O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe com o número do Certificado de Apresentação para Apreciação Ética 50544115.9.0000.5546 e seu início liberado pelo Hospital de Urgências de Sergipe, respeitando a Resolução 466/2012. Após aprovação, o projeto foi encaminhado à gerência da Unidade de Terapia Intensiva Clínica para esclarecimento quanto aos objetivos do trabalho e conhecimento da permanência dos observadores durante o período de coleta de dados.
Os profissionais de enfermagem foram esclarecidos quanto aos objetivos e contribuições da pesquisa e todos que aceitaram fazer parte do estudo, concordando em serem observados, assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido –TCLE (APÊNDICE A). O participante
teve liberdade de desistir da pesquisa a qualquer momento se assim desejasse e foi mantido o sigilo sobre sua identificação.
Para redução dos vieses da observação, como alteração de comportamento e atuação, não foram apresentados os formulários de observação e as ações avaliadas. Apesar das possíveis alterações de comportamento, este fator mostra-se pouco relevante, já que ocorre apenas nos primeiros contatos do pesquisador com o participante observado (LUDWING, 2012).
Por se tratar de uma coleta de dados observacional, o constrangimento por parte do profissional caracterizou-se como um risco potencial. Apesar disso, os dados obtidos com o referido estudo proporcionaram maior conhecimento sobre a realidade dos processos assistenciais, envolvendo o manuseio do cateter vascular central, possibilitando a elaboração de estratégias educativas que assegurem a qualidade dos serviços oferecidos ao paciente.
Destaca-se que os pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva e em uso de cateter vascular central não sofreram intervenções no decorrer do estudo, não havendo interrupção ou implicações negativas na assistência oferecida, desta forma, a pesquisa não acarretou riscos aos mesmos.
5 RESULTADOS
Os resultados de 912 observações da prática assistencial realizadas, envolvendo a manipulação do cateter vascular central, pela equipe de enfermagem, corresponderam a 378 (41,4%) observações do procedimento de administrações de medicamentos, 267 (29,3%) do procedimento de trocas de equipe e 267 (29,3%) do procedimento de trocas de curativo.
Durante a coleta de dados, 72 (70%) do total de 103 profissionais de enfermagem foram observados, sendo a maioria do sexo feminino 54 (72%). Do total de profissionais 55 (76%) eram Técnicos de Enfermagem e 17 (24%) eram Enfermeiros, distribuídos entre os turnos da manhã, 16 (22%), da tarde, 13 (18%) e da noite, 43 (60%).
Em todas as observações os insumos necessários para a execução dos processos estavam disponíveis: luva, máscara, equipo, sabão, substâncias alcoólicas para desinfecção das ampolas, frasco ampolas, torneirinhas e injetores de soluções parenterais e para higienização das mãos ou antissepsia do sítio de inserção do cateter.
Nos processos relativos à administração de medicamentos foram observados 378 procedimentos, destes, 14 (3,7%) realizados por Enfermeiros e 364 (96,3%) realizados por Técnicos de Enfermagem. Foram observados 126 procedimentos em cada turno de trabalho (manhã, tarde e noite), garantindo a homogeneidade da amostra.
A meta de conformidade geral almejada envolvendo a administração de medicamentos não foi alcançada, ou seja, em nenhuma das observações realizada o profissional executou as nove ações necessárias, caracterizando-se assim como uma assistência indesejada conforme o Índice de positividade (Tabela 3).
Tabela 3: Distribuição das conformidades específicas, por ações observadas, durante a administração de medicamentos. Aracaju – JAN 2016 – MAR 2016.
Ações observadas durante a administração de medicamentos Total de observações Observações em conformidade (n) Taxa de conformidade específica (%) 1-Higieniza as mãos antes do preparo da
medicação. 378 5 1,3
2 -Realiza desinfecção do frasco multidose, ampola ou injetor do frasco de soro com
solução alcoólica. 378 6 1,5
3 - Utiliza seringa e agulha estéril para o
preparo da medicação. 378 373 98,6
4 - Realiza desinfecção do injetor do frasco de
soro antes da introdução do equipo. 378 209 55,2
5 - Higieniza as mãos após o preparo da
medicação. 378 1 0,2
6 - Utiliza luvas de procedimento. 378 331 87,5
7 - Realiza desinfecção do injetor ou torneirinha com solução alcoólica antes de
introduzir a medicação. 378 161 42,5
8 - Após administração do medicamento despreza a seringa e agulha na caixa de
perfurocortante. 378 367 97,0
9 - Higieniza as mãos após o término do
procedimento. 378 122 32,2
Fonte: dados da pesquisa
Das nove ações observadas, três (33%) alcançaram conformidade almejada pelo estudo. Nota-se uma conformidade específica maior ou igual a 80% na Ação -3, Ação - 6 e Ação- 8, o que as caracteriza como práticas assistenciais seguras.
No grupo de ações do segundo procedimento observado - a troca do equipo, foram realizadas 267 observações, 89 em cada turno de trabalho. Do total, 17 (6,4%) foram executadas por Enfermeiros e 250 (93,6%) realizadas por Técnicos de Enfermagem.
A conformidade geral, envolvendo a troca do equipo, foi nula. Desta forma, a assistência foi considerada indesejada para todos as observações realizadas. Para a conformidade específica, foram observadas oito ações (Tabela 4).
Tabela 4: Distribuição das conformidades específicas, por ações observadas, durante a troca de equipo. Aracaju – JAN 2016 – MAR 2016.
Ações observadas durante a troca do equipo
Total de observações Observações em conformidade (n) Taxa de conformidade específica (%) 1-Higieniza as mãos antes do procedimento. 267 4 1,5 2 - Abre a embalagem do equipo e mantem
o local de conexão protegido. 267 260 97,3
3 - Realiza desinfecção do injetor da solução
parenteral antes de introduzir o equipo. 267 9 3,3
4 - Utiliza luvas de procedimento. 267 243 91,0
5 - Realiza desinfecção da torneirinha com solução alcoólica antes de introduzir o
equipo. 267 8 3,0
6 - Higieniza as mãos após o término do
procedimento. 267 94 35,2
7 - Registra a data da troca do equipo. 267 50 18,7
8 - A periodicidade da troca do equipo está
de acordo com as recomendações. 267 26 9,7
Fonte: dados da pesquisa.
Pelo que se observa na Tabela 4, das oito ações avaliadas, duas (25%) alcançaram conformidade almejada. A Ação-2 e a Ação-4 foram classificadas como ações adequadas envolvendo a prática assistencial (IP entre 90% e 99%).
O terceiro procedimento avaliado foi a troca de curativo sendo realizadas 267 observações, 89 em cada turno de trabalho, todos realizados por Enfermeiros.
Na avaliação da conformidade geral, o procedimento foi classificado como um processo assistencial indesejado, sendo que em todas as observações realizadas não foi evidenciada adesão a todas as etapas do processo. Para este procedimento foram observadas onze ações específicas (Tabela 5).
Tabela 5: Distribuição das conformidades específicas, por ações observadas, durante a troca de curativo. Aracaju – JAN 2016 – MAR 2016.
Ações observadas durante a troca do curativo
Total de observações Observações em conformidade (n) Taxa de conformidade específica (%)
1- Higieniza as mãos antes do procedimento. 267 5 1,8
2 - Calça luvas de procedimento e retira o curativo
anterior. 267 265 99,2
3- Retira a luva de procedimento. 267 190 71,1
4- Higieniza as mãos antes da realização do curativo. 267 5 1,8 5 - Utiliza a máscara comum para realizar o
procedimento. 267 225 84,2
6 - Utiliza as luvas estéreis para realização do curativo. 267 261 97,7 7 - Utiliza solução alcoólica para antissepsia do sítio de
inserção do cateter vascular central. 267 267 100
8- Cobre o sítio de inserção com material estéril. 267 267 100 9 - Higieniza as mãos após a troca do curativo. 267 253 94,7
10 -Registra o procedimento realizado. 267 227 85,0
11 - A periodicidade da troca do curativo está de acordo
com as recomendações. 267 239 89,5
Fonte: dados da pesquisada.
Das onze ações observadas, oito (72%) alcançaram conformidade desejada. A maioria das ações foi classificada entre seguras e desejadas, segundo o índice de positividade. As ações que
não apresentaram conformidades almejadas encontravam-se com porcentagens menores do que 70%, classificadas como práticas assistenciais indesejadas.
Tabela 6 – Associação entre a variável categoria profissional e o procedimento administração de medicamentos. Aracaju – JAN 2016 – MAR 2016.
Ações observadas durante a administração de medicamentos Avaliação da conformidade P-valor Enfermeiro (%) Técnico (%) 1-Higieniza as mãos antes do preparo da
medicação.
C* 0 (0,00) 5 (100,00)
1,0000
NC** 14 (3,75) 359 (96,25)
2 -Realiza desinfecção do frasco multidose, ampola ou injetor do frasco de soro com solução alcoólica.
C 0 (0,00) 6 (100,00)
1,0000
NC 14 (3,76) 358 (96,24)
3 - Utiliza seringa e agulha estéril para o preparo da medicação.
C 13 (3,49) 360 (96,51)
0,1728
NC 1 (20,00) 4 (80,00)
4 - Realiza desinfecção do injetor do frasco de soro antes da introdução do equipo.
C 7 (3,35) 202 (96,65)
0,8951
NC 7 (4,14) 162 (95,86)
5 - Higieniza as mãos após o preparo da medicação.
C 1 (100,00) 0 (0,00)
0,0370***
NC 13 (3,45) 364 (96,55)
6 - Utiliza luvas de procedimento. C 11 (3,32) 320 (96,68)
0,3968
NC 3 (6,38) 44 (93,62)
7 - Realiza desinfecção do injetor ou torneirinha com solução alcoólica antes de introduzir a medicação.
C 5 (3,11) 156 (96,89)
0,7987
NC 9 (4,15) 208 (95,85)
8 - Após administração do medicamento despreza a seringa e agulha na caixa de perfurocortante.
C 13 (3,54) 354 (96,46)
0,3435
NC 1 (9,09) 10 (90,91)
9 - Higieniza as mãos após o término do procedimento.
C 46 (37,7) 41 (33,61)
1,0000
NC 80 (31,25) 85 (33,2) Fonte: dados da pesquisa
* Conforme ** Não conforme
Quando realizada a associação entre a variável categoria profissional (Enfermeiro e Técnico de Enfermagem) e o procedimento administração de medicamentos, verificou- se que a Ação-5 foi a única estatisticamente significante (p= 0,0370).
Tabela 7 – Associação entre a variável turno de trabalho e o procedimento administração de medicamentos. Aracaju – JAN 2016 – MAR 2016.
Ações observadas durante a administração de medicamentos Avaliação da conformidade P-valor Manhã (%) Tarde (%) Noite (%) 1-Higieniza as mãos antes do
preparo da medicação.
C* 2 (40,00) 1 (20,00) 2 (40,00)
1,0000
NC** 124 (33,24) 125 (33,51) 124 (33,24)
2 -Realiza desinfecção do frasco multidose, ampola ou injetor do frasco de soro com solução alcoólica.
C 2 (33,33) 0 (0,00) 4 (66,67)
0,1727
NC 124 (33,33) 126 (33,87) 122 (32,8)
3 - Utiliza seringa e agulha estéril para o preparo da medicação.
C 124 (33,24) 124 (33,24) 125 (33,51)
1,0000
NC 2 (40,00) 2 (40,00) 1 (20,00)
4 - Realiza desinfecção do injetor do frasco de soro antes da introdução do equipo.
C 76 (36,36) 76 (36,36) 57 (27,27)
0,0210***
NC 50 (29,59) 50 (29,59) 69 (40,83)
5 - Higieniza as mãos após o preparo da medicação.
C 1 (100,00) 0 (0,00) 0 (0,00)
1,0000
NC 125 (33,16) 126 (33,42) 126 (33,42)
6 - Utiliza luvas de procedimento. C 109 (32,93) 111 (33,53) 111 (33,53)
0,9074
NC 17 (36,17) 15 (31,91) 15 (31,91)
7 - Realiza desinfecção do injetor ou torneirinha com solução alcoólica antes de introduzir a medicação.
C 51 (31,68) 44 (27,33) 66 (40,99)
0,0166***
NC 75 (34,56) 82 (37,79) 60 (27,65)
8 - Após administração do medicamento despreza a seringa e
agulha na caixa de
perfurocortante.
C 121 (32,97) 123 (33,51) 123 (33,51)
0,7991
NC 5 (45,45) 3 (27,27) 3 (27,27)
9 - Higieniza as mãos após o término do procedimento.
C 46 (37,7) 41 (33,61) 35 (28,69)
0,3324
NC 80 (31,25) 85 (33,2) 91 (35,55)
Fonte: dados da pesquisa
* Conforme ** Não conforme
Relacionando o mesmo procedimento com a variável turno de trabalho (manhã, tarde e noite) revelaram-se como significantes as Ação-4 (p = 0,0210) e a Ação-7 (p = 0,0166).
Tabela 8 – Associação entre a variável sexo e o procedimento administração de medicamentos. Aracaju – JAN 2016 – MAR 2016.
Ações observadas durante a administração de medicamentos Avaliação da conformidade P-valor Feminino (%) Masculino (%) 1-Higieniza as mãos antes do preparo
da medicação.
C* 2 (40,00) 3 (60,00)
0,0516
NC** 303 (81,23) 70 (18,77)
2 -Realiza desinfecção do frasco multidose, ampola ou injetor do frasco de soro com solução alcoólica.
C 2 (33,33) 4 (66,67)
0,0142***
NC 303 (81,45) 69 (18,55)
3 - Utiliza seringa e agulha estéril para o preparo da medicação.
C 303 (81,23) 70 (18,77)
0,0516
NC 2 (40,00) 3 (60,00)
4 - Realiza desinfecção do injetor do frasco de soro antes da introdução do equipo.
C 166 (79,43) 43 (20,57)
0,5754
NC 139 (82,25) 30 (17,75)
5 - Higieniza as mãos após o preparo da medicação.
C 1 (100,00) 0 (0,00)
1,0000
NC 304 (80,64) 73 (19,36)
6 - Utiliza luvas de procedimento. C 267 (80,66) 64 (19,34)
1,0000
NC 38 (80,85) 9 (19,15)
7 - Realiza desinfecção do injetor ou torneirinha com solução alcoólica antes de introduzir a medicação.
C 129 (80,12) 32 (19,88)
0,9145
NC 176 (81,11) 41 (18,89)
8 - Após administração do
medicamento despreza a seringa e agulha na caixa de perfurocortante.
C 301 (82,02) 66 (17,98)
0,0013***
NC 4 (36,36) 7 (63,64)
9 - Higieniza as mãos após o término do procedimento.
C 101 (82,79) 21 (17,21)
0,5657
NC 204 (79,69) 52 20,31)
Fonte: dados da pesquisa
* Conforme ** Não conforme
***Estatisticamente significativo ao nível de 5%
A Ação-2 (p=0,0142) e a Ação-8 (p=0,0013) foram significantes quando o procedimento foi relacionado a variável sexo do profissional de enfermagem.
Tabela 9 – Associação entre a variável categoria profissional e o procedimento troca do equipo. Aracaju – JAN 2016 – MAR 2016.
Ações observadas durante a troca do equipo Avaliação da conformidade P-valor Enfermeiro (%) Técnico (%) 1-Higieniza as mãos antes do
procedimento.
C* 0 (0,00) 4 (100,00)
1,0000
NC** 17 (6,46) 246 (93,54)
2 - Abre a embalagem do equipo e
mantem o local de conexão
protegido.
C 15 (5,77) 245 (94,23)
0,0664
NC 2 (28,57) 5 (71,43)
3 - Realiza desinfecção do injetor da
solução parenteral antes de
introduzir o equipo.
C 0 (0,00) 9 (100,00)
1,0000
NC 17 (6,59) 241 (93,41)
4 - Utiliza luvas de procedimento. C 14 (5,76) 229 (94,24)
0,1873
NC 3 (12,50) 21 (87,50)
5 - Realiza desinfecção da
torneirinha com solução alcoólica antes de introduzir o equipo.
C 0 (0,00) 8 (100,00)
1,0000
NC 17 (6,56) 242 (93,44)
6 - Higieniza as mãos após o término do procedimento.
C 4 (4,26) 90 (95,74)
0,4323
NC 13 (7,51) 160 (92,49)
7 - Registra a data da troca do equipo. C 0 (0,00) 50 (100,00) 0,0489***
NC 17 (7,83) 200 (92,17)
8 - A periodicidade da troca do equipo está de acordo com as recomendações.
C 1 (3,85) 25 (96,15)
1,0000
NC 16 (6,64) 225 (93,36)
Fonte: dados da pesquisa
* Conforme ** Não conforme
***Estatisticamente significativo ao nível de 5%
Na associação entre a variável categoria profissional e o procedimento troca de equipo a
Ação-7 foi a única a apresentar diferença estatisticamente significante (p = 0,0489). Observou-se
que, para esta ação, as conformidades foram executadas exclusivamente por técnicos de enfermagem.
Tabela 10 – Associação entre a variável turno de trabalho e o procedimento troca do equipo. Aracaju – JAN 2016 – MAR 2016.
Ações observadas durante a troca do equipo Avaliação da conformidade P-valor Manhã (%) Tarde (%) Noite (%) 1-Higieniza as mãos antes do
procedimento.
C* 0 (0,00) 0 (0,00) 4 (100,00)
0,0354***
NC** 89 (33,84) 89 (33,84) 85 (32,32)
2 - Abre a embalagem do equipo e mantem o local de conexão protegido.
C 86 (33,08) 86 (33,08) 88 (33,85)
0,7053
NC 3 (42,86) 3 (42,86) 1 (14,29)
3 - Realiza desinfecção do injetor da solução parenteral antes de introduzir o equipo.
C 1 (11,11) 1 (11,11) 7 (77,78) 0,0220*** NC 88 (34,11) 88 (34,11) 82 (31,78) 4-Utiliza luvas de procedimento. C 82 (33,74) 79 (32,51) 82 (33,74) 0,6623 NC 7 (29,17) 10 (41,67) 7 (29,17) 5 - Realiza desinfecção da
torneirinha com solução
alcoólica antes de introduzir o equipo.
C 1 (12,50) 1 (12,50) 6 (75,00)
0,0544
NC 88 (33,98) 88 (33,98) 83 (32,05)
6 - Higieniza as mãos após o término do procedimento.
C 35 (37,23) 33 (35,11) 26 (27,66)
0,3329
NC 54 (31,21) 56 (32,37) 63 (36,42)
7 - Registra a data da troca do equipo.
C 15 (30,00) 10 (20,00) 25 (50,00)
0,0135***
NC 74 (34,10) 79 (36,41) 64 (29,49)
8 - A periodicidade da troca do equipo está de acordo com as recomendações.
C 10 (38,46) 6 (23,08) 10 (38,46)
0,5057
NC 79 (32,78) 83 (34,44) 79 (32,78)
Fonte: dados da pesquisa
* Conforme ** Não conforme
***Estatisticamente significativo ao nível de 5%
Quando associada com a variável turno de trabalho, três das oito ações avaliadas apresentaram relevância estatística. A Ação-1 (0,0354), na qual as ações em conformidade foram realizadas exclusivamente pelas equipes do turno da noite e a Ação-3 (0,0220) e Ação-7 (0,0135).
Tabela 11 – Associação entre a variável sexo e o procedimento troca do equipo. Aracaju – JAN 2016 – MAR 2016.
Ações observadas durante a troca do equipo Avaliação da conformidade P-valor Feminino (%) Masculino (%)
1-Higieniza as mãos antes do procedimento. C* 0 (0,00) 4 (100,00)
0,0014***
NC** 214 (81,37) 49 (18,63)
2 - Abre a embalagem do equipo e mantem o local de conexão protegido.
C 208 (80,00) 52 (20,00)
1,0000
NC 6 (85,71) 1 (14,29)
3 - Realiza desinfecção do injetor da solução parenteral antes de introduzir o equipo.
C 2 (22,22) 7 (77,78)
0,0002***
NC 212 (82,17) 46 (17,83)
4 - Utiliza luvas de procedimento. C 196 (80,66) 47 (19,34)
0,6930
NC 18 (75,00) 6 (25,00)
5 - Realiza desinfecção da torneirinha com solução alcoólica antes de introduzir o equipo.
C 0 (0,00) 8 (100,00)
0,0000***
NC 214 (82,63) 45 (17,37)
6 - Higieniza as mãos após o término do procedimento.
C 77 (81,91) 17 (18,09)
0,7096
NC 137 (79,19) 36 (20,81)
7 - Registra a data da troca do equipo. C 40 (80,00) 10 (20,00) 1,0000
NC 174 (80,18) 43 (19,82)
8 - A periodicidade da troca do equipo está de acordo com as recomendações.
C 19 (73,08) 7 (26,92)
0,4884
NC 195 (80,91) 46 (19,09)
Fonte: dados da pesquisa
* Conforme ** Não conforme
***Estatisticamente significativo ao nível de 5%
A Ação-1 (0,0014), Ação-3 (0,0002) e Ação-5 (0,0000) foram estatisticamente significantes na relação sexo e o procedimento troca de equipo.
Tabela 12 – Associação entre a variável turno de trabalho e o procedimento troca de curativo. Aracaju – JAN 2016 – MAR 2016.
Ações observadas durante a troca do curativo Avaliação da conformidade P-valor Manhã (%) Tarde (%) Noite (%) 1- Higieniza as mãos antes do
procedimento.
C* 2 (40,00) 2 (40,00) 1 (20,00)
1,0000
NC** 87 (33,21) 87 (33,21) 88 (33,59)
2 - Calça luvas de procedimento e retira o curativo anterior.
C 88 (33,21) 89 (33,58) 88 (33,21)
1,0000
NC 1 (50,00) 0 (0,00) 1 (50,00)
3- Retira a luva de procedimento C 59 (31,05) 73 (38,42) 58 (30,53) 0,0213
NC 30 (38,96) 16 (20,78) 31 (40,26)
4- Higieniza as mãos antes da realização do curativo.
C 1 (20,00) 2 (40,00) 2 (40,00)
1,0000
NC 88 (33,59) 87 (33,21) 87 (33,21)
5 - Utiliza a máscara comum para realizar o procedimento.
C 70 (31,11) 80 (35,56) 75 (33,33)
0,1201
NC 19 (45,24) 9 (21,43) 14 (33,33)
6 - Utiliza as luvas estéreis para realização do curativo.
C 85 (32,57) 88 (33,72) 88 (33,72)
0,3743
NC 4 (66,67) 1 (16,67) 1 (16,67)
7 - Utiliza solução alcoólica para antissepsia do sítio de inserção do cateter vascular central.
C 89 (33,33) 89 (33,33) 89 (33,33)
-
NC 0 (0,00) 0 (0,00) 0 (0,00)
8- Cobre o sítio de inserção com material estéril.
C 89 (33,33) 89 (33,33) 89 (33,33)
-
NC 0 (0,00) 0 (0,00) 0 (0,00)
9 - Higieniza as mãos após a troca do curativo. C 82 (32,41) 84 (33,20) 87 (34,39) 0,2768 NC 7 (50,00) 5 (35,71) 2 (14,29) 10 -Registra o procedimento realizado. C 65 (28,63) 78 (34,36) 84 (37,00) 0,0002*** NC 24 (60,00) 11 (27,50) 5 (12,50) 11 - A periodicidade da troca do curativo está de acordo com as recomendações.
C 75 (31,38) 80 (33,47) 84 (35,15)
0,0877
NC 14 (50,00) 9 (32,14) 5 (17,86)
Fonte: dados da pesquisa
* Conforme ** Não conforme
***Estatisticamente significativo ao nível de 5%
Quando associados a variável turno de trabalho e o procedimento troca de curativo, apenas a Ação-10 (p= 0,0002) apresentou diferença estatisticamente significante, Sendo as ações em conformidade realizadas em sua maioria no turno da noite.
Tabela 13 – Associação entre a variável sexo e o procedimento troca de curativo. Aracaju – JAN 2016 – MAR 2016.
Ações observadas durante a troca do curativo Avaliação da conformidade P-valor Feminino (%) Masculino (%)
1- Higieniza as mãos antes do
procedimento.
C* 5 (100,00) 0 (0,00)
1,0000
NC** 230 (87,79) 32 (12,21)
2 - Calça luvas de procedimento e retira o curativo anterior.
C 234 (88,3) 31 (11,7)
0,2257
NC 1 (50,00) 1 (50,00)
3- Retira a luva de procedimento C 169 (88,95) 21 (11,05) 0,5969
NC 66 (85,71) 11 (14,29)
4- Higieniza as mãos antes da realização do curativo.
C 5 (100,00) 0 (0,00)
1,0000
NC 230 (87,79) 32 (12,21)
5 - Utiliza a máscara comum para realizar o procedimento.
C 202 (89,78) 23 (10,22)
0,0728
NC 33 (78,57) 9 (21,43)
6 - Utiliza as luvas estéreis para realização do curativo.
C 230 (88,12) 31 (11,88)
0,5387
NC 5 (83,33) 1 (16,67)
7 - Utiliza solução alcoólica para antissepsia do sítio de inserção do cateter vascular central.
C 235 (88,01) 32 (11,99)
-
NC 0 (0,00) 0 (0,00)
8- Cobre o sítio de inserção com material estéril.
C 235 (88,01) 32 (11,99)
-
NC 0 (0,00) 0 (0,00)
9 - Higieniza as mãos após a troca do curativo.
C 223 (88,14) 30 (11,86)
0,6780
NC 12 (85,71) 2 (14,29)
10 -Registra o procedimento realizado. C 207 (91,19) 20 (8,81)
0,0004***
NC 28 (70) 12 (30)
11 - A periodicidade da troca do curativo está de acordo com as recomendações.
C 209 (87,45) 30 (12,55)
0,5482
NC 26 (92,86) 2 (7,14)
Fonte: dados da pesquisa
* Conforme ** Não conforme
***Estatisticamente significativo ao nível de 5%
Assim como registrada na associação anterior, a Ação-10 foi a única a apresentar-se significante (p= 0,0004) na relação entre a variável sexo e o procedimento troca de curativo. Por ter sido realizada apenas por Enfermeiros, a variável categoria profissional não foi avaliada.
6 DISCUSSÃO
Os profissionais de enfermagem representam a categoria profissional com maior envolvimento na manipulação dos acessos vasculares, consequentemente apresentam maior possibilidade de atuação na prevenção de complicações (MENDONÇA, 2011). Por este motivo, a equipe de enfermagem deve estar preparada para tomar as melhores decisões e executar práticas preventivas para oferecer uma assistência segura ao paciente e reduzir as possibilidades de ocorrência dos eventos adversos (TOFFOLETTO; RUIZ, 2013).
No presente estudo, observou-se que a maioria dos procedimentos envolvendo a administração de medicamento e a troca de equipo foram executados por técnicos de enfermagem do sexo feminino. Este fato pode ser facilmente explicado por esta categoria ser quantitativamente maior na unidade estudada. No Brasil, 80% dos profissionais de enfermagem são técnicos/ auxiliares de enfermagem, predominantemente do sexo feminino (84,6%), o que reforça os dados encontrados na pesquisa (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2015)
Estudo avaliando as práticas assistenciais executadas pela equipe de enfermagem (SANTOS et al, 2014), demonstrou que a categoria Técnico de Enfermagem apresentou maior oportunidade de observação durante o desempenho de suas atividades. Pesquisa desenvolvida em uma Unidade de terapia intensiva, também corrobora com os dados encontrados neste estudo, a categoria auxiliares/técnicos de enfermagem foi a mais observada em todos os turnos de trabalho na realização da maioria das ações analisadas: troca do sistema de infusão (67,0%), coleta de sangue (69,0%) e administração de medicamentos (68,0%) (JARDIM et al, 2013)
No que se refere à troca de curativo, todos os procedimentos foram executados por enfermeiros. Este fato, devido à rotina prestabelecida pela unidade. Vale salientar, que conforme a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem, é função privativa do enfermeiro a realização dos cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas (OGUISSO; SCHMIDT, 2007).
Assim, a adoção de práticas seguras pela equipe de enfermagem assume importante papel para o alcance dos melhores desfechos associado ao uso desses dispositivos. (VANDIJCK et al, 2009). Um monitoramento contínuo e a avaliação das práticas desenvolvidas por estes profissionais possibilitam o aprimoramento do cuidado oferecido ao paciente.
As taxas de conformidade geral consideradas apenas quando o total de ações estava em conformidade para o mesmo procedimento, atingiram percentual abaixo do esperado. Ressalta-se que os melhores resultados envolvendo práticas assistenciais desenvolvidas pela equipe de enfermagem encontram-se maiores à 80% de adesão (ROSETTI; TRONCHIN, 2014; GIORDANI et al, 2014).
Infere-se que a não obtenção da conformidade almejada, provavelmente, foi devido à baixa adesão dos profissionais de enfermagem às práticas envolvendo a higienização das mãos (HM), nos três procedimentos observados, e a desinfecção de materiais, injetores e dispositivos invasivos durante a administração de medicamentos e troca de equipo.
A higienização das mãos é indiscutivelmente a medida mais simples e eficaz no que se refere ao controle e prevenção das infecções relacionadas à assistência à saúde (WHO, 2009). O contato direto entre as mãos contaminadas do profissional e o paciente é uma das principais formas de transmissão de microrganismos e a adesão a esta prática segura favorece a redução de eventos adversos (O’GRADY et al, 2011).
Estudos (JARDIM et al, 2013; SANTOS et al, 2014; OLIVEIRA et al, 2015) demonstram que, apesar de amplamente divulgada, a adesão a esta prática ainda não se encontra dentro dos padrões esperados. Os profissionais de enfermagem, embora reconheçam a importância desta medida, não a incorporam às suas práticas assistenciais. Desta forma, o aumento da adesão dos profissionais à HM torna-se um grande desafio para o controle das infecções relacionadas à assistência à saúde.
A equipe de enfermagem refere que diversos fatores podem dificultar a adesão a esta prática, como o curto tempo para executar as tarefas, o esquecimento, a distância da pia, falta de observação de atitudes para assistência segura, o ressecamento da pele, a escassez de recursos humanos, desconhecimento da necessidade de HM, a má distribuição dos dispensadores e a presença de alergia aos produtos disponíveis (GIORDANI et al, 2014). Em pesquisa realizada em uma Unidade de terapia intensiva do sul do país, a falta de materiais para execução da higienização das mãos foi considerada, pelos profissionais de saúde, o fator de maior impacto para a não adesão a esta medida (BATHKE et al, 2013).
A avaliação estrutural realizada durante o presente estudo, demonstrou que não houve falta de insumos necessários para a realização das ações observadas e que, apesar disso, a adesão
almejada à higienização das mãos não foi alcançada, situação preocupante visto ser esta medida a mais simples e eficaz para garantia da segurança do paciente. Os dados encontrados neste estudo reforçam evidências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, quando demonstram que embora as condições estruturais ideais sejam fundamentais à higienização das mãos, não implicam necessariamente em maior adesão (BRASIL, 2008).
A baixa adesão a esta prática ocorreu, em especial, antes de tocar o paciente e antes de realizar o procedimento asséptico. Resultados semelhantes foram encontrados em estudo avaliando a conformidade das práticas envolvendo a manutenção dos cateteres de hemodiálise, mostrando a maior taxa de adesão (21,1%) à prática de higienização das mãos executada antes e após realização do curativo, bem como menor conformidade (8,9%) quando realizada higienização das mãos antes da troca de dispositivo de infusão (JARDIM, et al, 2013).
Também corrobora com resultados encontrados em estudo analisando a prática de aspiração de secreções traqueobrônquicas por profissionais de enfermagem, ao evidenciar que em 95% dos casos observados não foi realizada a higienização das mãos antes de realizar um procedimento (VIEIRA et al, 2013).
O único momento em que a higienização das mãos alcançou conformidade almejada por