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Aspectos Anatômicos da Coluna Vertebral

2.4 COLUNA VERTEBRAL

2.4.1 Aspectos Anatômicos da Coluna Vertebral

A coluna vertebral é uma estrutura composta de 33 ossos que estabiliza e coordena as diversas posturas do corpo exigidas pela influência da gravidade terrestre (HAMILL e KNUTZEN, 1999; CALAIS-GERMAIN, 1992). Didaticamente foi divida em quatro regiões: a cervical composta por sete vértebras, a torácica composta de 12 vértebras, a lombar composta de cinco vértebras e a sacral, que está em contato com a pelve e é formada por vértebras fundidas num osso denominado de sacro. A articulação da coluna é formada por dois corpos vertebrais e pelo disco intervertebral fibrocartilaginoso (CAILLIET, 1985; KAPANDJI, 2000). O disco possui três componentes: a) o anel fibroso, b) o núcleo pulposo e c) as placas terminais cartilagíneas (FIGURA 2.2).

FIGURA 2.2 - O DISCO CONSISTE DE UM NÚCLEO PULPOSO (N), CIRCUNDADO POR CAMADAS DE FIBRAS HIALINAS QUE COMPÕEM O ANEL FIBROSO (A)

FONTE: Chaffim Andersson e Martin (2001, p. 59).

O anel fibroso forma uma camada externa fibrocartilagínea elástica. Representa a maior porção do disco e é formado por camadas (ou lamelas). Essas lamelas espiralam-se de uma vértebra a outra. Em cada camada sucessiva essas fibras situam-se obliquamente em direções alternadas e assim cruzam-se entre si. Os ligamentos longitudinais anteriores e posteriores reforçam externamente o anel fibroso. O núcleo pulposo tem aparência semigelatinosa opaca e localiza-se na região interna do disco, é circundado pelas placas terminais cartilaginosas que se ligam às placas terminais ósseas das vértebras (CORRIGAN e MAITLAND, 2000; HAYNE, 1994).

O disco intervertebral não recebe irrigação sanguínea, mas possui um sistema de troca de líquidos e nutrientes de grande atividade metabólica. Esses nutrientes derivam de canais vasculares presentes no osso vertebral esponjoso através das perfurações na placas terminais cartilagíneas adjacentes. O disco faz parte da articulação cartilagínea que é composta por duas vértebras adjacentes (HAMILL e KNUTZEN, 1999). O disco normalmente adapta-se de forma ideal às suas funções, podendo suportar grandes cargas e sendo um eficiente amortecedor de choque da coluna vertebral, adapta-se a uma grande variedade de movimentos da coluna e distribui igualmente os esforços mecânicos aplicados (FIGURA 2.3).

FIGURA 2.3 - O ESFORÇO MECÂNICO É TRANSMITIDO RADIALMENTE EM TODOS OS PLANOS PELO NÚCLEO E É ABSORVIDO PELO ANEL

FONTE: Corrigan e Maitland (2000, p. 250).

A estrutura e a composição química do disco é diferente na infância e na velhice. Nos jovens o núcleo tem alto conteúdo de água e de proteoglicanos1. O conteúdo de colágeno é baixo. Com o aumento da idade, o conteúdo celular, de água e a composição dos proteoglicanos diminuem gradualmente. O conteúdo de colágeno aumenta e torna-se mais hialinizado e fragmentado. Na velhice não é possível determinar os limites exatos entre o núcleo e o anel. O núcleo, despojado de seu conteúdo fluído, é incapaz de cumprir seu papel de transformar a pressão vertical em pressão horizontal e, assim, essas pressões deixam de ser aplicadas ao anel já enfraquecido (KNOPLICH, 1986).

As superfícies articulares são altamente deslizantes, pois oferecem muito pouco atrito. Como exemplo, o coeficiente de atrito da cartilagem lubrificada pelo liquido sinovial e de 0,0002, enquanto o coeficiente de atrito do gelo lubrificado por água é de 0,03 e do aço lubrificado por óleo e de 0,05 (CHAFFIN, ANDERSSON e MARTIN, 2001).

A cartilagem articular recebe principalmente a carga de compressão e deslizamento. Quando o indivíduo permanece por longo tempo na posição em pé, a nutrição da cartilagem pode ser comprometida e conseqüentemente diminuir o volume de lubrificante limítrofe que protege as superfícies articulares (KNOPLICH, 1987).

1 Proteoglicano é uma substância produzida pelos condrócitos (células que estão localizadas na cartilagem articular e que sintetizam cartilagem) que possue uma capacidade de absorver água e permitir a troca metabólica do fluído intra-articular.

As vértebras possuem duas articulações posteriores que são as articulações apofisárias sinoviais, também denominadas de articulações facetárias. Esta articulação é formada pelo osso do processo articular, sendo que um desce da vértebra superior e o outro sobe a partir da vértebra inferior, são revestidas por cartilagem articular e a cavidade sinovial é envolvida por uma cápsula (FIGURA 2.4) (KAPANDJI, 2000).

FIGURA 2.4 - VISÃO DE UMA SEÇÃO SAGITAL DE UMA FACETA ARTICULAR. FONTE: Watkins (2001, p. 159).

Outra estrutura que faz parte da anatomia da coluna é o forame intervertebral que consiste em uma abertura curta e afunilada, através da qual passam os vasos sanguíneos, linfáticos, o nervo espinhal formado pela união das raízes nervosas, ventral e dorsal e o nervo sinuvertebral. O forame é limitado anteriormente pelo disco e pelo corpo vertebral adjacentes, superior e inferiormente pelos pedículos e posteriormente pelos processos articulares superior e inferior, que possuem uma articulação apofisária entre elas (FIGURA 2.5).

FIGURA 2.5 - FACETA ARTICULAR (ORIENTAÇÃO DAS SUPERFÍCIES ARTICULARES EM UMA FACETA ARTICULAR DE UM TÍPICO SEGMENTO MOTOR TORÁCICO).

A articulação anterior (disco intervertebral) e a posterior (articulações apofisárias), formam um complexo articular intervertebral móvel e contribuem determinando os limites do forame, de modo que as alterações degenerativas em qualquer dessas articulações podem reduzir a área transversal do forame e conseqüentemente comprimir as raízes nervosas que estão próximas.

A medula espinhal se situa dentro do canal vertebral e normalmente adapta-se aos movimentos da coluna. Entretanto, as raízes nervosas emergentes passam muito próximo ao disco e das estruturas ósseas antes de emergir através dos forames intervertebrais. Esta proximidade pode ficar comprometida pela compressão ou irritação da raiz nervosa e ocorrer lesão desencadeando desconforto, dor, formigamento e falta de força muscular (McKENZIE, 1998; COX , 2002).

Os arcos vertebrais, compostos por duas lâminas e pedículos, fornecem uma proteção rígida para as estruturas neurais. Esses curtos processos ósseos envolvem a medula espinhal, a cauda eqüina e as raízes nervosas com seus envoltórios. A função da coluna vertebral normal requer que seus movimentos ocorram sem qualquer intrusão no canal vertebral ou nas numerosas fibras nervosas que passam com seu suprimento sanguíneo no forame intervertebral (FIGURA 2.6)

(ROWINSKI, 1993).

FIGURA 2.6 - COMPRESSÃO DE UM NERVO ESPINHAL. NOTA: A) Orientação normal das vértebras, dos discos e do nervo espinhal.

B) Compressão do nervo espinhal por um forame intervertebral reduzido e protrusão discal inferior

FONTE: Watkins (2001, p. 168).

As articulações apofisárias da quarta vértebra lombar superior ficam basicamente no plano sagital, de modo que uma face está voltada para medial e a outra para lateral. As faces articulares da região torácica da coluna vertebral são levemente convexas e a face superior esta voltada para posterior, superior e lateral, enquanto a face inferior esta voltada para anterior,

inferior e medial. Portanto, as faces articulares são oblíquas, proporcionando maior amplitude de torção neste ponto do que na região lombar da coluna vertebral. Na região inferior da coluna cervical as faces articulares são oblíquas. A face superior está voltada para cima e para trás enquanto a face articular inferior está voltada para baixo e para frente. Os movimentos da coluna são determinados principalmente por essa organização anatômica que determina a gama de movimentos em cada complexo articular intervertebral. Os movimentos são influenciados também pelos músculos e ligamentos circundantes, pela forma das curvas da coluna vertebral e pelos movimentos acessórios da articulação intervertebral (CORRIGAN e MAITLAND, 2000; KAPANDJI, 2000).

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