corpos documentais, como também em distintas etapas de vida dos sujeitos históricos. Ao discutir o desdobramento do uso de biografias e de trajetórias de vida pela historiografia, Beatriz Mamigonian afirma que trilhar os caminhos traçados pelos indivíduos presta-se como um importante recurso metodológico aos historiadores.

As conexões entre os registros individuais e os processos históricos são indiscutíveis e possibilitam ao historiador vislumbrar o leque de opções possíveis com o qual os atores sociais se depararam em um dado momento histórico, as escolhas que

foram feitas por eles e, “em última instância, os seus impactos na história”. Nas palavras

da autora, tal recurso metodológico aproxima os historiadores dos indivíduos anônimos

e daqueles que compõem os grupos silenciados pela história, “frequentemente, a maioria”.141

A compreensão da história social é enriquecida ao redimensionarmos e articularmos tais ações com os múltiplos lugares sociais de pertencimento dos indivíduos ou dos grupos às questões históricas contemporâneas a eles. Traçar trajetórias implica em percorrer caminhos obscurecidos pelo tempo e pelo

“desconhecimento” daqueles que, por meio de suas ações cotidianas, não sabiam estar “fazendo a história”. Por outro lado, desvelá-las pode conduzir o historiador a uma

viagem por caminhos muitas vezes inesperados ou tortuosos na identificação e conexão dos indivíduos ou dos grupos a serem estudados. Referimo-nos, aqui, à questão dos nomes. Segundo Carlo Ginzburg, o nome constitui-se em um elemento que distingue um indivíduo de outro qualquer e presta-se como um guia no “labirinto documental”. Contudo, faz-se necessária uma observação quanto às dificuldades de aplicação deste recurso metodológico para os estudos relacionados à escravidão e ao pós-abolição.

Os registros dos nomes nem sempre tornaram os escravos ou os libertos

“indivíduos”. Pelo contrário, uma gama de Marias, Joões, Evas e Antônios somente

individualizaram-se ao acrescentar aos seus próprios nomes os sobrenomes de seus senhores ou qualificativos de cor ou origem: preto, pardo, cabra mulato, crioulo, africano. Ou, ainda, de procedência física, como sinais ou deficiências. As alterações ou a incorporação de nomes e sobrenomes ao longo da vida destes atores sociais trazem para o historiador a árdua tarefa de situá-los no tempo e no espaço. Além disso, ao

101 longo da segunda metade do século XIX os registros relacionados à qualidade do indivíduo tenderam a ser omitidos dos documentos cartoriais e dos paroquiais. Esta tendência foi reforçada no pós-abolição, o que dificulta, muitas vezes, a conexão com a ascendência africana e o passado de cativeiro de inúmeros homens e mulheres. Apontamos a omissão da qualidade do indivíduo como uma tendência, e não como uma regra a ser generalizada. Em alguns documento, a referência à qualidade permanece, assim como a condição anterior de “ex-escravo de”. Este foi o caso, por exemplo, dos registros civis de óbitos, de alguns processos criminais ou cíveis e dos registros de trabalhadores da Mina de Passagem de Mariana. Esta questão será retomada à frente.

Traçar tais conexões é um desafio inevitável a ser enfrentado nos estudos cujo objeto são os percursos de vida dos libertos do 13 de Maio. Desafio que consideramos

sedutor. Por um lado, as “portas” podem se fechar e impedir que sigamos os passos

percorridos por estes homens e mulheres. Por outro, pequenas frestas podem abrir-se e lançar luzes sobre as estratégias de sobrevivência no pós-abolição, as redes de sociabilidade e sobre os laços familiares e comunitários. E, finalmente, o quanto estes ex-escravos foram hábeis em transitar pelas pontes construídas e preservadas entre o passado em cativeiro e a vida em liberdade. Retomamos aqui, brevemente, a problematização sobre a reconstrução de trajetórias de ex-escravos e seus descendentes, com o objetivo de introduzir o leitor na análise de nosso corpo documental.

Voltemos então à Lei nº 2.040, de 28 de Setembro de 1871, a Lei do Ventre Livre. Em 1903, o jornal Minas Gerais publicou um editorial exaltando a referida Lei de 1871. Comemoravam-se, então, os 15 anos do Treze de Maio de 1888. Segundo o jornal Minas Gerais, o 28 de Setembro de 1871 fazia jus a uma exaltação pública. Afinal, foi o prenúncio assegurador de uma conquista gloriosa consolidada com o 13 de

maio de 1888: a abolição da escravidão. Conquista que deu “à humanidade mais uma data grandiosa para os registros da civilização”.142

Alguns anos antes, em 1883, Joaquim Nabuco avaliava os desdobramentos desta mesma lei para os rumos da nação brasileira. Nas palavras do autor, o maior mérito da Lei do Ventre Livre seria o fato de

que, a partir daquela data, “ninguém mais nasce escravo”, considerando-a o “primeiro

ato de legislação humanitária de nossa História”. Ao relacioná-la à futura extinção da escravidão, enfatizava a sua importância para a formação de uma pátria respeitada,

102

honesta e “moralmente engrandecida” para as gerações vindouras. Responsável por

incutir em seus coetâneos o desejo de fazer parte da nação engrandecida.143

Para o ingênuo Firmino e para muitos outros filhos de escravos nascidos após 28 de Setembro de 1871, este foi o primeiro passo rumo à liberdade. Por esta razão, os assentos paroquiais referentes ao batismo dos ingênuos nascidos no Termo de Mariana constituíram-se no primeiro conjunto de documentos que analisamos. A opção por este corpo documental, conforme colocado anteriormente, teve por objetivo contemplar as trajetórias de indivíduos ou de núcleos familiares dos futuros libertos.

O parágrafo 5º, Art. 8 da Lei do Ventre Livre determinava que os párocos estavam obrigados a registrar os assentos de batismos e óbitos dos ingênuos em livros separados. As omissões destes assentos estavam sujeitas a multa.144 Foram levantados e transcritos os dados de assentos de batismos contidos em sete livros de registro paroquial.145 A primeira constatação foi a de que, embora a legislação previsse punições para as omissões e destinasse livros específicos para este fim, nem sempre os párocos seguiram à risca as determinações legais neste sentido. Vários assentos batismais de ingênuos foram encontrados em livros destinados ao batismo de crianças livres. A justificativa apresentada para este procedimento baseava-se nos atrasos de entrega dos livros específicos para os nascidos de “Ventre Livre”. Quanto às punições, se efetivamente foram aplicadas, não encontramos nenhum indício que comprovasse esta ação por parte das autoridades.146

143

NABUCO, 2000. p. 51-52.

144 Ver a íntegra da Lei do Ventre Livre em: Coleção de Leis do Império, 1871

145 Os livros consultados e transcritos estão na relação que se segue: Bat. 1871, Nov. – 1885; Jul./ Bat.

1871, Set. – 1887; Jun/ Bat. 1876, Jun – 1907; Nov./ Bat. 1885, Set. – 1891; Janº/ Bat. 1873, Dez. – 1888; Mar./ Bat. 1876, Mai. – 1924; Abr./ Bat. 1836, Mai. – 1924, Abr. Gostaríamos de ressaltar que os intervalos nas datas dos assentos ocorreram, em alguns casos, por terem sido feitos registros “mistos”, ou seja, de ingênuos e de livres em um mesmo livro. Ver:

https://familysearch.org/search/image/index#uri=https://familysearch.org/recapi/sord/collection/2177275/ waypoints

146 Sobre as dificuldades encontradas para os envios dos livros, ver o Relatório Provincial de 1872, seção

Elemento Servil, p. 42. http://www.crl.edu/brazil/provincial/minas_gerais. As punições para os párocos que não cumpriam os sacramentos já estavam previstas antes da Lei do Ventre Livre, de 1871, pela própria Igreja Católica. Tais punições estavam previstas nas Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia e contemplavam, entre outros, os casos de morte de uma criança não batizada. Para além do aspecto religioso, o batismo do escravo constituía prova da posse senhorial, logo, as fraudes e omissões também seriam passíveis de punição. Ver: LIBBY, 2012. p. 207. No caso dos registros batismais de ingênuos, as punições, para os senhores e os párocos, estavam previstas pelo Art. 8º §4º, §5º e pelo Art. 9º da Lei do Ventre Livre, de 1871. Estas mesmas questões foram discutidas por Agnaldo Valentin O autor aponta a dificuldade em definir-se o quanto este problema era generalizado nas diversas regiões do país. Contudo, registra que, para a localidade de Areias, situada no Vale do Paraíba paulista, o pároco manteve um livro em comum para ingênuos e livres até 1873 Ver: VALENTIN, 2012.

103 O acesso a esta documentação foi feito exclusivamente por meio do website organizado pela Igreja Mórmon, o Family Search. A opção pela pesquisa via online destas fontes documentais deu-se em função do maior número de livros de assentos de batismo de ingênuos aí disponibilizados. Mesmo considerando os registros de batismos para crianças livres, o referido website apresenta uma gama superior de documentação paroquial ao que o AEAM tem registrado em seus catálogos e engloba os livros existentes neste arquivo eclesiástico. Conforme apontado acima, foram verificados também os livros de assentos para crianças livres, já que muitas vezes estes continham registros relativos aos ingênuos. Contudo, consideramos que a amostragem obtida é representativa, tanto quantitativamente quanto qualitativamente, no que se refere às dinâmicas do universo escravista marianense. O diálogo com os estudos de Heloísa Maria Teixeira e os de Camila Flausino – ambos para o Termo de Mariana – na segunda metade do século XIX, contribui para que novas peças sejam encaixadas na composição do mosaico social marianense nas décadas finais da instituição escravista.147

Não pretendemos, aqui, estabelecer uma correlação entre o número de batismos de ingênuos e as características econômicas específicas dos distritos e freguesias do Termo. Mesmo porque havia um ponto hegemônico entre os distritos/freguesias: a predominância da atividade agropecuária.148 Embora existissem diferentes graus de dinamismo econômico entre os distritos/freguesias – apesar da hegemonia marcada pelas atividades agropecuárias – outros aspectos podem ser apontados para justificar esta opção metodológica. Em primeiro lugar, não foram localizados livros destinados exclusivamente aos batismos de ingênuos – ou com registros mistos incluindo livres – em todas as freguesias/distritos do Termo de Mariana no período correspondente ao nosso recorte temporal. Esta lacuna foi superada pela nossa opção em utilizarmos os registros paroquiais agrupando o Termo como um todo.

Por outro lado, no decorrer da pesquisa, o que viabilizou vislumbrar aspectos das práticas escravistas foi a existência de propriedades rurais dinâmicas economicamente. Tal fato ocorria independentemente de uma correspondência no grau de dinamismo econômico do distrito ou freguesia onde estas se encontravam localizadas. Este

“dinamismo individual” e a proximidade física das localidades investigadas tiveram um

peso maior em nossa análise do que o grau de atuação econômica específica deste ou

147 Ver: TEIXEIRA, 2001; FLAUSINO, 2006. Para Ouro Preto, ver: LOTT, 2009. 148

Acerca das especificidades das condições geográficas e históricas dos núcleos que integravam o Termo de Mariana, ver ANDRADE, 2008. p. 62-101.

104 daquele distrito/freguesia. Este recurso permitiu, também, um melhor aproveitamento deste corpo documental para o mapeamento dos grupos familiares de cativos e para a compreensão das distintas relações sociais vivenciadas por estes no ato do batismo de seus filhos. Relações estas marcadas pelas ligações de parentesco que envolviam não apenas os cativos, como também os seus proprietários. Este tema será objeto do capítulo 3 deste trabalho.

Dos sete livros analisados, quatro pertenciam à cidade de Mariana, um ao distrito de Barra Longa e dois ao distrito de Camargos. Os assentos de batismos referentes à cidade de Mariana compreendem registros oriundos de localidades variadas: Ouro Preto, São Domingos, Antônio Pereira, Passagem de Mariana, além das ermidas de algumas fazendas onde os batizados eram realizados.149 Foram computados 385 assentos batismais para o total dos livros transcritos. Excluídas as duplicidades de registros, obtivemos um número final de 377 assentos batismais. Este é o valor de referência com o qual iremos trabalhar os dados quantitativos referentes aos assentos batismais do Termo de Mariana.150 Outra observação a ser feita sobre as informações contidas nos livros de assentos batismais de ingênuos diz respeito ao registro das datas de nascimento e das datas de batismo pelos párocos. Embora as datas dos batismos tenham sido anotadas em todos os casos de nossa amostragem, o mesmo não ocorreu com os anos de abertura das atas. Em 34,2% dos casos, o ano das atas não constou das informações contidas nos assentos batismais. Identificamos, também, a ocorrência de intervalos, de alguns meses ou de um a dois anos, entre o ano de nascimento e o ano de abertura das atas, para 23,6% dos casos. Finalmente, em 42,1% dos assentos existiu uma coincidência entre os anos do nascimento e o ano de abertura da ata destinada aos assentos batismais dos ingênuos.

A distância temporal entre o acontecimento do batismo ou do casamento e os registros paroquiais não era incomum. Ao propor uma reflexão sobre a natureza e a qualidade dos registros paroquiais como fontes primárias, Douglas Cole Libby e Zephyr

Frank apontam para a “cronologia (e ‘geografia’) errática dos assentos”. Segundo os

149 O povoado de São Domingos corresponde hoje ao Município de Diogo de Vasconcelos. Teve sua

origem como filial da matriz do Sumidouro ainda no século XVIII. Foi elevado a freguesia em 1881. Como distrito do Município de Mariana, teve sua denominação de São Domingos alterada para Vasconcelos, pela lei nº 843, de 7 de setembro de 1923. No ano de 1928, pela lei nº 1.048, de 25 de Setembro, passou a denominar-se Diogo de Vasconcelos. Ver: BARBOSA, 1995. p. 115.

150 Alguns párocos registraram o mesmo assento de batismo mais de uma vez, em páginas diferentes do

mesmo livro. As razões ou justificativas para estas duplicidades não constam dos referidos livros. Ao elaborarmos o banco de dados foi possível detectar a repetição dos nomes dos ingênuos batizados, de seus pais, dos senhores e dos padrinhos excluindo as redundâncias.

105 autores, embora os vigários fossem nominalmente responsáveis pela elaboração e manutenção dos registros de batismo, de casamento e de óbito, estes dependiam, muitas vezes, de assistentes para efetuar tais registros.151 Fatores como a extensão geográfica de certas freguesias ou o tamanho da população de algumas sedes de paróquias influenciaram na utilização pelos vigários das anotações feitas pelos seus assistentes. Estes seriam, segundo os autores, os elementos explicativos para o intervalo cronológico existente entre o sacramento em si e o seu assento nos livros de registro paroquial. Outros eventos que poderiam contribuir para a disparidade desta cronologia eram as licenças dos párocos e os batizados em casos de periculus mortis.152

Em 20 de fevereiro de 1860, o vigário Francisco Luiz Brandão notificou dois batizados realizados no oratório do tenente Antônio José Lopes Camello. Segundo o

mesmo vigário, “o Reverendo Vigário Francisco Barbosa, [por motivo] de licença

minha batizou solenemente e pôs os santos óleos a Honório, filho legítimo de Geraldo e

Anna Bernarda, escravos do mesmo Antônio José Lopes Camello” e em “Honorata,

filha legítima de Antônio e Generosa, crioulos, escravos de Antônio José Lopes

Documentos relacionados