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SERVIÇOS DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E UTILIZAÇÃO DO DEA

2.1.3. ASPECTOS TÉCNICOS E OPERACIONAIS DO DEA

Os desfibriladores externos automáticos (DEA) são equipamentos portáteis, computadorizados, providos de software que analisa o ritmo cardíaco do paciente e distingue um ritmo passível de reversão com desfibrilação. Se necessário, liberam um choque de desfibrilação ao coração. São de fácil operação com um mínimo de treinamento, e seu uso está indicado no suporte básico de vida. (2,22)

O DEA analisa o ECG de superfície, incluindo a freqüência, amplitude e algumas características da integração da freqüência e amplitude, como inclinação e morfologia da onda. Uma grande variedade de filtros verifica a presença de sinais similares ao QRS, rádio transmissão, ou interferência de 60 ciclos, assim como a possibilidade dos eletrodos estarem frouxos ou com mau contato. Algumas transmissões de rádio, intermitentes, podem produzir artefatos no ECG se um transmissor ou um receptor for usado a 6 pés

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(aproximadamente 2 metros) do paciente durante a análise do ritmo. Os DEA são capazes de identificar movimentos espontâneos do paciente ou movimentos causados por outros. O aparelho só carrega o capacitor e dá o sinal de choque indicado se reconhecer uma fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular. Os DEA só devem ser colocados no modo de análise quando uma parada cardíaca total tenha sido confirmada, e apenas quando todos os movimentos, particularmente o movimento do transporte do paciente tenham cessado. (23)

Desde a década de 1950 os desfibriladores de corrente contínua por descarga de condensador têm sido utilizados universalmente. O desenvolvimento posterior de desfibriladores portáteis foi possível a partir do uso de descargas de capacitores de forma seqüenciada de polaridades opostas, por Kouwenhoven e Knickerbocker, em 1962. (24)

Um desfibrilador de corrente contínua consiste em um transformador variável que permite ao operador selecionar uma voltagem variável, um conversor AC/DC que inclui um capacitor para armazenar energia, um interruptor que permite que este capacitor carregue e interruptores de descarga para completar o circuito do capacitor até os eletrodos. A maioria dos desfibriladores comercialmente disponíveis utiliza uma onda semi- sinusoidal para desfibrilação externa.(25)

A duração típica do pulso desfibrilatório varia de 3 a 9 milissegundos, mas pode variar com o modelo do desfibrilador. O tempo para o desfibrilador carregar com o máximo de energia leva, em média, 5 a 15 segundos. Se a carga não for liberada, o desfibrilador retém a carga por 60 segundos e então a descarrega internamente. (26)

A energia para desfibrilação é dada em joules (watts/segundo). A energia armazenada no desfibrilador difere da energia liberada, pois a energia armazenada é a quantidade de energia realmente disponível no capacitor dentro do desfibrilador e a energia entregue é a quantidade administrada ao paciente. A impedância torácica do paciente ou sua resistência ao fluxo de energia causa variação na entrega de energia. (26)

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Os sistemas automáticos de desfibrilação externa têm a vantagem de monitorizar constantemente o ritmo cardíaco, permitindo a detecção de arritmias. Eletrodos adesivos com gel são conectados ao tórax, permitindo a desfibrilação sem a necessidade de usar as pás convencionais. (7,27) Os eletrodos de desfibrilação descartáveis foram desenvolvidos para uso com o DEA, e podem ter sua ação melhor que as pás de desfibrilação para uso pré-hospitalar devido à redução do tempo para o primeiro choque, pois não necessitam de colocação de gel. Outra vantagem de usar eletrodos descartáveis de desfibrilação é o aumento da segurança do operador, que fica com as mãos livres, sem a possibilidade de tocar acidentalmente a vítima no momento do choque. Os eletrodos descartáveis devem ser trocados a cada 12 a 24 horas ou 25 a 50 choques.

Os DEA rotineiramente utilizados na maioria dos países são equipamentos semi-automáticos, pois requerem que um operador acione um botão para que o choque seja liberado caso o desfibrilador tenha reconhecido FV/TV e carregado o capacitor, embora sejam denominados “desfibriladores externos automáticos”. O termo “desfibrilador externo semi- automático” não tem sido utilizado de modo corrente para denominar estes equipamentos, e como os “desfibriladores totalmente automáticos” são pouco disponíveis na comunidade, opta-se por ressaltar o termo “totalmente automático” ao referir-se aos desfibriladores que não requerem a ação de um operador para liberar o choque.

Em qualquer tipo de DEA, semi-automático ou totalmente automático, o equipamento para realizar a análise do ritmo e a desfibrilação, requer uma pausa nas manobras de RCP, e que ninguém toque na vítima, pois pode causar interferência na análise do ritmo e acidente com choque durante a desfibrilação. (23)

Existem dois tipos de classe de fluxo de corrente: monofásico e bifásico. No fluxo monofásico a corrente percorre uma única direção: do pólo positivo ao negativo e no fluxo bifásico a corrente é liberada em uma

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direção, pára, e então ocorre reversão para a direção oposta. A corrente bifásica tem duas fases e a polaridade muda em cada fase. (28)

A forma de onda sinusoidal dampeada monofásica requer alta energia para desfibrilar. Por exemplo, para liberar 360J a uma resistência de 50 ohms devem ser gerados 435J (5200V). A ineficiência do sistema faz com que 17% da energia armazenada no capacitor se perca no indutor. Com esse tipo de onda ocorrem alterações eletrocardiográficas, como a depressão do segmento ST, sugerindo injúria miocárdica. O choque monofásico está associado a 14% a mais de disfunção miocárdica, se comparado com o choque bifásico.(28)

Os desfibriladores com forma de onda bifásica truncada exponencial requerem baixa energia e apresentam eficácia equivalente. A baixa energia (150J) e não escalonada do primeiro choque bifásico é tão efetiva quanto o primeiro choque com 200J monofásico.(28)

2.1.4. A IMPORTÂNCIA DA DESFIBRILAÇÃO PRECOCE NO SUCESSO