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CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ASPECTOS DA DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM

estabelecida de forma ordenada e observando normas operacionais específicas, de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança bem como minimizar os impactos ambientais adversos.

De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004a), os resíduos sólidos são “aqueles nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades da comunidade e são de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos de água ou exijam, para isso, soluções técnicas e economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível”.

Os resíduos sólidos urbanos são aqueles gerados pela comunidade, com exceção de resíduos industriais, de mineração e agrícolas. Incluem os resíduos de origem doméstica e resíduos procedentes de: comércio, escritórios, serviços, limpeza de vias públicas, mercados, feiras e festejos bem como móveis, materiais e eletrodomésticos inutilizados (TCHOBANOGLOUS et al., 1993). Esses resíduos, denominados vulgarmente de lixo e que constituem numa mistura heterogênea de materiais sólidos que podem ser parcialmente reciclados e reutilizados, vêm se constituindo em um dos maiores problemas da sociedade moderna.

A rigor, os impactos ambientais negativos relacionados ao RSU já devem ter surgido juntamente com o aparecimento dos primeiros aglomerados humanos e foram se intensificando com o surgimento de aldeias, vilas, cidades

e grandes regiões metropolitanas. Atualmente o problema se agrava não só porque são produzidas maiores quantidades de resíduos por habitante, mas também porque esses resíduos possuem cada vez mais substâncias recalcitrantes e que apresentam propriedades tóxicas. Assim, o gerenciamento adequado dos resíduos sólidos urbanos tem assumido, cada vez mais, um papel relevante no controle da qualidade ambiental.

Diversos processos são utilizados para o tratamento de RSU que incluem reutilização, reciclagem, compostagem, incineração, digestão anaeróbia em reatores e disposição em aterros sanitários. Dentre as práticas atualmente empregadas para o tratamento e disposição final de RSU, o aterro sanitário figura como uma das mais comuns e, mesmo sendo uma técnica bastante antiga, ainda é largamente utilizada, especialmente nos países em desenvolvimento, devido à facilidade de operação, por ser de custo relativamente baixo e, também, em virtude dos aspectos sociais envolvidos.

A prática de aterrar resíduos sólidos como forma de destino final já era adotada há milhares de anos, e o aprimoramento contínuo dessa prática fez surgir o que hoje se conhece por aterro sanitário, que é uma das técnicas mais utilizadas no presente, em virtude de sua relativa simplicidade de execução, tendo como fator limitante a disponibilidade de áreas próximas aos centros urbanos (LIMA, 1995). De acordo com Hilger & Barlaz (2002), o aterro é a alternativa predominante, porque é um método de baixo custo em relação à incineração. Mesmo em países desenvolvidos, nos quais a política de gerenciamento dos resíduos sólidos tem dado ênfase à redução, reutilização e reciclagem, o aterro sanitário continua sendo uma alternativa importante, porque, pelas características dos RSU e por limitações técnicas, sanitárias e econômicas, somente parte desses resíduos podem ser reutilizados ou reciclados e, ainda, a utilização de outras técnicas de tratamento, como incineração e compostagem também são geradoras de resíduos. Sendo assim, em um sistema de gestão integrada de resíduos sólidos, o aterro se constitui em um elemento praticamente obrigatório. De acordo com United States Environmental Protection Agency (USEPA, 2006), apesar do aumento da

reciclagem, compostagem e incineração, aproximadamente 54% da massa de RSU gerada nos Estados Unidos, no ano de 2005, ainda era depositada em aterros.

O aterro sanitário, que na concepção moderna deve ser visto como local de tratamento de resíduos, é um processo utilizado para a disposição de resíduos sólidos no solo, particularmente resíduo domiciliar, que, fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais específicas, permite um confinamento seguro em termos de controle de poluição ambiental e proteção à saúde pública. Nos aterros pode-se distinguir processos de tratamento por digestão anaeróbia, digestão aeróbia e digestão semi-anaeróbia (D’ALMEIDA & VILHENA, 2000). No Brasil, a imensa maioria dos aterros sanitários são projetados para tratar os resíduos por digestão anaeróbia.

O aterro de RSU é um sistema dinâmico que envolve reações metabólicas num ambiente formado pela massa de resíduos com suas características físicas, químicas e suas inter-relações, formando um sistema complexo. Dentro do ecossistema do aterro de lixo, processos físicos, químicos e biológicos promovem a degradação da fração orgânica de RSU com geração de efluentes líquidos e gasosos, modificando a pressão no interior da massa de resíduos, que é contida por sistemas de impermeabilização de base e de cobertura (ALCÂNTARA, 2007).

Vários estudos têm sido desenvolvidos para melhor compreender os processos de estabilização da fração biodegradável dos RSU sob condições anaeróbias que, de acordo com Warith et al. (2005), podem servir de base para o desenvolvimento de tecnologias que visem acelerar a biodegradação dentro do aterro. Atualmente, os aterros sanitários tendem a serem operados como verdadeiros biorreatores de grandes dimensões, apresentando como vantagens o aumento da densidade efetiva dos resíduos e, consequentemente, da capacidade do aterro, a maior eficiência na recuperação de energia devido à maior taxa de produção de gás e à aceleração da decomposição dos resíduos reduzindo o período de monitoramento e o custo global do empreendimento (BARLAZ et al., 1990; REINHART et al., 2002; BENSON et al., 2007).

2.2 CAMADA DE COBERTURA DE ATERRO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

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