Mapa 9 Zoneamento ambiental do município de Tejuçuoca-Ce
3 CONTEXTO GEOAMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE TEJUÇUOCA-CE
3.3 Aspectos pedológicos
O solo é um importante elemento para a conservação do ecossistema, pois nele ocorrem às relações entre os diferentes organismos e através dele a base desses organismos, os consumidores primários, retiram nutrientes que darão início a cadeia alimentar. Ademais, representa um importante substrato para a vida não só dos animais, mas também do homem, pois representa a segurança alimentar e relaciona-se à qualidade da água e habitação. Nesse sentido, o solo se configura como um importante elemento da paisagem.
No sertão semiárido do Nordeste, os solos são em sua maioria, ricos em elementos nutritivos para as plantas, mas apresentam sérias limitações para a agricultura, como a pouca espessura dos solos e o regime incerto e escasso das chuvas. Nas partes mais baixas e planas ocorrem problemas com o excesso de sais, salinização do solo (LEPSCH, 2010). Segundo Pereira e Silva (2007) os solos do Ceará apresentam evolução mais fraca, solos jovens e pouco evoluídos, com boa fertilidade natural, predominantemente raros, menor que 50cm de profundidade, pouco profundos, de 50 a 100cm e muitas vezes com afloramentos de rochas e chão pedregosos.
É nesse contexto que estão inseridos as classes de solos predominantes de Tejuçuoca, sendo classificadas de acordo com Sistema Brasileiro de Classificação de Solos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-EMBRAPA (2013). Através do levantamento exploratório e mapeamento dos solos do Estado do Ceará realizado por Jacomine (1973), foram identificadas 8 associações de solos em Tejuçuoca (Quadro 8), relacionando com a nomenclatura antiga embasada no Mapa Exploratório – Reconhecimento de Solos do Estado do Ceará (1973).
Quadro 8- Associações de solos de Tejuçuoca
TIPOS ASSOCIAÇÕES (CLASSIFICAÇÃO ATUAL)
PE35 Associação de Argissolo Vermelho-Amarelo Eutrófico + Argissolo Vermelho-Amarelo Eutrófico + Neossolo Litólico
Re 25 Associação de Neossolo Regolítico + Afloramento de Rocha
Re12 Associação de Neossolo Litólico + Argissolos Vermelho-Amarelo Eutrófico
NC7 Associação de Luvissolo Crômico + Neossolo Litólico
NC14 Associação de Luvissolo Háplico + Neossolo Litólico + Planossolo Háplico
NC15 Associação de Neossolo Litólico + Luvissolo Háplico + Planossolo Háplico
PL6 Associação de Planossolo Nátrico + Planossolo Háplico + Neossolo Litólico
Re26 Associação de Neossolo Litólico + Afloramento de Rocha
As classes de solos predominantes de Tejuçuoca são: Planossolos Háplicos (antes denominados Solonetz-Solodizados), Neossolos Litólicos (antes denominados Litossolos), Argissolos Vermelho-Amarelos (antes denominados Podzólicos Vermelho-Amarelos) e Luvissolos Crômicos (antes denominados Brunos Não Cálcicos).
Os Planossolos Háplicos são a classe mais abrangente do município, ocupa 43,1% da área, se caracterizam por serem solos rasos e poucos profundos, possuem perfis com horizontes A e E, ou mesmo desprovido de E, com textura arenosa sobre um horizonte Bt. Devido as suas características físicas e química s desfavoráveis e a deficiência de água, apresentam fortes limitações para o uso agrícola, sendo maior aproveitado para o uso na pecuária e pastagem (Figura 7) (IBGE, 2007; EMBRAPA, 2013).
Figura 7- Pecuária extensiva em área de Planossolos
Fonte: Nágila Fernanda Furtado Teixeira, 2016.
Essa classe apresenta textura média ou argilosa, imperfeitamente drenados, em geral, de cores acinzentadas e amarelo-claro acinzentadas. Possui média à alta saturação por bases, entretanto apresentam elevados teores de sódio no horizonte B (PEREIRA; SILVA, 2007). São solos fortemente erodidos devido as atividade de pecuária e de extrativismo. Exibem escassez de cobertura vegetal afetados pela ocorrência de erosão hídrica laminar que tem propiciado o adelgaçamento dos horizontes superficiais arenosos, a pedregosidade do solo e a frequência de afloramentos rochosos e de pavimentos dentríticos (OLIVEIRA; SOUZA, 2015).
Os Neossolos Litólicos estão presentes em 21,8% da área, comumente associados a afloramentos rochosos (Figura 8). São solos de fraca evolução pedológica, rasos de textura arenosa ou média com drenagem moderada à acentuada. Podem ser de alta ou baixa
fertilidade natural e sua utilização para atividade agrícola é inviabilizada por fatores como alta susceptibilidade à erosão, pedregosidade, rochosidade, pouca profundidade e falta de água (IBGE, 2007; EMBRAPA, 2013).
Figura 8- Neossolos Litólicos com afloramento rochoso
Fonte: Nágila Fernanda Furtado Teixeira, 2016.
Esses solos são rasos com profundidades iguais ou inferiores a 50cm. Apresenta um horizonte A existente diretamente sobre a rocha- R, ou sobre a camada de alteração desta, horizonte C, bem como variam de fortemente ácido a praticamente neutro. Encontra-se recobertos por vários tipos de formações vegetais, destacando-se Caatinga (arbustiva e arbórea), Mata Seca e Mata Sub-Úmida (PEREIRA; SILVA, 2007).
Argissolos Vermelho-Amarelos ocupa 18,6% do município, são quimicamente ácidos e possuem sequências de horizontes A, Bt e C em que A apresenta teor de argila bem menores do que em B ocasionado a diferença de textura entre eles. Essa diferença entre os horizontes dificulta a infiltração de água nos horizontes subsuperficiais, tornando- os susceptíveis a erosão que se intensificará com a presença de forte declividade do relevo (PEREIRA; SILVA, 2007).
Essa classe apresenta perfis profundos e muitos profundos, com textura média a argilosa pode conter baixa ou media fertilidade. Encontram-se ao abrigo de grande variedade de formações vegetais e são utilizados para a agricultura de subsistência e pecuária extensiva (IBGE, 2007; EMBRAPA, 2013).
Os Luvissolos Crômicos ocupam 16,4% da área, são rasos e poucos profundos, férteis, moderadamente ácidos e praticamente neutros. Geralmente, apresentam mudança
de textura abrupta e por esse motivo são susceptíveis à erosão. Possuem boa capacidade de uso para pecuária, lavoura de ciclo curto e pastagem (IBGE, 2007; EMBRAPA, 2013).
Luvissolos Crômicos apresentam perfis bem diferenciados com sequencias de horizontes A, Bt e C de cores vermelhas ou avermelhadas e textura argilosa e média. Solos com forte presença de minerais primários na sua constituição que servem como fonte de nutriente para as plantas. Outra característica dessa classe é a presença de fendilhamentos no período seco, ocasionado pela argila do tipo montmorillonita que tem a propriedade de contrair-se neste período e expandir-se nas épocas úmidas. Essa classe possui limitação decorrente da forte deficiência hídrica, pouca profundidade, presença de pedregosidade e susceptibilidade a erosão (PEREIRA; SILVA, 2007).
Segundo Araújo Filho e Silva (2015) os luvissolos correspondem aos solos mais utilizados pela agricultura migratória do semiárido nordestino. As práticas rudimentares como desmatamento e queimadas, a exposição do solo e a diminuição do pousio têm provocado processos de degradação, principalmente os de erosão, havendo indicações de que pelo menos 65% da área de cobertura desse solo se encontra em erosão de grave a muito grave.
Os Afloramentos de Rocha são representadas por rochas nuas ou pouco alteradas, têm origem geológica bastante antiga, Pré-cambriana, se caracterizam pela ausência quase completa de cobertura de solo, alto grau de insolação e evaporação e grande heterogeneidade topográfica (OLIVEIRA; GODOY, 2007; SOUZA, 2000).
Destaca-se a pequena ocorrência de Neossolos Flúvicos em Tejuçuoca, ao longo dos principais cursos d’água seguindo os leitos do rio Caxitoré e Tejuçuoca. Seu potencial natural é utilizado para o plantio de culturas de subsistência, principalmente o feijão e o milho (DAMASCENO, 2016).
Os Neossolos Flúvicos são pouco evoluídos, profundos e apresentam horizonte A sobreposto a um C geralmente com várias camadas diferenciadas. São formados por sedimentos não consolidados, argilosos, siltosos e arenosos oriundos de depósitos fluviais quaternárias. Possuem alta fertilidade ocorrendo principalmente em áreas de várzea as margens dos cursos de água (PEREIRA; SILVA 2007).
O manejo inadequado do solo, através do desmatamento, queimadas, poluição dentre outras podem provocar a degradação do solo e consequências prejudiciais ao ambiente. Conforme salienta Boluda, Carrasco e Oliveira (2005), as alterações nas propriedades do solo com a perda das suas funções ecológicas básicas causadas pela
atividade antrópica refletem a degradação, a perda da qualidade ambiental e consequentemente a desertificação, principalmente em áreas semiáridas.
O quadro 9 traz as características das classes de solos predominantes de Tejuçuoca, com a descrição das unidades geoambientais de cada solo, características dominantes e limitações e uso atual.
Quadro 9- Característica das classes de solo predominantes de Tejuçuoca
SOLOS UNIDADES DE
RELEVO CARACTERÍSTICAS DOMINANTES LIMITAÇÕES DE USO USO ATUAL Planossolos Háplicos Depressão sertaneja e
planícies fluviais
Rasos e poucos profundos, imperfeitamente drenado. Elevados teores de sódio
Deficiência de água, alto teor de sódio, escassez de cobertura vegetal e susceptibilidade à erosão
Pecuária extensiva, pastagem e agricultura de subsistência
Neossolos Litólicos Depressão sertaneja e maciços residuais
Rasos, textura arenosa ou média com drenagem moderada à acentuada. Comumente associada a afloramentos rochosos
Pouca profundidade, alta susceptibilidade à erosão, pedregosidade, rochosidade e deficiência de água Agricultura de subsistência e pecuária extensiva Argissolos Vermelho- Amarelos Depressão sertaneja e
maciços residuais Rasos e profundos, textura média à argilosa podem conter baixa ou média fertilidade natural Susceptibilidade à erosão e relevo fortemente dissecado Agricultura de subsistência e pecuária extensiva
Luvissolos Crômicos Depressão sertaneja e maciços residuais Moderadamente profundos, textura argilosa e média e fertilidade natural alta
Susceptibilidade à erosão, forte deficiência hídrica e presença de pedregosidade
Pecuária extensiva, lavoura de ciclo curto e pastagem
Neossolos Flúvicos Planícies fluviais Pouco evoluídos, profundos e de alta fertilidade
Drenagem imperfeita; riscos de inundações; altos teores de sódio;
susceptibilidade à erosão.
Agricultura de subsistência e pecuária extensiva e
extrativismo vegetal
Afloramentos de Rocha Depressão sertaneja, maciços residuais e planícies fluviais
Ausência quase completa de cobertura de solo e alto grau de insolação
Impraticáveis para uso
agrícola Sem uso específico