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A circulação e a quantidade de água em meio subterrâneo são condicionadas pelas principais fases pelas quais a água passa ao longo do seu ciclo. Esta dinâmica é regulada por factores tais como; a geologia, a densidade e distribuição da rede hidrográfica, o valor da precipitação, a densidade e tipo do coberto vegetal, topografia do terreno e a temperatura, entre outros. A classificação principal de Koppen (in IM, 2010), é baseada, com excepção do Clima Seco, nas temperaturas médias de cada região. O Clima Seco é definido com base na precipitação e evapotranspiração da região. Cada um destes tipos de clima divide-se ainda em sub-climas. Tendo em conta a precipitação, Koppen divide o clima da Terra em 5 regiões:

- Clima Tropical Húmido; - Clima Seco;

- Clima Temperado com Inverno suave; - Clima Temperado com Inverno rigoroso; - Clima Polar.

Relativo à área em estudo, segundo a classificação em sub-climas feita por Koppen (in IM, 2010), esta situa-se na transição da região de clima temperado com Inverno chuvoso e Verão seco e quente (Csa) com a de clima temperado com Inverno chuvoso e Verão seco e pouco quente (Csb), como é apresentado na Figura 3.11.

Figura 3.11 - Sector do Ribeiro Frio enquadrado na classificação climática de Portugal Continental (adaptado de IM, 2010).

Segundo IM (2010), para o território continental, a análise espacial baseada nos registos de 1961 a 1990 mostra a temperatura média anual a variar entre cerca de 7°C nas terras altas do interior norte e centro e cerca de 18°C no litoral sul (Figura 3.12). Com base nos mesmos dados mostra- se que a precipitação média anual tem os valores mais altos no Minho e Douro Litoral e os valores mais baixos no interior do Baixo Alentejo.

Dos aspectos orográficos mais influentes, destaca-se o facto da Serra da Gardunha se situar na margem sul da zona temperada do hemisfério norte, onde a circulação atmosférica apresenta um fluxo dominante de oeste para este. Nestas latitudes verifica-se uma convergência de massas de ar quente das altas pressões subtropicais e de massas de ar frio (polar) oriundas de altas latitudes. Deste modo o clima é fundamentalmente influenciado por dois factores: as latitudes subtropicais em que o território Continental se enquadra e a posição marginal do território face ao Oceano Atlântico.

Do Mondego até às cadeias montanhosas situadas a norte do Algarve, a temperatura aumenta gradualmente, enquanto que a precipitação diminui. A faixa do território que apresenta um clima moderado pela proximidade do Atlântico vai-se tornando cada vez mais estreita e reduzida para sul. Os contrastes climáticos são maiores à medida que se avança de oeste para este, sendo que estes contrastes são mais evidentes no Verão do que no Inverno. (Ribeiro et al., 1997; Nicolau, 2002).

Figura 3.12 – Enquadramento climático da zona de estudo no panorama Nacional (adaptado de IM, 2010): (a) - Valores de precipitação acumulada anual. (b) – Valores de temperatura média anual. Análise espacial baseada em registos 1961/90.

3.3.1 - Precipitação

Elemento fundamental na dinâmica do ciclo hidrológico a precipitação destaca-se como a principal procedência de água que recarga os aquíferos subterrâneos. Sendo este um fenómeno que apresenta um carácter descontínuo no tempo e no espaço e que varia quer em termos quantitativos, quer em intensidade e forma, recorreu-se aos dados sintetizados pelas agências com competências legais para a sua monitorização periódica, para se fazer a sua caracterização. Para o efeito o SNIRH – Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos – e o Instituto de Meteorologia facultam, via Internet, os resultados de monitorização da precipitação em: http://snirh.pt/ e http://www.meteo.pt/.

Através dos mapas de precipitação apresentados na Figura 3.12 verifica-se que, para a região em estudo, a precipitação acumulada anual, para o período compreendido entre 1961 a 1990, enquadra-se no intervalo dos 800 aos 1400 mm. No que respeita à distribuição dos valores da precipitação total mensal ao longo do ano civil de 2010, é apresentada na Figura 3.13 (IM, 2010).

3.3.2 – Temperatura

Um dos principais parâmetros que caracterizam a informação climática, a temperatura do ar, oscila diariamente, acompanhando o ritmo das estações climáticas ao longo do ano. Existe ainda uma significativa variação dos valores médios da temperatura desde as latitudes polares às mais próximas da linha do equador, assim como desde as superfícies continentais às oceânicas. Segundo Ribeiro et al. (1988) o ciclo anual da temperatura é efeito do movimento de translação da terra em torno do sol, em que a inclinação do eixo terrestre gera variações anuais das temperaturas, dando origem às estações climáticas. Além deste ritmo astronómico, a variabilidade climática, sob o ponto de vista térmico, é função da latitude e da altitude.

Na Figura 3.12 são apresentados os valores da temperatura média anual, a partir da análise

espacial baseada nos registos de 1961/90, de onde se retira que para a área alvo deste estudo as temperaturas médias anuais oscilam entre os 12,1 e os 16 ºC. Na Figura 3.14 são apresentados os valores médios mensais da temperatura média do ar ao longo do ano civil de 2010.

3.3.3 - Evapotranspiração

É o termo que engloba os processos de evaporação e transpiração. Estes dois processos são geralmente considerados conjuntamente, uma vez que, em termos práticos, não é fácil quantificá-los de forma separada, pois em condições de campo não é praticável conseguir separar totalmente a evaporação da transpiração, pelo que as perdas de água para a atmosfera são normalmente englobadas num único fenómeno designado de evapotranspiração (ET).

Este processo implica a passagem da água do estado líquido para o estado gasoso, regressando à atmosfera, directamente através da evaporação ou indirectamente através da transpiração. A aplicação correcta deste conceito a uma determinada área pressupõe a existência de vegetação (EGEO, 2010a).

A quantidade e qualidade da água que percola os solos têm, nos valores da evapotranspiração, um importante parâmetro de estimação. Num ambiente propício ao fenómeno de lixiviação, a relação entre a precipitação e a evapotranspiração determina a quantidade de sais solúveis, presentes no solo, a ser lixiviados. Em caso da evapotranspiração ser superior à precipitação estes vão ser precipitados à superfície; por sua vez, se o valor da evapotranspiração for inferior ao da precipitação há uma maior possibilidade de lixiviação destes sais e consequente aproximação da pluma de contaminantes à zona saturada do solo.

A evapotranspiração assume um carácter potencial ou efectiva/real. A quantidade total de água que regressa à atmosfera por processos de evaporação e transpiração é designada por evapotranspiração real (ETR). A evapotranspiração potencial (ETP) determina a quantidade máxima de água susceptível de se evaporar da superfície do solo e das plantas. Na Figura 3.15 apresenta-se a situação da ETR para Portugal continental, verificando-se que para a região em estudo os valores anuais estarão no intervalo de 500 a 800mm.

Figura 3.15 - Valores da evapotranspiração real anual para o território continental (APA, 2007).