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As Oportunidades para o Futuro – O Forte da Graça

No documento Avaliação de imóveis históricos (páginas 57-60)

3 CASO DE ESTUDO – O FORTE DA GRAÇA – ENQUADRAMENTO PARA

3.5 A R EVITALIZAÇÃO DE UM M ONUMENTO EM E STADO D EVOLUTO

3.5.3 As Oportunidades para o Futuro – O Forte da Graça

Sendo o turismo cultural, uma das indústrias com o maior crescimento anual59, pretende-se evidenciar a tendência natural para incluir os monumentos e edifícios históricos em circuitos turísticos culturais.

A Carta Internacional do Turismo Cultural60 adoptada pelo ICOMOS, em 1999, tem como principal objectivo encontrar soluções e linhas de conduta, que levem ao cessar do conflito muito frequente entre património e o turismo e facilitar o diálogo entre os vários agentes responsáveis, tanto da parte da oferta como da procura.

58 No trabalho de investigação “The Economic Gain – Is there oportunity for economic gain ?”, é referenciada a autenticidade como um conceito fundamental para efeito do reconhecimento de um sítio classificado como Património Mundial.

59

De acordo com Cunha (2006) a OMT calcula que 37% de todas as viagens envolvem um elemento cultural, e em muitos países europeus, o turismo de base cultural predomina sobre os outros tipos de turismo.

60 A Carta Internacional do Turismo Cultural, salienta os princípios para a correcta gestão do turismo nos “Sítios” com significado patrimonial, adoptada pelo ICOMOS na 12ª Assembleia Geral, realizada no México em 1999.

A transformação do património, considerado “matéria-prima” para o turismo, está

associado a um processo de “valor acrescentado”, que tanto pode ser, por exemplo, a construção de uma esplanada num castelo, como a realização de espectáculos de teatro num palácio. Esta passagem de oferta potencial a oferta efectiva, obriga a duas acções diferentes. Por um lado, o processo passa pela transformação física do local, adaptando-o às necessidades da procura. Por outro lado, esta transformação passa, também, pela correcta interpretação dos espaços, o que proporciona, ao visitante, uma experiência única, através da melhor apreciação, compreensão e diversão.

Ao analisar o desenvolvimento do turismo em áreas urbanas, com o propósito de retirar conclusões sobre o turismo verificado em áreas classificadas como património mundial, são de acordo com Lourenço (2004), verificadas duas conclusões principais:

1ª - “As áreas classificadas como património mundial por UNESCO demonstram

potencial de turismo, em qualquer parte do Mundo. Mas deve-se fazer uma clara distinção entre potencial turístico e produto turístico.

Quando um local apresenta turismo potencial, é porque tem a capacidade de desenvolver actividades turísticas, mas esta capacidade deve ser desenvolvida.

2º - “É necessário realizar um plano de acção que enquadre acções concretas ao nível dos recursos culturais e naturais, estruturar a oferta turística, desenvolver acomodação e transporte, acessibilidade e sinalização, e promover o seu marketing e negócio” (idem).

Os políticos e as entidades oficiais, deverão usar o património de uma forma sustentada, de forma a possibilitar o seu uso por parte das gerações presentes e

futuras. A proposta de criação de uma “Marca do Património Europeu”61 pelo Conselho

da União Europeia, poderá ser um passo decisivo para consciencialização da importância, que o património tem para uma população autóctone.

O turismo cultural constituirá uma forma possível de criar benefício para os habitantes, para conservar o património e para o aumento da identidade cultural.

Atribuir uma nova funcionalidade a esta fortificação, afigura-se um trabalho complexo, dadas as grandes proporções e características deste imóvel.

O IGESPAR deverá analisar as hipóteses de utilização propostas, e dar o seu parecer vinculativo. Igualmente a câmara municipal de Elvas, se deverá pronunciar sobre a

61 A informação 2008/C 319/04, publicada no Jornal Oficial da União Europeia, visou solicitar aos estados membros a apresentação, de uma proposta adequada relativa à criação de uma «Marca do Património Europeu» pela União Europeia e que esta estabeleça as modalidades práticas de execução desse projecto.

utilização proposta, de forma a verificar o respectivo enquadramento no Plano Director Municipal.

Pela análise do levantamento arquitectónico62 do Forte da Graça, e procurando manter

neste a actual configuração estética e militar, foi analisado um estudo de viabilidade de uso, que permitisse a obtenção da proposta económica mais adequada:

Proposta de uso misto compatível:

1. Criação de um Museu de Arquitectura Militar, após restauro da construção; 2. Recuperação de espaços de passagem exteriores e interiores para circuitos

pedonais temáticos;

3. Reabilitação do espaço do recinto magistral, para instalação de Pousada Histórica, no Reduto Central.

Justificação da proposta por factores de oportunidade:

- Componente cultural: não existe em Portugal nenhum museu sobre arquitectura militar, o Forte da Graça é considerado uma obra prima da arquitectura militar, de acordo com Guerra (2008) e Paar (2008), e este espaço afigura-se adequado a esta instalação, pese alguma dificuldade arquitectónica de transformação do espaço interior.

- Componente económica: a inclusão de uma Pousada Histórica, localizada no Reduto Central e nos Quartéis, possibilitará a reabilitação do espaço a ocupar, e poderá garantir uma função rentável, permitindo a manutenção do edificado adstrito à pousada. A “âncora” do projecto seria o museu de arquitectura militar, de âmbito nacional.

Os factores de risco:

Componente cultural: desvirtuação do espaço exterior e interior por adaptação do espaço para função hoteleira, o que alterará significativamente a arquitectura interior. As exigências ao nível de infra-estruturas de conforto, poderão igualmente colocar em causa a autenticidade e o carisma do monumento.

62 A análise da capacidade de reutilização do imóvel, foi feito com base no estudo do projecto de arquitectura apresentado por Guerra (2002), no âmbito da tese de dissertação: “Reabilitação da Arquitectura e dos Núcleos Urbanos – O Forte de Nossa Senhora da Graça”.

Componente económica: no contexto de visibilidade turística, Elvas pese possuir uma tendência não linear de crescimento turístico, referenciada no Gráfico 5, com uma média de anual de 23.648 turistas desde 2004, ainda não se constituiu como destino turístico evidente. Esta questão poderá influenciar negativamente o afluxo turístico à Pousada a instalar no Forte da Graça.

20481 19361 21652 28891 27854 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 2004 2005 2006 2007 2008 Ano T u ri s ta s

Figura 6 – Gráfico referente ao Afluxo Turístico63

a Elvas

A integração do restauro das áreas do imóvel da responsabilidade do Estado deve ser realizada com concordância arquitectónica e planeamento temporal, com a reabilitação do espaço destinado a Pousada, pois os circuitos de passagem e os espaços envolventes são determinantes para o sucesso do negócio.

No documento Avaliação de imóveis históricos (páginas 57-60)

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