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INTRODUÇÃO AO TEMA

4.2 – ÁREA DE ESTUDO 02: RIO ITUQUARA – MUNICÍPIO DE BREVES

6. ESTADO ATUAL DE CONHECIMENTO

6.1. As Relações Territoriais

Cada sociedade, ou grupo de pessoas, possui, a partir de seus objetivos próprios, posições que delimitam seus respectivos poderes no território, definindo e redefinindo suas territorialidades. Os conflitos reais e latentes entre atores sociais que possuem finalidades diversas, (re)definem os diversos territórios existentes em um espaço, mais ou menos sujeito às interferências, tanto internas como externas, de atores situados em escalas variadas, os quais tentam reorientar os territórios a partir de seus próprios interesses. Contudo, na imagem revelada de um território nem sempre se pode ver o planejamento pretendido pelos diversos atores sociais, o que demonstra a multiplicidade de interesses (multiterritorialidades?) que correspondem a ações político-econômico-sociais de atores que tentam controlar uma determinada parcela do espaço, criando uma superposição de territórios localmente estabelecidos (PALHETA DA SILVA, 2004).

Para Sack,

Territorialidad para los seres humanos es una estrategia de gran alcance geográfico de controlar a las personas y cosas mediante el control de la zona. Territorios políticos y la propiedad privada de la tierra pueden ser las formas más conocidas, pero la territorialidad se produce en distintos grados en numerosos contextos sociales. Se utiliza en las relaciones cotidianas y en las organizaciones complejas. La territorialidad es una expresión primaria geográfica del poder social. Es el medio por el cual el espacio y la sociedad

están relacionados entre sí. Las funciones de cambio de territorialidad nos ayudan a comprender las relaciones históricas entre la sociedad, el espacio y el tiempo (SACK, 1986, p. 13).

Assim, a produção do território, portanto, se dá a partir do espaço, através do uso que a sociedade faz de seus potenciais sociais e ecológicos. No território, os atores sociais ao realizarem suas ações político-econômico-socais territorializam práticas sociais para suas permanências nele. Mas nem sempre as práticas territoriais revelam-se como desejadas por todos os atores sociais no espaço geográfico, muitas vezes, dependem de um conjunto de fatores de negociação e conflitos que envolvem quase sempre mais de um interesse no território. Nesse sentido Sack (1986, p. 26), observa que:

(...) se puede observar que la territorialidad implica el intento por parte de un individuo o grupo de influir o afectar las acciones de otros, incluyendo los seres no humanos. Este es el efecto importante y que hay que destacar en la siguiente definición formal de la territorialidad. (...) territorialidad se define como el intento por parte de un individuo o grupo de afectar, influir, o controlar a las personas, fenómenos y relaciones, delimitando y reafirmar el control sobre un área geográfica. Esta zona se llama el territorio. (...) Una vez más, debe hacerse hincapié en que un lugar se puede utilizar como un territorio en un tiempo y no en otro, es decir, en la creación de un territorio que también están creando un tipo de lugar. Sin embargo, es importante distinguir entre un territorio como un lugar y otros tipos de lugares. A diferencia de muchos lugares comunes, los territorios requieren un esfuerzo constante para establecer y mantener. Son los resultados de las estrategias para afectar, influir, y controlar las personas, fenómenos y relaciones. Circunscribir las cosas en el espacio, o en un mapa, como cuando un geógrafo delimita un área para ilustrar dónde se cultiva, o donde la industria se concentra, se identifican los lugares, áreas o regiones en el sentido ordinario, pero no por sí mismo crear un territorio. Esta delimitación se convierte en un territorio sólo cuando sus límites se utilizan para influir en el comportamiento mediante el control de acceso.

Assim o território torna-se o lócus privilegiado para análise das práticas de gestão territorial ou campo de poder na definição de espaços nos quais melhor se podem evidenciar o uso dos recursos pelos diversos atores sociais que estão em um determinado lugar. É no território que esses atores buscam resolver seus anseios e garantir seus acessos aos recursos, por isso lutam para ampliar as possibilidades de participação efetiva no acesso a determinado recurso ou espaço.

Neste sentido, Claude Raffestin (1993), ao tratar do território e da territorialidade, levanta a questão do poder presente no território, dizendo que:

(...) os homens “vivem”, ao mesmo tempo, o processo territorial e o produto territorial por intermédio de um sistema de relações existenciais e/ou produtivistas. Quer se trate de relações existenciais ou produtivistas, todas são relações de poder, visto que há interação entre os atores que procuram modificar tanto as relações com a natureza como as relações sociais. Os atores sem se darem conta disso, se automodificam também. O poder é inevitável e, de modo algum, inocente. Enfim, é impossível manter uma relação que não seja marcada por ele (RAFFESTIN, 1993, p. 158- 159).

A afirmação se torna significativa ao considerar que, mesmo sem a interferência do poder estatizado, a prática corrente dos atores sociais é de agirem de forma a materializar seus anseios e suas preocupações diretamente no espaço em que vivem, seja limitando o espaço individualmente (privado), seja de forma coletiva (comunal ou grupal), o manejo e a apropriação dos recursos é primordial para que haja a identificação dos territórios. Nesse caso, não se deve pensar que a delimitação de um território ocorre aleatoriamente, pois é sempre produto do desejo e da necessidade de sobrevivência, que acaba por ser a cristalização de todo um conjunto de fatores, dos quais uns são físicos, outros humanos, econômicos, políticos, sociais e/ou culturais.

Deste modo, a territorialidade/territorialização ocorre quando determinado indivíduo ou grupo de indivíduos tomam para si uma dada parcela do espaço, imprimindo poder ou a noção de posse daquele espaço delimitado abstratamente (delimitações mentais), ou concretamente (delimitações concretas, exemplo: muros, cercas etc.). Quando ocorre uma espécie de exclusão, privação e/ou precarização do território como “recurso” ou “apropriação” (material e simbólica) indispensável à participação efetiva de membros de uma sociedade, acontece a desterritorialização do indivíduo de seu território. A desterritorialização está vinculada a uma noção de território ao mesmo tempo como dominação político-econômica (sentido funcional) e como apropriação ou identificação cultural (sentido simbólico) (HAESBAERT, 2004)