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3. REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATACÕES PUBLICAS

3.2 Aspectos Gerais

A Seção I do Capítulo I da Lei nº 12.462, de 2011, trata dos aspectos gerais do RDC, disciplinados pelos arts. 1º a 4º. O art. 1º versa sobre o âmbito de aplicação do RDC, limitando a incidência das novas regras às licitações e contratos necessários à realização:

I - dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, constantes da Carteira de Projetos Olímpicos a ser definida pela Autoridade Pública Olímpica (APO); e

II - da Copa das Confederações da Federação Internacional de Futebol Associação - Fifa 2013 e da Copa do Mundo Fifa 2014, definidos pelo Grupo Executivo - Gecopa

2014 do Comitê Gestor instituído para definir, aprovar e supervisionar as ações previstas no Plano Estratégico das Ações do Governo Brasileiro para a realização da Copa do Mundo Fifa 2014 - CGCOPA 2014, restringindo-se, no caso de obras públicas, às constantes da matriz de responsabilidades celebrada entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios;

III - de obras de infraestrutura e de contratação de serviços para os aeroportos das capitais dos Estados da Federação distantes até 350 km (trezentos e cinquenta quilômetros) das cidades sedes dos mundiais referidos nos incisos I e II.

IV - das ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)

(Incluído pela Lei nº 12.688, de 2012)

V - das obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS.

(Incluído pela Lei nº 12.745, de 2012)

VI - das obras e serviços de engenharia para construção, ampliação e reforma de estabelecimentos penais e unidades de atendimento socioeducativo. (Incluído pela Lei nº 12.980, de 2014).[...]

[...] § 3o Além das hipóteses previstas no caput, o RDC também é aplicável às

licitações e contratos necessários à realização de obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas públicos de ensino.(Incluído pela Lei nº 12.722, de 2012)

Houve também a inserção do artigo 63-A, que normatiza a utilização do RDC para modernização, construção, ampliação ou reforma de aeródromos públicos. A Lei nº 12.873/13, em seu artigo 1º: trouxe uma nova possibilidade de contratação pelo RDC:

Art. 1º Fica a Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB autorizada a utilizar o Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC, instituído pela Lei nº12.462, de 4 de agosto de 2011, para a contratação de todas as ações relacionadas à reforma, modernização, ampliação ou construção de unidades armazenadoras próprias destinadas às atividades de guarda e conservação de produtos agropecuários em ambiente natural.

A adoção do RDC está relacionada às licitações que preencham os pressupostos citados acima, caberá à autoridade a competência para optar entre o RDC e a Lei Geral de Licitações, para as licitações que não se enquadrem nos limites legais citados no art. 1 da Lei 12.462/11 é vedada a utilização do RDC. (JUSTEN FILHO, 2013).

Por meio dos objetivos listados no § 1º do art. 1º do referido diploma legal o RDC busca resultados específicos e diferenciados que não eram satisfatoriamente alcançados na aplicação dos regimes licitatórios anteriores o artigo traz os seguintes objetivos: ampliar a eficiência nas contratações públicas e a competitividade entre os licitantes; II - promover a troca de experiências e tecnologias em busca da melhor relação entre custos e benefícios para o setor público; III - incentivar a inovação tecnológica; e IV - assegurar tratamento isonômico entre os licitantes e a seleção da proposta mais vantajosa para a administração pública.

Seria um desproposito considerar que os outros diplomas que disciplinam a licitação não seriam voltados a promover a eficiência visto que, a eficiência é um principio

constitucional consagrado no art. 37 da Constituição Federal de 1988. O art. acima deve ser interpretado em outros termos; o legislador busca a eficiência em três aspectos são eles: redução de custos, a redução de tempo e a ampliação das vantagens, o RDC reflete a proposta de aperfeiçoamento do modelo licitatório brasileiro, as regras do RDC são orientadas a buscar um nível qualitativo superior aos níveis dos outros diplomas legais sobre licitações. (JUSTEN FILHO, 2013, p. 42).

Segundo Justen Filho (2013, p. 49) “há uma clara vontade legislativa de dissociar a disciplina da Lei n 12.462 daquela contemplada nos diplomas anteriores. O § 2o do art. 1 determina que somente incidirão as normas da Lei no 8.666 às licitações disciplinadas pelo RDC quando for expressamente previsto”.

O art. 3º da Lei nº 12.462/11 traz os princípios que devem ser observados nas licitações e contratações realizadas em conformidade com o RDC, são eles da “legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da eficiência, da probidade administrativa, da economicidade, do desenvolvimento nacional sustentável, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo”. A Lei 12.462/11 trouxe em contrapartida à previsão do art. 3º da Lei Geral de Licitação, os princípios da eficiência e da economicidade.

O principio da eficiência está pautado pelo “dever de a Administração adotar a escolha mais eficiente para a exploração dos recursos econômicos, de sua titularidade”. (JUSTEN FILHO, 2013, p. 59)

Justen Filho (2011, p. 5) afirma que

[...] A economicidade é o resultado da comparação entre encargos assumidos pelo Estado e direitos a ele atribuídos, em virtude da contratação administrativa. Quanto mais desproporcional em favor do Estado o resultado dessa relação, tanto melhor atendido estará o princípio da economicidade. A economicidade exige que o Estado desembolse o mínimo e obtenha o máximo e o melhor. Em princípio, a economicidade se retrata no menor preço pago.

Segundo o art. 4º nas licitações e contratos de que trata esta Lei serão observadas as seguintes diretrizes:

I - padronização do objeto da contratação relativamente às especificações técnicas e de desempenho e, quando for o caso, às condições de manutenção, assistência técnica e de garantia oferecidas;

II - padronização de instrumentos convocatórios e minutas de contratos, previamente aprovados pelo órgão jurídico competente;

III - busca da maior vantagem para a administração pública, considerando custos e benefícios, diretos e indiretos, de natureza econômica, social ou ambiental, inclusive os relativos à manutenção, ao desfazimento de bens e resíduos, ao índice de depreciação econômica e a outros fatores de igual relevância;

IV - condições de aquisição, de seguros, de garantias e de pagamento compatíveis com as condições do setor privado, inclusive mediante pagamento de remuneração variável conforme desempenho, na forma do art. 10; (Redação dada pela Lei nº 12.980, de 2014)

V - utilização, sempre que possível, nas planilhas de custos constantes das propostas oferecidas pelos licitantes, de mão de obra, materiais, tecnologias e matérias-primas existentes no local da execução, conservação e operação do bem, serviço ou obra, desde que não se produzam prejuízos à eficiência na execução do respectivo objeto e que seja respeitado o limite do orçamento estimado para a contratação; e

VI - parcelamento do objeto, visando à ampla participação de licitantes, sem perda de economia de escala.

As diretrizes contempladas no art 4 estabelecem critérios norteadores da atividade administrativa, instituindo finalidades e meios a serem observados. Trata-se de regulamentar o modo da administração organizar as contratações e licitações delimitando a sua margem de autonomia. (JUSTEN FILHO, 2013, p. 73)

Nesse sentido, o § 1º do art. 4º prevê que as contratações realizadas com base no RDC devem respeitar também as normas relativas à:

I - disposição final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos gerados pelas obras contratadas;

II - mitigação por condicionantes e compensação ambiental, que serão definidas no procedimento de licenciamento ambiental;

III - utilização de produtos, equipamentos e serviços que, comprovadamente, reduzam o consumo de energia e recursos naturais;

IV - avaliação de impactos de vizinhança, na forma da legislação urbanística; V - proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e imaterial, inclusive por meio da avaliação do impacto direto ou indireto causado pelas obras contratadas; e

VI - acessibilidade para o uso por pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.

Ao analisar os objetivos e diretrizes, fica claro a busca pelo legislador pela eficiência e celeridade do processo licitatório.

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