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5. PROPOSTA DE INDUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

5.7. Os Requisitos do Programa

5.7.3. Aspectos Jurídicos e Institucionais

Outro requisito de grande importância para o Programa Territorial proposto são os aspectos jurídicos e institucionais que afetam diretamente a questão do uso do solo ao redor do Aeroporto de Viracopos. E este requisito envolve a legislação nacional sobre o uso do solo, as normas de segurança da aviação civil e demais legislações que tratem do Planejamento Aeroportuário e do Planejamento Urbano.

No caso brasileiro, a Constituição Federal de 1989 é a norma máxima que regulamenta a sociedade e direciona as demais normas que lhes são juridicamente inferiores. Sobre o ordenamento territorial e o desenvolvimento econômico ela atribui como competência do Governo Federal elaborar e executar os planos nacionais e regionais, bem como fixar as normas para a cooperação entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios em prol do equilíbrio do desenvolvimento e bem estar em âmbito nacional.

A Constituição também atribui competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para legislar sobre o direito urbanístico; a conservação da natureza, a defesa do solo e dos recursos naturais, a proteção do meio ambiente e o controle da poluição. E em seu artigo 30, expõe que compete exclusivamente aos Municípios legislar sobre assuntos de interesse local, suplementando a legislação federal e a estadual no que couber, promovendo adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano.

Ademais da Constituição, existe o Estatuto das Cidades; lei federal que obriga os municípios com mais de vinte mil habitantes, as cidades integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, as cidades integrantes de áreas de especial interesse turístico, entre outros, a aprovarem seus Planos Diretores Municipais. O Plano Diretor Municipal é uma política urbana para ordenação do território e desenvolvimento econômico e social que procura agregar ao seu processo de consolidação a participação efetiva dos diferentes segmentos sociais no processo de planejamento por meio das audiências

públicas e da divulgação dos estudos técnicos das avaliações de impactos de vizinhança.

O Plano Diretor é o instrumento de planejamento urbano que representa o estado atual da cidade e planeja as ações necessárias para que esta cidade atinja um patamar idealizado no futuro. Ele é aprovado por lei municipal e determina as áreas e o tipo de ocupação do solo, além de dividir a cidade por zonas, nas quais é especificado o desenvolvimento de atividades econômicas e as infraestruturas necessárias, tais como escolas, hospitais, ruas ou vias expressas, etc.

No caso do Município de Campinas, seu Plano Diretor apresenta as diretrizes e os objetivos para o desenvolvimento econômico do Município, disciplinando o planejamento territorial e seus participantes. Este documento prevê que o ordenamento do território acontecerá mediante o processo de planejamento contínuo de investimentos em infraestrutura, de políticas setoriais e da regulação e controle do parcelamento, uso e ocupação do solo.

No Plano de Campinas é apresentado o eixo de desenvolvimento econômico que dá especial atenção ao Aeroporto de Viracopos: o eixo Logístico e de Transportes, que objetiva, através da estruturação urbana da região próxima ao Aeroporto Internacional de Viracopos promover o desenvolvimento sustentável e preservar o sítio aeroportuário. Entre as ações previstas está a restrição da altura e do tipo de edificações e o incentivo às atividades industriais e de logística na área circundante ao sítio aeroportuário. O documento faz uma citação expressa da necessidade de preservar as restrições de segurança impostas pelas normas de aviação civil, garantindo que haja uma responsabilidade administrativa sobre o uso do solo.

Especificamente sobre a questão aeroportuária, a Política Nacional de Aviação Civil destaca que a aviação civil é fator de integração e desenvolvimento nacional, e por isso um dos seus propósitos é aumentar a disponibilidade de infraestrutura aeronáutica, com vistas a possibilitar uma maior oferta de

serviços de transporte aéreo. Para que possa alcançar esse objetivo, a PNAC traça como estratégias para a infraestrutura aeroportuária:

• Garantir a preservação e proteção dos sítios aeroportuários e a compatibilização do planejamento urbano com as zonas de proteção e da área de segurança aeroportuária, por meio do desenvolvimento e aprimoramento de mecanismos de controle junto aos municípios;

• Planejar o uso de áreas aeroportuárias, de forma a garantir a completa utilização do potencial de seus sítios;

• Incentivar a instalação de atividades econômicas adequadas nas proximidades ou no sítio aeroportuário, observadas as restrições impostas pelas zonas de proteção, e sem prejuízo às operações das atividades aéreas.

A Política Nacional de Aviação Civil direciona as normas de aviação civil, e tem a Agência Nacional de Aviação Civil como sua principal executora. E a ANAC tem a atribuição legal de regular e fiscalizaras atividades de aviação civil e de infraestrutura aeronáutica e aeroportuária, e por isso é de sua competência fazer cumprir o Plano Básico de Zona de Proteção e o Plano de Zoneamento de Ruído.

Além do Plano Básico de Zona de Proteção e do Plano de Zoneamento de Ruído, existem outras normas que preveem a realização de um planejamento aeroportuário com o propósito de preservar o sítio e garantir a eficiência das operações. As principais normas a serem citadas sobre este tema são a NSMA 58-146 e o Regulamento Brasileiro de Aviação Civil nº 154. Este prevê que o operador do aeródromo deverá elaborar os programas de controle de obstáculos, de controle do uso do solo no entorno e de proteção dos sítios de radar e de auxílios à navegação aérea sob a sua responsabilidade. E aquela preconiza que os aspectos urbanos, ambientais e de acessibilidade deverão ser considerados na elaboração do Plano Diretor Aeroportuário desde o início do processo de planejamento, assim, evitando ou minimizando alguns dos impactos, mas também desenvolvendo análises e soluções para a compatibilização do planejamento do aeroporto com o planejamento urbano.

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