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Segundo Santos (2009), a inclusão das TIC na educação, a princípio, suscitou expetativas muito mais otimistas do que pessimistas. Criou-se a ideia de que o seu uso como ferramenta cognitiva iria acelerar o desenvolvimento cognitivo e iria substituir o professor, ou seja, as TIC seriam a chave de mudança eficaz e definitiva da nova escola que emerge com a Sociedade do Conhecimento. Ainda assim, hoje temos pleno conhecimento que as TIC são ferramentas poderosas dentro do processo ensino/aprendizagem, mas não podemos fazer delas o ícone de mudança para o novo paradigma das escolas. Segundo a mesma autora (2009):

(…) a utilização qualificada dos computadores, no sistema educativo, reveste-se … de consideráveis benefícios se dirigida, em particular, para a exploração das suas potencialidades, como:

— Instrumentos que enriquecem as estratégias pedagógicas do professor e estimulam, em diversos contextos educativos, metodologias mais incentivadoras da atividade, participação, colaboração, iniciativa e criatividade dos alunos;

— Ferramentas de visualização, simulação, análise, síntese e organização de conhecimentos, suscetíveis de serem enquadradas pelos alunos em estratégias e competências de atuação e de aprendizagem mais adaptadas à crescente intelectualização do trabalho;

— Mecanismos de adaptação dos contextos educativos a características particulares de alguns alunos, tanto no que se refere a estilos de aprendizagem que se apoiam mais dificilmente nos suportes convencionais, como na superação de dificuldades que resultam de deficiências físicas ou psíquicas;

— suportes de atualizações curriculares, nas diversas disciplinas, e em áreas interdisciplinares;

— instrumentos potenciadores da criação de novas dinâmicas sociais de aprendizagem quer em ambientes formais, quer em ambientes informais de aprendizagem;

— mecanismos para a exploração de novas representações do mundo físico e de ligações mais ricas da atividade laboratorial escolar com a realidade experimental;

— sustentáculos de novas estratégias da escola (na agregação de interesses dentro de grupos disciplinares, no suporte a iniciativas transdisciplinares, na ligação da escola com outras escolas e com a realidade social, económica e natural circundantes).

Conforme Tavares (2007), “o indivíduo é perspetivado como uma unidade biopsicossocial” (p. 40), logo, as TIC não poderão nunca substituir as relações sociais, as interações com o meio ou o papel do próprio adulto/professor no processo de aprendizagem e

desenvolvimento humano. Ainda assim, estas poderão ser mais uma ferramenta cognitiva utilizada pelo docente no processo ensino/aprendizagem. Aprender com as TIC exige que o docente seja o catalisador e estas, o instrumento que fará com que os alunos pensem com mais empenho sobre a matéria que está a ser estudada do que pensariam se as não usassem. Assim sendo, as TIC apresentam o potencial para alterar de forma significativa o processo de ensino/aprendizagem. Estas não só proporcionam várias formas de interação social, como também oferecem ferramentas de acesso à informação que podem enriquecer todo o processo de apropriação do conhecimento. Para todos os alunos (especialmente do básico e do secundário), as práticas pedagógicas que utilizam as TIC de uma forma planeada e sistemática permitem:

 o desenvolvimento de uma competência de trabalho, em autonomia, já que os alunos podem dispor, desde muito novos, de uma enorme variedade de ferramentas de investigação;

 um acesso à informação com rapidez e facilidade (um dos seus principais trunfos);

 uma prática de análise e de reflexão, confrontação, verificação, organização, seleção e estruturação, já que as informações não estão apenas numa fonte. As inúmeras informações disponíveis não significarão nada se o utilizador não for capaz de as verificar e de as confrontar para depois as selecionar. A recolha de informações sem limite pode provocar apenas uma simples acumulação de saberes;

 o desenvolvimento das competências de análise e de reflexão;

 a abertura ao mundo e disponibilidade para conhecer e compreender outras culturas;

 o trabalho, em simultâneo, com um ou mais colegas situados em diferentes pontos do planeta;

 a criação de sítios que possibilita que os alunos realizem um trabalho de estruturação das suas ideias; uma organização espacial; uma preocupação estética; uma pesquisa histórica, geográfica e cultural sobre a escola, o local e a região onde habitam e estudam; um registo de sons e imagens; uma tradução em várias línguas.

Num estudo, elaborado por Ramos (1999, cit. in Alves, 2006) com alunos do ensino básico, baseado na utilização de várias tecnologias educativas, foram apontadas ainda as

 o uso das TIC gera entusiasmo, motivação e interesse pelas atividades letivas;

 a comunicação mediada pelas tecnologias não substitui nem diminui o relacionamento direto, antes cria nos alunos a necessidade de conhecer melhor as pessoas com quem interagem;

 as TIC, em articulação com o trabalho cooperativo, contribuem para criar ambientes de aprendizagem que estimulam a comunicação entre os alunos;

 o trabalho conjunto que vise um objetivo comum aumenta o interesse dos alunos em partilhar ideias, sucessos e dificuldades, resultando em ganhos académicos e sociais;

 a interação e a cooperação entre os alunos contribuem também para o desenvolvimento das capacidades de compreensão e expressão orais;

Nesta medida, as TIC e o trabalho cooperativo proporcionam apoio e encorajamento aos alunos com mais dificuldades, aumentando a sua autoestima e ajudando-os a superar os seus problemas sócioafetivos e linguísticos; com o apoio dos colegas, do professor e das tecnologias, os alunos conseguem realizar tarefas cognitivamente complexas; a aprendizagem conjunta estimula o envolvimento dos alunos no seu próprio processo de aprendizagem, aumentando a sua autonomia e responsabilidade na construção do seu próprio conhecimento; o “feedback” construtivo, proporcionado pelos colegas, professor e ajudas tecnológicas, é importante para apoiar os alunos nas suas tentativas de aprender fazendo; o facto de o texto ser produzido para um objetivo específico e ter uma audiência real, aumenta o interesse dos alunos na tarefa; o processador de texto aumenta o interesse dos alunos nas atividades de escrita; porque é fácil corrigir, os alunos são encorajados a fazer correções constantes numa primeira versão do texto escrito: escrevem e modificam tantas vezes quantas as necessárias sem que disso fiquem marcas no papel; a partir da sua própria experiência, os alunos são capazes de escolher, de um modo automático, as ferramentas tecnológicas que melhor se adequam à tarefa que têm de realizar.

Nesta medida, embora as TIC apresentem inúmeras possibilidades à melhoria do processo ensino/aprendizagem, é necessário dar-lhes uma utilização efetivamente pedagógica para que se possam produzir os efeitos desejados, sobretudo quando se pensa na utilização das TIC por parte de alunos com necessidades especiais educativas. As crianças com necessidades educativas especiais são afetadas por múltiplos fatores que dificultam o seu processo de aprendizagem, destacando-se a lentidão, a agressividade e a hiperatividade. Os professores devem ter em especial atenção estas e outras caraterísticas particulares dos seus educandos,

procurando elaborar um currículo individualizado e adaptado a cada um dos casos, para garantir seu o êxito escolar. As potencialidades das TIC podem servir de plataformas fundamentais nas quais os professores se podem apoiar para estimular o desenvolvimento intelectual e multilateral dos alunos com NEE. Uma vez que os últimos necessitam de uma maior plasticidade e adequação das tarefas, o desafio dos professores amplia-se e complexifica-se.

Desta forma, para que os alunos com NEE beneficiem das potencialidades das TIC, é indispensável que haja uma mudança na mentalidade tradicional e na formação dos professores do ensino regular, que deve apostar numa simbiose entre as novas tecnologias e as metodologias inovadoras, uma vez que as crianças com NEE são necessitadas de diversificação ao nível de estratégias e recursos materiais.

O papel das Tecnologias da Informação e Comunicação na