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CAPÍTULO III: APOIO INSTITUCIONAL A IDOSOS EM PORTUGAL

3.2 AS INSTITUIÇÕES DE APOIO AO IDOSO NA ACTUALIDADE

3.2.1. As respostas Sociais

As transformações sociais, políticas e económicas, determinaram a necessidade de diversificar a oferta de bens e serviços. Esta necessidade justifica-se pela crescente fragilização dos laços sociais, que se reflecte num aumento das situações de exclusão, que requerem respostas mais específicas, levando à diversificação dos serviços das organizações que prestam apoio a estas populações. Esta diversidade na oferta de bens e serviços efectiva-se em respostas e equipamentos sociais direccionados para diferentes

“tipos” de idosos, distinguidos por grau de dependência (são vários os “instrumentos” de aferição desta dependência, como a tabela MDA31).

Os Serviços de Proximidade32 têm tendencialmente como públicos os idosos com dependência nula a moderada, uma vez que não prestam um serviço de acolhimento permanente, o que não permite o apoio a situações de grande dependência. As situações de grande dependência constituem o alvo da acção das instituições de acolhimento permanente (os Lares e Residências para Idosos). Estas organizações, herdeiras dos antigos Asilos (Fernandes, 1997), distinguem-se por constituírem alojamentos colectivos, que respondem aos casos de incapacidade grave que impedem a manutenção no meio social de origem. A incapacidade estende-se desde a dependência por motivos de saúde, sendo o caso dos “acamados” o que concentra maiores recursos técnicos e económicos (a mais onerosa das valências).

As respostas sociais direccionadas para a velhice são maioritárias, perfazendo 51,1% de todas as respostas sociais existentes. Estas respostas foram, desde a sua criação, evoluindo positivamente de forma gradual, como podemos verificar no gráfico nº 4.

Gráfico nº 4: Evolução das Respostas Sociais para Idosos

0 500 1000 1500 2000 2500 1998 2000 2006

C. Convívio C. Dia Lar SAD

Fonte: DGAS, relatório da Carta Social de 2000 e 2006

Desde 1998 entraram em funcionamento cerca de 2.000 respostas sociais para esta área de intervenção, o que representa um crescimento de 46,8%. De notar igualmente o crescimento dos chamados “serviços de proximidade” (Amaro, 1997),

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Mini Dependance Assessment, ver Anexo G

sobretudo partir do ano 2000. Os “serviços de proximidade” direccionados para a Velhice caracterizam-se por uma institucionalização parcial como é o caso dos Centros de Dia, ou o Apoio Domiciliário.

Neste período de referência (1998-2006), o Serviço de Apoio Domiciliário apresenta a maior taxa de crescimento (75,5%), enquanto que o Centro de Dia representa 40,6%. Este crescimento está associado ao reforço dos apoios públicos que se verificou, em particular, a partir de 2002 (cf. gráfico nº 2). Os Centros de Convívio, apesar de mais antigos, tal como vimos anteriormente não se encontram muito difundidos, muito embora tenham igualmente sofrido uma ligeira evolução positiva em termos quantitativos.

Relativamente às respostas de institucionalização permanente – Lar e residência para Idosos, tal como as restantes respostas, beneficiaram de um maior apoio público, traduzindo-se, igualmente, numa linha ascendente desde 1998, aumentando cerca de 28,4%.

A evolução positiva do número de respostas sociais na área da velhice, reflecte- se, obviamente, no número de pessoas beneficiárias destes serviços, como podemos verificar no gráfico nº 5.

Gráfico nº5: Evolução da capacidade e do número de utentes das respostas sociais para a População Idosa, Continente – 1998-2006

A capacidade instalada e o número de utentes do Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) duplicaram em valores absolutos em relação a 1998, apresentando taxas de crescimento de 104% e 109%, respectivamente. O Lar e Residência para Idosos apresentam valores consideráveis, situando-se nos 26% para a capacidade e 30% para os utentes (Carta Social, 2006).

A valência de Centro de Dia sofreu uma tendência oposta à das valências anteriores, registando um aumento contínuo da capacidade, ao passo que o número de utentes se manteve relativamente estável entre 2002 e 2005, sofrendo em 2006 uma ligeira quebra, que pode indiciar que esta valência, tal como a de Centro de Convívio, poderá não estar a “atrair” a população idosa, que tendencialmente “preferem” o Apoio Domiciliário ou Lar de Idosos

Estes dados são confirmados pela taxa de ocupação (2006), que para estas valências rondam os 85% para o Serviço de Apoio Domiciliário e os 97% para o Lar de Idosos. Em relação à valência de Centro de Dia a taxa de ocupação não ultrapassa os 70%.

Números diferentes apresenta o Centro de Convívio, justificados possivelmente pela fraca implementação nacional da valência, apresentando por isso uma taxa próxima à do Lar para Idosos, ainda assim inferior ao ano de 2005, que apresentava uma situação de sobrelotação (embora muito próxima dos 100%), reforçando a tendência parauma redução da atractividade desta resposta social33.

Gráfico nº 6 – Dispersão das principais respostas sociais por distrito Continente – 2006 0 50 100 150 200 250 300 Aveir o Beja Braga Brag ança Caste lo Br anco Coim bra Évor a Faro Guar da LeiriaLisbo a Porta legre Porto Sant arém Setúb al Vian a do Cas telo Vila Real Viseu

C. Dia Lar SAD

Fonte: Relatório da Carta Social (2006)

Neste gráfico ressalta, desde logo, a importância do Apoio Domiciliário como a resposta social maioritária em todos os distritos, exceptuando o caso do Distrito de Portalegre. A maior concentração urbana parece estar associada a uma maior concentração de respostas sociais. Lisboa e Porto, encabeçam a lista de distritos com maior número de respostas, constituindo, curiosamente, as cidades com menor índice de envelhecimento, bastante inferior à média nacional (17,3%)34. No caso da Guarda, um dos distritos com

maior número de respostas sociais, é igualmente um dos distritos com maior índice de envelhecimento (25,2%), ultrapassado neste ponto pelo Distrito de Castelo Branco, com um índice de envelhecimento de 25,5%35, no entanto, este é um dos três distritos com um menor

número de respostas sociais direccionadas para a Velhice, que serão objecto de análise no próximo Capítulo.

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Fonte: INE Recenseamento Geral da População, Censos 2001

CAPÍTULO IV – TERRITÓRIOS ENVELHECIDOS: O CASO DO

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