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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.3 USO COMUM DOS RECURSOS NATURAIS

2.3.2 Extrativismo

2.3.2.1 Aspectos normativos

Os instrumentos jurídicos de proteção incidem sobre a exploração da flora nativa são: o Código Florestal (Lei Federal nº 12.651 de 25 de maio de 2012) proíbe o corte e supressão de florestas em áreas de preservação permanente e estabelece cotas para a reserva legal. O Código Florestal restringiu o corte e queima da floresta (coivara e pousio), a supressão de vegetação em Áreas de Preservação Permanente, especialmente as encostas de morros e margens de rios.

Já a Lei da Mata Atlântica (Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006), visando a proteção e a utilização do Bioma Mata Atlântica proíbe o corte a supressão e a exploração da vegetação do Bioma, conforme dispostos no artigo 8° e no artigo 9°:

Artigo 8°. O corte, a supressão e a exploração da vegetação do Bioma Mata Atlântica far-se-ão de maneira diferenciada, conforme se trate de vegetação primária ou secundária, nesta última levando-se em conta o estágio de regeneração (BRASIL, 2011).

Artigo 9°. A exploração eventual, sem propósito comercial direto ou indireto, de espécies da flora nativa, para consumo nas propriedades ou posse das populações tradicionais ou de pequenos produtores rurais, independe de autorização dos órgãos competentes, conforme regulamento (BRASIL, 2011).

As normativas legais e outros instrumentos de gestão do território com a criação da APA de Guaratuba restringiu parte destas atividades, visto que não há Plano de Manejo para a extração e comercialização das espécimes mencionadas (PARANÁ, 1992; BRASIL, 2006). O extrativismo de espécies nativas da Mata Atlântica, é restrita, a atividade passou a depender de licença do órgão ambiental, que na maioria dessas é concedida a partir do plano de manejo estruturado e,

apesar da legislação muitos extrativistas desconhecem a necessidade de autorização, não reconhecendo a atividade como ilegal ou criminosa.

A APA de Guaratuba, tem ainda a proteção pelo SNUC em unidades de conservação, além disso, a APA tem 100% do seu território incluído na Lei da Mata Atlântica (Lei Federal nº 11.428 de dezembro de 2006), que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica. O Decreto Federal nº 6.660/2008 regulamenta os dispositivos da Lei da Mata Atlântica e, em seu inciso I, parágrafo 2º do Artigo 13, veda a supressão ou corte e exploração de espécies nativas que integram a Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção, como a palmeira juçara.

A Instrução Normativa nº 6 de 23 de setembro de 2008 do Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2008) reconhece as espécies da flora brasileira ameaçada de extinção da Mata Atlântica, e prevê que deverão ser desenvolvidos planos de ação com vistas à sua proteção. Da mesma forma, a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) definiu que os países devem “recuperar e restaurar ecossistemas degradados e promover a recuperação de espécies ameaçadas por meio da elaboração e da implementação de planos e outras estratégias de gestão” (Decreto Legislativo nº 2 de 8 de fevereiro de 1994 seu artigo 8º alínea f).

A exploração de populações naturais da palmeira juçara é proibida, conforme o Artigo 2° do Decreto Federal n° 6.660/ 2008:

É vedada a exploração de palmito (Euterpe edulis) proveniente de populações naturais, conforme disposto no artigo 2º do Decreto Federal nº 6.660/08, por se tratar de espécie incluída na Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção (MMA, 2008).

Dentro deste contexto de preocupação com a conservação desta e outras espécies ameaçadas devido à ação extrativista ilegal, a fiscalização do cumprimento das normativas legais tem sido a única maneira de evitar maiores danos a essas espécies.

O Estado do Paraná não possui um plano de manejo da Palmeira Juçara, Euterpe edulis, e em função do número elevado de ocorrência de furto de palmito nas áreas protegidas públicas e privadas no Estado do Paraná, a utilização do palmito no Estado do Paraná se dará mediante a autorização analisada previamente

pelo órgão ambiental3, conforme o Artigo 1o da norma Resolução nº 019 de 26 de março de 2010 (SEMA, 2010), A normatização dos procedimentos de exploração da palmeira juçara plantada visando a sustentabilidade da atividade na região de ocorrência natural da espécie, já que a cadeia produtiva do palmito tem importância econômica no Estado, inclusive na composição da renda da agricultura familiar (SEMA, 2010).

Ainda é incentivada a exploração de palmito oriundo de projetos ou reposição florestal, conforme o Artigo 2° da normativa: “a exploração de indivíduos adultos de palmito oriundos de Projetos Incentivados ou de Reposição Florestal obrigatoriamente deverá ser submetida previamente a apreciação e análise do IBAMA/PR, conforme previsto em legislação própria”.

Os palmiteiros, como são denominados os extrativistas do palmito, invadem as unidades de conservação em busca destas espécies. O extrativismo vegetal predatório em unidades de conservação foi registrado por Pianca (2004), na Serra de Paranapiacaba, em São Paulo. O palmito proveniente da exploração clandestina, apresenta riscos à saúde. O botulismo é uma intoxicação de origem microbiana podendo ocorrer na planta, ou devido às más condições de higiene e conservação do produto durante seu processamento ou armazenamento. Além de conter outras impurezas, como insetos, pelos de roedores entre outros. A intoxicação por botulismo causa inicialmente boca seca, distúrbios na visão, náuseas, vômitos, cólicas e diarréias, evoluindo para paralisia muscular e problemas respiratórios, podendo até matar. Ainda a presença de outras bactérias como a salmonela, coliformes fecais, Staphylococus aureus, Bacillus cereus, bolores e leveduras (INMETRO, 1999).

A verificação do palmito em conserva é feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), conforme a Portaria n° 304, de 08 de abril de 1999, onde são repassadas as orientações e exigências de qualidade. Os rótulos devem apresentar o registro do IBAMA e do Ministério da Saúde; estas informações devem constar na embalagem a fim de proteger o consumidor.

3 A extração do palmito plantado, mediante, o fornecimento de informações de origem, número de indivíduos, data ou ano do plantio, identificação do volume a ser cortado autoriza o corte. Assim é feito um laudo técnico com a respectiva ART, de profissional habilitado, atestando tratar-se de palmito (Euterpe edulis) plantado no sistema de enriquecimento ecológico, bem como a data ou ano do seu plantio (SEMA, 2010).

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