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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.5 Aspectos legais para gestão de emergências em sistemas de água

A Política Nacional de Gestão de Riscos da República Dominicana, estabelecida pela lei nº 147/2002, no Art. 6, entre os objetivos indica os seguintes: a redução de riscos e prevenção de desastres, a resposta efetiva em casos de emergências e a rápida recuperação depois de uma emergência. No Art. 7, estabelece a realização de estudos e avaliações de riscos, considerando os perigos existentes. Esta lei delega a responsabilidade do estabelecimento da política de gestão de riscos a autoridades locais e setoriais. A lei nº 147/2002 é o resultado da necessidade de criar condições políticas para reduzir os efeitos de desastres naturais, que historicamente têm afetado a ilha e provocado grandes perdas de vidas, danos materiais e a redução do rítmo de desenvolvimento do país.

A lei nº 64/2000, da conservação, proteção, melhoramento e restauração do ambiente e dos recursos naturais, no Art. 18, Inciso 20, estabelece que entre as funções da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais está a avaliação de fatores de riscos ambientais que incidem na ocorrência de desastres. No Art. 77 desta lei, está estabelecido que os municípios e instituições governamentais (autoridades setoriais) devem realizar planos para enfrentar desastres (DOMINICANA, 2000).

Um aspecto comum das leis nº 64/2000 e nº 147/2002 é a abordagem da necessidade de que as autoridades locais ou municipais sejam protagonistas da gestão de risco no município. Com isso, espera-se que as diversas instituições que têm alguma responsabilidade na redução (ou exacerbação) dos riscos ambientais integrem suas capacidades e a tomada de decisões seja mais adequada na prevenção de desastres. Assim, por exemplo, o município, como gestor do espaço, deve dar os marcos gerais para administrar os assentamentos humanos, trabalhando juntamente com autoridades de saúde, ambiente, obras públicas e outras. O município e o governo central devem, por sua vez, coordenar ações para minimizar perdas por perigos naturais. Também se promove que as instituições públicas e privadas apresentem planos de redução e mitigação de danos e coordenem atuações com outras entidades em casos de desastres.

A intenção de descentralizar ou municipalizar a gestão de riscos é incipiente, ainda que já tenha sido realizado alguns esforços e transferências de poderes. Pode-se dizer que os

locais onde este processo está mais desenvolvido são Santiago de los Caballeros e Santo Domingo. Mas, em muitos aspectos, as ações da defesa civil dependem das decisões tomadas no nível central.

No Brasil o MIN/SDC (2000) ao estabelecer a política de defesa civil não considerou o estudo de vulnerabilidade de sistemas de água das comunidades, ainda que promove a realização de avaliação de risco e reconhece a necessidade de abastecer água como recurso prioritario. Esta debilidade da política de gestão de risco no Brasil não é evidente na prática devido à capacidade de administrativa existente nos operadores de grandes sistemas de água e pela capacidade de movilizar recursos financeiros para solucionar uma emergência local ou municipal. No entanto, isto pode significar uma exposição injustificada a condições de emergencias preveniveis ou a aplicação ineficiente de recursos.

A porteria 518/2004 no Art. 7 são indicados os deveres das secretarias municipais de saúde na gestão de risco para a saúde dos usuários de sistemas de abastecimento de água. Na seção IV, artículos 8, 9 e 10, a portaria estabelece as responsabilidades dos operadores de sistemas quando são registradas condições anormais ou não conformidade na qualidade de água tratada. Isso obriga à autoridade municipal de saúde pública e a operadores de sistemas de água a coordenar de ações em casos de riscos para a saúde. No entanto, isto não significa que o operador deve realizar estudos previos de vulnerabilidade e risco no sistema, o que é importante quando considerado o fato que a portaria não reconhece explicitamente condições de emergências onde o operador, e o proprio município, perde a capacidade de reposta e será dificil satisfazer a norma de qualidade de água.

Na Nicaragua o Instituto Nicaraguense de Acueductos y Alcantarillados (INAA) aprovou a guia técnica para reduzir a vulnerabilidade em sistema de abastecimento de água e esgoto sanitário (INAA, 2004). Esse trabalho estabece diretrices projetar e construir sistemas de água em esse país da América Central, que é afetado por sismos, furacões e vulcões. Mas, a avaliação de vulnerabilidade em sistemas existentes e a distribuição de água em situaçâo de emergência não é regulada.

Nos Estados Unidos da América, depois dos atentados de 2001, é obrigatório realizar avaliação de vulnerabilidade de sistemas de abastecimento de água em populações maiores que 3.300 habitantes (USA, 2002). A lei PL107-188/2002 estabelece as medidas que os operadores de sistemas de abastecimento de água devem realizar para prever danos por atentado terrorista e garantir fornecimento de água quando o mesmo acontecer. Para apoiar os mandatos USEPA (2004; 2003) propõem ações específicas, que abrangem a gestão de sistemas em condições normais e em emergências, considerando as vulnerabilidade a atentados, os tipos de ameaças, os prováveis efeitos no sistema e as medidas de contingência.

Depois da promulgação da lei PL107-188/2002 a USEPA desenvolve guias para a realização de avaliação de vulnerabilidade e são aprovadas normas específicas para ser aplicadas em casos de emergências e desastres. Para contribuir com a gestão dos sistemas foram apoiadas pesquisas para o monitoramento e modelagem do comportamento de parâmetros hidráulica e da qualidade de água em redes de distribuição.

3 METODOLOGIA

Como condição de estudo, assume-se que perigos primários independentes não acontecem de forma simultânea, ou seja, não se espera que coincidam eventos como uma grande precipitação juntamente com um terremoto. Na Figura 4 têm-se o esquema geral para a avaliação de riscos em um sistema de abastecimento de água. A descrição do entorno abrange a descrição do sistema e a identificação dos perigos ambientais que podem afetar os seus diferentes componentes, principalmente aqueles relacionados com inundações.

Posteriormente é realizada a análise de vulnerabilidade, considerando danos nos componentes expostos. Para isso são identificados os componentes fundamentais e sua exposição, bem como os tempos de reabilitação dos componentes expostos. Com esta informação é realizada a análise de vulnerabilidade.

Figura 4 - Esquema geral de avaliação de vulnerabilidade a perigos ambientais

Fonte: adaptado de CÁNEPA, 1982; ALA 2002a e ALA, 2002b

Por último, a análise de alternativa de abastecimento é realizada avaliando a redução da vulnerabilidade no sistema quando são realizadas manobras de redução de demanda e armazenamento emergencial de água. A seguir se detalha cada um dos pontos considerados na Figura 4.