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CAPÍTULO III PESQUISA DE CAMPO

3.2 Aspectos Metodológicos da Pesquisa e Apresentação e Discussão dos Dados

Os presentes resultados aqui apresentados foram obtidos através da realização da pesquisa de campo realizada entre o período de Março de 2011 a Junho de 2012, com os usuários da RNP+CG. Para tal, nos utilizamos de pesquisa do tipo exploratória e explicativa, de abordagem quantiqualitativa. Segundo Gil (2006), a pesquisa exploratória pretende desenvolver uma maior aproximação com uma temática pouco conhecida, encontrada na realidade social; ainda segundo o autor, no que se refere à pesquisa de cunho explicativo, esta se preocupa, fundamentalmente, em aprofundar o conhecimento dos fatos que determinam o fenômeno, trazendo à tona a razão destes fenômenos, por isto é considerado complexo.

Os dados necessários à realização da pesquisa foram coletados através dos instrumentos que melhor se adequaram aos objetivos da pesquisa. Sendo assim, elegemos a entrevista do tipo semiestruturada – com uso de gravador, autorizado pelos entrevistados(as) – após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (apêndices), aplicada junto pessoas vivendo com HIV/aids. Tal escolha foi norteada pelo fato de que a entrevista semiestruturada por contemplar questões fechadas e abertas daria maior liberdade de expressão ao entrevistado, em que este possa se desinibir e revelar seus valores e opiniões mais aproximados da realidade social que convive (MINAYO, 1994).

Durante a pesquisa nos utilizamos, ainda, da observação participante, que se reporta a uma forma sistemática de participação do observador/pesquisador ao se colocar na situação social investigada, de modo a estabelecer relação com os indivíduos a serem entrevistados. O lócus empírico da pesquisa foi a Rede Nacional de Pessoas Vivendo e Convivendo com HIV/aids – Núcleo de Campina Grande – PB.

Cabe destacar que a pesquisa foi realizada após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa (anexos) da Universidade Estadual da Paraíba em Junho de 2011. Este se submeteu a avaliação, por se tratar de uma pesquisa realizada com seres humanos, fazendo-se necessária a apreciação do mesmo, principalmente, nos aspectos relacionados à ética conforme preconiza a resolução n°196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Para a análise dos dados utilizamos a técnica de análise de conteúdo, fundamentada por uma leitura a partir da perspectiva teórico-metodológica crítica proposta pela profissão. Pois como afirma Iamamoto (2009) o nosso olhar crítico ao passado permite que encontremos “chave de nossas soluções”. Neste sentido, a análise dos dados esteve fundamentada num processo de operacionalização das ideias, seguido do momento da análise do material coletado.

Vale ressaltar que os dados da pesquisa estão apresentados em dois momentos. Inicialmente traçamos o perfil socioeconômico dos sujeitos entrevistados e, posteriormente, trazemos as falas dos sujeitos que participaram do processo investigativo.

3.2.1 Perfil Socioeconômico dos Sujeitos Entrevistados

Durante a pesquisa de campo realizado junto aos usuários atendidos pela RNP+CG, entre os anos de 2011 e 2012, levantamos aspectos socioeconômicos, tais como, a faixa etária, sexo, local de origem, escolaridade, renda familiar, dentre outras questões. Destacamos inicialmente a faixa etária dos entrevistados.

Gráfico 1: Faixa Etária dos usuários entrevistados

Fonte: Pesquisa de Campo Realizada na RNP+CG, 2011/2012

Constatou-se, ao longo da pesquisa, como podemos verificar no gráfico anterior, que uma faixa etária que abrange dos 18 aos 60 anos, a maior taxa de incidência encontra-se no intervalo que vai dos 41 aos 50 anos, com 50% dos casos registrados junto aos pesquisados.

Estes dados refletem a situação nacional, em que, de acordo com o Boletim Epidemiológico de 2011, em sua versão preliminar, destaca que esta permanece sendo a faixa etária em que se registra uma das maiores taxas de incidência dos casos de aids registrados em território nacional (BRASIL, 2011b).

O processo de Juvenilização da epidemia de aids é observada a partir do fato de que, cada vez mais, os jovens estão sendo infectados pelo vírus (CASTRO; SILVA, 2005). Dos sujeitos entrevistados cerca de 25% compreende a faixa etária que vai dos 18 aos 30 anos, o que dá sinais que caracterizam a elevação do número de casos entre as pessoas mais jovens. Observou-se, ainda, que na faixa etária que vai dos 51 aos 60 anos foram registrados 13% dos casos e, dos 31 aos 40, identificamos um percentual de 12% dos usuários (Gráfico 1).

Gráfico 2: Distribuição dos usuários entrevistados por Sexo

Fonte: Pesquisa de Campo Realizada na RNP+CG, 2011/2012 25% 12% 50% 13%

Faixa Etária

De 18 a 30 anos De 31 a 40 anos De 41 a 50 anos De 51 a 60 anos 62% 38%

Sexo

Feminino Masculino

A Feminização da epidemia de aids se apresenta pelo significativo aumento no número de registro de casos entre as mulheres. A identificação desta tendência se deu, principalmente, no decorrer da década de 1990 (CASTRO; SILVA, 2005). Tal fato redesenhou o perfil da epidemia nacional e demandou novas formas de enfrentamento, como o lançamento do Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização do HIV/aids e outras DST33 pelo Ministério da Saúde, lançado em 2007 e revisto em 2009.

Identificamos que a Feminização da epidemia se apresenta, também, no perfil da RNP+CG (COSTA, 2011), tendo em vista que 64% das pessoas entrevistadas foram do sexo feminino, enquanto 38% do sexo masculino, demonstrando uma diferença de 26% entre ambos (Gráfico 2).

Costa (2011) destaca, que atualmente verifica-se um elevado número de o mulheres pobres e com baixo nível de escolaridade sendo infectadas pelo vírus do HIV/aids, pois ainda vivemos num contexto de desinformação e, portanto, de falta de acesso aos métodos de prevenção, deixando as mulheres em situação de vulnerabilidade.

Gráfico 3: Distribuição dos usuários entrevistados por Local de Origem

Fonte: Pesquisa de Campo Realizada na RNP+CG, 2011/2012

A RNP+GC constitui-se como uma referência regional de prestação de serviços as pessoas que vivem e convivem com HIV/aids no Estado da Paraíba e, até mesmo de Estados vizinhos, levados pela necessidade de realizar o tratamento, que ainda se concentra nos grandes centros urbanos.

33 Mais informações sobre o Plano de Integrado de Enfrentamento à Feminização do HIV/aids e outras DST de

podem ser obtidas através do site http://sistemas.aids.gov.br/feminizacao/.

12%

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