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As primeiras aproximações com os discentes Momentos de estabelecimento de

No documento A Sequência Fedathi na deficiência visual (páginas 78-81)

O trabalho com crianças deficientes sejam cegas, surdas, deficientes intelectuais, vai exigir do docente uma postura diferenciada, que começa pela aproximação e estabelecimento de vínculos com essas crianças.

Para Vygotsky a aproximação professor/aluno não deve ser uma relação de imposição, mas, sim de cooperação, de respeito e de crescimento. O discente deve ser visto como um ser interativo e ativo no seu processo de elaboração do conhecimento. O docente por sua vez necessitará adquirir um papel fundamental nesse processo, como um sujeito mais experiente. Por essa razão cabe ao professor considerar o que o aluno já sabe, sua bagagem cultural é muito importante para a elaboração da aprendizagem. O docente passa a ser o mediador da aprendizagem facilitando-lhe o domínio e a apropriação das diferentes ferramentas culturais.

Vygotsky (1997) enfatiza que as leis que regem o desenvolvimento com o discente com algum dano físico ou mental e do aluno considerado “normal” são as mesmas. Para o desenvolvimento das funções não se apresentam diferenças entre crianças cegas, ou de boa visão, as forças do desenvolvimento se fazem dinâmicas, e tratam de procuram através da compensação superar as inseguranças impostas pela deficiência. Para crianças com deficiência visual a compensação está na linguagem na experiência social e na relação com as pessoas de boa visão. Assim, as relações sociais são de fundamental importância para a criança cega superar o impedimento orgânico e seguir o curso do seu desenvolvimento (Vygotsky, 1997)

Ao iniciarmos as intervenções propriamente ditas com os discentes da pesquisa tivemos a preocupação de realizar encontros pré-iniciais para estabelecimento de vínculo, já que éramos pessoas estranhas e que as crianças cegas não identificavam nossas vozes. O objetivo foi de manter os primeiros contatos com as crianças e passar a segurança necessária para eles confiem no nosso trabalho e colaborem.

Ilustração 21 – Criança trabalhando com Ilustração 22 – Criança trabalhando com palitos Material adaptado e dados adaptados

Fonte: Acervo da autora Fonte: Acervo da autora

De início oferecemos aos alunos atividades de brincadeiras lúdicas com objetivo de aproximação com discentes, os jogos eram desenvolvidos com material concreto e oferecidos para os discentes de acordo com a idade e do nível de escolaridade.

Para Cavalcante (2001, p. 28) é fundamental para criança experimentar:

“[...] aprendizagens significativas na construção de conhecimento importante e necessária ao seu crescimento como pessoa, adquirido a partir de experiências concretas, exploratórias, funcionais, fundamentadas num caráter lúdico [...]

Durante as atividades de estabelecimento de vínculo fizemos brincadeiras, jogos de dados, no qual a criança jogava o dado e representava a quantidade em objetos (fichas, palitos, miniaturas) e ao chegar ao numero dez (10) teriam que fazer uma troca por outro objeto. Então já que íamos trabalhar os conceitos através dos palitos fizemos uma adaptação a cada dez (10) palitos lisos trocávamos por um palito com textura diferente. De inicio as atividades eram de dupla a pesquisadora e um estudante, e logo após fizemos com o grupo todo. Ao termino de cada jogo as crianças percebiam que estavam fazendo grupos de dez, elas sentiram-se a vontade de trabalhar com material adaptado e não apresentaram dificuldades.

É necessário ressaltar que para criança com deficiência visual cabe a escola e ao professor estabelecer vínculos com os discentes objetivando produzir condições de aprendizagem. Para Gil (2007, p.17) ao partir dos “próprios caminhos perceptuais [das pessoas com deficiência visual], o educador pode oferece-lhes oportunidades para entrarem em contato com novos objetos, pessoas e situações e assim, saber ou (aprender)”.

Pressupõe-se que diante das interações que ocorrem no processo de ensino e aprendizagem a mediação e a afetividade são fatores de “grande importância na determinação da” natureza das relações que se estabelecem entre o sujeito e os diversos objetos de conhecimento [...] (LEITE 2006, p. 465) Sendo assim acreditamos que as o estabelecimento os vínculos quando estabelecidos com qualidade e com confiança os discentes tendem para uma aprendizagem direcionada para o sucesso.

O autor ainda enfatiza que “podemos dizer que a afetividade constitui-se como um fator de grande importância na determinação da natureza das relações que se estabelecem entre os sujeitos (alunos) e os demais objetos de conhecimento (áreas e conteúdos escolares), bem como na disposição dos alunos diante das atividades propostas e desenvolvidas”. É possível, assim, afirmar que a afetividade está presente em todos os momentos ou etapas do trabalho pedagógico desenvolvido pelo professor, e não apenas nas suas relações com o aluno. (LEITE, 2006, p. 466)

Nesse caso o trabalho docente e o professor pautado numa prática que enseje a afetividade o relacionamento harmônico entre as partes docente x discente, poderá vir tornar-se uma referência na constituição da individualidade dessas crianças com deficiência, devido a postura docente frente à atenção individualizada, a práticas não excludentes acredita-se que o processo de ensino e aprendizagem passam por estágios de acréscimos pleno de elaborações favorecendo assim a criança cega um desenvolvimento satisfatório.

Para Miranda (2008) a interação professor-aluno ultrapassa os limites profissionais e escolares, pois se trata de uma relação que envolve sentimentos, deixando marcas para toda a vida. Em sala de aula a postura do professor como mediador do conhecimento vai favorecer essa interação entre as partes e despertando desejo aos discentes em participarem, colaborarem com as aulas, enfim de se apropriarem dos conteúdos mediados pelo professor não com resistência, mas despertando a curiosidade e o desejo de aprender.

No que diz respeito à prática educativa com deficientes visuais pela nossa prática de sala de aula é possível observar que essas crianças muitas vezes chegam à escola, inseguros, imaturos, indefesos, necessitando que nós docentes desenvolvamos um olhar diferenciado para o desenvolvimento trabalho pedagógico, procurando entender as necessidades individuais de cada um deles.

No documento A Sequência Fedathi na deficiência visual (páginas 78-81)