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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

3 Pior que classe 2 4 Não determinada

2.5 Topologia, Morfologia e Representação do Relevo

2.5.3 Aspectos do Relevo

Pela sua importância e complexidade, a representação do relevo é, usualmente, tratada separadamente em estudos sobre cartas topográficas. As características do relevo que devem ser representadas em mapas são: tridimensionalidade e continuidade. Estas duas características, definem os dois elementos principais do relevo: altitude e declividade. Portanto, para que a classificação represente de forma completa o relevo, esta deve contemplar este dois elementos, através de três diferentes métodos, que denominamos: pontos altimétricos, curvas de nível e cores hipsométricas (VIEIRA ET AL, 2004).

De acordo com o IBGE (2011a), o relevo de uma determinada área pode

ser representado através de curvas de nível, perfis topográficos, relevo sombreado, cores hipsométricas, entre outros.

Neste trabalho, só serão descritos os conceitos acerca dos pontos altimétricos e curvas de nível , uma vez que estas são as representações utilizadas no mapeamento sistemático, bem como nos produtos utilizados nas avaliações.

Elementos Geométricos do Relevo

Os elementos geométricos do relevo, segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) (BRASIL, 2007) podem ser classificados, geometricamente, de acordo com suas inclinações ou declividades. A Declividade de um terreno é medida pela equidistância natural das curvas de nível, dividida pelo afastamento natural entre as curvas de nível consecutivas. A linha de maior declive é dada pela menor distância entre as duas curvas, isto é, pela perpendicular comum. Assim, quanto menor for o afastamento das curvas de nível representativas do acidente, tanto maior será a declividade do terreno entre elas compreendido (ESPARTEL, 1965). A Inclinação traduz o ângulo médio da encosta com eixo horizontal medido, geralmente, a partir de sua base (FIGURA 1). A declividade representa o ângulo de inclinação em uma relação percentual entre o desnível vertical e o comprimento na horizontal da encosta (Erro! Argumento de opção desconhecido.). As formulações de inclinação e declividade estão descritas abaixo:

α = ARCTAN (H/L) (04) D = H/L X 100 (05) Onde:  α é a inclinação;  D é a declividade;  H é o comprimento na vertical;  L é o comprimento na horizontal. 91

FIGURA 1: Cálculo da inclinação de uma encosta. Fonte: BRASIL (2007).

FIGURA 2: Cálculo da declividade. Fonte: BRASIL (2007).

O QUADRO 7 apresenta a relação entre os valores de inclinação e declividade. Ressalta-se que esta relação não é proporcional.

QUADRO 7: Relação entre inclinação e declividade. Inclinação Declividade α = arctan (H/L) D (%) = (H/L) X 100 45º 100 % ~ 27º 50 % ~ 17º 30 % ~11º 20 % ~7º 12 % ~3º 6 % Fonte: BRASIL (2007). 92

A declividade de uma bacia pode ser determinada através do Método das Quadrículas. Este método consiste em lançar sobre o mapa topográfico da bacia, um papel transparente sobre o qual está traçada uma malha quadriculada, com os pontos de interseção assinalados. A cada um desses pontos, associa-se um vetor perpendicular à curva de nível mais próxima (orientado no sentido do escoamento). As declividades em cada vértice são obtidas, medindo-se na planta, as menores distâncias entre curvas de níveis subsequentes; a declividade é o quociente entre a diferença da cota e a distância medida em planta entre as curvas de nível (TUCCI, 1998).

Santos, Gaboardi e Oliveira (2005), também definiram classificações de declividade, porém em função da geomorfologia do terreno (FIGURA 3):

 Plano - superfície de topografia esbatida ou horizontal, onde os desniveis são muito pequenos. Declividades menores que 3%;  Suave ondulado - superfície de topografia pouco movimentada,

constituída por conjunto de colinas e, ou, outeiros (elevações de altitudes relativas da ordem de 50 m a 100 m, respectivamente), apresentando declives suaves, de 3 a 8%;

 Ondulado - superfície de topografia pouco movimentada, constituída por conjunto de colinas e, ou, outeiros, apresentando declives acentuados, entre 8 e 20%;

 Forte ondulado - superfície de topografia movimentada, formada por outeiros e, ou, morros (elevações de 100 a200 m de altitude relativa) com declives fortes, entre 20 e 45%;

 Montanhoso - superfície de topografia vigorosa, com predomínio de formas acidentadas, usualmente constituídas por morros, montanhas e maciços montanhosos e alinhamentos montanhosos, apresentando desnivelamentos relativamente grandes e declives fortes e muito fortes, de 45 a 75%;

 Escarpado - regiões ou áreas com predomínio de formas abruptas, compreendendo escarpamentos, como: aparado, itaimbé, frente de cuestas, falésia, flanco de serras alcantiladas, vertente de declive muito forte de vales encaixados. Declividades maiores que 75%.

FIGURA 3: Formas de relevo. Fonte: Santos, Gaboardi e Oliveira (2005).

Onde na Figura 3, o número 1 significa relevo plano, o 2 relevo suave ondulado, o 3 relevo ondulado, o 4 relevo forte ondulado, o 5 relevo montanhoso e o 6 relevo escarpado.

No trabalho de Beltrame (1994), o parâmetro declividade média foi utilizado para caracterizar o relevo dos setores de uma bacia hidrográfica. O valor numérico resultante também compôs uma fórmula descritiva para cada setor. Para determinar a declividade média, a autora determinou a área de cada setor da bacia e a longitude total das curvas de nível de cada setor. A fórmula geral e os respectivos símbolos e subíndices, são apresentados a seguir, no Quadro 8.

DM = (L C N x E) / A (06) Onde:

 DM é a declividade média;

 LCN é a Longitude das Curvas de Nível por setores;  E é a equidistância das curvas de nível; e

 A é a área do setor.

QUADRO 8: Classes de declividade.

Declividade Relevo Símbolo e Subíndice

Até 8 % Suave Ondulado DM1

9 a 20 % Ondulado DM2

21 a 45 % Forte Ondulado DM3

Acima de 45 % Montanhoso e Escarpado DM4 Fonte: Beltrame (1994).

De acordo com Beltrame (1994) as classes de declividade são bastante diversificadas de autor para autor; não há uma classificação definitiva a ser adotada em nível nacional ou estadual.

Curvas de Nível

A curva de nível se constitui de uma linha imaginária do terreno, em que todos os pontos da referida linha têm a mesma altitude, acima ou abaixo de uma determinada superfície da referência, geralmente o nível médio do mar (IBGE, 2011).

FIGURA 4: Curvas de Nível. Fonte: IBGE (2011). As principais características das curvas de nível são:

 Tendem a ser quase que paralelas entre si;

 Todos seus pontos se encontram na mesma elevação;  Fecha-se sempre sobre si mesma;

 Nunca se cruzam, podendo se tocar em saltos d'água ou despenhadeiros;

 Em regra geral, cruzam os cursos d'água em forma de "V", com o vértice apontando para a nascente.

A natureza da topografia do terreno determina as formas das curvas de nível. Assim, estas devem expressar com toda fidelidade o tipo do terreno a ser representado. As curvas de nível vão indicar se o terreno é plano, ondulado, montanhoso ou se o mesmo é liso, íngreme ou de declive suave (IBGE, 2011).

Na representação cartográfica, sistematicamente, a equidistância entre uma determinada curva e outra tem que ser constante. A equidistância é o espaçamento, ou seja, a distância vertical entre as curvas de nível. Essa equidistância varia de acordo com a escala da carta, com o relevo e

com a precisão do levantamento.

Só deve haver numa mesma escala duas alterações quanto à equidistância. A primeira é quando, numa área predominantemente plana, por exemplo, a Amazônia, precisa-se ressaltar pequenas altitudes, que ali são de grande importância. Estas são as curvas auxiliares. No segundo caso, quando o detalhe é muito escarpado, deixa-se de representar uma curva ou outra porque além de sobrecarregar a área dificulta a leitura.

A equidistância não significa a distância de uma curva em relação à outra, e sim a altitude entre elas, ou seja, o desnível entre as curvas (IBGE, 2011).

Para que cartas de escalas diferentes tenham uma mesma densidade de curvas de nível, de modo que a leitura do relevo seja semelhante quando se muda de escala, é comum utilizar uma mesma equidistância gráfica. A equidistância gráfica é a equidistância natural reduzida à escala da carta. Em Portugal é comum utilizar-se a equidistância gráfica de 1 mm para as plantas (0.8 mm nas escalas quádruplas), enquanto para as cartas os valores utilizados são metade destes valores, 0.5 mm e 0.4 mm. O traçado das curvas deve obedecer algumas regras: curvas são sempre fechadas nos limites da representação cartográfica; não se cruzam na sua representação horizontal e; sofrem uma inflexão ao cruzarem uma linha de água, cuja concavidade fica virada para jusante e convexidade para montante (BAIO, 2007).

Para determinar a altitude de um ponto situado entre duas curvas de nível sucessivas é necessário considerar se o declive é constante entre elas. Traça-se um segmento de reta entre as duas curvas passando pelo ponto a determinar (menor distância entre as duas curvas), e depois se medem as distâncias entre as curvas, e entre a curva e o ponto. Pelo mesmo método determina-se a diferença de altitude entre a curva e o ponto. A altitude deste é dada pela altitude da curva mais a diferença de altitude determinada.

HB

HA

B

A

X

dAB dAX

FIGURA 5: Interpolação de altitudes entre curvas de nível. Fonte: Baio (2007).