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2.3 O S PRECEITOS DO RCM

2.3.2 As sete questões básicas do processo RCM

Segundo Moubray (1997), o processo RCM alcança seus objetivos através da obtenção de respostas precisas e satisfatórias para as sete questões listadas a seguir, respeitando a ordem em que são apresentadas.

1. Quais são as funções e padrões de desempenho associados de um ativo no seu contexto operacional atual? – Funções e padrões de desempenho.

2. De que forma ele pode falhar em cumprir suas funções? – Falhas funcionais. 3. Quais eventos levam a cada falha funcional? – Modos de falha.

4. O que acontece quando cada falha ocorre? – Efeitos da falha. 5. De que forma cada falha importa? – Consequências da falha.

6. O que pode ser feito para predizer ou prevenir cada falha? – Tarefas proativas e intervalos das tarefas.

7. O que deve ser feito caso uma tarefa proativa adequada não possa ser encontrada? – Tarefas padrões.

Segundo Clarke (2001), as cinco primeiras questões do RCM podem ser respondidas através da realização da aplicação do método de Análise dos Modos de Falha e Efeitos (FMEA). Ao se realizar o FMEA corretamente, todas as funções (questão 1) e falhas funcionais (questão 2) e os padrões de desempenho do ESC que está sendo analisado serão identificados.

A terceira questão visa identificar todas as causas possíveis (modos de falha) que podem provocar a perda das funções identificadas. Experientes analistas do RCM clássico não procuram identificar todos os modos de falha possíveis para cada falha funcional, mas avaliam a probabilidade de ocorrência e gravidade da consequência. Também é importante identificar modos de falha em um nível apropriado de causa, ou seja, a um nível de análise que permite o quanto possível, encontrar uma “causa raiz” para o modo de falha, não apenas mais um sintoma a ser tratado (Técnicas de apoio à identificação de “causa raiz” podem ser empregadas).

A quarta questão (efeitos de falha) identifica o efeito físico da falha, caso venha a ocorrer, sem que nada tenha sido feito para preveni-la ou predizê-la. Os principais aspectos a serem considerados nesta etapa consistem em identificar quaisquer possíveis efeitos sobre a segurança, o meio ambiente, operações e custos de manutenção.

A quinta questão do RCM consiste em apurar as consequências ou impacto destes efeitos de falha sobre a operação. Até aqui as questões básicas do RCM podem ser respondidas com a correta aplicação do FMEA. É, portanto, nesta quinta questão que a parte “verdadeira” do processo RCM realmente começa, através da classificação das falhas apuradas. Todos os processos RCM classificam falhas funcionais como falhas ocultas ou falhas evidentes. Falhas ocultas são falhas funcionais que não estão evidentes para os operadores em circunstâncias normais, e normalmente envolvem algum tipo de dispositivo de proteção que não é "à prova de falhas". São características das falhas ocultas não terem nenhuma consequência direta por si só, e somente impactam na função do sistema quando ocorre alguma outra falha (por exemplo, a falha de um extintor de incêndio em operar, só vai

impactar se houver fogo). Falhas evidentes são geralmente classificadas como tendo consequências diretas para segurança, ao meio ambiente, consequências operacionais ou não.

Uma falha funcional com consequências a segurança é aquela que poderia causar a perda de vidas humanas ou ferimentos, falhas com consequências ambientais são aquelas que podem causar a violação de uma norma ou regulamento ambiental, gerando impactos ao meio ambiente. Falhas com consequências operacionais envolvem perdas de capacidade operacional ou custos adicionais não previstos com retrabalhos, perdas materiais, reparos ou mitigação das consequências, enquanto consequências não operacionais envolvem falhas cujo único impacto é o custo direto de reparo do item. Determinar claramente as consequências da falha é fundamental para o processo RCM, pois é a consequência das falhas que qualquer política proposta de gestão de riscos deve tratar muito mais do que a falha em si.

A sexta questão envolve políticas proativas de gerenciamento de falhas. Estas incluem o monitoramento da condição do ESC no estado, revisão dos Planos de Manutenção (PM), combinação de tarefas, entre outras. Para esta análise, é importante conhecer o mecanismo de degradação do ESC, ou seja, seu perfil de distribuição de taxa de falha ao longo do tempo. O RCM estabelece critérios para seleção de tarefas e avaliação da "viabilidade técnica" ou "aplicabilidade" dessas tarefas para tratar o modo de falha que está sendo analisado. Com uma análise criteriosa é possível determinar se a tarefa pode de fato impedir ou prevenir a falha analisada, bem como o intervalo que deve ser realizada.

A sétima e última questão do RCM trabalha com as falhas para as quais não se pôde encontrar uma tarefa proativa tecnicamente viável ou que vale a pena investir esforços. Estas são muitas vezes chamadas como "Tarefas padrão", e incluem as tarefas de manutenção corretiva (ou “Rodar até falhar”), reparos decorrentes da manutenção preditiva, inspeções e testes, ou seja, decorrentes do monitoramento do estado ou condição do ESC, muitas vezes empregadas para prevenção de Falhas Ocultas, ou ainda, ESCs que necessitam reprojeto.

Por fim, o RCM estabelece critérios para determinar qual a melhor estratégia de manutenção que deve ser adotada para cada ESC. O principal produto do processo de análise RCM é uma lista de tarefas de manutenção, com intervalos definidos e responsáveis. Essas tarefas propostas são então preparadas para implantação na programação de manutenção ou PMP. A documentação e implantação são os passos finais para formalizar este processo e os seguintes pontos devem ser considerados:

• Análise e tomada de decisão;

• Melhoramento contínuo com base na experiência da manutenção e operação;

• Auditoria clara dos caminhos das ações tomadas pela manutenção e maneiras de melhorá-las.

Uma vez que esteja documentado e implantado, este processo será um sistema efetivo para assegurar operações confiáveis e seguras de um sistema ou equipamento.

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