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Aspectos conceituais da Educação à Distância: algumas definições

2.1 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA EAD

2.1.3 Aspectos conceituais da Educação à Distância: algumas definições

Muitas são as concepções e definições propostas para a Educação à Distância pelos estudiosos do assunto.

Dias e Leite (2012), destacam a definição proposta pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), que enfatiza o processo de ensino e aprendizagem desenvolvido

“sem que professor e aluno estejam presentes no mesmo lugar, na mesma hora”. (ABED, 2012, p.15). A definição proposta pela ABED é a que mais se aproxima do conceito oficialmente definido pela legislação brasileira através do Art. 1º do Decreto nº 5.622 de 19 de dezembro de 2005 (regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional), que prescreve o seguinte:

Art.1o Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como

modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

Mantendo a mesma linha de pensamento, todavia sem fazer maiores acréscimos a definição de EAD dada pelo do Decreto nº 5.622/2005, outra definição é proposta pelo Ministério da Educação que explicam a Educação à Distância como:

a modalidade educacional na qual alunos e professores estão separados, física ou temporalmente e, por isso, faz-se necessária a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação. Essa modalidade é regulada por uma legislação específica e pode ser implantada na educação básica (educação de jovens e adultos, educação profissional técnica de nível médio) e na educação superior.

O MEC acrescenta e enfatiza, em relação ao disposto no Art 1º, do Decreto do Decreto nº 5.622/2005, o fato da Educação à Distância possuir legislação específica que a regule e poderá ser utilizado nos dois níveis de ensino da educação escolar brasileira.

De acordo com a Comissão Assessora para Educação Superior, criada para colaborar com a Secretaria de Educação Superior – SESu, na modificação das normas para oferta, supervisão e avaliação de cursos superiores em EAD, traz a seguinte definição de Educação à Distância em seu relatório:

a educação a distância deve ser compreendida como a atividade pedagógica que é caracterizada por um processo de ensino-aprendizagem realizado com mediação docente e a utilização de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes tecnológicos de informação e comunicação, os quais podem ser utilizados de forma isolada ou combinadamente, sem a freqüência obrigatória de alunos e professores, nos termos do art. 47, § 3º, da LDB. (BRASIL, 2002, p. 25)

Nota-se que essa Comissão também faz referência ao uso das tecnologias de informação e comunicação como suporte no processo de ensino da EAD, mas acrescenta em sua definição

a não obrigatoriedade de frequência de alunos e professores, seguindo assim, orientação de dispositivo legal que versa sobre a EAD.

Segundo Moore e Kearsley (2011, p. 2) “Educação a distância é o aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do lugar de ensino, exigindo técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais”.

Percebe-se que os autores acrescentam às definição de EAD anteriormente evidenciadas, alguns aspectos para o estudo da Educação à Distância como o aprendizado planejado e não acidental e a necessidade de se ter uma estrutura organizacional e administrativa preparada para oferta dessa modalidade de ensino.

Com uma percepção mais ampla e bem menos determinante acerca da EAD, fazendo referência inclusive a novas expressões como “autoinstrução” e considerando também o papel do sistema escolar no qual essa modalidade de ensino está inserida, Moraes (2010, p. 17), faz a seguinte observação:

Desde logo, deve-se evitar a redução da “educação a distância” à ideia de ensino por computadores e rede virtuais. Deve-se encarar o termo como algo mais abrangente, que engloba diversas maneiras de organizar as atividades de ensino e aprendizagem, incluindo as diferentes formas de estimular e assistir o estudo independente, a autoinstrução. Agreguemos a isso um fato elementar em sociedades organizadas: o sistema escolar também tem a função de certificar e validar publicamente essa aprendizagem.

Já Preti (2009, p. 44), optando em não elaborar uma definição, faz suas considerações sobre o assunto nos propondo termos uma compreensão de EAD, ressaltando os seguintes pontos ainda não enfatizados nas definições até agora apresentadas como, por exemplo, a possibilidade de interação entre os atores envolvidos no processo (professor, alunos, tutores, colegas), atividades realizadas através de suporte de uma “instituição ensinante” e um “processo este que se realiza presencialmente e/ou “a distância””.

Recentemente, em março de 2016, o Conselho Nacional de Educação (CNE), através da Câmara de Educação Superior (CES), considerando principalmente as orientações feitas pelo Parecer CNE/CES nº 564/2015 e por meio da Resolução CNE/CES nº 1, de 11 de março de 2016, caracterizou, em seu Art. 2º, Educação à Distância como:

Art. 2ª Para fins desta Resolução, a educação a distância é caracterizada como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica, nos processos de ensino e aprendizagem, ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, políticas

de acesso, acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, de modo que se propicie, ainda, maior articulação e efetiva interação e complementariedade entre a presencialidade e a virtualidade “real”, o local e o global, a subjetividade e a participação democrática nos processos de ensino e aprendizagem em rede, envolvendo estudantes e profissionais da educação (professores, tutores e gestores), que desenvolvem atividades educativas em lugares e/ou tempos diversos.

No Art. 2º, a Resolução caracterizou a EAD, ampliando significativamente sua definição anteriormente normatizada no Decreto Nº 5.622/2005, que refere-se ao processo de ensino- aprendizagem mediado apenas por uso de Tecnologias de Informação e Comunicação, com professores e alunos em atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

Nesse sentido, infere-se que a Resolução traz uma clara ampliação do conceito de EAD, uma vez que a norma faz referência a obrigatoriedade da mediação didático- pedagógico realizar-se através da atividade de profissionais qualificados, revelando assim, o propósito de se promover a melhoria na qualidade da Educação à Distância em todo o país. Deduz-se também, o interesse na criação de políticas públicas educacionais que garantam a todos os interessados o direito de pleno acesso a essa modalidade de ensino, bem como, promover a organização dos processos de avaliação nas instituições.