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CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO

2.2 Aspectos Geotécnicos do Município de Petrolina-PE no Colapso

De acordo com Torres (2014), o perfil do solo estudado do Município de Petrolina, considerando-se os 12 furos de sondagem e profundidade de até 9,50 m, é constituído de três camadas, como mostrado na Figura 12(a). Tem-se a primeira composta de areia fina siltosa pouco a medianamente compacta, a segunda, uma areia fina a média, de medianamente compacta a compacta, já a terceira é uma camada de pedregulho com argila siltosa atingindo o impenetrável a 9,50 m. Na Figura 12(b) é mostrado como o índice de resistência a penetração (golpes/0,3 m), considerando-se os valores médios (NSPT = 1,5Z + 3,6 r2 = 0,91), cresce com a profundidade (Z em m).

Figura 12 – Perfil de Sondagem e Nspt do Solo de Petrolina – Torres (2014)

Perfil de sondagem

Profundidade (

m)

0 -

Areia fina siltosa de quartizo, cor bege, pouco a medianamente compacta. Aluvião 1 -

2 - 3 - 4 - 5 -

6 - Areia fina siltosa de quartizo, cor bege,

mediamente compacta a compacta. Aluvião

7 - 8 -

9 - Pedregulho com argila silto-arenosa, cor

marrom, muito compacta. Impenetrável a percussão 9,5m.

10 - 11 -

O autor coletou amostras amolgadas de solos representativos de um depósito Aluvionar em Petrolina-PE. Durante a escavação de 1,0 m de profundidade do poço para moldagem de blocos de aproximadamente 100 kg, foram também coletadas de cada horizonte amostras deformadas.

Após realizar ensaios de caracterização, Torres (2014) chegou à seguinte conclusão: O solo é essencialmente arenoso com mais de 90% de areia, com fração argilosa < 5% e praticamente sem silte (no máximo 2%). O solo é mau graduado (Cu < 5%). A distribuição granulométrica é apresentada na Figura 13(a), o valor do peso específico dos grãos (Gs = 26,32 kN/m3). O solo é não líquido e não plástico e se enquadrando no grupo SM, Areia Siltosa, na classificação do SUCS. O peso específico natural do solo varia de 14,97 a 15,10 kN/m3, a umidade natural é de 0,81% e grau de saturação 2,86%. O valor

do peso específico aparente seco máximo, obtido com energia do Proctor Normal é de 18,50 kN/m3 e umidade ótima de 7,30%, Figura 13(b). O solo tem caráter não dispersivo, quanto às características químicas, trata-se de um solo ácido, distrófico, com baixa capacidade de troca catiônica. Portanto, o solo se enquadra na classe pedológica Neossolo Quartzorênico, com horizonte A fraco, textura arenosa fina, fase caatinga hiperxerófila, e relevo plano.

Figura 13 – Caracterização física do solo: a) distribuição granulometria e b) curvas de compactação e saturação - Torres (2014).

Os valores da resistência de ponta (Pq) no solo determinada com o penetrômetro estático até a profundidade de 1,40 m na umidade natural e inundado são mostrados na Figura 14.

Figura 14 – Resistência de ponta obtida com penetrômetro estático: a) solo natural, b) solo inundado e c) relação entre a resistência de ponta no solo natural e inundado -

A resistência de ponta no solo na umidade natural cresce linearmente com a profundidade até 0,20 m e para profundidades superiores varia de 1,0 a 1,5 Mpa, Figura 14(a). No solo inundado previamente a resistência de ponta variando de 0,30 a 1,50 Mpa, sem evidências de crescer com a profundidade, Figura 14(b). A razão entre a resistência de ponta do solo na umidade natural e inundado (Kw = Pq/Pqw) é variável com a profundidade, com valores próximos a 1 na superfície do terreno e chegando a 3,5 na profundidade de 1,40 m, Figura 14(c).

Considerando os valores médios a relação (Kw = Pq/Pqw) variou de 1,2 a 1,8 com a profundidade. Os valores de Kw aqui encontrados para o solo colapsível de Petrolina são muito próximos aos valores obtidos por Resnik (1989).

Os valores da resistência de ponta (Pq) determinados com o penetrômetros de Impacto - DPL até a profundidade de 1,40 m, no solo na umidade natural e inundado são mostrados na Figura 15. A resistência de ponta no solo na umidade natural cresce com a profundidade e no solo inundado varia de 1 a 2 MPa até um e de 1,2 a 3,5 MPa até a profundidade de 1,40 m. Os valores da razão entre a resistência de ponta do solo na umidade natural e inundado (Kw = Pq/Pqw) cresce com a profundidade, Kw (Mpa) = 6 Z (m).

Figura 15 – Resistência de ponta obtida com penetrômetro de impacto (DPL): a) solo natural, b) solo inundado e c) relação entre a resistência de ponta no solo natural e

Os resultados dos ensaios edométricos simples e duplos e os valores dos potenciais de colapso para as tensões verticais de inundação de 10, 20, 40, 80, 160, 320, 640 e 1280, são apresentadas, Figura 16. Os valores dos potenciais de colapso crescem atingindo um valor máximo de 3,57% na tensão de 160 kPa e depois decresce. Sendo esta, a tensão crítica para o colapso máximo, comportamento semelhante foi encontrado por Alonso at al (1990) e Ferreira (1995). Os valores dos potenciais de colapso (CP) são inferiores aos encontrados por Silva (2003) no solo colapsível onde foi edificado o Conjunto Privê Village (SILVA, 2003) e o Canal Pontal Azul (FUCALE, 2000), em Petrolina. O solo é classificado como verdadeiramente colapsível pelo critério de Reginatto e Ferrero (1973).

Figura 16 – Resultado dos ensaios edométricos simples e duplos - Torres (2014)

Os valores das deformações volumétricas específicas obtidas, em laboratório, através dos ensaios edométricos simples, Figura 17(a), são superiores aos obtidos em campo com o Expansocolapsômetro Figura 17(b). Mesmo comportamento foi verificado em relação aos valores dos potenciais de colapso, Figura 17(c).

Figura 17 – Curvas de deformação volumétrica específica e do potencial de colapso com a tensão vertical aplicada obtidas através de ensaios de laboratório e de campo -

Torres (2014).

Visando estabilizar este solo em relação ao colapso, Santos Netos (2015) adicionou resíduos de construção civil (RCC) nas proporções de 10%, 30% e 50%. A adição do resíduo ao solo melhorou sua granulometria, deixando-o mais uniforme. Através de ensaios edométricos simples e duplos o autor avaliou a colapsibilidade da mistura solo + RCC nas referidas proporções com graus de compactação de 85%, 90% e 95% e umidades de 0,2%, 4,0% e 7,0%, Figura 18.

Figura 18 – Potenciais de colapso e expansão das amostras nas umidades e grau de compacidade estudados (Edométrico Simples) - Santos Neto (2015)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 % 1 0 % 2 0 % 3 0 % 4 0 % 5 0 % PO TEN CIA DE CO LA PSO (% ) RCC G C 8 5 % W = 0 , 2 % 10 kPa 40 kPa 160 kPa 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 % 1 0 % 2 0 % 3 0 % 4 0 % 5 0 % RCC G C 9 0 % W = 0 , 2 % 10 kPa 40 kPa 160 kPa 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 % 1 0 % 2 0 % 3 0 % 4 0 % 5 0 % RCC G C 9 5 % W = 0 , 2 % 10 kPa 40 kPa 160 kPa 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 % 1 0 % 2 0 % 3 0 % 4 0 % 5 0 % PO TEN CIA DE CO LA PSO (% ) RCC G C 8 5 % W = 4 % 10 kPa 40 kPa 160 kPa 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 % 1 0 % 2 0 % 3 0 % 4 0 % 5 0 % RCC G C 9 0 % W = 4 % 10 kPa 40 kPa 160 kPa 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 % 1 0 % 2 0 % 3 0 % 4 0 % 5 0 % RCC G C 9 5 % W = 4 % 10 kPa 40 kPa 160 kPa 0 1 2 3 4 5 6 7 0 % 1 0 % 2 0 % 3 0 % 4 0 % 5 0 % PO TEN CIA DE CO LA PSO (% ) RCC G C 8 5 % W = 7 % 10 kPa 40 kPa 160 kPa 0 1 2 3 4 5 6 7 0 % 1 0 % 2 0 % 3 0 % 4 0 % 5 0 % RCC G C 9 0 % W = 7 % 10 kPa 40 kPa 160 kPa 0 1 2 3 4 5 6 7 0 % 1 0 % 2 0 % 3 0 % 4 0 % 5 0 % RCC G C 9 5 % W = 7 % 10 kPa 40 kPa 160 kPa

Para uma mesma umidade inicial, com o aumento da tensão vertical de consolidação, e para uma mesma tensão vertical de consolidação, os índices de vazios decresceram em todas as amostras com o aumento do grau de compactação e umidade, conferindo as misturas uma estrutura mais estável. Os resultados indicam ainda que os potenciais de colapso são decrescentes com o acréscimo de RCC para todas as tensões com relação ao solo, obtendo menores potenciais de colapso nas amostras com 50% de RCC#30, GC=95% e umidade de 7,0%. Desta maneira, o acréscimo do RCC#30 funciona, com eficiência, na redução do colapso, semelhante ao aumento do peso específico.

Os ensaios edométricos duplos, alcançaram os menores pesos específicos aparente seco no menor teor de umidade (0,2%), variando pouco nos índices de vazios finais, para as amostras inundadas. Logo, a umidade inicial e a tensão a que o solo está submetido têm importância significativa no comportamento de variação de volume quando o solo é inundado (SANTOS NETO, 2015).

Borges (2016), analisou em campo, o módulo de elasticidade deste mesmo solo, na condição natural e inundada, utilizando para tal, o equipamento Light Weight Deflectometer (LWD), no qual consiste em um equipamento portátil de precisão que visa à realização de um ensaio estático, fornecendo dados impressos diretamente de deflexões e módulo de resiliência (MR), podendo atingir até 2000 MPa.

A deflexão avaliada é a recuperável, provocada através do golpe de uma massa de 10, 15 ou 20 kgf, dependendo do modelo do equipamento, que cai de uma altura constante sobre uma placa de 0,30 m de diâmetro, tal impacto gera deflexões na superfície em estudo. As propriedades avaliadas são a curva e o comprimento da deflexão, sendo detalhadas e mostradas através de um gráfico que pode ser impresso in loco, com resultados em mm. Todos os dados são processados em uma caixa de datalog conectada com um fio ao LWD (SANTOS, 2014).

Os ensaios são interpretados utilizando recurso da equação da deflexão num meio espaço sujeito a uma carga, derivada da teoria de Boussinesq, obtendo-se assim um módulo equivalente de superfície. Segundo PREUSSLER (2007), em qualquer configuração do

teste a deflexão no centro da placa de carga é obtida para calcular o módulo de elasticidade ou de resiliência da camada de estudo.

A expressão utilizada para o cálculo do módulo de elasticidade (ELWD) da camada é aquela desenvolvida por Boussinesq com base na Teoria da Elasticidade (PREUSSLER, 2007), conforme é mostrado na equação 3.

E = Equação 3

Onde:

F = Fator que depende da distribuição das tensões, e assume valores de: F=2 para distribuição uniforme, F=π/2 para placa rígida; F=8/3 para distribuição parabólica (solo granular) e F=4/3 para distribuição parabólica (solo coesivo);

µ = Coeficiente de Poisson; σ = Tensão aplicada (kPa); R = Raio da placa de carga (mm); Df = Deflexão (μm); E = Módulo de Elasticidade (MPa).

Para a realização do ensaio, o equipamento é posicionado sobre a superfície a ensaiar, a massa é elevada até a altura desejada e é acionado o dispositivo que a liberta. A superfície a ensaiar sob a placa de carga sofre então a aplicação de um impulso dinâmico que provoca a sua deflexão.

Figura 19 – Curvas de deflexões para o solo no estado natural e inundado: a) ensaio de LWD com kg massa de 10 kg e b) ensaio de LWD com massa de 15kg - Borges (2016).

Os resultados dos módulos de elasticidade (ELWD) para o solo na condição de inundação (área C) apresentaram valores bem menores que o solo em situação natural (área A), enquanto que as deflexões (s médio) apresentaram valores superiores. As curvas de deflexões são apresentadas na Figura 19.

As deflexões com grande amplitude resultam em baixos valores de módulo de elasticidade, o que é característica de solos fofos, enquanto que, para solos resistentes, o comportamento é oposto.

Comparando as curvas de deflexões obtidas para o solo no estado natural com os da condição inundada, percebe-se o comportamento típico dos solos colapsíveis, ou seja, uma certa resistência quando estão no seu estado natural, devido às forças capilares que são responsáveis pelo efeito da sucção, e quando submetidos a inundação e aplicação de carga, ocorre a quebra dessas forças e sofrem uma redução do seu volume. Esta situação é demonstrada na Figura 20.

Observa-se a sobreposição das curvas s1 e s2 Figura 20(a), assim como a proximidade com a curva s3 Figura 20(b). Solos pouco resistentes demonstram as três curvas individuais mais distantes umas das outras.

Figura 20 – Curvas de deflexões individuais para o solo no estado natural (Área A) e inundado (Área C) - Borges (2016)

Em relação as massas utilizadas de 10 e 15 kg, o autor explica que os resultados demonstraram uma pequena variação nos valores do módulo de elasticidade. Houve um discreto aumento das deflexões devido ao fato ter-se aumentado a tensão (Figura 21).

Figura 21 – Análise comparativa entre as massas de 10 e 15 kg para o solo no estado natural e inundado: a) área A; b) área C - Borges (2016).

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