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Aspectos biomecânicos (força, potência e impulso)

3.8 Análise dos dados

3.8.4 Aspectos biomecânicos (força, potência e impulso)

3.8.4.1 “Anatomia” da curva de força x tempo

Para o correto entendimento dos procedimentos de análise dos dados

relacionados à produção de força dos remadores, optou-se por incluir neste capítulo uma

seção relacionada às características da produção de força enquanto sinal biológico

medido e analisado neste estudo.

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O VO2 recebe aqui a conotação de VO2 de pico, pois foi usado o maior valor de VO2 medido e não os

A curva de força x tempo medida pela célula de carga e analisada pelo

programa de computador SAD, como será descrito a seguir, diz respeito à produção de

força pelo remador durante o gesto esportivo da remada, que possui basicamente quatro

fases:

1. Entrada: Introdução do remo na água e início da produção de força;

2. Propulsão: Produção efetiva de força;

3. Finalização: Término da fase de propulsão, retirada dos remos da água;

4. Recuperação: Retorno à posição inicial sem produção efetiva de força;

No caso deste estudo, os dados não foram coletados em uma situação real de

remo, ou seja, remando em um barco na água, mas sim remando em um remoergômetro.

Entretanto, esse ergômetro possui uma alta fidedignidade com os movimentos

realizados na água (LAMB, 1989), como mostra a Figura 8, sendo largamente

empregado na avaliação e treinamento dos remadores (HAGERMANN et al., 1978;

LORMES et al., 1993; MOYNA et al. 2001; BERNSTEIN et al. 2002).

É importante observar que o eixo Y do gráfico corresponde aos valores de

produção de força, enquanto que o eixo X se refere a tempo decorrido para a realização

Figura 8 - “Anatomia” da curva de força x tempo – Adaptado de TORRES – MORENO et al. (1999) e MANUAL DO REMOERGÔMETRO CONCEPT II (2005).

3.8.4.2 Análise da curva de força x tempo

Os dados de força foram analisados seguindo os mesmos parâmetros dos

dados fisiológicos, ou seja, utilizando o estágio de limiar de lactato e o estágio máximo

alcançado no teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro como ponto de

referência. Entretanto, devido à natureza ergódica das curvas de força x tempo, que

possuem como característica a repetição do seu comportamento ao longo do tempo,

optou-se pela seguinte metodologia na análise da produção de força dos remadores:

As curvas de força x tempo coletadas no estágio desejado passaram por um

tratamento através do programa de computador SAD, que consistiu inicialmente em

uma filtragem influenciada pela freqüência fundamental do sinal, a qual foi identificada

Fourier (FFT). Tendo sido identificada a freqüência fundamental, a qual foi sempre

inferior a 10 Hz, foi usado um “filtro ideal via FFT” entre 0 e 10 Hz, pois constatou-se

que filtragens em outras freqüências modificam muito o sinal inicial medido.

Uma vez que o sinal era filtrado, foram identificadas as 10 curvas de força x

tempo centrais do estágio, em função do tempo de duração do mesmo, da mesma forma

que o proposto por TORRES-MORENO et al. (1999). Essas curvas eram então

selecionadas com o uso do programa SAD utilizando o seguinte procedimento:

Inicialmente foi preciso demarcar o ponto de início e término de cada curva

de força x tempo, o que foi feito seguindo-se o método descrito por HODGES & BUI

(1996), o qual foi empregado originalmente na análise de sinais eletromiográficos, mas

tem sido usado na análise da produção de força no remo nos estudos conjuntos entre o

Grupo de Pesquisa em Biomecânica e o Grupo de Estudos em Fisiologia e Bioquímica

do Exercício da Escola de Educação Física da UFRGS com boa aplicabilidade

(OLIVEIRA et al., 2003; BAPTISTA et al., 2003; BAPTISTA et al., 2004).

HODGES & BUI (1996) sugerem a análise da linha de base do sinal

medido, através do uso da fórmula:

Início do sinal = 3 * DP + MED

Onde DP é o desvio padrão e MED é a média do período de linha de base

utilizado (representadas pela letra a na Figura 9). No caso deste estudo foi utilizado

sempre o período que antecedia as 10 curvas selecionadas (representadas pela letra b na

Figura 9). A Figura 9 é meramente ilustrativa e não necessariamente representa um

Figura 9 - Gráfico mostrando o processo de seleção das curvas de força x tempo

O valor resultante desse cálculo foi usado como parâmetro de início e

término de cada curva de força x tempo, pois representa o início de produção

significativa de sinal medido e também, na outra extremidade da curva de força x

tempo, a ausência de produção significativa de sinal medido (HODGES & BUI, 1996).

Depois de determinados o ponto de início e de término das curvas de força x tempo, foi

feito um processo de seleção (recorte) de cada curva e deslocamento até o ponto zero do

gráfico, de modo que as curvas ficassem então todas sincronizadas no eixo X das

Figura 10 – Sincronização para soma das 10 curvas de força selecionadas

Uma vez que todas as curvas de força x tempo estavam sincronizadas, foi

feita a média das mesmas, resultando em uma só curva (como mostra a Figura 11) que

passou por uma análise para identificação do seu perfil no que diz respeito à localização

do seu pico. Através da identificação da sua duração temporal (tempo de curva - TC),

foi localizada a metade da curva (MC) e em seguida calculado, com o auxílio do

programa SAD, o tempo para pico (TP), ou seja, o tempo levado pelo remador para

Figura 11 – Curva de força x tempo média

Logo, os componentes que fazem parte do formato da curva de força x

tempo do remador são o tempo de curva, a metade da curva, tempo para pico e o pico de

força.

Através do tempo para pico e da metade da curva, pôde-se classificar os

remadores em dois grupos quanto ao tipo de curva de força x tempo:

ƒ Remadores stroke: Pico de força na primeira metade da curva.

ƒ Remadores bow: Pico de força na segunda metade da curva.

Foi feita também a análise do impulso produzido, através do cálculo da

integral da força pelo tempo com o uso do programa de computador SAD. A potência

foi medida pelo próprio remoergômetro, como citado anteriormente, não necessitando

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