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1. APRENDIZAGEM: ASPECTOS COGNITIVOS AFETIVOS E SOCIAIS

3.2 Concepções de professores no processo de aprendizagem

3.2.1 Aspectos que podem impulsionar a aprendizagem

3.2.1.2 Aspectos afetivos

Quanto ao terceiro questionamento a indagação incidiu em averiguar se os professores consideram a afetividade como um fator importante na aprendizagem, cujos dados são expostos conforme o quadro a seguir.

Professora Ana

A maioria das crianças não tem amor em casa já veem estressados para escola. A escola é o suporte desse aluno é a esperança que ele se torne um ser de bem.

Professora Luciana

Os alunos da nossa escola [...] convivem em sua maioria com avós, ou com apenas um genitor, fato que acarreta as mais variadas doenças psicológicas. Portanto, se o educador não tiver a afetividade do seu aluno ou vice versa o ato pedagógico não ocorrerá satisfatoriamente.

Professora Celeste

A valorização afetiva é que influencia em determinados momentos o ensino [...].

Professor José

A interação entre professor e alunos é o fator mais importante para o desenvolvimento da aprendizagem.

Quadro 09 - A afetividade como um fator importante na aprendizagem do aluno.

Todos os professores participantes desta pesquisa foram unânimes em afirmar que a afetividade é um fator imprescindível no processo de aprendizagem. E como justificativa, consideram que a aprendizagem dos alunos fica condicionada ao afeto que recebem na escola, na interação professor-aluno. As relações entre professor versus aluno assim como aluno versus aluno foi considerada boa por todos os docentes.

Entretanto, além disso, por ocasião da entrevista, ao se indagar com relação aos aspectos afetivos que podem influenciar a aprendizagem do aluno, ocorreram os seguintes relatos:

Aqui a afetividade é um fator primordial porque a maioria dos alunos é criada com avós ou então só com o pai ou com a mãe. Eles têm sentimento de baixa estima. Temos que ser extremamente afetivos com eles. Tratar bem, abraçar, elogiar [...]. Às vezes é só mesmo terapia de ouvir a criança e trabalhar muito o elogio com eles. Os resultados deles são mínimos, comparado aos outros, mas eles têm que sentir que são importantes nesse processo (PROFESSORA LUCIANA, 2010).

A aprendizagem apreciativa ou afetiva, conforme salienta Campos (2005) constitui-se por recursos fundamentais de integração à vida, ao meio social e à profissão, mas precisa ser ensinado e cultivado pela escola. Ainda na abordagem sobre essa questão, outro relato ainda destaca a carência familiar dos alunos quando afirma:

Eu falo em relação à minha turma, eles são muito carentes. São carentes em relação à família, eles não têm carinho [...] falta afetividade. Os alunos que o pai e a mãe acompanham e dão carinho, se desenvolvem (PROFESSORA ANA, 2010).

Percebe-se que as professoras têm conhecimento do contexto que vivenciam os alunos e de alguma forma procuram amenizar a situação dentro do ambiente escolar. Demonstram a importância da afetividade e a necessidade que os alunos têm do afeto familiar, o que de certa forma contribui para que os alunos não tenham bom desempenho na aprendizagem escolar.

Observa-se também que os professores demonstram preocupação com a relação entre a afetividade vivida no ambiente familiar e a aprendizagem escolar, por entenderem que o resultado dessa relação se reflete na sala de aula e, por conseguinte no processo de aprendizagem.

Por isso, considera-se oportuno e necessário salientar a devida atenção a essas questões, levando em consideração que, conforme Mahoney & Almeida (2009) tanto professores quanto alunos estão sujeitos aos sentimentos provocados por situações externas à sala de aula e à escola, pois, além do

ambiente escolar, professores e alunos interagem e recebem do meio em que vivem diversas influências que vão interferir nas situações de aprendizagem.

Tal situação pode ser compreendida por outras áreas do saber, como se pode observar:

A Psicologia Escolar e Educacional deve ajudar os professores a maximizar as condições que favoreçam a aprendizagem e a motivação para o aprender do aluno. Deve se preocupar também com a promoção da saúde mental, do bem-estar emocional, do desenvolvimento pleno e da qualidade de vida daqueles que aprendem e ensinam (BORUCHOVITCH, 2010, p. 322).

A referida autora recomenda que tanto professores quanto alunos recebam condições que primem pela aprendizagem, além de requerer a devida atenção ao bem-estar e qualidade de vida, como algo fundamental para o desenvolvimento da relação ensino-aprendizagem.

Em decorrência disso, torna-se importante destacar a valorização dos sujeitos, dando-lhes as devidas condições para lidarem com o processo da aprendizagem. Do mesmo modo, há necessidade do afeto, presente de forma positiva na relação professora-aluno (SAUD, 2009) no sentido de ouvir, conversar, rir junto, olhar cada aluno em particular, criando um clima descontraído em sala de aula.

Para Campos (2005), o professor deve oferecer oportunidade para as reações afetivas do aluno e para isso, convém preparar as situações em que um sentimento de agrado se una à reação desejada na aprendizagem.

Como bem lembra Freire (1996), mal se imagina o que pode passar a representar na vida de um aluno um simples gesto do professor. Para o referido autor, um gesto aparentemente insignificante pode valer como força formadora ou como contribuição ao educando, oferecendo-lhe confiança.

Assegura-se assim a importância da afetividade na relação professor-aluno nesse processo, visto que, em se tratando do ser humano, ambos têm a mesma necessidade de afeto e atenção necessários para que possa haver na

sala de aula um ambiente de acolhimento, entusiasmo e vontade, favorecendo esse processo.

Pois, como destaca Campos (2005), o estudo das Ciências Naturais pode inspirar amor e interesse pela natureza, além disso, todas as disciplinas oferecem campo à aprendizagem afetiva. Sendo assim, a aprendizagem apreciativa ou afetiva resulta em respostas afetivas, que poderão ser proveitosas ao indivíduo e à sociedade.