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2 AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS PARA FORMAÇÃO DO

2.3 As orientações para o ensino médio integrado

A implementação do EMI expresso pelo decreto nº 5154/2004 e financiado pelo Programa Brasil Profissionalizado, compreende enfrentar e superar uma série de problemáticas históricas emblemadas sob a formação do trabalhador,

solidificadas pela escola dualista, do ensino propedêutico que delimita ao trabalhador o acesso aos conhecimentos construídos historicamente, uma pedagogia ainda presente nas instituições de ensino, na pratica de formação dos trabalhadores, no entanto devemos reconhecer que tanto as instituições quanto os sujeitos que à constituem são resultados deste processo sendo necessário descontruir esses conceitos a fim de conscientiza-los frente a sua condição e seu papel para consolidação dessa proposta.

Neste sentido, primeiramente temos o parecer CNE/CEB Nº 39/2004, traz um estudo histórico da Educação Profissional no Brasil, indicando seus dilemas a serem superado com a aplicação do Decreto 5154/2004 nas instituições de Educação profissional de ensino médio.

Neste mesmo seguimento, o MEC em 2007, lança o documento base intitulado Educação Profissional técnica de nível médio integrada ao ensino médio, que explicita às instituições e sistemas educacionais “[...] os pressupostos para a concretização dessa oferta, suas concepções e princípios e alguns fundamentos para a construção de um projeto político-pedagógico integrado. (MEC, 2007, p. 4).

O Documento Base traz um diagnóstico histórico da Educação profissional brasileira suas tendências e problemáticas ancoras no Decreto 2208/97 que coibia a forma de ensino integrado e as transições necessárias para enfretamento e reversão da dualidade do ensino, apresentando os conceitos teóricos que darão subsidio ao Ensino Médio Integrado, como proposta de adequada à formação da classe trabalhadora brasileira no sentido de torna-se consciente, autônoma e consequentemente emancipada das relações opressoras.

A explicitação dos princípios e diretrizes às instituições e sistemas definem o sentido do EMI de natureza filosófica, atribui à integração

[...] uma concepção de formação humana, com base na integração de todas as dimensões da vida no processo educativo, visando à formação omnilateral dos sujeitos. Essas dimensões são o trabalho, a ciência e a cultura. O trabalho compreendido como realização humana inerente ao ser (sentido ontológico) e como prática econômica (sentido histórico associado ao modo de produção); a ciência compreendida como os conhecimentos produzidos pela humanidade que possibilita o contraditório avanço das forças produtivas; e a cultura, que corresponde aos valores éticos e estéticos que orientam as normas de conduta de uma sociedade. (BRASIL, MEC,2007, p.40 - 41)

O documento traz em tese os elementos conceituais para implantação da proposta de EMI orientada pela construção de um projeto que supere a dualidade

entre formação específica e formação geral, ancorados nos princípios do Decreto nº 2.208/1997 e mediatizado pelo mercado de trabalho, como meio de deslocar o foco dos seus objetivos do mercado de trabalho para a pessoa humana, tendo como dimensões indissociáveis o trabalho, a ciência, a cultura e a tecnologia.

Neste termos o EMI é definido pelo termo formação integral baseado nas análises de Ciavatta (2005)

A idéia de formação integrada sugere superar o ser humano dividido historicamente pela divisão social do trabalho entre a ação de executar e a ação de pensar, dirigir ou planejar. Trata-se de superar a redução da preparação para o trabalho ao seu aspecto operacional, simplificado, escoimado dos conhecimentos que estão na sua gênese científico- tecnológica e na sua apropriação histórico-social. Como formação humana, o que se busca é garantir ao adolescente, ao jovem e ao adulto trabalhador o direito a uma formação completa para a leitura do mundo e para a atuação como cidadão pertencente a um país, integrado dignamente à sua sociedade política. Formação que, nesse sentido, supõe a compreensão das relações sociais subjacentes a todos os fenômenos. (CIAVATTA, 2005, p. 85)

A definição é apresentada dentro de um contexto de multiplicidade da pratica pedagógica por meio da qual educação profissional e o ensino regular se complementam, assumindo o papel de promover o domínio dos saberes construídos historicamente, oportunizado ao jovem trabalhador compreender e analisar a sociedade em que vivem como seres históricos-sociais que atuam no mundo concreto para satisfazerem suas necessidades subjetivas e sociais e, nessa ação, produzem conhecimentos. “[...] Assim, a história da humanidade é a história do processo de apropriação social dos potenciais da natureza do próprio homem, mediada pelo trabalho. Por isso, o trabalho é mediação ontológica e histórica na produção de conhecimento. (Ibidem, p.42)

A dimensão ontológica do trabalho é o princípio que deverá nortear o trabalho pedagógico no desenvolvimento dos conhecimentos da ciência, tecnologia e a cultura como categorias indissociáveis da formação humana numa relação estabelecida pelo documento como

O caráter teleológico da intervenção humana sobre o meio material, isto é, a capacidade de ter consciência de suas necessidades e de projetar meios para satisfazê-las, diferencia o homem do animal, uma vez que este último não distingue a sua atividade vital de si mesmo, enquanto o homem faz da sua atividade vital um objeto de sua vontade e consciência. Os animais podem reproduzir, mas o fazem somente para si mesmos; o homem reproduz toda a natureza, o que lhe confere liberdade e universalidade. Dessa forma, produz conhecimentos que, sistematizados sob o crivo social e por um processo histórico, constitui a ciência. (Ibidem, p. 43)

Desse modo, a pratica de formação dos trabalhadores deve compreender o conhecimento como uma produção do pensamento pela qual se apreende e se representam as relações que constituem e estruturam a realidade, produzidos através da análise das relações do todo com as partes, este entendimento construirá então sua consciência de si dentro processo social de construção do conhecimento.

As concepções que norteiam o EMI para a formação do trabalhador objetivam dar um novo sentido as práticas de formação articulando conhecimentos científicos, tecnológicos, e culturais, visando a construção posição crítica sobre os as relações da sociedade frente o mundo, ou seja uma formação politécnica definida no documento como “domínio dos fundamentos científicos das diferentes técnicas que caracterizam o processo do trabalho moderno” ( Ibidem p. 17)

O documento base foi elaborado por pesquisadores que compreendem e dominam, a construção histórica dos processos educacionais e defendem a reconstrução de princípios e fundamentos da formação dos trabalhadores para uma concepção emancipatória dessa classe, do ensino partindo da análise como a formação integrando, trabalho, ciência, tecnologia e cultura como categorias indissociáveis da formação humana, tendo o trabalho como princípio educativo.

Porém, compreendemos que não bastam apenas o indicativo das concepções mais é necessário um trabalho árduo e compromissado com a implantação do EMI, para que se torne uma via para reconstruir a formação profissional, em contraposição a concepção da Educação profissional atreladas as concepções capitalistas desenvolvimento de base economicista sob a noção de capital humano e a ditadura do mercado, com as noções de sociedade do conhecimento, pedagogia das competências, e empregabilidade, necessitam ser superadas por a uma outra perspectiva de desenvolvimento, com uma expectativa social mais ampla que possa avançar na afirmação da educação básica unitária e, portanto não dualista, que articule cultura, conhecimento, tecnologia e trabalho como direito de todos e condição da cidadania e democracia efetivas, é uma condição necessária para que como afirmam Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005), se fazer a travessia para uma nova realidade.

O ensino médio integrado ao ensino técnico, conquanto seja uma condição social e historicamente necessária para a construção do ensino médio unitário e politécnico, não se confunde totalmente com ele porque a conjuntura do real assim não o permite. Não obstante, por conter os

elementos de uma educação politécnica, contém também os germens de sua construção (Saviani, 1997). Entenda-se, entretanto, que a educação politécnica não é aquela que só é possível em outra realidade, mas uma concepção de educação que busca, a partir do desenvolvimento do