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Capítulo IV – As Organizações do mundo social e suas instituições

4.2. As organizações e o ambiente social e institucional

Neste trabalho temos as organizações como um conjunto organizado de funções interdependentes, com uma localização concreta seja ela física e/ou jurídica e que possuam ou não um estabelecimento (empresas privadas ou públicas, Universidades, ONG’s, Partidos Políticos, Igrejas, etc.). Envolvendo estas organizações temos um ambiente social muito

abrangente, onde ocorrem de forma geral uma interdependência de funções e um continuo processo de troca, pois, segundo Daniel Katz e Robert L. Kahn (1978, p. 32), "as

organizações sociais são flagrantemente sistemas abertos, porque o input de energias e a conversão do produto em novo input de energia consiste em transações entre a organização e seu meio ambiente".

Uma dada sociedade possui muitas organizações, cada uma com características próprias, com uma estrutura interna que possibilita alcançar os objetivos, mas, sobretudo, dependente, como subsistema, de inúmeras interferências do ambiente geral, numa perspectiva sistêmica. São microssociedades que operam nas mais diferentes dimensões sociais, econômicas, políticas e simbólicas, devendo ser vistas numa visão que leve em conta todas estas dimensões do universo relacional.

Diversos fatores sociais e históricos, principalmente o alto nível de complexidade que as sociedades atuais alcançaram, levaram a um grande aumento de organizações no mundo contemporâneo e, ainda, fazendo com isso que as mesmas venham passando por mudanças em todos os seus aspectos, entre os quais, que nos interessa diretamente, as formas de relação com o ambiente, que no fim caracterizam de modo geral as próprias organizações.

Portanto, as organizações fazem parte de um ambiente com o qual mantêm diversas e diferentes formas de transações, assim, não devem ser vistas como realidades circunscritas a si mesmas, mas como elementos integrantes de uma realidade maior, com a qual mantêm um processo permanente de intercâmbio, o que em capitulo anterior chamamos de “Totalidade

Dinâmica” YAMAUTI (2006). É esta presença na totalidade do ambiente que serve como

base para a formação das suas características e também como influenciadora do mesmo. Para tanto as organizações estão repletas de variáveis próprias, assim como o ambiente onde ela está inserida e que mantém constantes processos de interações.

61 ambientes, achando-se assim sujeitas ao impacto do processo local e global de mudanças, influenciando e sendo influenciada por eles. À medida que estes ambientes se transformam, mudam-se os padrões de comportamento, a natureza e a hierarquia dos valores o que afeta diretamente as organizações.

Utilizamos o termo “Totalidade Dinâmica” para determinar o ambiente em que organizações estão inseridas e no qual desenvolvem suas atividades e onde sofrem influencias e também influenciam. Este ambiente representa três segmentos: (Idem)

• o macroambiente (geral – total);

• o ambiente operacional (externo – específico); e • o ambiente interno.

O macroambiente é o mundo, as sociedades em geral, é constituído por um conjunto amplo, complexo e difuso que influencia as organizações. Este ambiente é afetado por inúmeras variáveis que o influenciam. São normas gerais de funcionamento das sociedades e os mecanismos de regulação da economia, da política, do governo. Nele incluem-se ainda as tradições, valores, necessidades e aspirações, atuando como forças dinâmicas e conflitantes na formação de ideologias e dialéticas, e na determinação do comportamento das pessoas e das organizações participantes.

As principais variáveis deste ambiente e que também fazem parte dos outros ambientes, que influenciam as organizações são: (Fonte: MARIS, 2004 e DUARTE, DIAS, 1986).

• Políticas – envolvem decisões tomadas pelos governos. Tendências ideológicas e de poder podem definir os rumos das políticas econômicas, sociais, fiscais, de saúde, de educação, etc.

• Econômicas – podem determinar o volume de operações, a facilidade ou dificuldade na obtenção de recursos básicos, o nível de preços e de lucratividade

potencial, os mecanismos de oferta e procura do mercado em geral, etc.

• Legais – conjunto de normas e leis que controlam o comportamento organizacional.

• Sociais – representam as características da sociedade onde a organização opera. • Demográficas – características da população (raça, cor, religião, densidade

demográfica etc.)

• Ecológicas – o meio ambiente (natureza), influencia os objetivos organizacionais. • Variáveis Culturais – valores, pressupostos básicos e hábitos. Constitui expressão

material e não-material da sociedade ou de segmentos representativos desta e que, permeando os diversos elos, é importante para o desenvolvimento geral e específico das sociedades.

• Tecnológicos – conhecimentos utilizados pelas organizações para a realização de suas tarefas.

Estas variáveis podem influenciar as organizações em diversos aspectos, por exemplo: • Influencias relacionais: são as formas e as razões de relacionamento

interorganizacional levando em conta as características próprias de cada organização.

• Influencias nas transações: são expressas pelas relações que as organizações mantêm com o ambiente na busca da realização de seus objetivos e no exercício de seu papel como estrutura relevante para a sociedade. Isto se realiza por meio de ações próprias, segundo as quais a organização procura: transferir normas e valores para pessoas, grupos e outras organizações no ambiente; obter apoio e eliminar resistências, manter um equilíbrio de trocas materiais e não-materiais com o ambiente, estruturar o ambiente e obter legitimidade.

63 pelas variáveis que a nível mais micro compõem o ambiente, com os quais as organizações mantêm diferentes tipos de relacionamento. Os públicos relevantes externos são pessoas físicas, grupos de pessoas, organizações e órgãos governamentais. Os processos de relações se evidenciam por formas diversas como: fornecimento, influência, apoio, antagonismo, cooperação, competição etc.

O ambiente interno é aquele composto pelos públicos relevantes internos e pelos componentes e variáveis internas que podem ser culturais, estruturais e mercadológicas das organizações. Os públicos internos podem ser grupos distintos de pessoas que possuem algumas características ou interesses comuns ou afins e que, por ações ou omissões, podem influenciar significativamente no desempenho de uma ou mais áreas da organização. Esses grupos podem ser formal ou informalmente constituídos e sua existência e atuação consideradas legítimas ou não.

Alguns componentes e variáveis internas que formam a estrutura das organizações são: personalidade jurídica, filosofia, objetivos, recursos, tecnologia, estrutura, liderança, cultura, programas, processos, fronteiras ou limites, história, finalidades, identidade social, território (espaço de inserção), formal interno (regulamentos), manifesto informal (comportamentos e clima), pressões externas, realidade do contexto (atual), exigências implícitas, pertencimentos transversais, relações de grupo, demandas individuais, necessidades, afetos, mecanismos de defesa, entre outros.

Segundo Maris (2004) o ambiente onde estão inseridas as organizações e onde acontecem as relações entre as mesmas é muito mais complexo que parece a primeira vista. As organizações sofrem várias influências, como por exemplo: restrições: são limitações que reduzem o grau de liberdade da empresa; coações: são imposições do ambiente às quais a organização não pode deixar de atender; contingências: são eventos prováveis que afetam muito a organização; problemas: são eventos correntes não previstos; oportunidades: são

situações favoráveis à organização, entre muitas outras que dependendo do contexto específico de cada organização atuam de formas diferentes sobre as mesmas.

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