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As PME – Pequenas e Médias Empresas e a importância do crédito

2. Riscos de Crédito, de Liquidez e de Taxa de Juro

2.8. As Empresas no Contexto Europeu e Nacional, a Importância dos Bancos para o seu

2.8.3. As PME – Pequenas e Médias Empresas e a importância do crédito

As PME têm uma importância vital para as economias da União Europeia, contribuindo significativamente para o crescimento económico e a criação de emprego. Representam cerca de 99,8% do total da empresas europeias, abrangendo dois terços do total de postos de trabalho e 58% do valor acrescentado da economia europeia (Roman e Rusu, 2012). Serrasqueiro e Nunes (2014) indica que, em Portugal, as PME são os principais motores da criação de emprego e são reconhecidos como um pilar da economia nacional. De acordo com o INE (2012), Pacheco (2016) refere que as PME portuguesas representam cerca de 99,9% das empresas das quais 95,9% são microempresas e, pese embora as grandes empresas sejam responsáveis por mais de 40% do volume de negócios e do VAB, as PME representam cerca de 78% do emprego.

Para alguns países, como a Itália, as PME representam a espinha dorsal da economia, constituindo um importante contributo para o PIB e para a sustentabilidade dos níveis de emprego, representando as PME e as Micro Empresas cerca de 90% das empresas. Na sua maioria, são empresas de índole familiar e de pequena dimensão, com um VN - volume de negócios inferior a 5Mio€ (Luppi et al., 2007).

As PME desempenham também um papel vital na economia dos EUA, constituindo 99,7% das empresas empregadoras norte-americanos em 2011, sendo responsáveis por 63% dos novos empregos criados entre 1993 e 2013 (Kalak e Hudson, 2016).

Não obstante, a importância dada ao desenvolvimento de técnicas de medição de desempenho e de sistemas de gestão dentro das empresas, vários estudos demonstraram fragilidades nas práticas existentes, particularmente no seio das PME. A medição e monitorização de práticas de desempenho continuam a ser particularmente insatisfatórias, nomeadamente no âmbito das PME-, devido à insuficiência de recursos e à falta de ferramentas de gestão de desempenho formais. Tal impede o responsável pela gestão (na maioria dos casos o próprio proprietário) de informação económica e financeira fiável para efeitos de apresentação, negociação e diálogo, às várias partes interessadas, em especial às ICB (Brulhart et al. 2010).

Também Cocca e Marco (2010) alerta para o facto das empresas, e mais concretamente as PME, colocarem o enfoque da sua gestão em aspetos técnicos e de produção, levando-as a equívocos sobre a medição do desempenho, muitas vezes considerado como tempo de atividade. Uma

114 condição necessária para se atingir altos padrões de desempenho, assenta na capacidade da sua monitorização. Daí que, a introdução de sistemas de medição de desempenho, seja considerada como um meio para as empresas obterem vantagens competitivas e adaptar-se de modo flexível às mudanças do mercado. O contributo do autor reside na identificação de uma série de medidas e características para as PME avaliarem de forma mais eficaz o seu desempenho.

Parece-nos, que o referido anteriormente é crucial para o acesso ao financiamento das PME, na medida em que a médio e longo prazo trará benefícios. Sendo reconhecido a estas – como refere o autor, capacidade de inovação, também lhes é imputado falta de recursos e de conhecimentos de gestão. É referido que as PME relacionam-se com clientes, na maioria dos casos de maior dimensão, fragilizando a sua capacidade negocial no tocante à exigibilidade de cumprimento dos prazos de pagamento dos créditos e, em consequência, a dificuldades acrescidas em fazer face às flutuações dos fluxos de caixa, pelo que, as sugestões e tipologia de soluções bancárias – factoring, confirming e documentárias poderão minimizar estes efeitos.

Singh et al. (2008), procura identificar as principais áreas de desenvolvimento estratégico por parte das PME para melhorar a competitividade num mercado globalizado. Refere que a maioria das pesquisas se concentra em fatores que contribuem para a sua continuidade, tais como o financiamento, ao invés de procurar compreender melhorar o processo de crescimento e a realização de vantagem competitiva sustentável. O autor indica a existência de fragilidades e também de desafios a que este tipo de empresas, os seus proprietários e gestores estão sujeitos.

Deste modo, como fragilidades Singh et al. (2008) indicam:

i. Na componente externa (exportação), as PME enfrentam muitas restrições devido à falta de recursos e de capacidade inovadora;

ii. Que os proprietários têm limitações em refletir de modo estratégico;

iii. Essas limitações decorrem entre outros, da falta de recursos, da existência de uma estrutura organizacional plana, da falta de conhecimentos técnicos e da dificuldade em reter o conhecimento;

iv. Pouca clareza por parte dos quadros técnicos na perceção da sua evolução profissional a médio prazo-, sendo uma das razões pela qual as PME podem ter dificuldade em reter e em contratar colaboradores de elevado gabarito técnico;

v. Decorrente da alínea anterior, constata-se a existência de fracos níveis de capacidade inovadora, falta de apoio à tomada de riscos e de estímulo à criatividade;

vi. Tecnologias inadequadas;

vii. Custo excessivo de projetos de desenvolvimento de produtos; viii. Deficientes técnicas de venda e de pesquisa de mercado;

115 ix. Dificuldade em responder às solicitações de clientes referentes a produtos de elevado índice

tecnológico;

x. Fraco benchmark, mediante a identificação de grupos de referência para o estabelecimento das melhores práticas.

Decorre das fragilidades reveladas, a necessidade de estabelecer prioridades competitivas (visando entre outros não prejudicar a capacidade competitiva dos seus clientes sobretudo os de maior dimensão), como sejam bons desempenhos nas vertentes: custo e qualidade, entrega dos produtos, fiabilidade e rapidez, inovação e flexibilidade para se adaptar às variações da procura.

Destacam-se algumas características das empresas líder:

i. Comportamento estratégico e dinâmico em termos de inovação; ii. Adequada gestão de relacionamento com o mercado;

iii. Desenvolvimento de processos de internacionalização; iv. Capacidade de organizar e gerir redes de negócios;

v. Alta competitividade, com produtos de qualidade superior.

O REF-BdP (Maio 2014:25-25) refere “que o rácio de capital próprio no total do ativo (GAF) para o total das empresas portuguesas (excluindo as do setor da agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca) cifrava-se em 36 por cento, no final de 2013. Este rácio é especialmente reduzido no caso das empresas públicas (10,5 por cento). Considerando as empresas privadas e excluindo sociedades gestoras de participações sociais, o rácio do capital próprio no ativo é um pouco inferior no caso das pequenas e médias empresas (29 por cento) face às grandes empresas (33 por cento). Note-se que a par de situações de estrutura débil de capital, uma percentagem significativa de sociedades não financeiras apresenta capitais próprios negativos (29 por cento, em 2012). Esta situação tem vindo a deteriorar-se no decurso da última década, durante a qual a dívida financeira registou um acréscimo muito significativo. A elevada alavancagem financeira das empresas portuguesas constitui um travão à recuperação do investimento e da atividade económica. Entre as empresas privadas, é sobretudo nos setores da construção, eletricidade, gás e água e transportes e armazenagem que os rácios de alavancagem são mais elevados. Num contexto em que a rendibilidade do setor terá estabilizado em níveis relativamente baixos, a diminuição dos juros pagos permitiu melhorar o rácio de cobertura dos juros (Rácio de cobertura de juros= EBITDA / juros suportados) em 2013. Note-se que a pressão financeira, medida pelo rácio de cobertura de juros, é o principal fator contribuindo para o pior desempenho em termos de rendibilidade dos capitais próprios [Rácio de rendibilidade = EBITDA / (capital próprio + financiamentos obtidos)] das empresas portuguesas, comparativamente às de outros países europeus. Em 2012, cerca de 40 por cento das empresas apresentava um rácio de cobertura de juros inferior a um, sendo a diminuição recente deste rácio especialmente significativa no caso das microempresas”.

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