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CAPÍTULO III – O PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS E O

3 A INCLUSÃO NO MERCADO DE TRABALHO

3.2 Aspectos legais a serem considerados

A Constituição de 1988, é a primeira Carta Constitucional que enfatiza, sobremaneira, a tutela da pessoa portadora de necessidades especiais no trabalho. O Art. 7º, inciso XXXI, preceitua: "proibição de qualquer discriminação no tocante a salário ou critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência". Este dispositivo é de vital importância, como se vê, pois a nação brasileira assume o compromisso de admitir o portador de deficiência como trabalhador, desde que sua limitação física não seja incompatível com as atividades profissionais disponíveis. (MPT, 2008)

A Lei Federal n.º 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art.5º ,reserva um percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e define os critérios para sua admissão. (MPT, 2008)

Em concursos públicos federais, (no âmbito da Administração Pública Federal, ou seja, empresas públicas federais, sociedades de economia mista pública, autarquias federais, fundações públicas federais e também a própria União) até 20% das vagas são reservadas às pessoas portadoras de deficiência. Desta forma, este percentual não é o mesmo para cada estado, município ou para o distrito federal, porque é a lei de cada uma dessas entidades que irá estabelecer o percentual de quotas de admissão para os

portadores. Por exemplo, no Estado de Minas Gerais, Constituição Estadual, art.28 e a Lei Estadual n.º 11.867 de 28 de julho de 1995 tal percentual é de 10% (dez por cento). (MPT, 2008)

Os portadores de deficiência têm preferência ante os demais, caso aprovado no concurso, independente de sua classificação.

Caso nenhum portador de deficiência seja aprovado em um concurso, desconsideram-se as vagas reservadas para eles.

A Lei Federal n.º 8.213/91, art.93, prevê proibição de qualquer ato discriminatório no tocante a salário ou critério de admissão do emprego em virtude de portar deficiência. (MPT, 2008)

A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas. O percentual a ser aplicado é sempre de acordo com o número total de empregados das empresas, dessa forma, segundo Deficiente eficiente (2008):

a) I – até 200 empregados: 2%; b) II – de 201 a 500: 3%;

c) III – de 501 a 1000: 4%; d) IV – de 1001 em diante: 5%.

O Projeto de Lei 2993/04, apresentado pela deputada Zelinda Novaes (PFL-BA), obriga as empresas que possuem entre 50 e 100 empregados a contratar pelo menos um trabalhador portador de deficiência ou reabilitado. (NOVAES, 2008)

Ainda segundo Novaes (2008), a exigência do projeto já é prevista na Lei dos Planos de Benefícios Sociais para empresas com mais de 100 funcionários. A legislação também obriga empresas com até 200 empregados a reservar 2% das vagas a deficientes físicos; de 201 a 500 funcionários, 3%; de 501 a mil trabalhadores, 4%; e negócios com mais de mil empregados deverão ocupar 5% das vagas com pessoas reabilitadas ou portadoras de deficiência.

O projeto institui nova exigência para empresas com mais de mil funcionários: a de realizar ampla divulgação das ofertas de emprego específicas para os portadores de deficiência.

A Constituição elege a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária como um dos objetivos da assistência social, conforme Novaes (2008).

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3.3 Papel do Ministério Público do Trabalho

A atual administração do Ministério Público do Trabalho instituiu metas que vinculam seus membros (os Procuradores Regionais do Trabalho e Procuradores do Trabalho) para atuarem na eliminação de práticas que evidenciem: (DEFICIENTE EFICIENTE, 2008)

a) trabalho escravo; b) trabalho infantil;

c) meio ambiente de trabalho irregular e que exponha a segurança e a saúde do trabalhador;

d) a discriminação no trabalho em vista de critérios de idade, raça, gênero, condição social/política/religiosa, portador de HIV, preferência sexual e portador de deficiência.

3.3.1 A pessoa portadora de deficiência e o ministério público do trabalho

O Ministério Público do Trabalho atua visando a integração do portador de deficiência no mercado de trabalho, porém, assume o papel de agente político na promoção e na implementação da inclusão social deste grupo de pessoas que historicamente sofre, além dos limites do próprio corpo, as barreiras sociais de um processo contínuo de exclusão.

Trabalho: proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência (art. 7o, inciso XXI, da Constituição da República). (MPT, 2008)

Consoante as disposições do art. 35 do Decreto 3298/99, a inserção da pessoa portadora de deficiência no mercado de trabalho se dará mediante três diferentes modalidades: sob a forma de colocação competitiva (inciso I), seletiva (inciso II) e por conta própria (inciso III). (MPT, 2008)

Na colocação competitiva, o contrato de trabalho é regulado pelas normas trabalhistas e previdenciárias, concorrendo o portador de deficiência em condições de igualdade com os demais trabalhadores, inclusive quanto à eficiência exigida para a prestação do serviço. Nesta modalidade, a colocação no emprego independe da adoção de procedimentos especiais para a sua concretização, embora não exclua a possibilidade de utilização de apoios especiais.

3.3.3 Atividades a serem desenvolvidas pelo trabalhador portador de necessidades especiais – adequação do meio ambiente do trabalho

Quais as atividades que o trabalhador portador de deficiência poderá exercer? De início esta questão é levantada por empregadores como impeditiva para o cumprimento da lei de cotas, sob o argumento de que a pessoa portadora de deficiência não poderá exercer qualquer e/ou determinada atividade, pois poderá comprometer ainda mais sua condição. No entanto, quando se esclarece que a atividade a ser exercida pelo portador de deficiência deverá ser aquela compatível com a deficiência, a primeira barreira cai.

Outras barreiras são superadas quando se demonstram exemplos em que há a superação das deficiências em face das potencialidades do portador de deficiência frente aos desafios do ambiente do trabalho, e em vista dos apoios especiais colocados à sua disposição.

Por óbvio existirão atividades que por exigir capacidade plena não serão disponibilizadas ao trabalhador portador de deficiência. Mas, em toda empresa, fábrica, indústria, existirá atividade para ser desenvolvida por portador de deficiência habilitado, o que é feita com extrema eficiência. É importante focar que não se deverá jamais relacionar determinada deficiência com determinada atividade como, por exemplo, o portador de deficiência visual para trabalho em câmaras escuras, o portador de deficiência auditiva em locais com acentuado

ruído ou o cadeirante para atividades de digitação. Estar-se-á criando discriminação inversa, além do fato de que a deficiência poderá ser ampliada ou agravada decorrente de situações externas adversas. (DEFICIENTE EFICIENTE, 2008)

3.4 A atenção à pessoa portadora de necessidades especiais no Brasil

No Brasil, a atenção à pessoa com deficiência se caracterizou inicialmente pela institucionalização e segregação total de uma parcela da população. Esse paradigma constituiu prática corrente e corriqueira, em nossa realidade, até a década de 80, momento em que se iniciou a crítica à instituição e a rejeição da exclusão de minorias diversas. (ARANHA, 2003, p. 15)

O trabalho e a pessoa com deficiência integram uma das principais preocupações sociais. Nunca o mundo esteve tão preocupado em dar condições de trabalho às pessoas com deficiências, na verdade esta havendo uma corrida maluca para poder dar condições de trabalho, tanto em empresas privadas como nas estatais, aquelas vagas existentes para essas pessoas estão cada vez mais disputadas entre esse segmento.

Dados da OMS mostram que 10% da população mundial têm algum tipo de deficiência. As últimas estatísticas apontam 16 milhões só no Brasil. A Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Corde), órgão ligado à secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, distribui essas pessoas da seguinte forma: 50% têm limitação mental; 20%, física; 15%, auditiva; 10%, múltipla, e 5%, visual. (LOPES, 2008)

Cada vez mais as pessoas com deficiências procuram se reciclar para poder ingressar no mercado de trabalho, fato verdadeiro é que quando surgiam concursos públicos as vagas destinadas ás pessoas portadoras de deficiência nunca eram preenchidas, isso já não acontece há muito tempo. Hoje por exemplo quando a pessoa esta qualificada para o mercado de trabalho, sua colocação é quase de imediato, a sociedade cresceu muito em termos de conscientização, creditamos a tudo isso a campanha que os governantes vem fazendo no sentido de esclarecerem dúvidas e em dar apoio, ás empresas que fazem opção de contratar essas pessoas, nunca se arrependem, uma vez

colocada para desempenhar seu trabalho na sua função específica, o rendimento é espetacular.

Mudanças sociais são processos lentos, especialmente em países como o nosso, em que falta o exercício da união do coletivo em torno de um projeto, do desenvolver ação coletiva organizada e sistemática, na definição de rumos que se deseja imprimir ao panorama sócio-político-econômico do país, bem como na exigência do respeito a seus direitos enquanto cidadãos, co-proprietários e comandantes do país. (ARANHA, 2003, p. 16)

Em relação às vagas destinadas tanto na iniciativa privada como na pública sempre existiram, faltavam tão somente pessoas qualificadas para ocuparem. Após a promulgação da Constituição de 1988, a sociedade e governo passaram a respeitar as diferenças, pois é melhor manter essas pessoas produzindo do que dando benefícios. Do ponto de vista de especialistas, a ociosidade do ser humano, reflete diretamente no emocional e essas pessoas portadoras de deficiências pensam, amam, tem afeto, também são afetivas são tidas como deficientes, mas não são. Então por exemplo: as pessoas com deficiências estando em seus lares à probabilidade das mesmas ficarem doentes é maior do que aquelas que estão produzindo, pois afinal de contas trabalhar faz bem, para á alma, e coração. (LUGOBONI, 2008)

Segundo Aranha (2003), esta tem sido, então, a tônica que tem marcado as relações da sociedade com o segmento populacional constituído pelas pessoas com deficiência, neste início de século XXI: promover, efetivamente, o ajuste dos serviços de educação, de saúde, do trabalho e emprego, da cultura, lazer, do esporte, de urbanismo, dentre outros, para lhes garantir o acesso, a permanência e a plena utilização dos espaços, dos serviços e dos processos públicos na vida cotidiana da comunidade.

CONCLUSÃO

Na sociedade, existem muitos jovens e adultos com deficiência mais comprometidas que vem permanecendo por muitos anos na condição de incapazes de aprender e produzir. No passado isto era permitido diante do diagnóstico e prognóstico que os instrumentais avaliativos e referências teóricas mais avançadas nos indicavam.

Hoje, conhecendo as descobertas propiciadas pelo paradigma da inclusão e tendo acesso à teoria das inteligências múltiplas, se tem mais o consentimento das próprias pessoas com deficiência e de outras socialmente excluídas para continuar adotando os critérios de avaliação, as metodologias didáticas e demais recursos educacionais que não mais atendem aos interesses, as aspirações e às necessidades, acima de tudo ao potencial até então ignorado de tantas identidades individuais.

A busca do potencial nas identidades individuais precisa percorrer um novo caminho, o paradigma da inclusão. Professores, pais, terapeutas e familiares, e as demais pessoas da sociedade, precisam adotar os princípios do empoderamento, da deficiência da equiparação de oportunidades, da rejeição zero, da cooperação e colaboração, da diversidade humana e das diferenças individuais.

Toda pessoa tem seu potencial, não importa o grau de suas dificuldades da sua condição Tem-se que efetuar mudanças no sistema educacional, desenvolvimento social, entre outros.

Mudanças são necessárias. Então é hora mudar! De nada adianta ter atingido uma nova visão de pessoa, de potencial humano, de sociedade, se não a utilizar para efetuar mudança.

As crianças, adolescentes e também os adultos não podem mais continuar sendo sacrificados levando uma vida de baixa qualidade por causa da incapacidade de responder aos estilos de aprendizagem e às múltiplas inteligências de cada um deles.

Não há um atendimento com ampla oferta, embora este campo esteja crescendo muito nos últimos tempos, pois o PNE está sendo visto com outros

olhos diante da sociedade, e o preconceito está sendo deixado de lado para abrir caminho da compreensão e da valorização do ser humano como pessoa.

REFERÊNCIAS

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