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A base tecnológica tradicional, predominante no período anterior à reestruturação do setor siderúrgico, correspondia à operação de usinas integradas na produção de aços planos e de usinas semi-integradas22 (com fornos elétricos) na produção de aços longos comuns.

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As usinas de aço podem ser classificadas de acordo com seu processo produtivo, isto é, sua rota tecnológica. De acordo com o IBS, as usinas denominadas integradas partem do minério de ferro e

Apesar dessa preponderância da tecnologia de altos-fornos, atualmente vem se observando uma forte expansão da tecnologia de aciaria elétrica, através do modelo de usina denominado mini-mill23. Tal fato se deu em função de vários aspectos, dentre os quais, a elevação dos custos energéticos (carvão mineral e petróleo) e aumento da importância das questões ambientais.

Segundo DE PAULA (1998), o termo mini-mill aplica-se à rota tecnológica, uma combinação de forno elétrico a arco, lingotamento contínuo (este último utilizado como indicador de modernização tecnológica), aliados à utilização de práticas gerenciais e não ao tamanho da usina propriamente dito. As mini-mills caracterizam-se por reduzirem a escala mínima eficiente de operação de uma usina, pelo baixo capital investido, pela maior adaptabilidade ao mercado e pelo estilo gerencial próprio.

operam as três fases básicas do processo de fabricação do aço, ou seja, redução, refino e laminação. Já as usinas semi-integradas ou mini-mills operam apenas duas fases do processo de fabricação do aço: o refino e a laminação. Tais usinas partem do ferro-gusa, ferro esponja ou sucata metálica, adquirida de terceiros, para transformá-las em aço em aciarias que utilizam fornos elétricos. Existem ainda as chamadas unidades não integradas, que operam apenas uma fase do processo; a redução, no caso dos produtores de ferro-gusa, os chamados guseiros e, a laminação, ou relaminadores, que utilizam placas e tarugos, adquiridos de usinas integradas ou semi- integradas e os que relaminam sucata.

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Segundo o ANDRADE, CUNHA & GANDRA (2000), as mini-mills são usinas que operam aciarias elétricas e que têm como matéria-prima principal a sucata. Suas características mais relevantes relacionam-se ao baixo capital investido e ao menor volume de produção. Tais empresas são competitivas no atendimento de mercados específicos, pois podem operar com escalas reduzidas (cerca de 500 mil t/ano) e apresentam maior flexibilidade para redirecionar o volume de produção e a utilização de insumos de acordo com as necessidades do mercado.

A base da expansão alcançada pelas mini-mills reside na conjugação de elementos envolvendo inovações tecnológicas, necessidades de mercado, melhoria de qualidade, custo, questões logísticas e ambientais. No Brasil, seu crescimento foi de cerca de 39% no período 1992/97. No gráfico 2, a seguir, é apresentada a participação das rotas tecnológicas na produção brasileira de aço.

GRÁFICO - 2 Participação das Rotas Tecnológicas Na Produção Brasileira - 1997 FONTE: IISI, In: ANDRADE, CUNHA & GANDRA (1999: 18)

Dentre as vantagens competitivas apresentadas pelas mini-mills, deve-se destacar: menor custo de investimento, menor impacto ambiental, flexibilidade na utilização de matérias-primas, maior produtividade da mão-de-obra, custo operacional reduzido e redução da escala mínima ótima de produção.

Durante muito tempo, as mini-mills produziam apenas aços longos comuns. No entanto, a difusão de uma tecnologia denominada thin-slab-casting24 possibilitou a tais empresas fabricarem produtos planos, a partir de aciaria elétrica. Dessa forma, as mini-mills passaram a avançar sobre o reduto das usinas integradas, ou seja, os aços planos.

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Para maiores detalhes sobre a tecnologia thin-slab-casting, ver DE PAULA (1998)

Forno Elétrico 20% Alto-forno 78% Conv. Siemens- Martin 2%

Em algumas circunstâncias, a implantação de novos projetos de grandes usinas integradas vem perdendo competitividade em relação às mini-mills. Entretanto, é importante salientar que o processo tecnológico a ser utilizado em determinada região depende fundamentalmente de questões logísticas, envolvendo disponibilidade e custos de transporte e dos principais insumos e investimentos, que são inerentes a cada região.

Um bom exemplo disso é o Brasil, onde as mini-mills são menos viáveis em função dos baixos custos do minério de ferro e do elevado consumo de energia elétrica por esse tipo de tecnologia, o que resulta em vantagem competitiva para as usinas integradas. No entanto, a tendência não é de construção de novas usinas integradas, mas sim de um melhor aproveitamento das instalações existentes. A seguir, na quadro 9, será apresentada uma comparação entre as rotas tecnológicas integrada e mini-mills.

QUADRO 9

Comparação das Rotas Tecnológicas

USINAS INTEGRADAS MINI-MILLS

Insumos Minério de ferro, coque ou carvão vegetal Sucata, ferro-esponja, pelotas, ferro-gusa Capacidade de Produção Larga escala 2 a 10 milhões de t/a Pequena escala 100 mil a 1 milhão de t/a

Tecnologia Fluxo longo

Coqueria, sinterização, alto- forno, lingotamento, laminação

Fluxo mais curto Aciaria, lingotamento

contínuo, laminação Produtos Toda variedade de aços planos,

longos e especiais

Mix limitado de aços longos; crescendo a produção de aços planos Mercados Doméstico e global Doméstico e local Investimento

(Custo de Capital)

Alto

acima de US$ 900 /t/a

Baixo (2 a 3 vezes menor) de US$ 300 a US$ 500/t/a

Custo Operacional Menor Maior

Energia Consumo de energia bruta (por t

de aço líquido) consumo de energia elétrica consumo até a obtenção do produto final

2 vezes maior que a mini-mill

180 kWh/t 540 kWh/t 60% da energia necessária à usina integrada Produtividade do Capital (Valor Agregado/US$ Mil Investidos)a 0,121 0,213

Impacto Ambiental Alto Baixo

FONTE - BNDES e Gazeta Mercantil, In: ANDRADE, CUNHA & GANDRA (1999: 16).

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