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Aspectos gerais da Educação pós 1988

No documento MÁRCIO GUSTAVO TENÓRIO CAVALCANTI (páginas 78-81)

7 A contribuição da Educação para prevenção de desastres naturais

7.2 Aspectos gerais da Educação pós 1988

Como resultado de um amplo processo de redemocratização do País, a educação brasileira tem sido regida sob os princípios da Constituição promulgada em 1988 com significativas mudanças.

No Brasil, os problemas das desigualdades regionais constituem um dos fatores de entrave ao processo de desenvolvimento nacional. Galvão (2006) afirma que: “O problema regional

espelha e responde por boa parte dos obstáculos para a superação do subdesenvolvimento brasileiro”.

Com isso, acentuam-se as desigualdades sociais e regionais e como consequência lógica, desencadeiam fluxos migratórios rumo às regiões mais ativas, fator de grande relevância, já que acirra conflitos sociais e intensifica as pressões sobre as políticas sociais e o planejamento.

Segundo Moacir Gadotti (2008):

[...] parece estranho que um país que optou pela “via desenvolvimentista”, como o Brasil, tenha no seu período, mais recente, se caracterizado por um descaso quase total pela educação. O Brasil é talvez um dos poucos países do Terceiro Mundo, hoje, que pretendem “arrancar para o progresso” sem investir em educação. [...] O Brasil optou por um modelo de desenvolvimento capitalista que considera a educação um aspecto secundário. É por esse motivo que o governo vem se desobrigando “lenta e gradualmente” da tarefa de educar, entregando a educação à empresa particular. A educação entre nós, graças à política educacional do regime militar, tornou-se um negócio, uma traficância (Gadotti ,2008, p. 123).

Cabe destacar, três alterações nos textos legais que são de grande importância para a educação: a aprovação da LDB (Lei n. 9394/96); a aprovação da Emenda Constitucional que institui o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (FUNDEP) e do Plano Nacional de Educação (PNE - Lei n. 10.172/2001).

A educação é um direito fundamental social, elencando o rol dos chamados direitos fundamentais, diretamente ligados à dignidade da pessoa humana, fundamento da República Federativa do Brasil, garantido na Constituição Federal de 1988 (CF/1988), a Carta Cidadã.

Todavia, torna-se cada vez mais imprescindível a implementação de políticas que possam mudar esse quadro, sob pena de comprometer ainda mais as futuras gerações.

O artigo 6º da Constituição brasileira de 1988 destaca a educação como o primeiro direito social, da lista dentre os outros existentes. A Constituinte formuladora da Carta Cidadã alocou o direito à educação na primeira posição, já que sua relevância se mostra evidente na sociedade atual.

Segundo Chalita (2001), a promulgação da Constituição de 1988 foi a reconquista da liberdade sem medo e, por meio dela, a educação ganhou um lugar de notável importância.

No artigo 205 da Constituição Federal, o ordenamento estabelece que:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988, CF).

Na sociedade brasileira, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) aprovado em 20 de dezembro de 1996, no seu art. 1º., define que a educação [...] abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais (BRASIL, 1996).

A Constituição Federal de 1988 traz no seu bojo que a educação é um direito social, sendo a família e o Estado responsáveis pelo seu cuidado, por suas ações para o pleno alcance. Visando garantir esse mandamento e com isso garantir o pleno gozo do direito ao cidadão, assegurou-se a não onerosidade do ensino público em escolas oficiais e as fontes de financiamento que gerariam os recursos que o Estado disporia para financiar os seus custos.

Assim, não resta dúvida de que a educação é um dos principais meios existentes para atingir a tão sonhada e constitucionalizada igualdade entre os indivíduos por se mostrar como um direito retratado de elevado grau de importância, elencado inclusive, como direito fundamental social, tendo uma relação direta com à dignidade da pessoa humana.

Na concepção de Paulo Freire (1974), a educação é produto de uma relação histórica e socialmente estabelecida, configurando-se como ato político, já que não se pode afastar o ato pedagógico da realidade sócio-histórica. Por isso, a educação apresenta-se como um caminho para o homem intervir e transformar esta realidade.

Entretanto, para que isso seja possível, é necessário que seja superado o que Freire (1974) chamou de “educação bancária”, ou seja, baseada apenas em que não apenas o conhecimento é depositado em um aluno passivo, mas que, igualmente, o silencia, impondo-lhe como correto, autêntico e singular o saber transmitido pelo professor, que não possibilita o processo de reflexão sobre a realidade impossibilitando mudanças substanciais na qualidade de vida e na visualização dos riscos.

Assevera ainda Freire (1979) que como caminho de libertação dessa educação opressora, é de fundamental importância a defesa de uma educação dialógica, na qual o aluno, conhecedor e leitor do mundo é, também, sujeito de seu próprio processo de aprendizagem. É importante ressaltar que se trata de um diálogo fundamentado na relação ação/reflexão/ação, na qual o sujeito se percebe inserido e participante de seu contexto sócio histórico, sendo, então, capaz de modificá-lo e de modificar-se, num processo dialético de constantes operações de sínteses que se realizam na práxis – ação/reflexão/ação.

Freire reconhece a prática, a subjetividade e o senso comum como indispensáveis à construção de conhecimentos significativos para o educando, porque é nessa comunhão de

saberes que o sujeito deixa de ser o consumidor de informação para se tornar o criador de conhecimentos (ALMEIDA, 2000).

Como se pode observar, a educação é atualmente reconhecida como um dos pilares sobre os quais se assenta o desenvolvimento social, econômico e político da sociedade. Não se trata, portanto, de aumentar fontes de financiamento ou de tentar melhorar os dispositivos legais, pois eles já existem. Trata-se simplesmente de fazer cumprir a lei, que inclusive é muito ampla e respaldada principalmente nos preceitos da dignidade da pessoa humana.

No documento MÁRCIO GUSTAVO TENÓRIO CAVALCANTI (páginas 78-81)