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4 OS PIBID’S NA ESCOLA: OS SUJEITOS E AS RELAÇÕES COTIDIANAS NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM.

4.3. As múltiplas interações entre os sujeitos participante do PIBID: reflexões sobre as relações interpessoais no ambiente escolar.

4.3.3. As relações interpessoais: Os Bolsistas de Iniciação à Docência.

As observações de campo e os relatos dos bolsistas IDs mostra que o contato estabelecido entre os membros desse grupo é, em grande parte, de cordialidade e cooperação, o que favorece de forma positiva a construção do conhecimento e o processo de formação docente dos envolvidos.

Divididos entre as atividades realizadas na escola e aquelas que ocorrem na Universidade, o laço de parceria se demonstra de forma consistente. A cada semana, os bolsistas se reúnem na escola com o supervisor e na Universidade com o professor supervisor e o coordenador de área. Dessa forma, estão sempre em contato uns com outros. Já o contato com bolsistas de outros subprojetos se dá nos momentos de atividades interdisciplinares e em alguns casos em eventos acadêmicos.

Alguns relatos expostos nesse subitem nos permitir refletir alguns aspectos dessa relação. A começar as falas a seguir demonstram as situações de cooperação e cordialidade entre os bolsistas de um mesmo subprojeto.

A nossa relação é muito boa. Primeiro, porque já nos conhecemos do próprio curso lá na Universidade. Depois, estamos sempre em contato aqui na escola. A gente vem junto em dia de reunião, vive os espaços da escola juntos também. Tipo, sentar nos banquinhos, ir pra sala dos professores... observar a escola e tal. Poucos são os momentos em que estamos vivendo o PIBID sozinhos. Nunca me desentendi com nenhum dos meus colegas. Logicamente que deve ter acontecido de chamar a atenção um do outro, mas nada no sentido de desentendimento não. (Bolsista ID, Liceu do

Conjunto Ceará).

Eu vejo que nosso grupo é muito coeso. A maioria de nós já se conhecia. No começo, quando fomos fazer a seleção era um torcendo pelo outro. Então, já chegamos na escola com um grau de familiaridade uns com os outros. Logicamente que todo trabalho em grupo tem alguns atritos, mas acredito que seja na tentativa de fazer a coisa funcionar. Até agora não tivemos complicações uns com os outros não. Se a gente chamou atenção um do outro foi por pouca coisa, tipo, “acho que isso aqui não vai funcionar em tal atividade” ou “porque tu não faz assim, assado...” Entendeu? Sempre na intenção de ajudar e ser ajudado. (Bolsista ID, Liceu do Ceará).

Nota-se que as atividades propostas pelos subprojetos exigem a prática de um trabalho em grupo, o que faz com que os bolsistas IDs exercitem a cordialidade uns com os outros. Tais atitudes acabam se refletindo na sua conduta individual enquanto bolsista, bem como na sua formação docente.

Considerando que os sujeitos envolvidos no Programa têm suas próprias personalidades, e que este fator deve ser levado em consideração, a troca de experiência entre eles influencia na construção de uma relação de confiança, o que torna a escola um ambiente de trabalho favorável ao bom desempenho de todos. As questões pessoais trazidas por cada um, faz parte de uma relação afetiva que se dá entre os bolsistas.

O relacionamento interpessoal desses bolsistas é mais importante que as atividades realizadas individualmente por eles. Quando eles trabalham numa relação harmoniosa, a sinergia gerada é compartilhada por todos, proporcionando um ambiente adequado à realização das atividades propostas.

O contato que se estabelece com os bolsistas dos diversos subprojetos também se dá de forma tranquila e cordial. Nas atividades interdisciplinares que se propõem a fazer, os bolsistas chegam a se reunir, cada equipe com suas ideias, e a partir dali, planejam a melhor forma de executa-las conjuntamente. Intermediados por seus supervisores, a divergência de ideias que possa surgir é sempre discutida com o objetivo de chegarem a um acordo comum.

Até agora poucos foram os momentos em que a gente teve na presença de outros bolsistas. Digo isso pensando na realização de atividades, tá?! Mas quando aconteceu, não teve nada de negativo não. A gente discutiu a proposta, colocou as formas de como cada um poderia abordar o tema e a partir daí pensamos nas ideias. Fora isso, não tenho lembrança de um contato maior não. (Bolsista ID, Liceu do Ceará)

A relação estabelecida entre os muitos bolsistas atuantes nas duas escolas, quando acontece, proporciona interação, trocas de experiências e diálogos entre os sujeitos, possibilitando ainda a livre expressão de todos, por meio da exposição de suas ideias e, também, do confronto de opiniões.

No entanto, a partir do momento em que consideramos as habilidades e competências de cada um, em particular, vemos que alguns bolsistas se sobressaem a outros. Como em todo grupo homogêneo – aqui no caso de serem todos bolsistas IDs – existem aqueles com espírito de liderança, outros são mais tímidos para falar em público e ainda há aquelas com personalidade mais forte e acentuada, não necessariamente como um líder.

Cada indivíduo constrói seu próprio sistema de valores, que se integra à sua identidade, logo, sua identidade é formada através do meio em que se vive, das pessoas com quem se relaciona e principalmente da ideologia no qual está submergido. E estes valores muito influenciam em nossa conduta.

Como foi possível perceber em campo, cada subprojeto possui um bolsista ID que, mesmo não existindo a categorização de líder no interior do grupo, é visto como um representante dos demais. Este, está sempre fazendo as atas de reuniões junto com o supervisor, é o que toma iniciativa nas atividades elaboradas, é aquele que auxilia na comunicação, circulando avisos e informações necessárias. Da mesma forma, os subprojetos possuem bolsistas mais tímidos, que pouco falam e pouco se colocam. É perceptível o nervosismo na fala, durante as atividades, e até mesmo na própria conduta tímida que desenvolvem – olhar não direcionado, por exemplo.

Atentando para as individualidades de cada um, os bolsistas IDs empreendem, muitas vezes, o que Nascimento (2002) definiu como conflito latente. Ou seja, de forma inconsciente, eles disputam espaços na escola na medida em que uns se colocam mais que os outros, ganhando muitas vezes maior visibilidade, sendo reconhecido pelo nome por outros professores e funcionários da escola, por exemplo.

Diante disso, é boa a relação entre bolsistas, que vai fazer com que as soluções dos problemas sejam encontradas mais facilmente. A relação de que trato aqui não é a intimidade familiar, mas é aquela em que ocorram trocas na socialização de saberes, nas metodologias que dão certo e nos procedimentos mais adequados adotados nas atividades desenvolvidas. Esta relação faz com que informações sejam compartilhadas, produzindo soluções para possíveis problemas que venham surgir no dia a dia do PIBID na escola.

4.3.4. As relações interpessoais: Professores Supervisores, Bolsistas de