A AIPG caracteriza-se pela sua posição periférica no contexto da cidade de Lisboa, um território desqualificado do ponto de vista urbano, sobretudo ao nível do Espaço Público. A presença de grandes infra-estruturas viárias cruza-se com as antigas estradas, ao longo das quais o tecido urbano foi crescendo. As grandes infra-estruturas que contribuíram para a boa acessibilidade da AIPG, são também barreiras intransponíveis que condicionaram os fluxos pedonais e viários pré-existentes.
Apesar de ter crescido sem um planeamento prévio do conjunto, o presente território de intervenção apresenta alguma diversidade de usos, predominando o carácter habitacional. O principal objectivo do trabalho assenta na leitura do território de intervenção e criação de uma estratégia de forma a estabelecer novas continuidades entre os tecidos urbanos fragmentados e dispersos.
O conceito abordado nesta fase da proposta parte da identificação de dificuldades associadas, fundamentalmente, à rede pedonal, nomeadamente:
x Fragmentação do tecido urbano;;
x Percursos pedonais indirectos e confusos;;
x Mau dimensionamento, manutenção e sinalização da rede pedonal;;
x Desqualificação do espaço público;;
x Difícil atravessamento pedonal das vias em alguns pontos;;
x Excesso de estacionamento à superfície;;
x Descontinuidade das vias.
A estratégia criada parte do conceito de espaço público como espaço de encontro, de lazer, espaço da comunidade, que tem potencial para resolver problemas a nível ecológico e social. Aposta-se na ideia de encontrar novas formas de continuidade ao nível do espaço público.
A intervenção no espaço público tem como objectivo eliminar a sensação de confusão, desconforto, fragmentação dos tecidos urbanos. 2(3UHHVWUXWXUDGRSUHWHQGHLQWHUOLJDUDVYiULDV³LOKDV´GHWHFLGRs urbanos que se encontram separadas por vias rápidas, através de um percurso pedonal contínuo, fluído, aberto, constituído por:
x Estrutura Verde;;
x Nós ou Espaços públicos de referência;;
x Sistema Viário;;
x Novos Equipamentos.
Pretende-se que o SEP criado se ligue com o território urbano envolvente à AIPG, de modo a permitir criar um sistema contínuo na cidade de Lisboa.
A proposta contempla também a integração de frentes de edificado que procuram delimitar e apoiar o espaço público qualificado, trazendo novas vivências.
PONTOS-CHAVE DA PROPOSTA
1 ± CRIAÇÃO DE UMA REDE DE ESPAÇOS PÚBLICOS dedicados à mobilidade suave, associada aos principais eixos organizadores do espaço vazio ± 2ª Circular, Av. do Colégio Militar, Avenida
Nó
0 500 1000m
Fig. 03 01 ± A Proposta para a AIPG. O Percurso pedonal contínuo, fluido, aberto. Fonte: IA.
Espaço Verde Proposto Parque Florestal de Monsanto
Percurso pedonal
Lusíada ± que ligue elementos urbanos de referência neste território. Pretende ser um espaço dedicado à interacção social, ao mesmo tempo que contribui para uma maior permeabilização do solo.
2 ± TRANSFORMAÇÃO DO CARÁCTER URBANO DA 2ª CIRCULAR, através do seu reperfilamento.
O objectivo é promover a ligação da AIPG com o território urbano envolvente, através da inclusão de um transporte público colectivo ± eléctrico ± neste eixo de grande continuidade na cidade de Lisboa, e permitir os atravessamentos pedonais. Este eixo viário cruza-se com a linha de metropolitano no nó C.
C. Colombo, com a linha de comboio Lisboa-Sintra, com o corredor bus na Estrada de Benfica e com os autocarros que circulam na Estrada da Luz, embora não exista um corredor bus em toda a sua extensão. Na próxima fase (Cap. 03 03) será abordado o ³nó´ correspondente à Estrada de Benfica.
identificados, que promovam uma maior continuidade da rede pedonal. São pontos do percurso onde
0 500 1000m
Fig. 03 02 ± A 2ª C e os Transportes Públicos Existentes. Fonte: IA.
autocarros metropolitano comboio
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³Qy´QD$,3
existem as maiores barreiras a nível pedonal, geralmente situados no cruzamento de importantes fluxos pedonais e viários. Estes pontos pretendem também ser lugares de referência e de encontro para o peão, a partir do qual este se dirige para os vários pontos da AIPG, de modo a criar uma rede de espaços públicos de referência.
Foram GHILQLGRVFRPR³QyV´RVpontos estratégicos, nos quais o peão pode desenvolver vários tipos de actividades, espaços públicos de referência e de encontro. O conceito aproxima-se do conceito de cruzamento definido por Kevin Lynch (1982), isto é, lugares geralmente situados no cruzamento de vias, nos quais o fruidor tem de decidir qual a direcção que quer seguir. É neste ponto que ele pára e WRPD PDLV DWHQomR DRV HOHPHQWRV XUEDQRV TXH R HQYROYHP H VmR SRU LVVR ³OXJDUHV-FKDYH´ SDUD R percurso pedonal.
Nó Pontinha | Criou-se um espaço público qualificado de grande dimensão na Pontinha ± o Parque Urbano da Pontinha (cerca de 33,79ha), previsto no PDML, requalificando uma grande área de espaço público. Devido à variada oferta de transportes colectivos ± nova estação de metro da Horta Nova, Fig. 03 03 ± Os Mecanismos de Atenuar Barreiras Pedonais. Fonte: IA.
RV³QyV´
prevista no plano de alargamento do Metro, e proximidade à CRIL ± este ponto foi considerado um ³nó´
neste território urbano. De modo a estabelecer uma maior continuidade pedonal entre a zona norte e a zona sul da Avenida da Cidade de Praga, foi criada uma infra-estrutura sobre o PMOIII, como mostra a fig. 03 05. O novo espaço verde inclui um pólo de actividades desportivas e hortícolas e pretende ser o sítio de encontro dos bairros contíguos. Existe ainda o objectivo de desenhar o colmatar dos diversos bairros envolventes a este novo parque, ao mesmo tempo que é criada uma nova frente para o espaço verde.
Nó C. C. Colombo ² Estádio da Luz | O cruzamento da 2ª C com a Avenida Lusíada ± vias de 1º e de 2º nível, respectivamente ± originou a existência de um viaduto. 1HVWH ³Qy´ IRL SURSRVWRum espaço de estar a uma cota superior, à cota da Av. Lusíada, através de uma infra-estrutura pedonal que interage com os equipamentos existentes. Esta infra-estrutura liga-se ao corredor do segundo piso do C. C. Colombo e permite o acesso pedonal ao Estádio da Luz. Um espaço público de referência, que permite que o peão possa seguir várias direcções a partir dele.
O objectivo é torná-lo numa nova centralidade, proporcionando um fácil acesso aos edifícios públicos existentes, o suporte a grandes fluxos de pessoas em dias de jogos e cruzamento de diferentes modos de transporte ± metropolitano, transporte colectivo rodoviário e ciclovias.
Fig. 03 05 ± Corte esquemático do Parque Urbano da Pontinha. Fonte: IA.
Fig. 03 04 ± O Parque Urbano da Pontinha. Fonte: IA.
Nó Estrada de Benfica ² Av. do Colégio Militar | A Sul foi reestruturado o acesso pedonal e ciclável ao Parque de Monsanto através de uma ponte que se liga à 2ª circular. Nesse ponto foi criada uma nova estação de eléctrico. A passagem aérea toca nos novos equipamentos, para que o edificado possa também servir as pessoas que atravessam a ponte.
O Parque Florestal de Monsanto é o maior espaço verde existente na cidade de Lisboa, e assume uma grande importância na proposta, pela sua proximidade da AIPG. No entanto, a ponte pedonal e cicloviária existente condiciona o acesso a este espaço verde, devido à sua grande inclinação e estreito perfil transversal. Isto provoca uma desconexão entre a AIPG e este elemento urbano de grande importância ± ³SXOPmR´ GD FLGDGH GH /LVERD 3UHWHQGH-se reabilitar esta infra-estrutura de modo a assegurar o acesso a este espaço verde e incluí-lo na rede de espaços verdes criada, potenciando o seu uso pelas pessoas que habitam este pedaço de cidade.
Este ³nó´ será repensado no capítulo 03 02, tendo sido mantidas algumas das intenções desenvolvidas em grupo.
Fig. 03 06 ± )RWRPRQWDJHPGR´1yµGR&&&RORPER. Fonte: IA.
Fig. 03 07 ± )RWRPRQWDJHPGR´1yµ(VWUDGDGH%HQILFD² Av. do Colégio Militar. Fonte: IA.
03 02 01 E
STRUTURAV
ERDEA inserção de grande parte da AIPG na Ribeira de Alcântara (como referido no capítulo 02 03 03) veio dar grande protagonismo à ideia da criação de uma estrutura verde permeável, de forma a requalificar o espaço público existente e a permitir a infiltração das águas pluviais. Para isso, foram requalificados os espaços adjacentes às grandes infra-estruturas, que se encontram desqualificados. O seu papel deixa então de estar associado apenas ao enquadramento das grandes infra-estruturas, segundo o PDML, e passa a ser um espaço de lazer e produção agrícola. Assim, o sistema de espaços verdes criado pretende IXQFLRQDUFRPRXPDUyWXODTXH³une´H³cose´RVWHFLGRs urbanos fragmentados.
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03 02 02 E
STRUTURAV
IÁRIA³A construção ou reconversão de uma infra-estrutura é normalmente uma significativa oportunidade de transformação pela escala de actuação que implica´Lourenço, 2006)
A nível do sistema viário, foi proposto um reperfilamento da Avenida General Norton de Matos (2ª Circular), de forma a torná-la numa avenida com um carácter mais urbano.
A estrutura verde proposta, adjacente à 2ª Circular, tem como objectivo permitir uma maior interacção entre o transporte público proposto para esta via e os habitantes deste pedaço de cidade. Esta passará a incluir no seu perfil o eléctrico, inserido nas faixas mais exteriores da via. Pretende-se que a estrutura
Fig. 03 08 ± ´&RsHUµDV´,OKDVµ. Fonte: IA.
verde invada essas faixas de forma a fundir a via de eléctrico e o espaço verde envolvente, proporcionando um maior conforto na utilização deste transporte público colectivo.
É já existente esta ideia de transformar a 2ª C numa avenida com um carácter mais urbano, tendo sido realizado um estudo da Universidade de Harvard , coordenado por J. Busquets, nesse sentido. Pensa-
se que a criação da CRIL torne possível a diminuição de tráfego existente na 2ªC e possibilite a sua transformação. Por não estar prevista para um futuro próximo e ser necessária uma intervenção mais imediata neste território, ficou para um segundo plano na próxima fase do projecto ± Proposta para a AIP.
Para reforçar a importância da mobilidade neste eixo, foi completada a rede de corredor bus, melhorando o desempenho do cruzamento entre diferentes modos de transporte.
Coredor Bus Linha Ferroviária Estações de Metro
Principais Estações de Bus
Fig. 03 10 ± Cruzamento dos Corredores Bus com os Espaços Verdes. Fonte: IA.
Fig. 03 09 ± Perfil da Avenida General Norton de Matos (2ª Circular). Fonte:
IA.
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STRUTURAE
DIFICADA³Las fachadas de los edifícios constituyen las paredes de las calles´.ahn, 1962: 44)
Inserida numa zonal essencialmente habitacional, a proposta contempla a integração de edifícios públicos que apoiem as áreas de lazer existentes e propostas.
Os novos edifícios pretendem colmatar o tecido edificado existente, criando novas frentes para o espaço público (fig. 03 01).
Através da figura 03 11, consegue perceber-se a relação entre espaço verde, equipamentos e ³nós´ ± espaços públicos de encontro e de referência.
Fig. 03 11 ± Os Edifícios Públicos na AIPG. Fonte: IA.
Equipamentos Edifícios comerciais Nós Espaços Verdes Propostos