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5. DESCRIÇÃO DOS DADOS E COMENTÁRIOS DOS RESULTADOS ACERCA DO

5.1 DESCRIÇÃO DOS DADOS E COMENTÁRIOS ACERCA DO QUESTIONÁRIO

5.1.1 Perfil da professora

5.1.1.1 Aspectos pessoais da professora

A partir das respostas dadas ao questionário, foi possível perceber que a professora da disciplina de Língua Portuguesa do 3.º ano do Curso Técnico em Suporte e Manutenção em Informática integrado ao Ensino Médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Câmpus Uberaba tem ampla formação acadêmica composta por Graduação, Especialização Lato sensu, Mestrado e Doutorado na área de atuação. A referida profissional conta ainda com cursos de idiomas e de informática básica, além de evidenciar em suas respostas que possui larga experiência de atuação em sua área, considerando-se o ensino fundamental e médio das redes pública e particular totalizando aproximadamente 30 (trinta) anos de atuação.

Para conhecer um pouco mais sobre os aspectos pessoais, familiares e sociais e para conhecer mais acerca da trajetória de trabalho da referida professora, algumas perguntas foram feitas, dentre elas perguntou-se se ela gostava de ser professora. Como resposta havia as alternativas: “Sim”, “Não” e “Em parte” e logo abaixo se pedia que ela justificasse a alternativa marcada. A alternativa “sim” foi a escolhida, seguida da justificativa:

Ministrar aulas é mais do que ensinar, é aprender com meus alunos, principalmente os do Ensino Médio. E, além disso, com a mudança de carreira nos IF em 2008, esta viabilizou a oportunidade de desenvolver pesquisa também aos professores outrora só do Ensino Médio. E tenho o privilégio de trabalhar na escola que estudei. (PROF 1)

A justificativa da professora demonstra que ela está satisfeita no exercício de sua profissão e consciente da importância de seu papel na aprendizagem dos alunos; além disso, a professora assevera que “não só ensina como aprende com os alunos” (PROF 2). Desse modo,

pode estabelecer a aquisição do saber por meio da mediação e da interação com os alunos, utilizando os recursos de maneira criativa na busca da construção do conhecimento em conjunto.

Ao ser questionada sobre a adoção de livros didáticos, a professora respondeu que adota o volume único do livro “Português - Língua, Literatura, Produção de Textos”, das renomadas escritoras Maria Luiza Marques Abaurre, Marcela Regina Nogueira Pontara e Tatiana Fadel, oferecido pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para o Ensino Médio das escolas da rede pública, fato que demonstra certa tradição em sua prática docente. Para explicar como fazia uso do livro em sala de aula, a professora relatou que primeiro “Explicava o capítulo (com discussão do tema com os alunos)” (PROF 3) e logo a seguir aplicava “exercícios e trabalhos temáticos utilizando algum tipo de metodologia em que o aluno desenvolva velhas/novas tecnologias” (PROF 4). Com essas afirmações, podemos perceber que, de certa forma, perpetua-se o paradigma do qual tratamos em capítulo anterior, explicado por Soares (2001) e segundo o qual, durante o processo de democratização da escola, a elevação da quantidade de alunos nas salas de aula determinou o aparecimento de professores com menos rigor, que passaram a ser maestros do livro didático.

Posteriormente, a professora foi questionada sobre seu trabalho em sala de aula e em sua primeira resposta ela relatou que não sentia nenhum tipo de dificuldade em sala de aula, afirmando: “Consigo desenvolver os trabalhos propostos, pois antes discuto com os alunos, inclusive o cronograma das datas de todas as atividades avaliativas” (PROF 5). Nessa afirmação, reiteramos a proposta de trabalho mediado pela interação constante com os alunos, já observada em respostas anteriores. “Minha prioridade é discutir o conteúdo com a realidade do aluno, buscando na internet temas de cada capítulo. E isso, ajuda inclusive a recapitular temas já estudados para o aterrorizante „ENEM‟ ou „vestibular‟” (PROF 6), afirmou a professora, ao ser perguntada sobre como desenvolvia seu trabalho e sobre como estabelecia as prioridades de conteúdos a serem trabalhados. Afirmou ainda: “Procuro ser amável com os alunos, mas também os trato com seriedade na hora que tenho que repassar conteúdo. Quanto aos colegas busco sempre conversar com todos para inclusive saber o que se passa com os alunos” (PROF 7). Nesse ponto, percebemos a intenção dela de quebrar com o paradigma tradicional da prática docente ao trabalhar com base no livro didático oferecido pelo governo federal, inserindo a mediação e a discussão dos temas em sua prática.

Para saber sobre o conhecimento da professora acerca das novas tecnologias pedimos que falasse sobre o que ela entende por Novas Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (NTDIC). Sua resposta foi a seguinte:

Essas técnicas representam evolução histórica do homem e vem destacando-se e ganhando terreno no mundo globalizado. As NTDIC compreendem a junção de diferentes mídias e hoje alguns autores as diferenciam das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) pela presença das tecnologias digitais. E a internet é a ferramenta mais significativa das NTDIC, pois aglomera as diversas mídias e no ambiente escolar é quase impossível trabalhar sem utilizá-la (preparar aula, buscar textos atuais e informações). E o aluno hoje, não vive sem, ele está “grudado” no celular. (PROF 8)

A resposta dada pela professora demonstra sua percepção sobre a temática, sobre a evolução das tecnologias da informação e sobre a problemática que envolve seu acesso para alunos nativos digitais, pois o celular é hoje um grande concorrente do professor em sala de aula, e muitos professores e escolas acham mais fácil proibir seu uso do que utilizá-lo como uma ferramenta a favor do ensino, embora admitisse que é quase impossível trabalhar sem as novas tecnologias no contexto atual do ensino.

“Fazer downloads de materiais (textos, vídeos, filmes, músicas etc.) para utilizar em sala de aula” (PROF 8) foi o único objetivo assinalado pela professora, na pergunta: “Caso utilize as NTDIC em sua vida diária, o seu objetivo é: [...]”. Manter-se informado e atualizado, além de lazer; trocar experiências com outros professores; promover um engajamento maior do processo ensino-aprendizagem de seus alunos; desenvolver sua autoformação continuada; participar de fóruns de discussão sobre educação e ensino e pesquisas acadêmicas em sites de busca; não foram considerados objetivos relevantes quando o assunto é lidar com novas tecnologias. A escolha demonstra que embora ela tenha conhecimento razoável acerca dos benefícios das novas tecnologias no processo ensino- aprendizagem, a professora não é usuária plena dos recursos tecnológicos, pois de certa forma ela é resistente em inseri-los em sua vida diária, limitando seu uso para fins de trabalho sem tirar proveito dos benefícios gerados pela inserção na sociedade da informação. (CASTELLS, 2000; BORGES E SILVA, 2005)

A professora conclui essa primeira parte do questionário afirmando que “Temos que pensar que as „velhas tecnologias‟ tem seu valor e o aluno precisa visualizar esses dois momentos de aprendizagem como sendo algo bom que só irá acrescentar na sua vida” (PROF 8). Essa afirmação mais uma vez reitera sua posição diante das novas tecnologias, ou seja, ela aceita e incorpora o novo na medida em que é útil em sua vida acadêmica, mas mantém uma postura tradicional diante das ditas “velhas tecnologias” valorizando-as bem mais. O livro didático, o giz e o quadro negro têm para ela o mesmo valor que as ferramentas propiciadas pelo uso do computador e da internet e não devem ser menosprezados em detrimento das novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem.