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As polêmicas propostas sobre a redução da maioridade penal brasileira

traduzem em si um intenso debate, dividindo as mais diversas opiniões. Por um lado, representam a indignação social com os indicadores da violência

Por outro, conduzem a preocupação com a formação dos jovens, firmando-se no sentido da manutenção das atuais regras de responsabilização dos menores em conflito com a lei, como melhor estratégia a ser adotada.

As opiniões favoráveis à redução da maioridade penal para 16 anos recorrem aos argumentos de que os menores são utilizados pelo crime organizado para acobertar suas ações, tratando-se esta redução de uma decorrência lógica da evolução das relações sociais neste início de século XXI e da maturidade precoce que os jovens atualmente adquirem, bem como a ampla divulgação do envolvimento de adolescentes em crimes através dos meios de comunicação e, sobretudo, pela possibilidade de importantes decisões no exercício da cidadania, através do voto.

Os defensores do Estatuto da Criança e do Adolescente defendem que o centro da problemática não está na lei em si, mas na aplicação falha que se faz dela. Na argumentação destes, se a aplicação do ECA ocorresse de maneira adequada, as próprias medidas previstas na legislação seriam suficientes para ressocializar os jovens que praticassem atos infracionais.

A problemática dos jovens em conflito com a lei não apresenta uma causa específica, nem possui uma resolução simplista. Afere-se que a apresentação de propostas, a qualificação de debates e tomada de decisões comprometidas com os direitos e o resgate da cidadania dos jovens, passa necessariamente pelo conhecimento, vivência e aproximação da realidade, buscando, sobretudo, a compreensão de fenômenos sociais, como a própria delinqüência juvenil.

Com relação à redução da maioridade penal, assim dispõe a Exposição de Motivos do Código Penal (2000):

Trata-se de opção apoiada em critérios de Política Criminal. Os que recomendam a redução do limite, sob a justificativa da criminalidade crescente, que a cada dia recruta maior número de menores, não consideram a circunstância de que o menor, ser ainda incompleto, é naturalmente anti-social na medida em

que não é socializado ou instruído. O reajustamento do processo de formação do caráter deve ser cometido à educação, não à pena criminal. De resto, com a legislação de menores recentemente editada, dispõe o Estado dos instrumentos necessários ao afastamento do jovem delinqüente, menor de 18 anos do convívio social, sem sua necessária submissão ao tratamento do delinqüente adulto, expondo-o à contaminação carcerária.

A determinação da maioridade penal em 18 anos refere-se a critérios para melhor execução de Política Criminal, pois a Criminologia destaca a finalidade de prevenção e repressão da criminalidade, não submetendo crianças e adolescentes ao sistema prisional comum destinado aos adultos. Não supõe impunidade aos jovens, mas tão-somente que não se pode imputar responsabilidade frente à legislação comum. Contudo, pode-se atribuir responsabilidade, baseando-se nas normas do Estatuto da Criança e do Adolescente, através das medidas sócio- educativas.

O Estatuto da Criança e do Adolescente acolhe a Doutrina da Proteção Integral, tratando-os indistintamente, como prioridade absoluta, considerando-os como cidadãos, com direitos pessoais e sociais garantidos, de acordo com as Diretrizes Internacionais sobre os Direitos correlatos.

Opina-se que as medidas sócio-educativas são brandas e flexíveis. Entretanto, a diferença consiste em seu caráter pedagógico e na preocupação relacionada à recuperação, ressocialização e reintegração do menor delinqüente à sociedade, utilizando-se de alternativas, não coincidentes com a pena de prisão. Além disso, as garantias constitucionais baseiam-se na concepção de criança e adolescente como sujeito de direitos e na afirmação de sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

As polêmicas sugestões de redução da maioridade penal possuem diversos ângulos e concepções, manifestando-se em diversos segmentos e

contextos sociais, despertando a atenção da mídia, da opinião pública e dos operadores do Direito.

3.1- A influência da mídia na construção do senso comum quanto à redução da maioridade penal

Importante, a princípio, é direcionar a discussão para as representações sociais, presentes na consciência da população, analisando como o senso comum reclama medidas que acreditam serem resolutivas ao combate à delinqüência juvenil, observando seu caráter, suas proporções. É como afirma Luckesi (1994, p.96):

O senso comum é um modo de compreender o mundo, constituído acrítica e espontaneamente, que se traduz numa forma de organizar a realidade, as ações diárias, as relações entre as pessoas, a vida como um todo. O seu caráter acrítico decorre exatamente do fato de as visões que o compõem não terem vinculações efetivas com os elementos da realidade, já que o efetivo desvendamento da realidade produz o senso crítico.

A sociedade civil comporta-se em relação ao problema atribuindo exclusiva responsabilidade ao menor infrator, excluindo-se de sua participação efetiva na resolução das questões da violência e insegurança.

O alerta e a divulgação pela mídia para o aumento da violência é constante, mostrando a imagem sobre a responsabilidade dos adolescentes infratores pelo crescimento desses índices, fazendo com que o senso comum reclame medidas urgentes de modificação na legislação acerca da responsabilização penal dos jovens infratores, criando convicções que ficam impregnadas na consciência de todos, gerando uma visão preconceituosa e reacionária face ao adolescente em confronto com a lei.

A mídia impõe padrões de comportamento (vestir, falar, ser), atuando no sentido de construir identidades, mostrando e ditando tendências que alcançam os jovens. É relevante observar que esses modelos para serem atingidos, podem encaminhar à construção de desvios pelos adolescentes, com negativa influência em transgressões a serem cometidas, visando sua inclusão social.

Esses mesmos meios de comunicação, atuantes na construção desses paradigmas, trata-se da mesma fonte que representa os casos da participação desses jovens nessas transgressões, utilizando-se de um discurso ambivalente.

Ademais, é óbvia a diferença de tratamento dispensado pela mídia aos adolescentes infratores segundo a origem de classe social. Aos jovens pertencentes às altas camadas sociais, observa-se mais a influência de fatores externos na análise das causas que determinaram a realização da transgressão à lei, relacionando-a ao envolvimento com drogas, o envolvimento com más companhias e a permissividade familiar. Surge a denominação de “filhos da classe média e alta”, sugerindo a resolução com especializado saneamento desses transtornos causadores do desvio de comportamento.

Contudo, aos jovens que pertencem a humildes origens, sobressaem as designações “menores”, no sentido pejorativo, ou ainda “bandidos”, merecendo serem retirados do convívio social e severamente penalizados, ressaltando-se as características de maldade imanentes ao indivíduo.

A exposição metódica de que os jovens atualmente apresentam maturidade desenvolvida de modo suficiente para responder pela prática de seus atos em razão das facilidades de acesso à informações alcançadas pelos inúmeros meios de comunicação disponíveis, merece ser questionada face à qualidade com que são alcançados, não se esquecendo que é possível exercer característica

influência deturpadora na estruturação de personalidades ainda não definidas, ou seja, em desenvolvimento.

A falta de oportunidades, e as escassas condições de melhores perspectivas em sua situação social, visualizam apenas a qualidade precária de sobrevivência, reproduzindo-se constantemente a situação, criando-se um ciclo interminável da violência.

Cotidianamente, a violência pode ser demonstrada com a indiferença social, visualizada com a atitude de motoristas abordados nos semáforos pelas crianças e artistas de rua em relação à essa triste situação, aflorando o desejo e a aprovação de que sejam eliminados por policiais nas ruas em chacinas ou sejam recolhidos às instituições responsáveis para as providências competentes.

Desta forma, é comum ao cidadão rezar para o semáforo abrir rápido, para se ver livre da incômoda situação de ser abordado, restando a falsa impressão de, ao deixar para trás o local, estar deixando ali também o problema, ignorando que a situação é mais complexa do que se percebe, e nos acompanha em nosso dia-a- dia.

Por conseguinte, os segmentos sociais tornam-se vítimas e culpados pelos seus próprios atos e preconceitos. São comuns as exigências para acabar com a situação que os vitimiza. Por outro lado, visualiza-se um comportamento inoperante e conformista perante a situação, ao não adotarem providências para minimizar as causas que a determinam, nem cobrarem uma postura austera das instituições responsáveis.

Quanto mais cumplicidade houver por parte da vítima, maiores serão as suas resistências aos trabalhos de prevenção e conscientização desse processo de vitimização. A vítima, que é quem deveria ser o ‘carro-chefe’ na busca de reformulação, resiste, ainda que inconscientemente, a mudanças, por força de sua cumplicidade nessa relação, pesem suas

manifestações de desconforto, descontentamento e revolta. Quando, eventualmente, se insurge contra seu papel, não é incomum fazê-lo de forma perversa, não consciente do significado de todo esse processo, e assumindo o papel de agressor, o que simplesmente realimenta e perpetua o processo de vitimização. (Revista do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciaria, 1996, p. 17)

A problemática manifesta-se na forma como a questão da delinqüência de menores é levada à sociedade, sobretudo pela mídia e órgãos da justiça, não o fazendo de acordo com o levantamento das causas e conseqüências advindas da realidade, mas sim de acordo com o julgamento dos atos cometidos que, por vezes, surpreendem o meio social.

O senso comum produz a interpretação de um estereótipo que retrata o modelo da criança ideal: saudável, dócil, sem vícios, obediente, enfim, uma projeção futura de infinitas virtudes. Frustrada a concepção do modelo retratado e tão sonhado, inicia-se a busca pela sua “transformação”, sendo depositada toda a solução para a frustração nas instituições de confinamento, onde, não encontrando os mecanismos de integração, acabam por encontrar os estigmas que consagram definitivamente sua exclusão social. Nesse sentido, indaga Del Priore (1999, p. 15): “Será que em uma sociedade historicamente pobre e vincada pela mestiçagem quanto pela mobilidade social, é possível construir tal modelo de criança?”.

O que Del Priore enfatiza é a questão da representação social, como explica Jovchelovitch (2000, p.78):

Construir representações sociais, então, é um processo social que sempre ilumina a subjetividade que as constrói. A forma como os sujeitos sociais representam a realidade dada, o conteúdo – as práticas e os símbolos – que eles encontram para dar forma a estas representações envolve, também, a apresentação de uma identidade e de uma interpretação possível sobre a vida social.

É comum observar a revolta das pessoas com relação à prática de atos infracionais, caracterizando o senso comum, causa de tais representações sociais. Conseqüentemente, a violência estereotipada acaba por influenciar na formação de concepções direcionadas à estigmatização e ao preconceito, ocorrendo uma total indiferença social, onde se clama mais pelo extermínio ou prisão desses adolescentes infratores, do que por sua ressocialização e integração à sociedade.

Segundo Velho (2000, p. 37-38) o que há de comum entre os sentimentos de evitação e indiferença, talvez seja a dissolução da ética do compromisso comum a ambos quando dizem não à participação, consistente em uma espécie de pleito “cidadão” pelo direito de ir e vir, à diversão, ao consumo sem ser importunado, criar os filhos, comprar o carro do ano sem ser molestado, tudo isso avivado por recentes incursões turísticas à Europa, onde essa gentalha não importuna ninguém.

As concepções que se têm de determinado fato apresentam-se mediante a construção da opinião pública e seu poder de persuasão. Assim, o clima de insegurança retratado pela mídia, no que tange à violência criminal, assegura a manutenção do ideal dominante, dominadora de legitimidade para decidir e “julgar” aquele que oferece perigo à sociedade e qual o melhor caminho para eliminá-lo visando pela efetivação da segurança pública.

Segundo Baratta (2002) ocorreu uma mudança de paradigma do pensamento criminológico no momento em que se passou a reconhecer que a criminalidade é, também, construída pelos meios de comunicação.

De acordo com Michaud (2001, p. 49-50) “não são tanto as violências efetivas que contam, mas sim o que delas ficamos sabendo e imaginamos... O que

conta não é a realidade vivida, mas o que ficamos sabendo e o que a mídia deixa ver”.

Pastana (2003, p. 130) afirma não ser possível dar legitimidade à “opinião pública”, pois pública é apenas a sua propagação, expressando que “[...] essa opinião não traduz o pensamento de toda a sociedade, e mesmo aqueles que comungam desta opinião podem estar reproduzindo uma ideologia de dominação”.

A execução de atos infracionais, por meio de violência ou grave ameaça, envolvendo a morte de jovens da classe média e alta, destaca o tratamento dado pela mídia aos casos, fazendo gerar profundo sentimento de comoção social, merecendo ênfase e destaque por vários dias. No entanto, nos subúrbios, os adolescentes morrem diariamente, muitas vezes não aparecendo ou não havendo destaque nos jornais, representando, muitas vezes, um alívio para a sociedade a anulação que gera a morte desses jovens. Jovchelovitch (2000) aborda o poder atual da mídia sobre as representações sociais:

A análise do conteúdo dos jornais e revistas sugere um sistema coerente de representações presentes na imprensa. De um lado, este sistema se nutre de padrões culturais e elementos históricos da sociedade brasileira e, nessa medida, reproduz sentidos que fazem parte do imaginário social do país. De outro lado, a mídia difunde e transforma estas representações pelo próprio ato de pô-las em circulação. Em meio a conversações cotidianas, a rumores e comentários que se produzem quando sujeitos sociais apropriam o conteúdo da mídia, este sistema representacional se abre para possível transformação.

Baratta (1994, p.21), enfatiza que há um perfil presente no senso comum que é fortemente reforçado pela Mídia, recaindo sobre as estratificações sociais mais humildes, sendo estes os “clientes preferenciais” do sistema penal. Desta forma, a desigualdade social encontra justificativa, no sentido de que “os menos privilegiados teriam, na sociedade, o lugar que merecem”.

A discussão sobre a redução da maioridade é amplamente explorado pela mídia, dificilmente chegando a um ponto comum e esquecendo-se de discutir sobre o sistema ressocializador no país e o próprio conteúdo do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Chama-se especial atenção para a necessidade de comoção social, para a resolução das tragédias cotidianas, o despertar para a solução de problemas que incomodam a sociedade, as representações coletivas, presentes no imaginário da população, sem a devida análise do contexto social do delinqüente, das contribuições próprias à situação e os reflexos que possivelmente recaem em si própria.

3.2- Percepção dos juristas quanto à redução da imputabilidade penal

A maioridade penal, segundo o sistema jurídico vigente, se dá aos 18 anos de idade. Essa norma encontra-se inscrita no artigo 27 do Código Penal; no artigo 104 caput do Estatuto da Criança e do Adolescente; e no artigo 228 da Constituição Federal.

De acordo com Jorge (2002), o legislador manteve-se fiel ao princípio de que a pessoa menor de 18 anos não possui desenvolvimento mental completo para compreender o caráter ilícito de seus atos, ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, erigindo, inclusive, o dogma constitucional (CF, art. 228). Adotou-se o sistema biológico, em que é considerada tão-somente a idade do agente, independentemente da sua capacidade psíquica.

Saraiva (1998, p. 157), grande defensor do Estatuto da Criança e do Adolescente como a mais eficaz legislação para a reintegração do adolescente

infrator à sociedade, indaga se a solução no combate à criminalidade, em especial nos grandes centros urbanos, passa pela redução da idade de imputabilidade penal hoje fixada em 18 anos. Ele apresenta argumentos que suscitam dúvidas quanto à redução da imputabilidade, pois, para é cada vez mais crescente o número de adultos que utilizam os adolescentes em suas ações criminosas para serem acobertados e que isso impede a efetiva e eficaz ação policial.

Bitencourt (2004, p. 45) enfatiza o tema referindo àqueles que preconizam a redução do limite, sob a justificativa da criminalidade crescente, que a cada dia recruta maior número de menores, e que não consideram a circunstância de que o menor, ser ainda incompleto, é naturalmente anti-social na medida em que não é socializado ou instruído. O reajustamento do processo de formação do caráter deve ser cometido à educação, não à pena criminal.

Dallari (2001, p.72) afirma que a redução da idade de responsabilidade penal trará mais prejuízos do que benefícios à sociedade, pois jogará definitivamente no mundo da criminalidade, adolescentes que, se receberem a aplicação das medidas sócio-educativas, inclusive privação da liberdade nas condições previstas na lei, estarão sendo preparadas para a convivência pacífica e respeitosa.

Massa (1993, p. 126-127) argumenta que é dever dos que se incumbem da abordagem jurídica do tema separar minuciosamente as verdades das crenças e verificar as conseqüências da implantação das sugestões ora analisadas no universo das crianças e dos adolescentes, na sociedade como um todo e na estrutura do Estado, em face dos deveres constitucionais e das possibilidades efetivas. Esse procedimento preliminar torna-se necessário na medida em que o

impacto desejado da norma penal na sociedade deve ter correspondência com a efetividade material e eficácia alcançadas.

De acordo com Bitencourt (2004, p. 44), para se admitir a redução da idade para a “responsabilidade penal”, exige-se competência e seriedade, aspectos nada comuns no tratamento do sistema repressivo penal brasileiro com um todo. Antes de punir o menor que é usado como instrumento da prática criminosa, deve-se ampliar a punição exatamente do maior que utiliza daquele para alcançar seu desiderato criminoso.

Sady (2003, p. 66) apud D´Urso (2003) sugere que a criança e o adolescente com idade entre 12 e 18 anos precisariam ser submetidos a um exame multidisciplinar, que obedeceria a um “critério biospsicológico”, para avaliar se eles “entenderam o caráter criminoso de sua conduta”. Se o adolescente já possui um desenvolvimento físico e mental suficiente, deveria responder por seu ato criminoso, como se fosse maior.

3.3- Percepção dos funcionários do CAJE quanto à redução da maioridade penal

Os funcionários do CAJE foram questionados a respeito da necessidade da implantação das propostas de redução da maioridade penal. Informaram sobre a possibilidade de que com a redução da maioridade penal os jovens se sentiriam atemorizados apenas no princípio, mas que após, o processo representaria o passaporte para que, cada vez mais cedo, se iniciassem em instituições congêneres.

Afirmaram ainda, que a verdadeira política de implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o apoio dos setores sociais às casas de semi- liberdade e o suporte estrutural às famílias dos internos, constituem o caminho para o alcance das metas pertinentes à ressocialização. Sustentam, ainda, tratar-se a juventude de um período de formação, amadurecimento e desenvolvimento pessoal, carecedor de investimentos.

Para os crimes mais graves, alternativamente à simples proposta de redução da maioridade de 18 para 16 anos, acreditam ainda dever viabilizar-se um estudo do Estatuto para aplicação de medidas e procedimentos diferenciados, a fim de proporcionar a ressocialização e pronta resposta aos clamores sociais. Não obstante, acreditam que dependendo do rigor a ser aplicado, os setores da instituição responsáveis pela ressocialização destes adolescentes em especial, possivelmente poderiam temer represálias, advindas do comportamento dos internos, comprometendo a ordem do estabelecimento institucional.

De acordo com as informações prestadas pelo assessor da direção do CAJE, Sr. Edilson Carlos Guimarães, “busca-se a cada dia, a melhoria no

atendimento, visando garantir o objetivo da ressocialização dos internos”. Não obstante, enumerou as dificuldades que reduzem o pleno alcance dessas

metas, tais como a capacidade de lotação e o número de atendimentos hoje realizados, a dificuldade na separação dos internos segundo os critérios legais, sobretudo nos casos de ocorrência de rivalidade entre os infratores. Há o comprometimento do desenvolvimento satisfatório das atividades ressocializadoras, sendo insuficientes para um bom atendimento, face à deficiência no espaço físico, na carga horária e no quadro pedagógico, eis que precisam ser implementadas em períodos diversos.

Segundo as assistentes sociais, Simone e Marisa, atendentes da ala M4, a estrutura para o atendimento ressocializador ainda é precária. Citam a deficiência no atendimento das oficinas, a carência de tratamento para atender dependentes químicos, suporte estrutural às famílias dos internos. Apontam a falta de imposição de limites aos jovens e a perda de autoridade dos pais para com os filhos como fatores de causa que conduzem à prática de atos infracionais. Acreditam que a discriminação do tempo de internação deveria variar segundo o tipo de infração, devendo ser levados em consideração o comportamento e a estrutura

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