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Mesmo se tratando de coleta de dados realizada diretamente do prontuário do paciente, foi elaborado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) como exigência do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFPI e do referido Hospital, que foi assinado pelos familiares dos pacientes sobre a participação dos mesmos na pesquisa (APENDICE B).

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFPI, processo nº 0327.0.045.000-10 (ANEXO A), mediante a autorização da Direção do referido Hospital (ANEXO B) para coleta de dados sendo garantida a confidencialidade, a privacidade, a proteção da imagem, a não estigmatização e a não utilização de informações em prejuízo das pessoas, conforme os princípios norteadores dispostos na Resolução nº 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996).

5 RESULTADOS

As unidades de terapia intensiva (UTI), pela sua própria característica de atendimento de pacientes graves, têm como objetivos (1) prover um suporte de vida para estes pacientes que em sua maioria apresenta falência de órgão e sistemas (2) monitorização continua e invasiva para diagnóstico e tratamento, somando-se, também, realização de cirurgias complexas, uso de drogas imunossupressoras, uso de antimicrobianos de amplo espectro e a realização de procedimentos invasivos, tornam-se local mais propício para o desenvolvimento de infecção no ambiente hospitalar (COUTO et al., 2009).

As duas unidades de terapia intensiva avaliadas neste estudo são direcionadas para o público adulto e idoso, no entanto foi constatada a presença de adolescentes, o que ficou evidente na Tabela 1.

Tabela 1: Perfil sociodemográfico dos pacientes internados com resultado de cultura positivo nas UTI 1 e UTI 2. Teresina-PI, 2011.

Faixa etária n % 14 a 20 06 7,9 21 a 40 23 30,3 41 a 59 26 34,2 60 a 88 21 27,6 Sexo Masculino 43 56,6 Feminino 33 43,4 Ocupação Do lar 20 26,3 Lavrador 15 19,7 Autônomo 14 18,4 Aposentado 13 17,1 Outros 14 18,4 Procedência Teresina 32 42,1 Interior do Piauí 41 53,9 Outros estados 03 3,9

Pode-se constatar, na tabela 1, que a faixa etária predominante é a adulta, o adulto jovem n=23(30,3) com idade entre 21 e 40 anos e adulto com idade entre 41 e 60 n=26(34,2%), e em menor quantidade os adolescentes n=6 (7,9%). A média de idade encontrada é de 48,3 anos e idades mínimas e máximas entre 14-88 anos.

O sexo predominante é o masculino (56%) (tabela 1). O tipo de ocupação mais frequente foi do lar (26,3 %), atividade desenvolvida predominantemente por mulheres, seguida por lavrador (19,7%). Quanto à procedência destes pacientes (tabela 1), a maioria reside no interior do estado 41(53,9%), seguida por pacientes de Teresina 32 (42,1%), no entanto, pôde-se observar pacientes procedentes de outros estados.

Tabela 2: Distribuição dos pacientes internados com resultado de cultura positivo segundo a causa da internação nas UTI 1 e UTI 2. Teresina-PI, 2011.

Causas da internação n %

TCE/ Politraumatismo 20 26,3

Clipagem de aneurisma 16 21,6

Insuficiência respiratória 12 15,8

Ressecção de Tumor cerebral 11 14,5

IAM/ ICC 07 9,2

Neuropatia- Guillain-Barré/ epilepsia 05 6,6

Distúrbios intestinais 03 3,9

Insuficiência renal 01 1,3

Intoxicação medicamentosa 01 1,3

Total 76 100

Fonte: Prontuários dos pacientes internados nas UTI’s do HGV.

Conforme a tabela 2, a principal causa da internação encontrado no estudo foi traumatismo crânio encefálico (TCE)/ politraumatismo com n=20 (26,3%), seguida de clipagem de aneurisma com n=16(21,6%), logo depois, ressecção de tumor cerebral n= 11(14,5%) e neuropatia de Guillain-Barré e epilepsia n= 05 (6,6%) que foram somadas devido alteração específica do sistema nervoso central, sendo que juntos representam 52 casos (69,0%), o que demonstra a importância das patologias que afetam o sistema nervoso.

O diagnóstico médico de insuficiência respiratória (tabela 2) foi encontrado como causa de internação em 12 pacientes (15,8%), que demandam de um suporte ventilatório mecânico, dessa forma o paciente fica mais exposto à penetração de microrganismo no trato respiratório inferior.

Os problemas cardíacos, infarto agudo do miocárdio e insuficiência cardíaca congestiva representaram n=07 (9,2%), sendo apenas o quinto diagnóstico médico mais frequente em pacientes com infecção hospitalar nas UTI’s em estudo, provavelmente, devido estas UTI’s não serem referência no atendimento desse tipo de patologia.

Tabela 3: Tempo de internação em dias dos pacientes internados com resultado de cultura positivo nas UTI 1 e UTI 2. Teresina-PI, 2011.

Dias de internação = 20,6 IC 95%= 17,7- 23,6 ± = 12,9 Min e Max = 05 -55 n % 05 a 14 36 47,4 15 a 30 24 31,6 31 a 55 16 21,1

Fonte: Prontuários dos pacientes internados nas UTI’s do HGV.

Analisando a Tabela 3, evidencia-se que a predominância de dias de internação dos pacientes com infecção hospitalar foi de 05 a 14 dias n=36 (47,4%), seguido pelo intervalo de tempo de 15 a 30 dias n=24 (31,6%), logo após o intervalo entre 31-55 dias com n=16 (21,1). A variação de tempo mínima e máxima foi entre 5 e 55 dias, com uma média de 20,6 dias e IC 95% = 17,7- 23,6.

As taxas de infecção hospitalar nas UTI’s em estudo, conforme tabela 4 abaixo, foram 64,1% e 18,9% respectivamente nas UTI’s 1 e 2, sendo que a UTI 1 obteve 59 resultados de culturas positiva, enquanto que a UTI 2 teve 47 culturas positivas.

Tabela 4: Taxa de infecção hospitalar nas UTI 1 e UTI 2, segundo os meses de ocorrência. Teresina, 2011. Mês SETOR TOTAL UTI 1 UTI 2 = 9,8 ±= 4,2 = 7,8 ±= 3,3 P n % P n % P n % Janeiro 32 15 46,9 43 11 25,6 75 26 34,7 Fevereiro 29 8 27,6 46 5 10,9 75 13 17,3 Março 29 13 44,8 47 6 12,8 76 19 25,0 Abril 30 12 40,0 48 4 8,3 78 16 20,5 Maio 36 4 11,1 34 12 35,3 70 16 22,8 Junho 36 7 19,4 31 9 29,0 67 16 23,9 Total 192 59 64,1 249 47 18,9 441 106 24,0

Fonte: Secretaria das UTI’s do HGV.

Legenda: P= número de pacientes internados; n= número culturas positivas e % = Taxa de IH.

A taxa geral de Infecção hospital nas duas UTI’s (tabela 4), nos primeiros seis meses do ano de 2011, foi de 24,0%, com 106 resultados de cultura positivo, sendo que a maior taxa de IH foi no mês de janeiro 34,7%, com 26 resultados de cultura positivos, seguido pelo mês de março com uma taxa de IH 25,0%, com 19 resultados de cultura positivos e, no mês de fevereiro, ocorreu a menor taxa de IH 17,3%, com 13 resultados de cultura positivos.

Na UTI 1, o mês de maio foi o que mais contribuiu com esta taxa de infecção, com 12 culturas positivas e uma taxa de infecção hospitalar de 35,3%, seguido pelo mês de junho, com 9 culturas e uma taxa de IH de 29,0%. O mês de janeiro apresentou 11 culturas e uma taxa de 25,6%, tendo o mês de abril à menor taxa com 04 culturas positivas e uma taxa de IH de 8,3% (tabela 4).

Na UTI 2, o mês de maio obteve a maior taxa de infecção com 12 culturas positivas e uma taxa de infecção hospitalar de 35,3%, seguido pelo mês de junho, com 9 culturas positivas e uma taxa de infecção hospitalar de 29,0 %, o mês de janeiro

apresentou 11 culturas positivas e em taxa de IH de 25,6%, sendo que no mês abril obteve-se a menor taxa com 04 culturas positivas e uma taxa de IH de 8,3% (tabela 4).

Tabela 5: Distribuição do número de culturas positivas realizadas pelos pacientes internados nas UTI 1 e UTI 2. Teresina-PI, 2011.

Quantidade n %

Uma 56 73,7

Duas 14 18,4

Três ou mais 06 7,9

Total 106 100

Fonte: Prontuários dos pacientes internados nas UTI’s do HGV.

Na tabela 5, observa-se que a maioria dos pacientes n=56 (73,7%) com resultado de cultura positivo, tiveram apenas uma cultura positiva, logo após com um total de n=14 (18,4) pacientes tiveram dois resultados positivos, em seguida n=6 (7,9%) pacientes tiveram três ou mais resultados positivos de cultura.

Tabela 6: Distribuição de episódios de infecção segundo a topografia nas UTI 1 e UTI 2. Teresina-PI, 2011. Topografia Setor Total UTI 1 UTI 2 n % n % n % Respiratória 39 66,1 24 51,1 63 59,4 Urinaria 14 23,7 11 23,4 25 23,6 Sanguínea 03 5,1 05 10,7 08 7,5 Ferida operatória 01 1,7 03 6,4 04 3,8 Liquido cefalorraquidiano 02 3,4 02 4,2 04 3,8 Inserção da ponta de cateter - - 02 4,2 02 1,9 TOTAL 59 55,7 47 44,3 106 100

Fonte: Prontuários dos pacientes internados nas UTI’s do HGV.

Observando a tabela 6 que descreve a distribuição topográfica das infecções hospitalares, a principal topografia das infecções hospitalares nas UTI’s em estudo são a respiratória 63 casos (59,4%), sendo a urinária a segunda em frequência respondendo com 25 casos (23,6%), a sanguínea com 8 casos (7,5%), ferida operatória e líquido cefalorraquidiano ambas com 4 casos (3,8%) e em menor magnitude a ponta de cateter com 2 casos (1,9%).

Gráfico 1: Distribuição dos tipos de procedimentos invasivos realizados nos pacientes internados com resultado de cultura positiva nas UTI 1 e UTI 2. Teresina-PI, 2011.

Fonte: Prontuários dos pacientes internados nas UTI’s do HGV. (*) Respostas múltiplas

Analisando o gráfico 1, por possuir respostas múltiplas, pode ocorrer de um mesmo paciente ser submetido a mais de um procedimento simultaneamente, fato que ocorre em praticamente todos os pacientes de UTI. Pode-se constatar que a sondagem vesical de demora (SVD) foi realizada em todos os pacientes n=76 (100%) com resultado de cultura positiva nas duas UTI’s. Este procedimento é fator de risco para o aparecimento de infecção do trato urinário, seguido pela sondagem nasogástrica (SNG) realizada em 65 pacientes (85,5%). O acesso venoso central (AVC) realizado em 56 pacientes (73,7%), que somado a realização do acesso venoso

1,3% 7,9% 26,3% 32,9% 55,3% 73,7% 85,5% 100%

periférico (AVP), 20 pacientes (26,3%), representam, somados, os 76 pacientes (100%), no entanto, foi apenas a terceira topografia, representando 7,5% dos casos, pois estes dois procedimentos AVC e AVP são fatores de risco de infecção da corrente sanguínea.

Ainda analisando o gráfico 1, pode-se constatar, também, que a traqueostomia foi realizada em 42 pacientes (55,3%) e entubação orotraqueal realizada em 25 pacientes (32,9%). Quando somados estes dois procedimentos, os pacientes que foram submetidos a ele, chegam-se ao número de 67 pacientes (68,1%), o que corrobora com os dados obtidos na tabela 6, onde a infecção respiratória foi a mais frequente.

Tabela 7: Distribuição dos microrganismo causadores de infecção hospitalar nas UTI 1 e UTI 2. Teresina-PI, 2011. Microrganismo Setor TOTAL UTI 1 UTI 2 n % n % n % Pseudomonas sp. 07 11,7 09 19,1 16 15,1 Pseudomonas aeruginosa 16 27,1 12 25,5 28 26,4 Klebsiella sp. 18 30,6 08 17,0 26 24,5 Staphylococcus aureus 08 13,6 10 21,4 18 16,9 Escherechia coli 06 10,2 05 10,6 11 10,5 Outros Bacilos Gram negativo não fermentadores

03 5,1 02 4,3 05 4,8

Proteus mirabilis 01 1,7 - - 01 0,9

Alcaligenes sp. - - 01 2,1 01 0,9

TOTAL 59 55,7 47 44,3 106 100

Fonte: Prontuários dos pacientes internados nas UTI’s do HGV

Os microrganismos mais frequentes nos episódios de infecção hospitalar nas UTI’s, conforme a tabela 7, foi em maior frequência a Pseudomonas aeruginosa, com 28 isolados (26,4%), seguida da Klebisiela sp., com 26 isolados (24,5%), logo após o

Staphylococcus aureus, com 18 isolados (16,9%), em menor frequência aparece a Pseudomonas sp., com 16 e isolado (15,1%), a bactéria Escherechia coli representou 11 episódios (10,5%); por último, apareceram o outros bacilos Gram negativo não fermentador, Proteus mirabilis e Alcaligenes sp., respectivamente com 3 (4,8%);1(0,9%) e 1(0,9%) episódios. Sendo que o microrganismo Proteus mirabilis somente foi encontrado na UTI 1 e o Alcaligenes sp. foi encontrado somente na UTI 2.

Gráfico 2: Distribuição dos antimicrobianos mais utilizados nos pacientes com resultado de cultura positivo nas UTI 1 e UTI 2.Teresina-PI, 2011.

Fonte: Prontuários dos pacientes internados nas UTI’s do HGV. (*) Múltipla resposta.

O gráfico 2 aponta os antimicrobianos mais utilizados na UTI’s, sendo o imipenen como o antimicrobiano mais utilizado, estando em 47,4% das prescrições médicas realizadas, seguido pelo Ciprofloxacina, com 46,1%, ceftazidima 39,5% e Cefepime, com 14,5%; em menor frequência de prescrições, aparecem gentamicina, com 13,2%, vancomicina, presente em 10,5%.

15,6% 47,4% 46,1% 39,5% 14,5% 13,2% 10,5% 9,2% 9,2% 9,2% 7,9% 6,6% 5,3%

Tabela 8: Perfil de resistência aos antimicrobianos dos microrganismos isolados nas UTI 1 e UTI 2. Teresina-PI, 2011.

Resistência

Microrganismos Staphylococcus

aureus Klebsiela sp. Pseudomonas sp.

Pseudomonas aeruginosa n(%) Cefepime 05(27,8) 16(61,5) 8(50) 13(46,4) Ceftazidima 1(5,6) 19(73,1) 9(56,3) 16(57,1) Ciprofloxacina 6(33,3) 12(46,2) 6(37,5) 9(32,1) Gentamicina 5(27,8) 11(43,2) 7(43,7 16(57,1) Imipenen 1(5,6) 1(3,8) 2(12,5) 11(39,3) Cefalotina 6(33,3) 14(53,8) 5(31,2) 6(21,4) Tetraciclina 6(33,3) 0(0) 0(0) 1(3,6) Penicilina 9(50) 0(0) 0(0) 1(3,6) Oxacilina 8(44,4) 0(0) 0(0) 0(0) Aztreonam 1(5,6) 15(57,7) 6(37,5) 14(50)

Fonte: Prontuários dos pacientes internados nas UTI’s do HGV.

Como pode ser observado na tabela 8, a Pseudomonas sp. possui uma resistência para o antimicrobiano cefepime de 31,3%. Para Staphylococcus aureus, essa resistência é de 27,8%, fato preocupante por ser um medicamento de escolha, no limitado arsenal, contra microrganismos causadores de infecção hospitalar.

A Klebsiela sp; Pseudomonas sp. e Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa apresentaram resistência de 42,3%, 37,5%, 33,3% e 32,1%, respectivamente, para o antimicrobiano Ceftazidima utilizados nas UTI’s em estudo (tabela 8), sendo portanto, uma preocupação para o corpo clínico desta instituição quanto ao uso deste fármaco devido o aparecimento desta resistência.

Os microrganismos Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Pseudomonas sp. e Klebsiela sp. apresentaram uma resistência para o antimicrobiano ciprofloxacina (tabela 8) de 61,1%, 57,1%, 50,0% e 26,9%, respectivamente. São considerados percentuais altos de resistência para este medicamento já que dos quatro microrganismos estudados três possuem uma resistência igual ou maior de 50%.

Tabela 9: Taxa de letalidade por infecção hospitalar nas UTI I e UTI II. Teresina-PI, 2011. Mês SETOR TOTAL UTI 1 UTI 2 P n % P n % P n % TOTAL 43 09 20,9 33 04 12,1 76 13 17,1

Fonte: Prontuários dos pacientes internados nas UTI’s do HGV.

As infecções hospitalares foram responsáveis por 20,9% dos óbitos ocorridos na UTI 1 e 12,1% na UTI 2 (tabela 9). Perfazendo um total de 13 óbitos relacionados com infecção hospitalar com uma taxa de 17,1%.

6 DISCUSSÃO

As infecções hospitalares não só elevam as taxas de morbimortalidade, como também, ampliam o tempo de permanência dos pacientes nos hospitais, com o consequente aumento do custo do tratamento e uma maior utilização dos leitos hospitalares.

Devido ao alto nível de tecnologia empregado nas UTI, temos como consequência o prolongamento da sobrevida do paciente, mesmo os que se encontram em situações adversas. No entanto, contamos com o ônus do risco de IH. Nesse contexto, a UTI constitui um importante foco de atenção relacionada às práticas assistenciais por representar, em média de 20 a 30% de todas as infecções notificadas no âmbito hospitalar (PATRÍCIO, 2008).

No estudo, encontraram-se pacientes internados na faixa etária predominantemente adulta n=26(34,2%), com idade entre 41 e 59 anos, sendo que a média de idade encontrada foi de 48,3 anos e idades mínima e máxima entre 14-88 anos. Os dados se aproximam aos encontrados por Oliveira et al. (2009) que relatam uma média de idade de 58 anos, com mediana de 61,5 anos, apresentando variação de idade entre 12 e 89 anos, em estudo realizado nas UTI’s de um hospital universitário, que se aproxima da realidade encontrada neste estudo.

Quanto ao sexo, o masculino representou 43 casos (56,6%). Patrício (2008), realizando avaliação das infecções hospitalares em dois hospitais da cidade de Fortaleza, encontrou 1488 pacientes com diagnóstico de IH, sendo que o sexo masculino representou 51,4% dos casos.

A procedência foi, na sua maioria, do interior do Estado, n= 41 (53,9%), que reflete a forma de organização do sistema de saúde do Estado, evidenciando a necessidade de organização desse tipo de assistência à saúde nas macrorregiões que carecem de leitos de unidade de terapia intensiva, sendo necessário o encaminhamento destes para a capital, provocando uma demanda excessiva nos hospitais com sede na capital, dificultando o acesso a este tipo de atendimento de alta complexidade.

A distribuição das patologias de base dos pacientes das UTI (tabela 2) em estudo foi mais frequente para traumatismo crânio encefálico (TCE)/ politraumatismo, com 20 casos (26,3%). Conforme Couto et al. (2009), os pacientes politraumatizados

apresentam um estado hipermetabólico, o que gera uma deficiência nutricional que acarreta numa redução da função imunológica, além do traumatismo em si que gera a necessidade de colocação de drenos cirúrgicos, soroterapia, sondagem vesical e endotraqueal que facilitam a invasão microbiológica

O diagnóstico médico de insuficiência respiratória (tabela 2) foi encontrado como causa de internação em 12 pacientes (15,8%), que demandam de um suporte ventilatório mecânico, expondo, dessa forma, o paciente à penetração de microrganismo no trato respiratório inferior. Nos dados encontrados por Patrício (2008), a Pneumonia foi a doença de base predominante, com 150 casos (21,0%) dos pacientes em estudo.

Os problemas cardíacos, infarto agudo do miocárdio e insuficiência cardíaca congestiva, representaram sete casos (9,2%) (tabela 2), sendo apenas o quinto diagnóstico médico mais frequente em pacientes com infecção hospitalar nas UTI’s em estudo, provavelmente, devido estas UTI’s não serem referência no atendimento desse tipo de patologia. Dados divergentes foram encontrados por Patrício (2008) em que a hipertensão arterial sistêmica com 112 casos (15,7%) e acidente vascular cerebral com 79 casos (11%), foram, respectivamente, a segunda e terceira patologia de base mais frequente nos pacientes internados nas UTI.

Sabendo que a variável tempo de internação está diretamente relacionada com a vulnerabilidade de o paciente estar exposto a microbiota hospitalar, percebe- se que a permanência foi alta, com um tempo de internação nas UTI de 05 a 14 dias, que representou 36 casos (47,4%), e 15 a 30 dias, 24 casos (31,6%), tendo uma variação de tempo mínima e máxima entre 5 e 55 dias, com uma média de 20,6 dias e IC 95% = 17,7- 23,6. Carneiro et al. (2011) apontam no seu estudo com 846 prontuários que o tempo médio de permanência média hospitalar foi de cinco dias (+ 2,1 dias) e em pacientes com uso de antimicrobianos essa média sobe para dez (+ 3,2) dias, o que gera mais gasto com o paciente e ocupação de leitos por mais tempo, em um Estado que tem carência de leitos de UTI.

Ferrareze et al. (2007) constataram nas unidades de terapia intensiva de um hospital de emergência, no período de junho de 2003 a junho de 2004, que quanto ao tempo de internação hospitalar, obteve-se um período mínimo de internação de 27 dias e no máximo 188 dias, com média de 82,8, e desvio padrão de 48,9. O período que permaneceram na unidade de terapia intensiva variou de 19 a 91 dias, com média de 43,7 e desvio padrão de 25,04. Dos pacientes avaliados neste estudo, três

apresentaram reinternação na unidade de terapia intensiva, sete foram à óbito e três tiveram alta hospitalar.

Em pacientes críticos como os internados na UTI existe uma série de associações de fatores propícios para o surgimento de IH, dentre esses se destaca a gravidade dos pacientes, ou seja, apresentam instabilidade de um ou mais dos seus sistemas orgânicos. Esses pacientes possuem risco iminente de vida ou são portadores de doenças de base severas, que os fazem viver frequentemente à custa de medidas adicionais de suporte, muitas das quais com a quebra de barreiras de defesa orgânica, proveniente de cateteres, entre outros (LIMA et al., 2007).

As taxas de infecção hospitalar nas UTI’s em estudo foram, ao final dos seis primeiros meses do ano de 2011, no total de 64,1% e 18,9 %, respectivamente, nas UTI’s 1 e 2 (Tabela 4). Essas taxas foram mais altas na UTI 1 nos meses de janeiro 46,9% e março 44,8% e na UTI 2 estas taxas foram mais altas nos meses de maio 35,3% e junho com 29%. Acima da taxa máxima de tolerância preconizado pela Organização Mundial de Saúde que é de 2% para o hospital como um todo e de 9 a 20 % para as UTI. Já o Ministério da Saúde preconiza taxas menores que 6 % de IH para todo o hospital (PATRÍCIO, 2008).

No estudo realizado nas UTI’s do mesmo hospital em estudo, Moura et al. (2007) encontraram, no ano de 2006, uma taxa de IH, de 60,8%, sendo que a UTI-1 responsável pelo maior taxa de infecção, com uma taxa de 64%, enquanto a UTI-2 teve uma taxa de 57,6%, que demonstra que na UTI 1 essa taxa continua praticamente a mesma. Já na UTI 2 houve uma queda significativa de 68,5%, em comparação com as taxas deste estudo, apesar das normas e rotinas destas unidades serem as mesmas existe uma disparidade entre essas taxas, que evidencia que a realidade vivenciada por aquela instituição de saúde e a necessidade de medidas objetivas para o enfrentamento desta temática.

Patrício (2008) descreve que em três anos de estudo em duas instituições foram encontradas as taxas de IH de 37% ao ano no Hospital César Cals e de 52% no Hospital Geral de Fortaleza (HGF). No entanto, no HGF alguns dados de internamento na UTI foram perdidos durante o ano de 2006.

O número de cultura positivos associados com as doenças de bases e procedimentos realizados expõem o paciente ao risco iminente de uma complicação relacionada com sua estadia no ambiente hospitalar, como também, é responsável por um maior tempo de internação, utilização de antibióticoterapia por maior tempo, o

que gera mais gastos para o Estado e diminui a oferta de leitos de UTI. Neste estudo foi possível constatar que 56 pacientes (73,7%) apresentaram apenas um episódio de infecção hospitalar (tabela 5).

Quando se analisa as topografias mais frequentes no episódio de infecção hospitalar, observa-se que neste estudo a respiratória representa 63 casos (59,4%), sendo a urinária a segunda em frequência, respondendo com 25 casos (23,6%), e a sanguínea com 8 casos (7,5) (tabela 6). Carvalho (2004) descreve nas UTI’s do presente estudo que as infecções hospitalares respiratórias foram as mais frequentes no período de agosto a dezembro de 2003, registrando-se um percentual de 72,1% dos casos de infecção respiratórias notificadas comparadas com os outros casos de Infecção hospitalar para os quais se obteve um percentual de 27,9%.

Moura et al. (2007), ao realizarem um levantamento das principais topografias das infecções hospitalares nas duas UTI´s em estudo hospital, no ano de 2006, constataram que a topografia respiratória foi a mais frequente, com 237 casos (60,1%), seguida pela topografia sistêmica ou sanguínea, com 70 casos, logo após aparece a urinária como a terceira topografia mais frequente, com 64 casos (16,2%). Demonstrando que a topografia respiratória (tabela 6) continua sendo importante para o aparecimento da infecção hospitalar.

Em estudo realizado por Silva et al.(2011), a infecção do trato respiratório inferior é a mais importante causa de morbimortalidade nas unidades de terapia intensiva, sendo também as que possuem o maior número de casos. Esta afirmativa está de acordo com os achados dessa pesquisa que colocam a infecção do trato respiratório como a mais frequente, tendo mais do dobro de casos em relação à infecção do trato urinário.

De acordo com Ferreira e Lara (2010), entre as infecções hospitalares, a pneumonia hospitalar é uma das mais importantes causas de óbito, sendo que estudos multicêntricos realizados na Europa apontaram para a mesma realidade, como também, nos Estados Unidos, onde as taxas de mortalidade chegam a 60%.

Para Couto et al. (2009), este tipo de infecção ocorre por aspiração repetida de pequenos volumes de secreções das vias aéreas superiores, broncoaspiração de conteúdo gástrico, disseminação hematogênica de um foco à distância ou contaminação devida a instrumentalização respiratória.

As infecções hospitalares do trato urinário são pouco valorizadas quanto ao potencial de complicação para o paciente, contudo, podem desencadear abscessos

renais e perinefréticos, uretrite, epididimite, infecções de glândula periuretral e bacteremia, aumentando, dessa forma, a morbidade, tempo de internação e os custos

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