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Aspectos agronômicos e químicos

No documento Caracterização de dois acessos de Ocimum. (páginas 49-53)

À medida que as plantas se desenvolvem, seu crescimento pode ser acompanhado através da determinação da matéria seca e área foliar (AIRES; SILVA; EICHOLZ, 2011), pois esse crescimento deve-se ao aumento da matéria seca a partir da conversão de substâncias inorgânicas simples, tais como luz, CO2 e minerais em substâncias orgânicas. Por serem as folhas responsáveis pela captação de energia solar e produção dessa matéria orgânica, através da fotossíntese, torna-se importante a determinação da área foliar ao longo do crescimento da planta (MAGALHÃES, 1986 citado por BARREIRO et al., 2006).

Godoy et al. (β007) afirmam que “a medida da área foliar está relacionada à determinação ou estimativa da superfície fotossinteticamente ativa”; apresentando- se como uma ferramenta válida para o estudo das bases fisiológicas da produção (ALMEIDA et al., 2011).

Considerando crescimento como “o aumento irreversível de uma grandeza física como massa, área, altura e diâmetro” (FAGUNDES et al., β010), a análise de crescimento descreve as condições morfofisiológicas da planta em diferentes intervalos de tempo, sendo válido acompanhar a dinâmica do processo produtivo através de parâmetros fisiológicos e bioquímicos (MAGALHÃES, 1986

citado por BARREIRO et al., 2006). “A utilização dos parâmetros de crescimento vegetal, como análise, é considerada o método básico para se obter a estimativa da produtividade primária dos vegetais” (FONSECA, β001).

A importância agronômica de estudos dessa natureza pode ser atribuída à possibilidade de se conhecer as diferenças funcionais e estruturais entre as plantas quando submetidas a diferentes fatores ambientais. E o conhecimento dos efeitos das condições ambientais no crescimento da planta pode subsidiar programas de melhoramento bem como práticas adequadas de manejo da cultivar de interesse (AIRES; SILVA; EICHOLZ, 2011; BENINCASA, 1988) e contribuir com o aumento da produção.

Em plantas medicinais, a importância da análise de crescimento de uma determinada espécie também está correlacionada à concentração de princípios ativos, como o óleo essencial, os quais podem variar durante o desenvolvimento da planta (FONSECA, 2001). Faz-se necessário associar a produção de biomassa à qualidade dos princípios ativos, pois além das variações circadianas, estudos demonstram que vários outros fatores podem influenciar as plantas na produção de biomassa, bem como na quantidade e qualidade de metabólitos secundários, incluindo aqui os óleos essenciais (BRANT et al., 2009; COSTA et al., 2010; FRANCO et al., 2007; GOBBO-NETO; LOPES, 2007; LIMA et al., 2011).

Vários fatores podem influenciar a produção dos metabólitos secundários nas plantas. Entre eles estão a época em que o material é coletado (sazonalidade), (GOBBO-NETO; LOPES, 2007; REIS; MARIOT; STEENBOCK, 2003), fase de desenvolvimento, idade da planta, órgão de armazenamento (SIMÕES; SPITZER, 2003; SANGWAN; FAROOQI; SANGWAN, 2001) e as condições ambientais as quais as plantas estão submetidas, tais como a temperatura, disponibilidade hídrica e luminosidade (ARMOND et al., 2011; GOBBO-NETO; LOPES, 2007; LIMA et al., 2011; REIS; MARIOT; STEENBOCK 2003; SILVA; CASALI, 2000; LUZ; EHLERT; INNECCO, 2009); sem esquecer, logicamente, do fator genético (FRANCO et al., 2007).

Dessa forma, fatores tais como “[...] fotoperíodo, temperatura e intensidade luminosa podem determinar nas espécies a época ideal de colheita e o local de cultivo em que poderá se obter maiores quantidades do princípio ativo” (SOUZA et al., 2011b).

Para plantas que apresentam óleos essenciais, o período da manhã é recomendado para a colheita (NAGAO, 2003 citado por LUZ; EHLERT; INNECCO, 2009), porém existem as particularidades de cada espécie (LUZ; EHLERT; INNECCO, 2009).

Por serem substâncias extremamente complexas, podendo conter 100 ou mais compostos orgânicos (CASTRO et al., 2004b), os óleos essenciais podem ser quantificados e identificados através de técnicas cromatográficas ou espectroscópicas (CASTELO; DEL MENEZZI; RESCK, 2010).

Os componentes que normalmente formam os óleos essenciais oferecem certas dificuldades de separação e de identificação, devido à existência de diversos compostos isoméricos e da instabilidade de certos terpenos (RUDLOFF, 1974 citado por FONSECA, 2001). Quanto aos métodos de extração dos óleos essenciais, eles podem variar conforme a localização do óleo na planta e com a proposta de seu uso; entre os métodos mais comuns encontra-se o arraste por vapor dágua.

De acordo com Lupe (2007), os constituintes do material vegetal possuem pressão de vapor mais elevada que a da água, sendo por isso, arrastados pelo vapor d’água. Na extração em aparelho de Clevenger, o óleo essencial obtido, após separar-se da água, deve ser seco com Na2SO4 anidro, podendo o método ser utilizado para extrair óleos de plantas frescas.

Na identificação da composição química dos óleos essenciais, a cromatografia gasosa acoplada a espectrômetro de massas é um dos métodos mais indicados (CG/EM) (CASTRO et al., 2004b), enquanto a espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN) constitui-se em uma técnica de análise poderosa e versátil para estudos estruturais moleculares.

Baseando-se na absorção de energia na gama das radiofrequências por partes de núcleo em uma molécula submetida a um forte campo magnético, a RMN é uma das mais importantes técnicas para a obtenção de informação física, química, eletrônica e estrutural das moléculas, de um modo não destrutivo, podendo fornecer informação acerca da estrutura tridimensional e da dinâmica das moléculas no estado líquido ou sólido (ALVES, 2010).

Masetto et al. (2011), através de análise por CG/EM, obtiveram como componentes majoritários das inflorescências de Lavandula dentata (Lamiaceae), monoterpenos hidrocarbonados (α-pineno, -pineno e limoneno) e monoterpenos oxigenados (1,8-cineol, fenchona, linalol, α-fenchol e cânfora).

Costa Filho, Encarnação e Oliveira (2006) analisaram o óleo essencial de O. gratissimum var. macrophyllum indicando o eugenol como componente majoritário. BIASI et al. (2009), ao estudarem a composição química do óleo essencial de O. gratissimum confirmaram que o quimiotipo estudado foi o eugenol, com atividades antifúngicas e antibacterianas comprovadas.

Effraim, Jacks e Sodipo (2001) citam três quimiotipos para Ocimum gratissimum, eugenol, timol e geraniol, sendo que seus compostos aromáticos têm grande importância na indústria farmacêutica, principalmente por conter eugenol (70- 80%) e geraniol (80-90%). “O óleo essencial desta espécie é rico em eugenol, um fenilpropanóide” (FACTOR et al, 2008); que é responsável pelo aroma de cravo-da- índia típico da espécie (BIASI et al., 2009). Os autores, em estudos sobre a influência da adubação orgânica em O. gratissimum, constataram que o teor de óleo essencial e do eugenol são maiores nas folhas do que nas flores.

A estrutura química de compostos voláteis comumente encontrados em Ocimum gratissimum, está representada a seguir:

(a) (b) (c)

Figura 3. Estrutura química de compostos presentes nos óleos essenciais de

Ocimum (a) Eugenol (b) Timol (c) Geraniol. FONTE: JAKIEMIU, 2008. ROSADO et al., 2011.

Diante das afirmações que o conteúdo e a composição dos óleos essenciais podem variar em função de vários fatores, é necessário que estudos sejam conduzidos visando detectar as condições ideais de cultivo e coleta para maximizar a produção e obtenção de óleos essenciais com qualidade de seus princípios ativos.

3.6 Análise molecular e citogenética em estudos de identificação de

No documento Caracterização de dois acessos de Ocimum. (páginas 49-53)