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1.1 – ASPECTOS HISTÓRICOS

No documento Volume 5 Estudos Técnicos (páginas 189-192)

Os do petróleo foram instituídos pela Lei nº. 20.004, de 1953, que criou a Petrobras. No iní- cio, esses correspondiam a uma alíquota de 5% sobre o valor do petróleo extraído em terra. Não havia exploração de petróleo em mar. Nessa fase inicial, os eram transferidos para os Estados, que deviam repassar 20% para os Municípios.

Em 1969, quando se descobriu petróleo em mar, o governo federal passou a se apropriar so- zinho dos referentes à extração na plataforma continental. Assim, os de terra ficavam com os Esta- dos e os Municípios, e os de mar, somente com a União.

Essa situação se prolongou até o final de 1985, quando a Lei nº. 7.453 criou uma regra de re- partição dos de mar com Estados e Municípios. Da alíquota de 5%, apenas 1% permaneceu com o governo federal, 3% foram destinados a Estados e Municípios confrontantes aos poços de petróleo

e 1% foi destinado, pela primeira vez, para todos os Municípios e Estados do País, via Fundo

de Participação dos Municípios (FPM) e Fundo de Participação dos Estados (FPE), respectivamen- te. Este era o chamado Fundo Especial: 80% para o FPM e 20% para o FPE.

Em 1989, a Lei nº 7.990 reduziu a fatia do Fundo Especial pela metade, ou seja, para 0,5% (ou 10% dos de mar), remanejando os 0,5% restantes para os Municípios com instalações de em- barque e desembarque de petróleo e gás natural.

Nesse momento, essas mudanças não chamavam muito a atenção, porque o valor dos era insignificante. Em 1997, entretanto, o governo aprovou a Lei nº 9.478, chamada Lei do Petróleo, que ampliou a alíquota dos de 5% para até 10% e criou a participação especial equivalente a até 40% da receita líquida de cada campo.

Em 2007, a descoberta de reservas gigantescas de petróleo na área do pré-sal aliada ao forte aumento do preço do petróleo – fato aliás que persiste nos últimos anos – tornou premente a necessidade de se debater a distribuição dos e da participação especial no contexto da Federação.

As regras estabelecidas na Lei nº 9.478 de 1997, distribuem aos Estados e Municípios confrontantes cerca de 60% dos royalties e 50% da participação especial. À União, cabem 30% dos royalties e os outros 50% da participação especial. Para todos os demais Estados e Municípios, são destinados menos de 10% dos royalties e nada da participação especial. Trata-se de uma distribuição visivelmente injusta.

A perpetuação do quadro atual torna-se ainda mais grave diante de dois fatos. O primeiro é que a maior parte da produção tende a ocorrer a dezenas ou mesmo centenas de quilômetros da costa. Torna-se, assim, cada vez mais tênue a relação entre a produção e a confrontação com o Mu- nicípio ou o Estado. Em segundo lugar, o volume de recursos envolvidos é grande e crescente, este ano deve chegar a R$ 31,2 bilhões, segundo previsão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP divulgada em março de 2013. A ANP também informa que, no final desta década, apenas as áreas já contratadas estarão gerando royalties e parti- cipação especial próximos a R$ 70 bilhões ao ano.

A sociedade brasileira, por seus representantes legítimos (Congresso Nacional), já demons- trou que não aceita tamanha injustiça, na qual Estados e Municípios ditos “produtores” junto com a União concentram 97% dos recursos distribuídos, enquanto que todos os demais entes da Federa- ção ficam com apenas 3%.

Dentre os Entes sub-nacionais apenas 2 governos estaduais (ES e RJ) e 30 Municípios concentram 83% dos recursos. Como apontado pela ANP, até 2022, dos contratos já realizados

até agora, será distribuído mais de R$ 0,5 trilhão de reais. Destacando-se que, sem a vigência e eficácia plena da Lei nº 12.734/2012, apenas os Entes confrontantes receberão R$ 306 bi- lhões, enquanto que o restante do País receberá apenas R$ 24,5 bilhões.

No mesmo comparativo até 2022, a Lei nº 12.734/2012 – que passamos a discorrer agora -,

com muito mais equilíbrio, continuará, na prática, distribuindo fatia maior para Entes confron- tantes, cujos poucos beneficiados receberão R$ 154,4 bilhões, enquanto que a fatia de todos os de-

mais Entes será R$ 216,7 bilhões. A participação dos Entes sub-nacionais aumenta em detrimento da União, que reduz de 40% do total dos recursos para 33% com a nova Lei.

No gráfico abaixo, podemos ver o grau de concentração de recursos na esfera municipal promovido pela regra anterior à nova Lei em discussão (linha inferior do gráfico). Observa-se que na regra atual apenas os 0,36% dos Municípios brasileiros que mais recebem recursos concentram 60% das receitas distribuídas. Na nova regra estabelecida pela Lei nº 12.734/2012 (linha superior do gráfico), continua ocorrendo grande concentração em favor de Municípios confrontantes, mas num grau menor, evidenciado pela curva mais suave. Nessa regra, 10% dos Municípios que mais recebem concentram 60% dos recursos. Lembrando que na regra anterior, apenas 0,34% dos Mu-

GRÁFICO 1 – CONCENTRAÇÃO DE ROYALTIES E PE NA ESFERA MUNICIPAL:

Concentração de royalties e PE na esfera municipal

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 1 501 1. 00 1 1. 50 1 2. 00 1 2. 50 1 3. 00 1 3. 50 1 4. 00 1 4. 50 1 5. 00 1 5. 50 1

Regra Antiga Regra Nova

Fonte: Elaboração Própria com base nos dados da ANP (http://www.anp.gov.br/?pg=9080).

Na tabela a seguir, temos os valores distribuídos à dezena de Municípios que mais recebe- ram recursos em 2012. Neste ano, apenas 11 Municípios foram beneficiados com 50% dos re- cursos distribuídos de royalties e participação especial (PE) para todos os entes locais.

O Município de Campos dos Goytacazes/RJ, por exemplo, recebeu 17,6% da fatia municipal, cerca de R$ 1,4 bilhões. Sendo que, em 2012, obteve uma arrecadação com todas as demais recei- tas de apenas R$ 705 milhões. Ou seja, todas as demais fontes de recursos do Município somam apenas a metade do valor recebido por e participação especial.

TABELA 1 – Royalties e PE distribuídos em 2012, Municípios que mais recebem:

Royalties e PE distribuído em 2012, municípios que mais recebem:

Município

Valor recebido

% acumulado

Campos dos Goytacazes/RJ 1.381.640.537 17,6%

Macaé/RJ 566.350.926 24,8%

Rio das Ostras/RJ 355.594.736 29,3%

Cabo Frio/RJ 336.521.622 33,6%

Presidente Kennedy/ES 264.013.121 36,9%

São João da Barra/RJ 229.412.571 39,9%

Rio de Janeiro/RJ 224.963.603 42,7% Itapemirim/ES 173.549.937 44,9% Casimiro de Abreu/RJ 129.248.911 46,6% Maricá/RJ 123.037.943 48,1% Niterói/RJ 121.665.921 49,7% Demais Municípios 3.956.732.215 100,0%

Fonte: Elaboração própria com dados da ANP R$ 1

Os dados acima revelam uma concentração da riqueza nacional que não passou despercebi- da pela sociedade brasileira que prontamente exigiu de seus representantes (Congresso Nacional) a construção de uma saída para esse quadro iníquo.

Verifica-se assim que a mudança nos percentuais de distribuição de e participação especial atende a essa nova realidade da exploração de petróleo no nosso País, além de acabar com privilé- gios que não encontram guarida em nossa Carta Federal.

1.2 – O CONTEXTO DA CRIAÇÃO DA LEI 12.734/12 E SEUS REAIS IMPACTOS NOS ENTES

No documento Volume 5 Estudos Técnicos (páginas 189-192)