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1.3.1. Modelo de Gestão dos IFs

Com a criação dos IFs, a Lei nº 11.892 de 2008 determinou também um modelo específico de gestão que em muito se assemelha ao modelo administrativo das universidades brasileiras. Tal semelhança se faz mais visível na estrutura administrativa central e principal. De acordo com o artigo 11 da referida lei “Os Institutos Federais terão como órgão executivo a reitoria, composta por 1 (um) Reitor e 5 (cinco) Pró-Reitores” (BRASIL, 2008, art.11).

Claramente, o modelo de gestão dos IFs definido por esta legislação é uma cópia da estrutura organizacional das universidades públicas, tendo uma figura central, que é o Reitor, ligado a um conselho, e em uma escala inferior tem-se os cinco

pró-reitores (Ensino, Extensão, Pesquisa, Administração, Institucional), seguidos dos diretores de faculdade ou no caso dos institutos, diretor de campus.

É interessante observar, que em ambos os modelos de gestão o órgão máximo das instituições é o conselho ou colegiado, especificamente os institutos possuem dois órgãos colegiados:

Art. 10. A administração dos Institutos Federais terá como órgãos superiores o Colégio de Dirigentes e o Conselho Superior.

§ 1o As presidências do Colégio de Dirigentes e do Conselho Superior serão

exercidas pelo Reitor do Instituto Federal.

§ 2o O Colégio de Dirigentes, de caráter consultivo, será composto pelo

Reitor, pelos Pró-Reitores e pelo Diretor-Geral de cada um dos campi que integram o Instituto Federal.

§ 3o O Conselho Superior, de caráter consultivo e deliberativo, será composto

por representantes dos docentes, dos estudantes, dos servidores técnico- administrativos, dos egressos da instituição, da sociedade civil, do Ministério da Educação e do Colégio de Dirigentes do Instituto Federal, assegurando- se a representação paritária dos segmentos que compõem a comunidade acadêmica (BRASIL, 2009).

Os colegiados representam o órgão superior da gestão, com poder máximo de decisão sobre os assuntos relacionados ao ensino, pesquisa, extensão, questões administrativas e financeiras. Como é um órgão representativo de vários segmentos da instituição e atende ao que é definido pela LDB no artigo 3º, que estabelece a gestão democrática do ensino público, como princípio. Conceitualmente, podemos entender a gestão democrática

[...] como processo de aprendizado e de luta política que não se circunscreve aos limites da prática educativa, mas vislumbra, nas especificidades dessa prática social e de sua relativa autonomia, a possibilidade de criação de canais de efetiva participação e de aprendizado do ‘jogo’ democrático e, consequentemente, do repensar das estruturas de poder autoritário que permeiam as relações sociais e, no seio dessas, as práticas educativas (DOURADO, 2000, p.79).

Outra evidência do princípio democrático da gestão das universidade e Institutos Federais é o processo de escolha dos representantes, por meio de eleição, que escolhe desde o reitor aos diretores de campus e ainda, a presença de órgãos colegiados, com eleições para escolha de representantes dos vários segmentos institucionais. Tais órgãos têm caráter consultivo e deliberativo.

Na escala hierárquica, em um segundo escalão tem-se a distribuição das pró-reitorias, para desenvolver ensino, pesquisa e extensão em múltiplas áreas de

conhecimento e nos diversos campos das atividades humanas. Quanto aos IFs, que são instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e

multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas

diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas. (BRASIL, 2008). Pela Lei nº 11.892 de 2008, estão aptos a aturem também nas três dimensões universitárias, que são a pesquisa, o ensino e a extensão. Neste sentido, este modo de administrar os Institutos Federais torna-se algo desafiador, por ser uma instituição sem tradição nessas dimensões e por incorporarem-nas repentinamente. Segundo Otranto (2010), as universidades que já possuem muitos e muitos anos de pesquisa e extensão e se dedicam, em sua maior parte, exclusivamente ao ensino superior, e são por isso mesmo objetos de análises, comparações e discussões sobre a capacidade de lidar com a indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão, princípio que orienta o fazer universitário, autônomo, competente e ético (Moita e Andrade, 2009). Para os IFs, criados recentemente, a coordenação de tais práticas sem falhas se torna quase impossível.

Pelo preceito legal, tanto as universidades, como os IFs gozam de autonomia didático-cientifica, administrativa e patrimonial. Porém, nas universidades públicas, a gestão é marcada por controle orçamentário centralizado e pelo alto grau de formalização das decisões superiores representadas através de leis, decretos e portarias. Em relação aos IFs, a autonomia, além de ser ratificada pela Lei nº 11.892 de 2008, já era um atributo garantido à Educação Básica pela LDB, conforme se observa abaixo.

Art. 15° Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público (BRASIL,1996, art. 15º).

Segundo o que fala a LDB, a autonomia escolar está dividida em: pedagógica, administrativa e financeira. Pedagógica, quando há descentralização de decisões, liberdade na seleção dos conteúdos e métodos de ensino. Quanto à questão administrativa, lida com as relações humanas de todo corpo coletivo orientando-lhes

e mostrando caminhos para soluções de problemas. No aspecto da autonomia financeira, trata-se de utilizar os recursos correlatamente aos propósitos educacionais.

Além da autonomia e do princípio democrático de gestão, as IES e IFs ainda têm que lidar com outros desafios como, por exemplo, avaliação externa e interna ou auto avaliação, estabelecida pela Lei n° 10.861 de 2004, que criou o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). O novo sistema, que instituiu de forma integrada a avaliação das instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes, estabeleceu igualmente que a avaliação das instituições considerará necessariamente as dez dimensões definidas em lei e que terá dois momentos: a auto avaliação, a ser coordenada por Comissões Próprias de Avaliação (CPAs) e a avaliação externa, a ser realizada por comissões de docentes atuantes na educação superior, devidamente cadastrados e capacitados.

Quanto à avaliação das IES, se incluem os IFs por também atuarem no ensino superior. Segundo Stallivieri (2006), a avaliação institucional tem um caráter sistêmico, integrando os espaços, os momentos e os diferentes instrumentos de avaliação, com intuito de ter assegurando uma melhor integração da avaliação com as políticas públicas de Estado, fazendo o uso adequado dos resultados em busca de desempenho satisfatório do ensino superior brasileiro.

Enfim, como o modelo de gestão dos IFs, têm muitas similaridades em relação ao das universidades, cabe um aprofundamento maior, para identificar em que ponto eles são de fato são semelhantes.

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